Thursday, April 25, 2013

OVIBEJA – Todo o Alentejo deste mundo

Aproveitando o forte impacto que o título da feira, na sua 30ª edição projeta, associada à grande vontade e prazer que é visitar o Alentejo, os seus costumes e tradições, estava lançado o mote para rumar a Beja. Neste dia 25 de Abril, altura em que se comemora o 39º aniversário da entrega de Marcelo Caetano a Salgueiro Maia, contávamos com uma enchente,  pois afinal para ter todo o Alentejo deste mundo reunido num só local, vale a pena fazer sacrifício. A verdade é que neste dia de liberdade com temperaturas a rondar os 26 graus centigrados em Beja e em Lisboa as gentes não abundavam pelo recinto feiral. Em tempos de austeridade, o povo, agora livre, está preso pela carteira pelo que as restrições e as decisões são pensadas e a escolha recai sempre sobre a decisão acertada, a da economia em todos os domínios. 
Como chegámos em cima da hora do almoço a primeira paragem foi direta para a zona da restauração onde,  já registado de outras edições, o olfato seguia os aromas até às carnes grelhadas, que nos abriam o apetite. Apesar de nesta mostra o Alentejo ser rei, a sua eterna grandeza permite receber as outras regiões com requinte e devoção. Desta forma podemos almoçar no restaurante académico que trouxe até ao calor do Alentejo a suculenta carne de Bragança. Quer a posta mirandesa ou a costeleta de vitela ou ainda a espetada são opções que se acompanham com batatas (com sabor a batata genuína) cozida com casca e couves. Vale a pena fazer tantos quilómetros para saborear este magnífico repasto. 
Depois de satisfeito o apetite temos a dispor todo o recinto da feira para explorar. De acordo com os gostos e as preferências pode ser apreciado o gado equino que é preparado a rigor com traje típico para as atuações nos picadeiros, maquinas e alfaias agrícolas ou pavilhões onde estão representados marcas e produtos de todas as regiões do país. O café foi tomado num quiosque de rua onde o café delta perfumava o ambiente e a estratégia para atrair os clientes, era um gigante prato com um dos melhores doces secos do alentejo, as raivas.  Este momento permitiu dirigir o interesse da maioria sobre o pavilhão dos queijos, enchidos, doces e licores. Por aqui perdem-se horas a apreciar e a degustar quase tudo. A simpatia das gentes enche a alma a quem abre o apetite só de olhar. Os aromas e os sabores permitem uma verdadeira e intensa experiência gastronómica. 
Por entre as dezenas de exposições somos convidados a provar azeite, queijos, enchidos e presunto. No meio de tanta diversidade tem-se orgulho no país que, mesmo vivendo sobre resgate financeiro internacional, mantém as tradições e a vontade afincada de manter a qualidade e a diversidade e até a originalidade. Nesse campo fomos surpreendidos pelos magníficos bombons de chocolate recheados com queijo no quiosque “Sabores da Idanha”. Simplesmente único e indescritível! A ideia nasceu de um projeto conjunto da empresa Sabores de Idanha em conjunto com a Escola de Hotelaria do Estoril. 
Esta mistura exclusiva e provavelmente única no mundo pode ser apreciada em  www.saboresdaidanha.pt que faz chegar a nossas casas o  sweet cheese. Os ingredientes desta maravilha gastronómica incluem chocolate negro, doce de figo e queijo de ovelha velho (queijo de Castelo Branco velho DOP). Sobre os bombons é possível colocar um logo a pedido do cliente que é construído e desenhado em manteiga de cacau. A ideia é tão intensa que já ultrapassou o território nacional e neste momento integra a lista de produtos que alcançaram a internacionalização. E de balcão em balcão a tarde escorre por entre as maravilhas que alimentam o estômago e a alma. Em cada esquina foi possível esbarrar com doces iniciativas como por exemplo, trufas de ginja ou licor de chocolate negro. 
Uma ingressão na região dos vinhos permitiu uma troca de palavras com uma enóloga sobre uma original e muito participada ideia que permitia a todos quanto o desejassem treinar o olfato em fileiras de essências que traziam até ao cérebro os aromas típicos dos vinhos tintos (trufa, fumado, cereja, amora ou violeta, entre muitos outros), brancos (manteiga, pão torrado, limão aroma a pêra ou lichia) e uma original maneira de mostrar os variados aromas dos vinhos em estado de  alteração (maçã reineta, couve-flor, sabão, rolha ou aroma a cavalo). Uma experiência a não perder! 
Depois de tantos pecados era tempo de voltar ao sol alentejano e no recinto da feira, por altura do meio da tarde já ecoavam os cantares alentejanos projetados pela voz de um grupo de crianças (Cantares do Alentejo) com timbre de rouxinol. Magnífico! Antes de terminarmos a visita ainda houve tempo para mais uma experiência “radical” diferente de tudo o que o Alentejo tem para oferecer. Foi possível passar dos quase 30 graus para os 7 graus negativos num bar de gelo que fazia as delícias de miúdos e graúdos. Claro que era uma experiência a não perder e depois de trajados a rigor com uma capa protetora, entramos num ambiente que trazia até ao Alentejo o ambiente no norte do mundo. Mesas e bancos de gelo e claro, vodca. 
Foi uma visita intensa para todos que permitiu momentos fotográficos únicos. E assim vivemos num só local todo o alentejo deste mundo e um pouco daquilo que o mundo trouxe até ao Alentejo.