Tuesday, January 5, 2016

New York, New York – o caos organizado

Tenho tido alguma dificuldade em iniciar este post. Tenho por habito iniciar os registos das nossas viagens logo no caminho do destino ou aos serões no locais de visita. Desta vez está a ser diferente; está a fazer 24 horas que regressamos a casa e o post teima em não sair da minha cabeça. Tenho tentado perceber as razões deste novo acontecimento mas até na analise das duvidas surgem outra 
duvidas. Será porque fui brutalmente assolado por tantas novidades? Ou será que desejo escrever, descrever e registar com tanto pormenor que o tempo que passei a interiorizar este novo conceito do mundo não me deixou espaço para entender os detalhes? Ou será ainda porque o sonho de conhecer esta cidade que vive dentro de mim desde quase sempre, se tornou realidade e eu ainda estou a ter dificuldade em entender e processar e aceitar esta concretização? Algo dentro de mim está diferente porque a grelha temporal do registo dos facto neste blog foi de facto alterada e não foi por ter perdido a vontade de escrever ou de deixar documentada mais esta magnífica experiência. Este sonho de conhecer Nova York teve início certamente na minha adolescência, idade em que se processam convulsões de pensamentos, ideias e sonhos nas nossas cabeças. Manteve-se depois se latente durante várias décadas e voltou ao banco da realidade no início do ano passado quando percebemos que já haviam passado 50 anos da nossa existência e que nada melhor para assinalar a data do que tentar registar este evento de uma forma marcante para as nossas vidas. Como por detrás de cada viagem há sempre um trabalho prévio de organização, iniciamos a pesquisa de todos os pontos necessários para concretizar o desejo e a realização do sonho. Lembro-me que a primeira preocupação foi procurar voos com preços 
aceitáveis, pois pelas pesquisas anteriores para outros destinos por vezes tentávamos, apenas por curiosidade, avaliar as tarifas para a cidade dos sonhos e o resultado que os sites das companhias aéreas nos apresentavam eram sempre desecorajadores. Lembro-me que depois decidimos ativar no skyscanner um alerta para os voos de NY para irmos sendo alertados para a verificação dos preços. Lembro-me ainda que desde o inicio dos alertas os preços iniciaram-se perto dos 600 euros, com oscilações semanais quase sempre em decrescendo mas durante cerca de 2 meses mantiveram-se acima dos 500 euros. Em meados de junho a barreira dos 500 euros foi ultrapassada e os preços iniciaram descidas para a ordem dos 400  euros. As tarifas a que me refiro são sempre as de voos com conexões de horas em outros aeroportos, pois as tarifas de voos diretos sao inaceitáveis. O nosso voo de ida fazia escala em Madrid e o de regresso em Londres. Recordo que os preços de mercado para NY mantém-se estacionários ao longo do ano na ordem dos 800/900 euros. Conseguem-se por vezes tarifas simpáticas próximo de épocas festivas como o Natal ou fim de ano mas são lançados em cima da hora o que impossibilita a organização de uma viagem para quem tem dias de ferias já estipulados. Conseguidas então as 
tarifas aceitáveis e que representavam a grande despesa para chegar ao continente americano, era necessário queimar horas a avaliar possibilidades de alojamento compatíveis com a nossa estrutura financeira. As primeiras pesquisas foram também elas desencorajadoras. A consulta das tarifas das unidades hoteleiras mostrava nos preços para lá do aceitável embora não fosse a estadia num hotel a nossa opção principal. Decidimos então pesquisar afincadamente outras opções de alojamento nomeadamente um apartamento que fosse ao mesmo tempo bem localizado, com estruturas simpáticas e a preços compatíveis. Uma tríade altamente improvável num destino como Nova York. Lembro-me que passamos noites, dias e semanas a pesquisar, tendo mesmo iniciado alguns contactos que se vieram a mostrar duvidosos ou porque os proprietários queriam conversações fora da plataforma que suportava os alugueres (Airbnb) ou porque nos mandavam contratos de arrendamento que não estavam explicados em nenhum lado nas condições de divulgação do site onde realizamos as pesquisas. Foi difícil esta tomada de decisão com o tempo a passar e os voos  comprados. Finalmente conseguimos um apartamento que, sendo caro, era dos mais aceitáveis quer na localização, quer nas condições que 
oferecia. A localização era um aspeto importante, pois tratando-se de uma grande cidade este aspeto faz toda a diferença na gestão do tempo nas saídas para explorar os diversos locais. O apartamento da Kate ficava da rua 47 próxima do cruzamento com a 10ª avenida. Tendo em conta que as avenidas imperdiveis de NY estão entre a 5ª e a 7ª não estávamos longe para iniciar a exploração a pé. Outro aspeto importante a ter conta nesta viagem foi a preocupação com os transferes de e para o aeroporto que foram comprados também online. Tivemos muitas orientações da nossa amiga Susana que já tendo estado na big Apple uma vez, tinha algumas noções destes pormenores que são importantes no conjunto das preocupações que o planeamento de uma viagem a NY, levanta. Como um dos marcos 
desta viagem era passar o reveillon que coincide com o dia de aniversário da nossa amiga, que é apaixonada pelos musicais da Broadway, era imperioso marcarmos um espetáculo para esse dia. Confesso que foi um pouco a insistência dela que nos fez sentar no teatro Amesterdão em plena Broadway no dia 31 de dezembro. O espectáculo em cena era o Aladino. A razão desta indecisão prendia-se essencialmente com  o preço dos bilhetes que é astronómico. Para se ter ideia, as tarifas médias rondam os 300/400 dólares por pessoa na plateia, conseguindo-se tarifas abaixo dos 200 dólares para os balcões. Agora depois de ter tido o privilegio de ter assistido ao espectáculo dou por bem empregue cada cent. Pago. Voltarei a este tema mais à frente neste post. Tal como referi na definição dos voos a nossa escala em Madrid 
foi suficiente para mudarmos de terminal no veiculo com condução automática sem recurso a condutor e para nos sentarmos a saborear as sempre apetitosas cañas dos nossos vizinhos espanhois bem como as inigualáveis lascas de jamon ibérico que só eles sabem produzir e cortar como ninguém. Os nossos voos foram todos operados pela Brithis Airways em conjunto com outras empresas parceiras pelo que, o nosso voo com escala em Madrid foi feito quer de Lisboa para Madrid quer da capital espanhola para Nova York, pela transportadora aérea espanhola. Nunca havíamos viajado nesta companhia e as referências que tínhamos não eram as melhoras mas fiquei surpreendido quer pela qualidade e aspeto cuidado dos aviões quer pelo serviço a bordo. Viajar em classe turística nunca e uma experiência muito positiva mas suporta- se para voos de medio curso. Os de longo curso são 
dolorosos pela posição em que temos que estar durante longas horas. O nosso voo de ida durou 8 horas a partir de Madrid e o airbus A 340 já com alguma utilização teve o seu melhor desempenho mas nada disto nos tira as dores no corpo de permanecer 8 horas sentados, pois muitas marchas que se façam pelo corredor.  Devido à diferença horária, apesar de termos saído de Madrid as 16h e após 8h de viagem chegamos a NY às 19h hora local, depois de se retirarem 5 horas do relógio do tempo universal mas não do nosso relógio biológico. Depois de esperarmos numa fila interminável nos serviços alfandegários, esperava-nos uma surpresa pensada e organizada pela Susana que nos deixou sem palavras e que guardaremos para a vida. O transfer que nos aguardava na saída do aeroporto era uma 
limousine branca, brilhante, com champanhe a bordo (marca André, curioso). Ficamos meio tontos a olhar sem perceber bem o que estava a acontecer pois não queríamos acreditar no que estava a acontecer. Só ela para se lembrar e nos presentear desta forma. A viagem foi de euforia pois aquela era uma experiência para ser saboreada com as forças que ainda nos restavam depois da longa e interminável viagem. Brindámos, sorrimos e fotografamos até nos apetecer.  Foi intenso, gratificante e marcante para agradecer sempre e não esquecer. A Kate mostrou-se uma proprietária muito simpática e sorridente, de olhos grandes e hálito tabágico, deve ter ficado espantada com as nossas origens quando nos viu sair da limousine pois apenas se repetia referindo a magnificência do carro. O apartamento não era nada de especial. Bastante antigo e já bastante utilizado, decorado com o 
mínimo mas limpo.  Explicou-nos algumas regras de funcionamento relacionadas com a abertura da porta e do aquecimento da casa que era controlado exteriormente pelo prédio e que apenas poderíamos abrir a janela para regular a temperatura. A maioria das regras já conhecíamos pois estava tudo muito bem referido nas condições de aluguer da casa. Como chegamos já de noite e cansados pedimos-lhe algumas orientações sobre os arredores no sentido de procuramos alguma coisa para comer ou fazer algumas compras. Como era o dia a seguir ao Natal a maioria dos restaurantes naquela zona estavam encerrados mas supermercados abertos não seriam um problema pois encontram-se a trabalhar 24/24 horas. O primeiro dia de exploração pela cidade que põe a América no topo do mundo teve início a olhar para o nosso planeamento e para o relógio para 
constatar que se corrêssemos de yellow taxi para a catedral de Saint Patrik na 5ª avenida poderíamos assistir a uma cerimónia religiosa acompanhada com um coro. Não quisemos perder esta oportunidade e minutos depois estávamos na rua de dedo esticado a pedir um táxi e pedinchar para irmos os 5  (apenas podem ser transportadas 4 pessoas). Durante mais de uma hora assistimos a uma cerimónia magnífica, envolvidos pela grande beleza arquitectónica da catedral e a magia dos cânticos que ecoavam dos vibratos da cantora que se fazia acompanhar pelo coro, no qual todos os presentes podiam participar. Foi mágico e emocionante. Terminada a cerimónia esperava-nos 
a elegante 5ª avenida, onde a catedral se encontra.  Trata-se da avenida mais chique e glamourosa de NY, onde toda a gente quer pisar uma vez na vida para se deslumbrar com a elegância das lojas  e dos edifícios. Aqui neste autêntico passeio da fama estão sediadas as lojas mais famosas do mundo e onde os preços quer dos apartamentos quer dos artigos das montras são também os mais caros da cidade e eventualmente do mundo. É esta avenida que define o este e o oeste da cidade e que define também a numeração das ruas. As ruas e avenidas da cidade foram construídas de forma perpendicular e é a partir da 5ª avenida que se dá a orientação este ou oeste às ruas que a cruzam. É também a partir dela que a numeração das ruas vai crescendo à medida que nos afastamos dela. Depois de nos deslumbrarmos como todos os outros milhares de pessoas que se passeava por esta famosa avenida, 
avançamos para a descoberta do Rockfeller Center com a sua emblemática pista de patinagem nesta altura do ano. Por todos os locais estão instalados vendedores de rua, autênticos artistas do que eu chamo de street art: pintores de telas, com as mais diversas técnicas de pintura ou artesanato em madeira, em cartão ou em ferro. A visita nesse dia não fugiu muito desta zona da cidade aproveitando para nos deixarmos contagiar com a louca poluição sonora e visual de Time Square. É difícil descrever o que se vê e o que se sente em Time Square. São tantos os ecran e as luzes de néon em funcionamento simultâneo que os mais sensíveis a provocação pelos flash da cor e a reprodução sequencial de imagens podem sentir-se menos bem dispostos. Talvez a melhor forma de nos alhearmos um pouco e de se definir Time 
Square seja a de pensar que se esta dentro de um cenário de um filme e que aquilo tudo é uma montagem para um filme com potencial para candidatura a um Óscar pela originalidade caótica. A  exploração da cidade durou até a dor nas pernas ser suportada. No regresso a casa passávamos por um foodmarket para comprar os ingrediente para o pequeno almoço que fizemos questão de ser a americana pelo que não poderia faltar o magnífico bacon que, sendo um atentado para a saúde, era uma tentação para a alma e esta última vencia sempre. Queríamos apenas cumprir a máxima que diz que estando na América sejamos americanos. Para o segundo dia tínhamos previsto subir ao emblemático Empire State Building pelo que nos fizemos ao caminho, a pé, com o objetivo de aproveitar o máximo de caminho para conhecer algumas ruas da cidade. Estava frio, bastante, mas suportava-se com agasalhos adequados. A primeira paragem foi num mercado de rua para perceber que tipo de produtos ali se vendiam. Quando nos aproximamos do Empire State Building nem queríamos acreditar, pois a fila para entrar dava literalmente a volta ao quarteirão. Estavam centenas de pessoas na fila para viver esta 
experiência de ter NY aos nossos pés. Desolados decidimos dar cumprimento as visitas do City Pass que adquirimos online e dirigimo- nos ao metro para nos dirigirmos ao Museu de Historia Natural pois o museu merece uma visita pela diversidade e grandiosidade das suas colecções e exposições. O dia seguinte estava destinado para fazer a travessia da ponte de Brooklyn e fazer outros trajectos a pé, no entanto as condições meteorológicas previstas previam chuva para o dia o que estragaria o passeio. Assim invertemos a estratégia  adaptando a visita a cidade as condições climatéricas e decidimos visitar um shopping tipo outlet, o Jersey Gardens - http://www.jerseygardens.com/, a cerca de 30 minutos de auto-carro da cidade, onde os preços nesta altura do ano são uma tentação.  É um tipo de outlet com muitas lojas de marca, onde as pessoas se dirigem com malas de viagem vazias para encher de produtos. A nossa 
amiga Susana já levava  algumas informações sobre esta catedral de compras e foi prevenida como muitos dos outros clientes de todas as nacionalidades. Outro outlet muito visitado pelos residentes locais e pelos visitantes é o Wodburry Common - http://www.premiumoutlets.com/outlets/outlet.asp?id=7 mas fica a 1h e 20 minutos da cidade. O auto-carro quer para um quer para outro apanha-se em Port Authority, uma mega estação de autocarros que mais parece um aeroporto com gates de acesso em vários pisos desnivelados. Corremos para o nosso autocarro porque estávamos em cima do horário mas quando chegamos ainda estavam várias pessoas em fila para entrar e o autocarro parecia completo. No entanto ainda era permitida a entrada de pessoas que quisessem viajar em pé e nós não nos importamos. Lá fomos conduzidos pelo por uma condutora afro-americana amante de velocidade. Em cerca de 30 minutos chegamos ao shopping onde logo na entrada existe um balcão onde os estrangeiros recebem um livro com vouchers de descontos nas lojas e não pagam a taxa do importo do país. Depois 

percorrem-se os 2 pisos do shopping visitando lojas enormes com uma diversidade de marcas, preços e produtos, como seria de esperar num local desta natureza. O 3º dia da nossa estadia em NY foi destinado a fazer a travessia da ponte de Brooklyn. Esta travessia deve-se fazer de Brooklyn no sentido de NY pois permite o contacto visual constante com o perfil da cidade. O metro foi a opção escolhida para chegar rapidamente a Brooklyn embora não seja uma opção de transporte muito acessível para um grupo de pessoas. Cada viagem custa 3 dólares e as distancia à superfície são moderadas para se poder apanhar um táxi a custos muito acessíveis. A ponte de Brooklyn é uma estrutura de ferro e aço que tem um corredor próprio para passeios pedestres. O percurso é magnífico pois permite ver o perfil da cidade em aproximação constante à medida que nos aproximamos do final da ponte. É um corredor de beleza inigualável que nos permite perceber a imponência da cidade e a geometria dos edifícios. Para o lado esquerdo vê-se um dos ex-libris da cidade, a estátua da liberdade e também a base dos helicópteros que sobrevoam a cidade como se fossem moscas. As viagens 
de helicóptero são outra das experiências que se pode ter nesta cidade de todos os encantos mas não é acessível a todas as bolsas. Este aspecto é no entanto relativo se compararmos os preços do percurso com os de um artigo de marca ou um espectáculo na Broadway. Feita a travessia percorremos a zona da cidade pela margem do rio Hudson intercalando com o distrito financeiro da cidade, a famosa Wall Street. Aqui impera a capital do imperialismo americano com prédio altos, de fachadas elegantes em vidro. No final deste percurso encontra-se a zona de travessia para a ilha da liberdade onde se encontra edificada a estátua com o mesmo nome. Também aqui as filas eram assustadoras. Digamos 
que há filas para tudo nesta cidade, algo com o qual já íamos a contar mas depois ao encarar esta realidade já com alguns bons quilómetros em cima das pernas as coisas não se tornam fáceis. Eis quando senão acontecem imprevistos valiosos como alguém a perguntar por visitantes portadores do city pass e a dirigi-los diretamente para a fila da segurança, sim porque a triagem para passar para o ferry é igual à dos aeroportos. Já a bordo do ferry, o percurso passa diretamente à frente na estátua permitindo fazer fotografia com ângulos muito interessantes. Há quem diga que não vale a pena visitar a estátua porque ela não tem nada de interessante para apreciar mas ela faz parte integrante dos roteiros turísticos e não quisemos deixar de marcar a nossa presença. No regresso deslocamo-nos ao memorial do 11 de setembro mesmo junto à Freedom Tower. Este local tornou-se um espaço de reflexão e de respeito pela tragédia vivida por todas as pessoas e pelos seus familiares. As piscinas que agora estão no local 
das torres são abastecidas por cascatas suaves que escorrem pelas paredes da estrutura. No rebordo das piscinas encontram-se gravados em mármore escura os nomes de todos os que pereceram na tragédia. A Freedom Tower entretanto construida (2006) tambem conhecida com World Trade Center 1 encontra-se ali junto ao memorial com os seus 541 metros de altura como que a tentar compreender o que ali se passou. Numa parede externa do museu adjacente ao memorial encontram-se ecrans interativos com os dados e a fotografia das vítimas deste atentando contra a humanidade. No 4º dia da 
nossa estadia em visita à cidade a manhã foi dedicada à visita do museu Guggenheim. Como chegamos um pouco cedo por não termos conferido a hora de abertura, passeamos um pouco pelo Central Park que fica, tal como o Guggenheim na 5ª avenida, mesmo em frente ao museu. O Central Park é uma grande área verde situada no meio de Manhatten e torna-se numa visita obrigatória para quem visita a cidade. É um oásis de silêncio apetecível no meio da selva de poluição sonora e visual que torna a cidade tão diferente e atraente. Estava um dia cinzento o que deixa o parque nesta altura do ano com uma 
tonalidade em tons de castanho forrado pelas suas árvores despidas de folhagem. Pelas margens do lago grande um bando de patos fazia a sua rotina habitual pintando um quadro animado que contrastava com a imaculada e estática projeção do edifícios nas suas águas serenas. O museu atrai a atenção dos visitantes logo pelo aspeto arquitetónio exterior pois parece-se com uma casca 
descascada mantendo-se enrolada sobre si numa espiral. A entrada no edifício confirma este aspeto em espiral com uma cúpula de vidro a encerrar a porção superior. A ideia é ir de elevador e iniciar a visita ao museu descendo a espiral que mantém uma rampa suave e mostra ao longo das suas paredes as obras do pintor Alberto Burri (em exposição entre outubro de 2015 e janeiro de 2016) um dos mais inovadores artistas do século XX criando uma nova forma de “pintura” designada de “unpainted painting” retratando os diversos aspetos das suas técnicas de pintura e o estados de espírito das diversas épocas em que a obra foi sendo realizada. “As rotas em torno de um grande vazio incentivam a reflexão e a fruição da arte”. Será esta a alma pensada durante a construção do edifício? Espalhadas por alguns 
dos pisos encontram-se outras salas que albergam as obras de grandes vultos da pintura como Monet, Picasso ou Van Gogh. Para um apreciador não especializado em arte e pintura como eu o museu consegue ver-se em cerca de 2 horas. Conhecendo também o congénere em Bilbao, este exige mais atenção pois para além de ter mais áreas de exposição a heterogeneidade e a interação obrigam-nos a uma maior concentração, reflexão e participação mais activa. Por estarmos na proximidade de Columbus Circle, um dos topos do Central Park, por recomendação de um amigo almoçamos no famoso e biológico Whole 
Foods Market. Fica dentro do Centro Comercial Time Warner Center e distingue-se pela coexistência de um supermercado que vende apenas produtos biológicos e pela enorme área de alimentação onde se pode encontrar de tudo para construir uma refeição completa desde as entradas até às sobremesas. Um dos aspetos a melhorar é a zona dedicada ao consumo das refeições que não é generoso e obriga a permanências em pé mais tempo que o desejado na esperança que os apreciadores dos diversos produtos não demorem tempo demasiado a degustar aquelas iguarias. A tarde deste dia foi dedicado a visitar a Hihg Line. É uma zona de construção recente, construída em plano supra desnivelado a 8 metros de altura em relação às estradas e avenidas com passadeiras de 
madeira ladeadas de jardins cuidados, algumas esculturas, escadas e elevadores de acesso. A construção concluída em 2009, atravessa 3 bairros  (Meatpacking, West Chelsea e Hell's Kitchen/Clinton) e  coincide com a localização de uma linha férrea histórica que servia a cidade numa zona industrial. A ideia foi transformar esta zona num parque verde agradável e elegante. Os antigos armazéns estão em conversão para lojas de design e galerias de arte. Tem bancos e camas para descansar, ler um livro ou simplesmente apreciar o rio Hudson. Uma das zonas muito atraentes é o bairro de Chelsea, com restaurantes 
exóticos desde os que se dedicam à indústria dos doces e cockail, aos jardins de cervejas tipicamente alemães ou ao conceito muito interessante, equivalente aos nossos atuais mercados, que servem variados tipos de ementas em balcões diversos balcões. A nós fez-nos lembrar a nossa arrojada e provocante Lx Factory. Chegados ao final do ano, o dia 31 foi dedicado a visitar algum comércio de rua no sentido de aproveitar os saldos que tiveram inicio a 26 de dezembro. Time Square foi a zona (mal) escolhida mas era na praça que estavam sediadas as lojas que queríamos visitar. De manhã cedo já o dispositivo policial tinha gradeado toda a zona em preparação para o icónico réveillon e já multidões se empurravam nos passeios disponíveis para entrar para a zona da festa. Idealizei o réveillon em NY anos a fio mas logo que inicie a preparação da viagem e depois no local desisti em consciência de estar em Time Square à meia noite. A policia encerra toda a zona com grades e quem entra para o perímetro fechado, pode sair mas não pode voltar a entrar. Isto não é para nós! Seria necessário transformar um momento de festa e de alegria em horas de desgaste e tortura e não foi esse o espírito que nos levou a Nova York. Ainda fomos apanhados no meio de uma massa humana densa que apenas se conseguia movimentar aos empurrões quando saímos de uma das lojas e foi motivo suficiente para não nos aproximarmos mais de Time Square. Como no dia 31 a nossa 
amiga Susana era aniversariante, o programa incluía assistir a um espectáculo na Broadway. O musical escolhido foi o Aladino, no teatro Amesterdão. Não é possível dedicar muitas palavras ao musical porque é tão intenso, tão brilhante e tão apaixonante que o valor e a energia das palavras para o descrever é o motor para alimentar a alma para que a experiência perdure mais tempo na nossa memória. Os bailarinos, as canções, os cenários, o guarda roupa, a manipulação dos projetores, tudo foi perfeito e milimetricamente alinhado. Destacam-se o génio do Aladino interpretado pelo actor/bailarino James Monroe Iglehart, um afro-americano de superficie corporal generosa, já galardoado com um prémio Tony Award e o intérprete de Aladino, o ator Adam Jacobs também já agraciado com vários prémios como o Drama Desk Award como melhor ator de musical e o Grammy Award para o melhor álbum de teatro musical, ambos foram divinais. Após 2 horas de magia era tempo de fazer a última refeição do ano e como a hora já ia longa encontramos uma magnífica Taverna Grega com pratos a preços acessíveis e diversidade muito atrativa. Despedimo-nos assim de 2015 com um repasto que 
conseguiu cortar o perfil alimentar dos últimos dias que não passou muito dos hamburgueres, pizzas e frango. Como queriamos fazer tempo para visitar o Empire State Building à noite, ocupamos o tempo numa cerimónia religiosa de uma igreja não católica que tinhamos encontrado dias antes. O anuncio referia o acompanhamento da cerimónia com uma orquestra de jazz e isso deixou-nos curiosos. A Marble Collegiate Church fica na 5ª avenida com  a zona oeste da 29ª street. Os participantes eram todos muito curiosos, a maioria afro-americanos uns no que se pode designar de bem trajados, as senhoras de chapeu que não retiraram ao longo de toda a cerimónia e outros mais ousados e contemporâneos com brincos e cabelos longos e muita gente jovem, nomeadamente homens. O primeiro discurso foi proferido por um homem jovem de origens asiáticas que era um orador fantástico, seguramente com formação em técnicas de comunicação. Nos intervalos dos discursos ecoavam canções das vozes de 2 cantoras de jazz que traziam ao conjunto um ambiente descontraído e festivo. A ceromónia de celebração religiosa foi em tudo muito semelhante àquela que conhecemos nas igrejas católicas mas com muito menos “carga religiosa”. O momento alto da celebração de uma missa é a apresentação do corpo de cristo com toda a carga simbólica que lhe está associada. Nesta igreja foi uma sacerdotisa que presidiu à cerimónia e quando apresentou o corpo de cristo partiu um pão achatado tipo chapata de generosas dimensões em vários pedaços irregulares. Foi esquisito! Os crentes comumgam tal como nós mas com um cubo de pão que é molhado no cálice com o sangue de cristo. No final fomos todos convidados para um beberete onde não faltavam os cookies e uma deliciosa cidra fresca e frisante. Foi sem dúvida uma experiência muito diferente e vincada. Ainda nos faltava visitar o Empire State Building e como a primeira experiência tinha sido dramática, decidimos fazer a visita precisamente no dia 31 à noite. Foi uma aposta ganha pois não encontramos filas na entrada e o acesso aos elevadores fez-se rapidamente. A chegada ao 86º andar faz-se em poucos minutos num elevador de aceleração rápida que sobre 10 
pisos de cada vez. Depois do 80º piso é necessário trocar para outro elevador para chegarmos ao primeiro observatório que nos deixar sem palavras e extasiados com tanto para admirar. Valeu a pena subir à noite pois a contemplação da cidade toda ornamentada com luzes de tonalidades diversas fazem deste cenário um espectáculo único. Existe outro observatório no 102º andar que é pago fora do acesso do bilhete do city pass, mas nós ficamos satisfeitos com o que conseguimos observar do local onde estávamos. Depois de nos sentirmos abençoados pela paisagem com que a bela NY nos presenteou ali naquele momento, fizemos a descida e dali rumamos à 7ª avenida na esperança de não sermos esmagados pela multidão que aguardava os últimos momento do ano. Ainda tivemos tempo para degustar um chocolate quente com sabor a morango que foi uma bênção para equilibrar a temperatura do corpo e um enorme reforço para a alma. Chegar à proximidade de Time Square não foi tarefa fácil pois a polícia ia cortando as ruas pelo que tivemos de andar várias ruas para trás, até conseguirmos chegar à 7ª avenida para conseguirmos observar um dos muitos ecrans que estavam nas imediações da praça, 
na esperança de ver o relógio com a contagem decrescente ou mesmo a filmagem em direto da descida da bola. A verdade é que nada disto aconteceu. Como nós os outros milhares de pessoas que enchiam aquela avenida celebraram a meia noite e a chegada do ano novo ao verem o primeiro fogo de artificio vindo de Time Square. Nesse momento sentimo-nos defraudados pois era a primeira vez que passavamos o ano sem contar os últimos segundos e sem brindar, uma vez que o álcool estava proibido nas ruas. Isto tudo debaixo de uma ruido permanente dos vários helicópteros que sobrevoavam o coração da cidade. O último dia em NY foi ocupado a visitar a famosa loja dos m&m's, uma predição para os viajante 
menores que nos acompanharam e tempo para as últimas compras. Ainda conseguimos chegar à Grand Central Terminal ou Grand Central Station, uma estação de comboios dentro de Manhatten, no numero 89 da 42nd street, edificada em 1903. É a maior estação ferroviária do mundo com 44 plataformas em 2 niveis com 41 linhas. De realçar neste obra é entrada dos raios solares projetando-se em feixes de filamentos individualizados através das janelas que desenham figuras no chão. O edifício é magnífico e merece uma visita para quem visita a cidade. O nosso transfer chegou com um rigoroso cumprimento da hora e na típica velocidades dos condutores americanos rumamos ao aeroporto JFK a cerca de 25 km da cidade para passarmos a noite sobre o oceano atlântico a bordo de um Boing 777-200 da Americam Airlines, extremamente bem cuidado, a caminho de Londres. A rota foi traçada ao longo da linha de costa passando por Boston, Nova Escócia e São João da Terra Nova para depois sobrevoar o oceano e entrar na Europa atravessando a Irlanda e finalmente, menos de 6 horas depois aterrar no aeroporto de Heathrow em Londres. Como tinahmos uma escala de 8 horas fomos visitar a cidade utilizando a linha de Picadilly (azul). O tempo não ajudou muito e o tempo também estava cornometrado pelo que optamos por visitar um pouco da cidade de autocarro e degustar um pato lacado na Chinatown. A British Airways trouxe-nos de volta a 
casa, consumidos por álgum cansaço quer pela semana intensa que passamos em NY quer pela violação do sono a bordo do avião quer ainda pela diferença horária que ao chegar a Londres fez avançar o relógio 5 horas para a frente, adicionando estas horas ao nosso ciclo biológico formatado durante a última semana para viver 5 horas atrás. Cumpriu-se um sonho, tornamo-nos pessoas diferentes e mais ricas espiritualmente, com uma alma saciada com novas experiências que nos vão acompanhar para sempre. Ficou a vontade de continuar a explorar aquele continente. Apetecia-me rumar à Califórnia e visitar San Diego, Los Angeles, San Francisco e Las Vegas.