Ano após ano a reunião magna do
Conselho Europeu de Ressuscitação (ERC) congrega em torno das ciências da
ressuscitação, todos os interessados nesta temática. Este evento científico,
único do
género em território europeu, permite uma mega abordagem aos diversos
temas da reanimação, quer os mais específicos quer os de natureza mais lata. È
uma autêntica mostra de arte científica e
tecnológica que congrega no mesmo espaço os resultados da investigação, novas formas de abordagem técnica, mostra de equipamentos e resultados de pesquisas. A cidade escolhida este ano foi a bela capital da Republica Checa, Praga. Só por si, o local onde decorre a conferência, já é um motivo bastante que estimula a participação dos interessados. Praga é uma cidade bela, cheia de história, romantismo e glamour. Para receber todos os interessados o board do ERC reservou o centro de congressos da cidade. Este ano chegaram mais de 2900 participantes de 68 países do mundo. A conferência de 2015 revestiu-se de particular
tecnológica que congrega no mesmo espaço os resultados da investigação, novas formas de abordagem técnica, mostra de equipamentos e resultados de pesquisas. A cidade escolhida este ano foi a bela capital da Republica Checa, Praga. Só por si, o local onde decorre a conferência, já é um motivo bastante que estimula a participação dos interessados. Praga é uma cidade bela, cheia de história, romantismo e glamour. Para receber todos os interessados o board do ERC reservou o centro de congressos da cidade. Este ano chegaram mais de 2900 participantes de 68 países do mundo. A conferência de 2015 revestiu-se de particular
importância pois tinha com tarefa divulgar as novas recomendações publicadas
dais antes. Com os métodos de que hoje dispomos para aceder à informação, é
fácil procurar e ler os textos que compõem as guidelines. Mas na conferência podemos ouvir os diversos palestrantes a proferirem os seus discursos
sobre as razões de determinados dados ou o fundamento de determinadas teorias
ou procedimentos técnicos. Estes
discursos são complementados com debates que muitas vezes resultam de
questões muito práticas trazidas pelos participantes e que reflectem a sua
prática diária. O programa é extenso e torna-se difícil escolher os temas
quando o vasto leque de assuntos se distribui para 6 ou 7 salas em simultâneo.
É preciso ser-se criterioso e objectivar bem as escolhas em função dos
interesses individuais que
podem ir desde a vontade de ouvir as novidades à
necessidade de ouvir um tema conhecido mas sobre outro ponto de vista. É fácil
perdermo-nos entre tantos temas e o apelo da exposição técnica onde os
equipamentos e as demonstrações práticas nos chamam para pormos em prática
simulada os nossos skills. Muitos de nós gostam de se por à prova, eu diria
mesmo, que necessitam de se por em prova, para perceberem as suas performances
em cenários de reanimação cardiorrespiratória. Os temas nas salas são
aliciantes e o pouco tempo dos intervalos é passado, por vezes em filas, para
nos podermos conectar a um device e
mostrar aquilo de que somos capazes e transformar a nossa capacidade de
compressão/ventilação em algo mais objectivo e mensurável como é um valor
percentual que nos é
dado por um dispositivo de feed-back. Nesta excitação das práticas simuladas tivemos
oportunidade de perceber, no fundo aquilo que ensinamos mas que não temos
oportunidade de mostrar em formato numérico. Por exemplo a importância da
profundidade das compressões torácicas e a necessária retracção total do tórax
ou, a forma como ventilamos com um insuflador manual de balão. Estes
dispositivos computorizados têm sensores que avaliam tudo, desde a velocidade
da retracção à quantidade e velocidade das insuflações. Eu sou da opinião de
que todos os que participam em reanimações deveriam estar conectados a este
tipo de dispositivos de simulação com regularidade para puderem adquirir a
necessária competência técnica (de elevada qualidade) e a sensibilidade para
operacionalizarem com rigor os diversos algoritmos. As recomendações de 2015 trouxeram para a prática diária aspetos fundamentais já diagnosticados há algum tempo mas que timidamente ainda não tinham sido incorporados nas guidelines. Sabe-se hoje que a maioria das vítimas de paragem cardíaca morrem antes de chegarem ao hospital. Portanto de nada vale ter hospitais bem equipados e profissionais de saúde competentes quando o resto da cadeia de sobrevivência é posta em causa. Com base nestes pressupostos as recomendações de 2015 trouxeram para para a prática diária a responsabilização das populações e das centrais de emergência, fazendo uma triangulação entre a testemunha que assiste ou está próxima do cenário, a central de emergência e o aceso a um desfibrilhador automático externo.
Cabe às centrais de emergência um papel fundamental para, via telefone ajudar uma testemunha a reconhecer alguém em paragem cardíaca e a iniciar manobras d suporte básico de vida com uma simples explicação telefónica (sbv telefónico). È para entender estes pormenores e os resultados destas investigações que a conferência vale a pena. Estuda-se o tempo que se demora a reconhecer uma paragem cardíaca, todos os minutos gastos até à chegada de uma ambulância, as taxas de sobrevivência em função da qualidade das compressões ou o melhor resultado hemodinâmico em função do local das compressões. Mas não só, podemos participar em sessões de hands-on com os brilhantes professores do ERC, perceber as características biomecânicas das crianças e a sua habilidade para salvarem vidas
ou ainda as diferenças entre as assistolias e as fibrilhações ventriculares com compressões organizadas e aquelas em que o trabalho mecânico do miocárdio é ausente ou desorganizado. Qual o papel dos ultrassons na paragem cardíaca ou da circulação extracorporal Habitualmente vou a estas conferências sozinho, embora tenha tomado o gosto e o hábito de participar desde o ano de 2006 quando me estreei pela primeira vez como participante ativo, acompanhado por um grupo de colegas da Cruz Vermelha Portuguesa. Este grupo manteve-se unido e interessado durante mais algum tempo, julgo que até 2009 na conferência de Ghent na Bélgica mas depois o grupo, por razões variadas, deixou de congregar esforços apagando a chama da vontade. Eu no entanto mantive-me motivado e faço deste evento magno, o meu grande momento científico internacional do ano. Sozinho mas muito motivado tenho tido o privilégio de ter participado e praticamente todas as conferências desde o longínquo ano de
Cabe às centrais de emergência um papel fundamental para, via telefone ajudar uma testemunha a reconhecer alguém em paragem cardíaca e a iniciar manobras d suporte básico de vida com uma simples explicação telefónica (sbv telefónico). È para entender estes pormenores e os resultados destas investigações que a conferência vale a pena. Estuda-se o tempo que se demora a reconhecer uma paragem cardíaca, todos os minutos gastos até à chegada de uma ambulância, as taxas de sobrevivência em função da qualidade das compressões ou o melhor resultado hemodinâmico em função do local das compressões. Mas não só, podemos participar em sessões de hands-on com os brilhantes professores do ERC, perceber as características biomecânicas das crianças e a sua habilidade para salvarem vidas
ou ainda as diferenças entre as assistolias e as fibrilhações ventriculares com compressões organizadas e aquelas em que o trabalho mecânico do miocárdio é ausente ou desorganizado. Qual o papel dos ultrassons na paragem cardíaca ou da circulação extracorporal Habitualmente vou a estas conferências sozinho, embora tenha tomado o gosto e o hábito de participar desde o ano de 2006 quando me estreei pela primeira vez como participante ativo, acompanhado por um grupo de colegas da Cruz Vermelha Portuguesa. Este grupo manteve-se unido e interessado durante mais algum tempo, julgo que até 2009 na conferência de Ghent na Bélgica mas depois o grupo, por razões variadas, deixou de congregar esforços apagando a chama da vontade. Eu no entanto mantive-me motivado e faço deste evento magno, o meu grande momento científico internacional do ano. Sozinho mas muito motivado tenho tido o privilégio de ter participado e praticamente todas as conferências desde o longínquo ano de
2006, que me levou até Stavanger na Noruega no rescaldo da
publicação das guidelines mais
revolucionárias da história da reanimação. A ida a Praga este ano revestiu-se
de características especiais. A motivação pessoal que me caracteriza associada
a um conjunto de projectos e actividades na escola permitiram a união de
esforço para estimular outros colegas a participarem no evento. Tudo começou
com a vontade de realizar um trabalho que espelhasse os resultados de um
projecto de formação interpares que desenvolvemos na escola desde 2013. Este projeto permitiu por em marcha uma experiência que deveria comprovar que o suporte básico de vida ensinado por estudantes para outros estudantes lhes daria os mesmos skills que a mesma formação transmitida por sábios e experientes professores ou
formadores. A formação interpares em Portugal tem algum caminho já percorrido nomeadamente entre jovens do ensino secundários no que diz respeito à educação sexual, ou entre a formação de professores e de profissionais de saúde. Entre estudantes do ensino superior, até ao momento em que iniciamos o nosso projeto, não encontramos outra experiência idêntica. Este tipo de formação permite a dissolução de barreiras geracionais e a cultura de valores e de ideias entre gerações próximas, que funcionam como elementos facilitadores de transferência de informação, com o objetivo final, que gostariamos, conduzisse a mudanças comportamentais, tornando os nossos estudantes percursores da iniciatica de inicairem a reanimação cardiorresporatória em locais públicos. Já com algum trabalho de campo realizado, tornou-se necessário avaliar os resultados produzidos. A ideia era provar que a formação em suporte básico de vida realizada através de estudantes para os seus pares também estudantes, mantinha a mesma
formadores. A formação interpares em Portugal tem algum caminho já percorrido nomeadamente entre jovens do ensino secundários no que diz respeito à educação sexual, ou entre a formação de professores e de profissionais de saúde. Entre estudantes do ensino superior, até ao momento em que iniciamos o nosso projeto, não encontramos outra experiência idêntica. Este tipo de formação permite a dissolução de barreiras geracionais e a cultura de valores e de ideias entre gerações próximas, que funcionam como elementos facilitadores de transferência de informação, com o objetivo final, que gostariamos, conduzisse a mudanças comportamentais, tornando os nossos estudantes percursores da iniciatica de inicairem a reanimação cardiorresporatória em locais públicos. Já com algum trabalho de campo realizado, tornou-se necessário avaliar os resultados produzidos. A ideia era provar que a formação em suporte básico de vida realizada através de estudantes para os seus pares também estudantes, mantinha a mesma
qualidade que a formação ministrada por formadores experientes. Esses
resultados foram obtidos mediante um processo de avaliação em três tempos
distintos. Obtivemos resultados idênticos aos da literatura, mostrando que a
formação inter-pares não só mantém os mesmos critérios de qualidade, como
permite aproximação geracional e de valores, permitindo ainda a formação em
larga escala e com custos controlados. Este levantamento permitiu a realização
de um abstract que foi aceite pelo
conselho científico da conferência para ser apresentado em formato de poster. E
assim, com mais este elemento
de motivação, conseguimos reunir um grupo de 5
amantes da reanimação cardiorrespiratória e rumar a Praga. A par com o projeto da escola estimulamos um amigo nosso, professor do 1ª e 2ª ciclo, a
espelhar a qualidade de um outro projeto, designado de "O Gesto Certo". Este projeto foi idealizado e criado pelo Professor Luis Pacheco e assenta numa história, já publicada em livro, ao aqual o Luis juntou uma canção que intitulou "o Hino do Suporte Básico de Vida" que ele próprio canta. Com uma paixão e uma energia que lhe são características, vais às escolas transmitir de forma lúdica e aliciante o algoritmo do SBV aos miudos que o recebem de braços abertos, participam com ele nas demonstrações práticas e cantam em coro e de cor os passos fundamentais do sistema de emergência e os gestos para a realização do SBV. Também o abstract dele foi aceite assim com dois trabalhos na manga, lá fomos
rumo à Eurpora de Leste já muito ocidentalizada. Naturalmente que tivemos obstáculos que nos mostraram a outra face que é a de enfrentar as dificuldades e as adversidades. À cabeça destas dos contratempos esteve sempre a questão financeira pois a inscrição na conferência tem um custo elevado para aqueles de nós que integraram recentemente a vida profissional. Depois é preciso pensar no custo do voo e do alojamento que, a somar ao restante, fazem destes eventos científicos decisões a ponderar com responsabilidade. Vivemos num país que não desenvolve nem dedica esforços à formação científica dos seus cidadãos o que faz com que muito de nós, aqueles que querem mesmo estar presentes, tenham que suportar estes montantes de forma estóica. Mas todos os esforço valem sempre muito a pena. Conseguimos um alojamento muito simpático e acessível no airbnb.com, muito bem localizado e com excelentes condições. Passamos uns serões divertidos a rir, a treinar as apresentações e a projectar o futuro. Os dias na conferência foram passados entre temas de elevado valor científico, cenários simulados e apresentação de posters. Nas restantes horas que passamos em Praga após o encerramento do congresso, o sol abriu-se para visitarmos a pérola do leste da Europa com uma luz que reflecte o brilho das obras de arte que são os seus edifícios, praças e pontes.
espelhar a qualidade de um outro projeto, designado de "O Gesto Certo". Este projeto foi idealizado e criado pelo Professor Luis Pacheco e assenta numa história, já publicada em livro, ao aqual o Luis juntou uma canção que intitulou "o Hino do Suporte Básico de Vida" que ele próprio canta. Com uma paixão e uma energia que lhe são características, vais às escolas transmitir de forma lúdica e aliciante o algoritmo do SBV aos miudos que o recebem de braços abertos, participam com ele nas demonstrações práticas e cantam em coro e de cor os passos fundamentais do sistema de emergência e os gestos para a realização do SBV. Também o abstract dele foi aceite assim com dois trabalhos na manga, lá fomos
rumo à Eurpora de Leste já muito ocidentalizada. Naturalmente que tivemos obstáculos que nos mostraram a outra face que é a de enfrentar as dificuldades e as adversidades. À cabeça destas dos contratempos esteve sempre a questão financeira pois a inscrição na conferência tem um custo elevado para aqueles de nós que integraram recentemente a vida profissional. Depois é preciso pensar no custo do voo e do alojamento que, a somar ao restante, fazem destes eventos científicos decisões a ponderar com responsabilidade. Vivemos num país que não desenvolve nem dedica esforços à formação científica dos seus cidadãos o que faz com que muito de nós, aqueles que querem mesmo estar presentes, tenham que suportar estes montantes de forma estóica. Mas todos os esforço valem sempre muito a pena. Conseguimos um alojamento muito simpático e acessível no airbnb.com, muito bem localizado e com excelentes condições. Passamos uns serões divertidos a rir, a treinar as apresentações e a projectar o futuro. Os dias na conferência foram passados entre temas de elevado valor científico, cenários simulados e apresentação de posters. Nas restantes horas que passamos em Praga após o encerramento do congresso, o sol abriu-se para visitarmos a pérola do leste da Europa com uma luz que reflecte o brilho das obras de arte que são os seus edifícios, praças e pontes.
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