Thursday, December 29, 2011

REFÚGIO DE NATAL…EM PORTEL

Conhecemos Portel pela primeira vez já lá vai mais de 6 anos. Numa das nossas visitas ao Alentejo, que se têm repetido variadas vezes ao longo da vida, encontrámos em Portel um refúgio que encerrava em si tudo o que era necessário para uma estada tranquila: tradição, conforto, ambiente, os aromas e a simplicidade das gentes deste local. O nosso André tinha 3 anos e ao chegar ao hotel ardia em febre. Hoje, ao entrar na recepção, foi como se o tempo tivesse parado. Recordámo-nos da expressão no seu pequeno rosto de maçãs vermelhas e olhos vidrados provocados pelo aumento da temperatura e registámos o momento numa das muitas fotos que temos do nosso filhote. Recordamos o pequeno-almoço dos deuses que nos proporcionaram, com simplicidade, simpatia e produtos da região. Tudo isto estacionou na nossa memória e foi trazido ao presente logo que voltamos a olhar e a entrar no edifício deste oásis que é o hotel rural Refúgio da Vila. Em trânsito para o Alentejo onde este ano se cumpre mais uma tradição de comemorar o Natal em casa dos meus pais, decidimos, em véspera de aniversário da Maria, trocar o ambiente típico desta altura do ano, por mais uma volta pelo Alentejo. A decisão pesou, mas após intensas semanas de trabalho e muito cansaço e rotina, não foi difícil trocar a Serra da Estrela com neve supostamente pela magnífica paisagem do Alentejo, onde, simplesmente olhar a paisagem e saborear a relíquia que é a gastronomia destes locais, serve de conforto e é terapia para qualquer corpo cansaço de tanta contribuição laboral. Assim, juntaram-se sinergias uma vez que o destino final era o litoral alentejano. A deslocação ao maciço central da Serra da Estrela implicava muitos quilómetros, portagens, combustível e muitas horas de condução e cansaço. Não sei se estas estratégias de pensamento se relacionam com o passar dos anos e a chegada da idade, se são simplesmente decisões em busca de qualidade e conforto. Como se comemora por esta altura o aniversário da Maria, acrescentámos ao nosso passeio, uma deslocação à Amieira, marina entretanto construída em pleno Lago que é a barragem do Alqueva. A ideia é fazer um dos percursos de barco, trocando assim a paisagem granítica pelas águas calmas que engoliram parte do passado alentejano das aldeias ribeirinhas e apreciar a adaptação da natureza àquilo que o Homem construiu com intenção de acrescentar água à terra e produzir energia e riqueza para a região. A deslocação para Portel foi através de Évora, uma das cidades da nossa preferência. Amamos o Alentejo, ou não fossem essas as nossas raízes. Évora é beleza, encanto, património e gastronomia, é gentes, é calma, é aromas é tradição e qualidade, é recordação, modo de vida, bem-estar e simplicidade. Almoçámos num restaurante à beira da estrada nacional 117, é o Barraca de Pau. Conhecemo-lo por acaso acerca de 3 anos quando numa das deslocações para Madrid, decidimos almoçar sem entrar na cidade. Ficámos clientes. É daqueles restaurantes simples onde estacionam os camiões para fazerem o seu repasto. Hoje estava cheio, tivemos que aguardar por mesa. O aroma das comidas sentia-se até à rua. A ementa é vasta, o serviço eficiente e rápido. Não existem doses com preços acima dos 10 euros. Saboreamos uma deliciosa feijoada (meia-dose 4.50 euros) e cabrito assado (1 dose 9,5 euros), ambas estavam deliciosas. Como não consumimos vinho e a sobremesa tinha que ser cumprida com a tradição no café Arcada onde se comem deliciosas queijadas de requeijão, a despesa ficou abaixo dos 20 euros, valores que se adaptam bem a esta época de intensa restrição que agora se vive. Dizia o funcionário que ali não havia Troika, pois estavam cheios todos os dias. Ao que parece ainda existem alguns negócios que sobrevivem a este esmagamento económico e a estes tempos muitos difíceis onde a palavra de ordem de quem governa este país é convidar os portugueses a emigrar. Ao chegar a Portel e após as formalidades do check-in, fizemo-nos ao caminho para aproveitar a luz daquele entardecer único. Perdemo-nos pelas ruelas da vila com destino ao castelo de muralha bem conservada. Lá dentro reinava o peso do tempo com algumas pedras ainda sobrepostas mostrando o que outrora seriam paredes. As escadas de acesso ao topo da muralha mostram uma paisagem deslumbrante sobre a vila de Portel. Pelos caminhos e escadarias ladeadas por casas brancas, encontrávamos os residentes locais. São gentes de humildade estampada num rosto já gasto pela vida e que agora aproveitam o descanso em silêncio neste cenário bucólico e paradisíaco mas cujos olhos já não apreciam. Esta paz é apreciada por quem vem de fora e por quem não teve a obrigação de viver aqui toda uma vida. As ruas que percorremos estavam pouco povoadas como a vila em geral. Ao procurar o restaurante onde jantámos à 6 anos atrás, o Montado, fomos informados que já havia fechado à anos. Estes encerramentos e abandonos nada tem a ver com a crise de agora, essa já se instalou por estas paragens à muitos anos atrás quando nada foi feito para se fixarem por aqui as gentes novas que tiveram que imigrar para destinos mais urbanos em busca de melhores condições de vida. Por esta altura vivia-se nos grandes centros urbanos de excessos com que a união económica e monetária nos acenava. Hoje esgotaram-se as verbas e os países encontram-se basicamente em falência técnica. Terras como Portel não sentirão a diferença, pois a Troika aqui já instalou de forma crónica, mostrando as dificuldades e as proezas das boas gentes daqui que seguramente teriam uma lição para dar ao país em modos de sobrevivência e de privações.
O hotel rural Refúgio da Vila encontra-se instalado num edifício oitocentista com cerca de 800 m2 de área, tipicamente alentejano e construído no séx XIX para albergar a família Amaral, que eram fidalgos da Casa Real e grandes proprietários de sobro e olival. Possui 30 quartos divididos entre casinhas no jardim e o edifício principal. A decoração é elegante, confortável e típica. A escadaria de acesso ao primeiro andar, a área nobre onde se encontra a suite do Paço, antiga sala de piano mostra um patamar onde os frescos do século XIX evocam as viagens pelo Norte de África e o Brasil. Hoje o edifício já não é pertença da família Amaral e desde 1999, foi convertido em hotel. O quarto era espaçoso e muito confortável. Reinava a limpeza e o silêncio absoluto, ingredientes tão necessários para quem aprecia umas horas de descanso. O pequeno-almoço foi, comparativamente com o da anterior estádia, uma desilusão. Aguardava com expectativa a primeira refeição no magnífico salão do hotel com produtos regionais e acompanhamento pelos colaboradores da unidade. Ao invés disso, fomos colocados numa sala com acesso pelo jardim, de paredes brancas e impessoal. Os produtos disponíveis para o repasto eram convencionais e tão industrializados com os de qualquer outra unidade hoteleira de um qualquer centro urbano. Faltou o queijo da região, os enchidos e a mistura saborosa do café. O logótipo do hotel é um cavalo em homenagem à Coudelaria de Portel, fundada em 1557 e posteriormente transferida para Alter em 1748. Uma das actividades que se pode desenvolver no hotel são cursos de cozinha que decorrem na escola de cozinha a funcionar na antiga cozinha das matanças, onde ainda se podem ver salgadeiras, armários de rede e perceber os sinais de outros tempos. Despedimo-nos deste magnífico espaço fanzendo jus à lenda que diz que quem bebe água da fonte Senhora da Saúde de Portel, situada nas imediações do castelo, “não passa sem cá voltar”. Essa é a nossa esperança. Na manhã do dia 22 de Dezembro aguardava-nos, a cerca de 15 km de distância de Portel, um fabuloso passeio de barco no recente e espectacular lago do Alquêva. O caminho que se percorre até ao local da marina é rural e tranquilo, evoncando o passado a cada curva, com montes e animais domésticos apreciando os pastos orvalhados da manhã. Na aproximação à marina, as pesadas nebelinas matinais teimavam em não se dissipar o que fazia antever o compromisso do nosso passeio. Começámos a ficar desolados, pois havíamos percorrido tantos quilómetros para finalmente conhecer os encantos do maior lago artificial da Europa. Ao chegar à Amieira marina a visibilidade estava reduzida a poucos palmos, tal era a densidade do nevoeiro. Na recepção aguardava-nos uma simpática colaboradora que partilhava da nossa tristeza. Decidimos então aguardar algum tempo na esperança que a dissipação do manto branco seguisse a tradição dos dias anteriores e se esfumasse antes do meio dia. Nesta espera a colaboradora foi extremamente prestável e levou-nos a visitar um dos barcos casa. Explicou-nos que os grupos Gescruzeiros e o Nautialquêva eram os exploradores deste novo conceito de turismo, sendo uma responsável pelos barcos de passeio e outra pelos barcos-casa. Estão disponíveis várias tipologias de barcos que albergam desde 4 a 12 pessoas. Dentro destes hotéis flutuantes, encontram-se todas as condições de conforto para umas férias a bordo de uma casa flutuante: quartos, Wc, duche, cozinha e espaço para refeições. Pode-se pescar, nadar, apanhar sol, e relaxar rodeados por uma paisagem encantadoramente viciante. Sendo composta por água e relevo em planaltos, muda a cada curva, quer seja pela cor da vegetação, quer pelo encontro com pequenas ilhotas onde a copa de algumas árvores submersas aflora constituindo poiso para as aves que escolheram este local para viver. O passeio no barco Alcarrache durou cerca de uma hora e percorreu o caminho marítimo até à Amieira, aldeia ribeirinha que se avista do Lago. O lago do Alquêva tem 98,2 Km de comprimento, é maioritariamente navegável e chega aos concelhos de Moura, Évora e Reguengos. Nas suas proximidades encontram-se várias aldeias ribeirinhas com infra-estruturas para se poder atracar os barcos e visitar a aldeia, a pé ou de bicicleta que também se pode transportar nos barcos. No final do passeio aguardava-nos um almoço no restaurante panorâmico Amieira Marina onde nos aguardavam sabores dos deuses: bacalhau gratinado com espinafres e gambas em folhado e salada trocilor e costeletas borrego grelhadas com alecrim. Para sobremesa escolhemos sericaia com ameixas de Elvas, pudim de ovos e formigos, uma mistura feita com pão ralado, vinho do porto, canela e passas. Simplesmente divinal. Parabéns Micá!

Malta, Gozo e Comino

Malta é a principal ilha do pequeno arquipélago maltês situado entre a Europa e a África, em pleno mar mediterrâneo. Foi desde sempre cobiçado pela sua posição estratégica por vários povos e civilizações que foram deixando a sua marca cultural transformando a principal ilha do arquipélago, Malta, num magnífico agregado de palácios e fortalezas. Valetta, a capital de Malta é ela própria um misto cultural único onde convivem lado a lado cabines telefónicas vermelhas deixadas pelos britânicos com extraordinários monumentos e palácios deixados pelos Cavaleiros de S.João de Jerusalém.
A viagem até Malta requer alguma paciência, pois não existem voos directo para aquela ilha, fazendo-se o transporte, a partir de Lisboa, via uma das capitais da Europa, Frankfurt ou Milão. Este aspecto torna a ilha mais distante e a viagem demorada. O povo maltêz é muito cortêz. Apresentam traços muçulmanos e a pacatez típica dos povos da bacia mediterrânea. A ilha de Malta é toda ela em tons amarelo-ocre fazendo lembrar as influências da vizinha África. A arquitectura dos palácios é soberba e a preocupação com a sua manutenção é um garante. Toda a zona da ilha desde o centro até aos subúrbios é rodeada de marinas intermináveis onde repousam, entram e saem iates, barcos de recreio e de passeio a toda a hora. De diversos locais da ilha partem embarcações turísticas para as outras duas ilhas vizinhas, Comino e Gozo.
O propósito desta viagem foi a Conferência intercalar do Conselho europeu de Ressuscitação que decorreu no magnífico Mediterranean Conference Center, um dos mais imponente edifício da ilha. Encontra-se localizado adjacente ao Forte de S.Elmo, de frente para o grande porto de onde se avista a mais bela das paisagens com o Forte de . S Ângelo a dominar pela grandeza da sua fortaleza.
Os dias da conferência foram passados a assistir ao que de mais recente se vai fazendo em matéria de ressuscitação cardiopulmonar. A viagem desde a paragem do autocarro até ao centro de conferência fazia-se a pé, pois os autocarros não entram no centro histórico. O percurso é muito bonito e permite o contacto próximo com as rua comerciais, os cafés e tabernas. Todo o percurso é feito por ruas com casas apalaçadas com características típicas que se diferenciam pelas belas varandas trabalhadas, muitas em madeira e de corres garridas no meio do tom predominante que é o amarelo-ocre. Após o fim do congresso instalou-se mau tempo mas, como a estádia estava prevista com mais um dia e o tempo aliviou ainda houve tempo para dar um salto a Gozo a 20min de barco de Malta. Gozo é a segunda maior ilha do arquipélago. Na viagem avista-se muito de perto a irmã mais pequena, Comino, pelo seu aroma a cominhos e transformada em atracção mundial pela mágica lagoa azul. No centro de Gozo fica a Cidadela, trata-se de uma capital miniatura desta ilha. A ilha Goza de inúmeras atracções que vão desde os monumentos e templos, alguns completamente isolados no meio da paisagem, até às deslumbrantes vistas para o mediterrâneo. A costa da ilha é de cortar a respiração e merece uma visita demorada e a pé. Como não tinha muito tempo contratei um daqueles serviços de bus turístico que fazia o percurso à volta de toda a ilha mostrando os pontos mais importantes, podendo descer-se em qualquer lado e depois retornar a viagem. Acabou por ser a escolha acertada, deixando no entanto por ver alguns pontos interessantes e que mereceriam mais tempo e detalhe. Um local de paragem e visita obrigatória era em Dwejra. Trata-se de poderoso promontório no ponto mais ocident da costa dramática de Gozo. É uma zona rochosa perfurada pelanatureza que forma um arco com quase 100 metros de altura,desginado de janela azul. É talvez um dos fenómenos naturais mais espectaculares das ilhas maltesas. Do outro lado do rochedo enconra-se o mar interior. É uma lagoa pouco profunda, muito popular para nadar. Este mar interior encontra-se ligado ao mar aberto por uma única abertura na rocha, que forma um túnel que se pode atravessar de barco e que serve de negócio para os pescadores locais, que vendem passeios de barco a razar as paredes d túvel para nos deslumbrar no outro lado com um imenso oceano azul com penhascos recortados por fantásticas grutas cuja escuridão e arquitectura natual contrasta com o rebordo vermelho na linha de água, formado por fungos vermelhos. Outro local de visita obrigatória em Gozo é Victoria, a sua capital. Esta é coroada pela cidade antiga designada de Cidadela, que coros o topo de uma colina toda muralhada e e servia de protecção para os habitantes locais nos tempos dos corsários e sarracenos que levavam as pessoas para a escravatura. Era obrigatório por lei as pessoas passar a noite na protecção das muralhas. O dia passou depressa e logo chegou a hora de voltar. De regresso a Malta, as poucas horas que me restavam deitaram por terra quaisquer planos para visitar outros locais da ilha que é recheada de história e lugares encantadores. Fiquei com muita pena de não ter conseguido chegar a Mdina eRabat. Trata-se da zona de Malta com mais beleza sentimental. Antigamente estas duas povoações faziam parte da mesma povoação, mas o árabes muralharam Mdina e tornaram-na uma cidade-fortaleza. O pouco tempo que me restva foi passado a tentar observar e absorver pormenores da vida local e curiosodades gastronómicas. Descobri o famoso petisco dos malteses. Tratam-se de pasteis, uns em forma de empadas e outros em losangulos, confeccionados em massa folhada e recheados com queijo ricotta e outros com um preparado de ervilhas. Localmente estas delicias gastronómicas designam-se de qassatat. Muito locais da ilha ficaram por visitar, nomeadamente a zona norte da ilha onde existem praias de areia dourada e atracções para criaças, nomeadamente a aldia do Popeye, figura que preencheu o imaginário da minha infância. Chegada a hora de regresso apanhei o autocarro que demorou cerca de 1 hora a chegar ao aeroporto. Este é pequeno mas muito organizado. A julgar pelas filas de alguns balcões de check-in percebe-se quem são os visitantes e turistas favoritos da ilha, são o escocêses e ingleses que têm direito a balcões de check-in próprios e voos directos para os seus locais de destino. Aproveitei o tempo que me restava para deliciar de novo com um qassatat e aproveitar a net do aeroporto para terminar alguns trabalhos pendentes. O regresso deste belo local deixou vontade de voltar pois muitos foram os locais por explorar e que merecem uma outra visita.

Saturday, September 10, 2011

Verão no Norte (luxo, natureza, praia no campo e excelente gastronomia)

Com mais uns dias de férias para usufruir, os últimos deste ano, foi necessário pensar um destino agradável. O tempo prometia estar bom, com sol e temperaturas elevadas a rondar os 30 graus. Uma proposta de trabalho na região norte do país foi o mote para projectar um percurso simpático e assim juntar trabalho e laser numa conjugação favorável. Em época de contenção, quando os gastos devem ser pensados ao pormenor, os alojamentos devem ser escolhidos com cuidado. Isso obriga a pesquisas insistentes e por vezes demoradas no sentido de procurar qualidade e comparar tarifas. O motor de busca de hotéis booking.com é uma preciosa ajuda, pois dá uma panorâmica dos diversos tipos de alojamento disponíveis, mostra fotos, e permite perceber os pontos positivos e desfavoráveis das diversas unidades hoteleiras através dos comentários deixados pelos clientes anteriores. No decorrer das pesquisas para estas férias e após já termos efectuado algumas reservas, fomos surpreendidos com um novo conceito de reservas, entretanto enviado através da newsletter do booking. Trata-se de um novo formato de tarifas com propostas flash em que as unidades aderentes propõem alojamentos com mais de 50% de desconto. É de facto um grande formato para aproveitar alojamentos de qualidade a baixo custo. O único senão é por vezes haver datas próprias para usufruir destas promoções. No nosso caso tivemos sorte e conseguimos trocar uns alojamentos já reservados por outros com uma tarifa muito mais económica. Neste formato reservamos o hotel casino de Chaves, com localização entre trajectos da actividade que nos levou a esta região.
Trata-se de uma unidade hoteleira recente, inaugurada em 2009, com uma localização sobranceira à cidade de Chaves. Ao lado encontra-se um casino da cadeia Solverde. O hotel é fantástico. Logo à entrada somos recebidos com uma antecâmara em vidro, entre a porta de acesso exterior e o lobby, onde se ouve música em tom agradável. Ao entrar no lobby somos obrigados a parar de espanto, tal é a dimensão e a omnipresença do candeeiro suspenso do tecto com um pé alto com mais de 4 metros de altura. Esta peça decorativa é o apontamento mais importante desta zona do hotel. De dia projecta a luz da parede em frente, cinzenta e inclinada para dentro, com janelas que deixam o sol pintar o interior do edifício, formando prismas de luz que se projectam nas paredes em redor. À noite, esta grande peça ilumina o lobby e acompanha o elevador panorâmico que transposta os clientes aos pisos dos quartos. Na parede ao lado encontram-se escadas esculpidas em madeira para quem quer apreciar pelo exterior cada peça iluminada desta escultura suspensa. Para um e outro lado do lobby estendem-se salas longas em forma de corredores ou corredores transformados em salas. Cada uma tem a sua própria identidade, com sofás, tapetes e apontamentos decorativos a fazer daqueles locais, espaços de descanso, conforto e grande tranquilidade. A sala que se estende para a direita do lobby leva-nos até à porta do casino. Percorrendo este espaço encontramos pequenos nichos de confortáveis sofás vermelhos que contrastam com tapetes cinza escuro da cor do edifício e assentos circulares que fazem vir à memória os tempos do jogo da cadeira. Um detalhe que apreciei foi as notáveis oliveiras que se dispunham ao longo da parede. Perfeitas na sua concepção, com tronco e folhas que obrigam a tocar para se poderem distinguir entre o artificial e o real. Eram artificiais e fascinantes!
De regresso ao ponto de entrada, o lobby, pudemos apreciar os tapetes que cobriam toda a zona frontal dos elevadores e o balcão de atendimento. Tratavam-se de duas peças de grandes dimensões desenhadas às ricas em preto e cinza, terminando em uma das extremidades com pequenas riscas em cores fortes percorrendo todo o espectro da cor, desde os vermelhos aos azuis. Logo à esquerda do lobby encontrámos uma maravilhosa sala de leitura com sofás, secretária com jornais e revistas e todas as paredes e pilares forrados com papel de parede com motivos em estantes de livros. Muito original e uma bênção para os olhos. Este espaço era abeto para o bar do hotel onde o elemento principal era um piano de cauda, preto. O bar é um espaço de médias dimensões elegantemente decorado com sofás e cadeirões em tons cinza e branco e um espelho confere a este local o dobro da dimensão. O tecto é pintado de vermelho escuro para contrastar com paredes cinzentas e chão em soalho castanho por vezes coberto com carpetes azuis com motivos cinza claro. No piso -2 do hotel encontram-se as instalações do SPA que integram o tradicional jacuzzi, sauna e banho turco. A piscina interior é magnífica, por ventura das maiores que já vi. O fundo com ladrilhos pretos contrasta com o tecto projectado em madeira clara com clarabóias para receber a luz do sol que por elas entra. Através das enormes janelas de vidro que constituem a parede que mostra o exterior podem-se gozar os raios solares protegidos do vento e da temperatura menos agradável. A piscina exterior é projectada com a linha do horizonte a rasgar a paisagem campestre. O espaço que envolve a piscina exterior é bem cuidado e a relva soberbamente tratada. Deste local avista-se a parte posterior do edifício que mostra uma área projectada em cubo suspenso por colunas, onde se avistam quartos com varandas. Viemos a saber mais tarde tratarem-se das suites do hotel. De volta ao interior pudemos apreciar o ginásio bem equipado e muito sóbrio e o restaurante do hotel cujos elementos centrais eram paletas de tinta desenhadas no tecto com uma mistura de tintas em relevo com se estivessem prontas para serem utilizadas pelo melhor dos pintores. O quarto de dimensões agradáveis era muito confortável e o que nele prendia a atenção dos sentidos era a parede adjacente à cama, projectada em madeira com efeitos de luz a fazerem lembrar peças de um dominó ou as faces de um dado. Da sua janela estendia-se a cidade de Chaves aos nossos pés. Como chegamos à cidade num domingo as actividades de rua estavam reduzidas, com o comércio encerrado e sem ninguém nas ruas. Era pois tempo para apreciar a gastronomia desta região que é de fazer crescer água na boca. Na taberna Benito a posta mirandesa e a vitela estufada foram as escolhas acertadas. A acompanhar uma bela sangria sabiamente elaborada.
De volta ao hotel para descansar de tão apreciado repasto, era tempo de ir visitar o casino. Como as crianças só tinham permissão para chegar até ao primeiro bar do casino, a Micá permaneceu aí com o André e eu fui tentar a minha sorte nas clássicas slot machines. A regra de sempre é investir apenas 5 euros e sair quando terminar o último cêntimo. E foi o que fiz! Como não frequento casinos com regularidade, consegui perceber que a tradição já não é o que era pois para além de máquinas com diversos e variados jogos, percebi que já não se trocam notas por fichas nas caixas e já não se ouve o tilintar das fichas na gaveta inferior das máquinas, quando alguém tem a sorte de acertar e arrecadar algum montante. Agora as notas entram directamente na máquina, como se se estivesse a pagar um parqueamento e quando se alinham os símbolos da sorte, o som é emitido eletronicamente. No dia seguinte e antes de partirmos rumo ao próximo destino, esperáva-nos um pequeno almoço de nível, numa sala com vista para o campo, café com bom aroma e de sabor suave. Os enchidos da região eram uma presença apetecível e o pão e os croissants eram deliciosos. Ainda tivemos tempo de visitar e de sentir as ruas desta bela cidade, apreciando aqui e ali pequenas lojas tradicionais onde o azeite e os frutos secos são os reis que enchem os olhos e deixam a boca ávida de gosto.
O próximo destino era Vila Flor onde tinha de cumpri mais um compromisso profissional. Alojámo-nos numa quinta de agroturismo praticamente à entrada da vila. A Valonquinta tem gerência familiar e ocupa um espaço onde se destacam a zona habitacional rodeada de terreno e de animais. As casas estão cuidadosamente tratadas e decoradas com motivos do campo. Cada quarto tem uma identidade própria e são batizados com nomes de flores. Existem várias salas onde se pode simplesmente estar e apreciar o silêncio à volta de uma bela leitura. Quem se quizer entreter com jogos tem disponível matraquilhos e um snooker. Uma piscina completa o quadro emoldurado por uma paisagem verde e o chilrar dos pássaros. Passear pela quinta é uma bênção para os sentidos pois, para quem perde o hábito de andar devagar e esquece os aromas do campo, esta é uma terapia que nos reensina a apreciar o valor da vida e a comunhão com a natureza. Aqui a natureza domina e mostra a sua força e beleza, pois é possível apreciar de tudo, desde a amoreira à pereira, tudo está presente. Pensávamos nós que as amoras eram apenas provenientes das silvas selvagens. Como é Setembro a vinha está no seu esplendor com cachos de uvas delicadamente tratados. As ovelhas, o burro, o poney, os patos e os gansos fazem as delícias dos grandes e dos pequenos. Depois de encontrarmos frutos e vegetais que na cidade só se encontram nas superfícies comerciais, ainda encontrámos no final do nosso passeio, autênticos cachos de kiwis e amêndoas. Uma verdadeira delícia. O pequeno almoço servido pela D. Laura, é soberbo. O sumo, feito na hora com frutas da quinta é de sabor indescritível e as torradas em pão caseiro barradas com manteiga ou azeite, são de lamber os dedos. Bolos caseiros não faltam por aqui, lá fora numa zona de alpendre, existem caixotes de fruta disponíveis para que todos possam provar e comer, saboreando o que a quinta tem de melhor. Tudo isto é gerido pelas mãos do sr. Carlos e da sua mulher, que são anfitriões de corpo e alma e fazem sentir os seus clientes como se estivéssemos em nossa casa. O André passou aqui horas de grande felicidade, pois como criança que é adora o campo e a liberdade e encontrou uma encantadora rafeira de seu nome Zuma que adorou e desfez em mimos e em brincadeiras.
Depois de mais um delicioso pequeno almoço despedimo-nos de todos com saudade e gratidão pelas horas que passámos naquele local. Uma bonita viagem pelo Douro vinhateiro fez-nos chegar até Viseu, localidade que gostamos imenso e desta vez queríamos apreciá-lo tendo por retaguarda a bela e recente pousada.
O edifício é soberbo! Reerguida do antigo hospital da misericórdia este magnífico hotel faz juz ao seu esplendor e encanto. A faixa foi meticulosamente conservada com os granitos a enquadrar as janelas e as portas. Após as formalidade do check-in, somos convidados a percorrer um corredor que seguem ao longo dos claustros. Estes formam uma autêntica praça central de grandes dimensões onde funciona o bar e grandes espaços de descanso com sofás. Este local, encerrado em cima com uma estrutura projectada por um arquitecto, é banhado por luz natural e é sem dúvida a alma do edifício. Tem um formato quadrado e permite observar todos os andares da pousada com janelas e varandas que mais tarde, nos pisos de cima nos servem de pontos de observação do claustro visto por cima. Os quartos são grandes e muito funcionais e confortáveis. Todo o edifício tem uma decoração minimalista, mas esta opção não lhe tira a beleza pois em cada canto encontram-se contrates do novo com o velho e original. Fotografias emolduradas nos quartos e corredores, transportam-nos pela história da reconstrução daquele nobre edifício. Um SPA e uma piscina interior estão ao dispor dos hóspedes, equipamentos não habituais nas nossas pousadas. O espaço exterior é bem cuidado e uma piscina rodeada por um deco de madeira faz as delícias nos dias de intenso calor, a rondar os 30 graus com que fomos prendados. Num dos dias de vista a esta bela capital beirã, aproveitámos para ir visitar a recem inaugurada praia de Magualde, a live beach. Trata-se de um espaço no sopé do planalto onde se situa a ermida dedicada à Nossa Senhora do castelo. É um local agradável com uma piscina enorme, areia verdadeira, todos os apoios de comercio, restaurantes e até local para massagens. Para dar a noção de que estamos à beira mar, no topo da piscina está localizado um painel que projecta a continuidade desta até à linha do horizonte e um magnífico céu com nuvens brancas que transmitem serenidade e a sensação de que se está mesmo à beira mar.
De volta a Viseu e como decorria a feira de S.Mateus aproveitámos para fazer um passeio e um jantar pela feira, que já leva anos de tradição, mas que nunca tínhamos frequentado. A gastronomia beirã era rainha neste local e para sobremesa, nada como um belo e tradicional algodão doce e umas farturas. O André deu uma voltinha num dos carrosséis e depois de darmos a volta ao recinto apreciando os produtos habituais numa feira, que se mantém inalteráveis década após década, regressámos ao encanto e ao conforto da nossa bela pousada.

Monday, August 8, 2011

Roma, Costa do Adriático (Croácia) incursão à Eslovénia &Norte de Itália (Trieste, Veneza,Verona e Milão)

Dia 16/07/2011 (Lisboa-Roma)
P
or esta altura vive-se um pouco por toda a Europa uma das maiores crises financeira de que tenho memória. O assunto domina os “media” e tem honras de abertura dos noticiários, pelo menos em Portugal. Agora questiona-se tudo, se a Europa tem futuro, se este é o preço dos anos de prosperidade hoje considerada enganosa, se os países ricos da UE devem continuar a financiar os mais pobres e periféricos. As individualidades do centro de decisão em Bruxelas desdobram-se em contactos, estratégias e reuniões para tentar convencer o mundo de que a união europeia é forte e que isto são meros problemas internos para os quais, severas medidas de austeridade, serão a solução para que a velha Europa volte aos mercados do mundo. Nesta conturbada situação económica e financeira, que seguramente trará mais desigualdade social, decidimos continuar o nosso percurso de vida e à semelhança do ano passado, desrespeitar a orientação nacional de que as férias entre portas são uma boa opção para os dias que se avizinham. Acontece que as estratégias para sobreviver à crise, que ocupam livros e revistas, já foram adoptadas por nós há largos anos. Talvez seja esse um dos motivos que permite chegar a esta altura com orçamento para continuar a explorar um pouco do mundo. Como bons estrategas, o planeamento começou praticamente no final das férias de 2010 e as reservas online com a antecedência aconselhada para permitir obter tarifas bem competitivas. E é com esta organização a que nos habituámos sempre e mesmo antes da crise, que vamos a caminho de Roma nesta altura em que escrevo este post (10h34min do dia 16 de Julho de 2011). Ao contrário do que seria de pensar, o mundo fora de Portugal não se habituou ainda à palavra crise. Apesar de voarmos para Itália, um dos países contagiados pela crise da Grécia, Irlanda e Portugal e agora também ele a braços com fortes medidas de austeridade, já planeadas por Berlusconni, os preços praticados revelam bem o quão distante o mundo vive do fantasma da carência e da falta de recursos. Para terem ideia dos valores, um simples bilhete de ida do aeroporto para o centro de Roma custa 14 euros por pessoa, o que faz deste percurso um trajecto apetecível mas extremamente oneroso. É preciso, nestas circunstâncias, estudar alternativas mais económicas reservando por exemplo um mini-bus num site de transferes online que cobra 55 euros para 5 pessoas com as bagagens e distribuição à porta do hotel. Dormir em Roma é extremamente caro! Penso que Paris e Roma são neste momento as cidades mais caras no centro da Europa em matéria de preços de alojamentos. Para se reservar algo com alguma qualidade e conforto não esquecendo a localização, é preciso perder tempo e procurar com persistência para se conseguirem preços a rondar os 100 euros por noite.
Este ano, a pensar em alguma contenção, optámos sempre que possível, por reservar apartamentos para reduzir os custos e tentar fazer algumas refeições. Por esta altura em que escrevo ainda não sei o que nos espera nem se a estratégia foi bem pensada. Como as férias são de percursos por vários locais, os posts também serão à medida dos dias e dos acontecimentos. Em Roma vamos estar apenas uma noite, o suficiente para visitar talvez o Coliseu, a Fontana di Trevi e os apontamentos arquelógicos da velha cidade de Roma. O trabalho de casa vem feito para tentar interessar os miúdos por alguma pesquisa e interesse pela história dos monumentos. Eles, com a idade que têm (9 e 11 anos) não se interessam por pesquisar nada antes de uma viagem. Eu não era assim, vibrava quando era miúdo quando surgia uma possibilidade de viajar. Não tinha internet, então punha-me a imaginar como seriam as coisas, o que iria sentir quando estivesse por lá e como me transformaria depois de passar pelas experiências. Os miúdos de hoje não são assim, haverá certamente alguns mais atentos. Para eles, é importante os pais não se esquecerem das consolas portáteis para vencer os tempos dos aviões, visitar poucos locais, alguns com maior interesse porque foram abordados em algumas matérias da escola e pouco mais. Hajam parques temáticos e algumas praias pelo meio das férias e estarão felizes.
Chegámos a Roma, o voo correu bem e à nossa espera no “metting-point” lá estava o nosso driver contratado, simpático e muito prestável. A viagem até ao centro de Roma demorou cerca de 40 minutos. Na Via di La Vitta aguardava-nos o Fábio da Residenza Romane. Tudo simples e claro como combinado. O nosso apartamento, localizado bem no centro, junto da Piazza di Spagna era localizado num edifício antigo. O Fábio foi muito cordial. O check–in foi à mesa da sala do apartamento com um Ipad e uma linha de visa. Excelente, funcional e muito actual. Após as explicações das funcionalidades do apartamento descemos as escadas e sentámo-nos no primeiro restaurante com esplanada mesmo junto da porta do alojamento. Aí fizemos as delícias sempre latentes da gastronomia romana. Pizzas, pastas, saladas, cerveja e tiramisú, uma mistura deliciosa. Como estávamos mesmo no centro histórico passamos o resto da tarde a apresentar a bela cidade de Roma às nossas amigas e a revisitar os locais por onde andámos à 11 anos atrás. Primeira paragem, Fontana di Trevi com os seus 1735 anos e história, nascida do hábito dos romanos em fazerem fontes onde terminavam as ruas. A praça onde se encontra é muito pequena e repleta de turistas. Todos querem ver a estátua do Deus Neptuno montado no seu carro em forma de concha puxada por cavalos. Diz a tradição que quem lançar uma moeda à fonte voltará de visita à cidade e que os solteiros, encontrarão a metade da sua laranja na cidade de Roma. As ruas laterais da praça encontram-se repletas de geladarias e de lojas de souvenires. Rumando pelas ruelas que deixam a praça repleta de esplanadas e restaurantes, chegamos à Via di Corso para alcançar o belo edifício de Verdi-Victor Emanuel Rey d’Itália. É majestoso, imaculadamente branco e esconde atrás de si a Roma antiga, preservada, cuja história se escreve nos arcos e colunas em recuperação. Contornando o edifício pela esquerda alcança-se o Coliseu de Roma que quase dispensa apresentações. Construído no 1º século DC, tem 1920 de história e as suas paredes cravejadas de buracos escondem para lá dos arcos uma arena com 87 por 57metros. O comprimento total do monumento alcança ops 187,5 metros de comprimento por 155,5 metros de largura. Na arenas disputavam-se lutas de gladiadores nos tempos do antigo império romano. Os que morriam eram espetados com lanças de madeira em brasa que atestavam a sua morte. A caça aos leões, tigres, elefantes, crocodilos e hipopótamos era outro dos passatempos dos antigos romanos. O coloçal monumento conseguia albergar cerca de 50 mil pessoas. Já a tarde ia no seu final e passados cerca de 10 km de marcha era tempo de regressar ao apartamento para refrescar os corpos e dar algum descanso às pernas. O jantar foi pensado para não haver grandes deslocações e como estávamos perto de tudo foi fácil. Sparguetti a la carbonara para as crianças em formato de take-away e para os adultos, cervejas frescas, salada de atum e o mais delicioso gelado italiano. A noite foi péssima pois ouvia-se o barulho da rua como se o edifício não tivesse paredes ou janelas. Ninguém dormiu. Dia 17/07/2011 (Roma-Dubrovnik)
De manhã ainda ouve tempo para ir dizer olá às monumentais escadarias da Piazza di Spagna com a sua fonte em forma de barco. À hora combinada lá estava o nosso transfer privado à porta. Agora estamos no aeroporto Leonardo da Vinci (Fiumicino) a aguardar o embarque para Dubrovnik. Já vimos todas lojas e parece que o voo está atrasado como já vai sendo habitual nestas alturas de muita afluência. Quando voltar a escrever já estaremos para lá do mar adriático na bela capital balnear da Croácia. O voo, embora com atraso correu bem. Durou cerca de 55 minutos e depois de atravessar a curta largura da bela Itália e o mar adriático avistam-se as primeiras ilhas que embelezam este pedaço de terra que a natureza prendou com tanta imaginação e beleza. Chegar a Dubrovnik é uma tentação e um desejo que dificilmente se controla. Do avião avistam-se um aglomerado de arrumadas construções protegidas por uma potente muralha que separa o povoado das águas azuis e translúcidas do mar adriático. Depois das formalidades do desembarque rumámos em busca do nosso carro alugado e depois à procura do nosso alojamento. Com o precioso GPS foi fácil alcançar a rua da Villa Vinka. O Sr. Mio, homem de grande porte com características de alemão, fez as honras da casa apresentando-nos os seus alojamentos novos e muito cuidados. Estamos alojados nos arredores de Dubrovnik junto a uma zona de praias de seixos que se alcança atravessando um simpático promenade repleto de restaurantes e geladarias de grande tentação. Caiu a noite e fomos descansar os corpos no silêncio e no conforto da Villa Vinka. Dia 18/07/2011 (Dubrovnik)
Comprados os bilhetes de autocarro apanhámos o número 6, perto da nossa villa para a cidade velha. É indescritível a sensação de chegar tão desejado lugar. Milhares de pessoas perfilam-se para entrar pela porta de Pile de acesso ao interior da cidade muralhada. Lá dentro espera-nos a mais bela das cidades, imaculadamente cuidada com edifícios históricos cuidados como só a mão do homem sabe fazer. A strada, avenida principal leva-nos à outra ponta da cidade e apresenta-nos os seus costumes e artesanatos, em lojas muito bem cuidadas e com uma apresentação igual à que já nos habituámos à boa maneira ocidental. Depois, é explorar e sentir cada recanto, cada rua, as igrejas, os sons da música que preenchem cada canto e ecoam pelas paredes dando àquele lugar um encanto que nos marca a alma. Nos momentos em que o cansaço fala mais alto, é tempo para entrar numa das muitas igrejas e apreciar o silêncio e a frescura, contemplando as suas decorações muito variadas. Na catedral de Dubrovnik, de decoração minimalista, fomos prendados com cânticos de um coro que se formou de um grupo de turistas, seguramente pertencentes a um coro que resolveu fazer uma breve apresentação e encher aquele lugar de um encanto marcante. Quando se sai da muralha o porto abriga-nos com a sua esplendorosa beleza enquadrada pelas montanhas e as ilhas ao fundo e emoldurada pelos inúmeros barcos que transportam turistas em pequenas excursões aos arredores marítimos da cidade. O calor é quase insuportável e as crianças aproveitaram para o seu primeiro mergulho no mar adriático. É tradição por aqui haver zonas preparadas para mergulhar e estender uma toalha ao sol em qualquer lugar onde haja espaço, seja superfície de betão ou cascalho. Dia 19/07/2011 (Dubrovnik e Ilha de Lopud )
Hoje decidimos fazer um passeio de ferry-boat a uma das ilhas nos arredores. Depois de consultar os preços das muitas excursões organizadas, depressa percebemos que ir de ferry por conta própria ficava bem mais barato e foi o que fizemos. Fomos visitar a ilha de Lopud, aquela onde se anunciava a única praia de areia da região. Após 50 minutos num ferry lento e apinhado de gente, e depois de deixar alguns turistas na ilha de Kolocep, chegámos a Lopud e esperavam-nos 2200 metros de distânica a pé até à praia de Sunj. Ainda tentámos negociar o aluguer de um buggy mas o condutor não estava disposto e referiu que não era táxi e que teríamos de ir até ao hotel Dubronik reservar um. Por esta altura ainda não tínhamos percebido onde ficava o tal hotel nem quão difícil iria ser o trajecto. Eram 11.30 da manhã e o sol queimava a 30 graus mas decidimo-nos fazer ao caminho. O trajecto não era difícil mas tudo escaldava à nossa volta. Passados cerca de 30 minutos conseguimos alcançar a praia qual oásis no meio de uma vegetação verde e bela. A praia de areia não era extensa mas era muito agradável e enquadrada numa paisagem estonteante entre montanhas verdes e um azul que fazia lembrar um mar tropical. Entrar na água era imperioso e a surpresa foi total quando sentimos a água morna seguramente a 25 graus. Mergulhámos até chegar a fome que foi saciada num dos restaurantes de telhados de colmo onde nos deliciámos com uma salada de frango grelhado e uns calamares de lamber os dedos. O restaurante numa cota mais elevada permitia vislumbrar uma paisagem arrebatadora de toda a zona envolvente da praia. Este quadro fez-nos regressar aos almoços nas Caraíbas onde depois de um mergulho e todos a pingar, sentávamo-nos nos restaurantes, comíamos e bebíamos a contemplar aquela paisagem que havemos de guardar na alma.
De regresso ao alojamento era tempo de descansar para avançarmos de novo para Dubrovnik, desta vez ao final do dia para fintar o calor. O objectivo era fazer a muralha da cidade que percorre todo o perímetro da velha cidade permitindo alcançar vistas de cortar a respiração. O percurso demora cerca de 1hora e 30 minutos entre paragens e fotografias. O final do percurso merece um farto jantar num dos muitos restaurantes. Ao fim da noite era tempo de dizer "dovidenja" a Dubrovnik e partir para a próxima paragem depois de uma noite bem dormida. Dia 20/07/2011 (Dubrovnik-Trogir)
Após um bom pequeno-almoço caseiro aromatizado com café misturado em Beja, despedimo-nos com agradecimentos ao Sr. Mio que nos recebeu e nos fez sentir em casa. Uma fotografia para recordar selou a nossa estadia em Dubrovnik. A viagem para Split prometia pois a estrada acompanha a costa fazendo antever belas paisagens. E assim foi, cada curva, cada encosta mostra um mar de um azul sem igual, recortados por ilhas e pequenas montanhas que apetece parar e fotografar até esgotar a capacidade da máquina fotográfica. No trajecto esperava-nos uma pequena incursão à Bosnia-Hergovina, pois certamente foi uma conquista de território costeiro dos tempos do conflito armado. A estrada mantém-se a mesma apenas se atravessa uma fronteira terreste à velha maneira da antiga Europa, mas muito menos burocratizada e o percurso dura cerca de 15 km. A presença dos polícias serve apenas para controlar alguns camiões e espreitar alguns passaportes nomeadamente dos carros com matrícula BIH (Bosnia-Hergovina). Decidimos parar em Neum, uma pequena estância balnear da Hergovina como os locais fizeram questão de informar. Como as minhas chinelas de enfiar resolveram estoirar em Neum aproveitei para comprar outras e meter conversa com a vendedora, simpática e muito prestável. Percebi que Bósnios e Hergovinos convivem neste mesmo território mas que não se suportam por questões religiosas. Os Hergovinos são maioritariamente católicos e falam croata. Os Bósnios são muçulmanos e fala em bósnio (tudo isto me foi dito em tom baixo quase em segredo, principalmente quando era feita alguma referência os Bósnios). A moeda do país é o konvertibilna marka (marco convertido) mas aceitam pagamento em qualquer moeda podendo-se pagar e euros, marcos ou kunas. As mulheres lavaram os olhos com os homens locais pois apresentam traços típicos das gentes deste lado da Europa, são altos, de olhos claros e muito prestáveis. Ainda gracejamos com a nossa amiga Susana dizendo que por aqui poderia encontrar facilmente a sua meia laranja em homenagem à promessa da fontana di trevi a quem lançasse uma moeda. Algures a caminho de Split decidimos parar para comprar fruta numa tenda à beira da estrada pois a forma de manter frescas as melancias merecia uma fotografia. Uma mangueira agarrada a uma estaca lançava água sobre as melancias para as manter a uma temperatura que as permite comprar e comer logo. O vendedor Tonci (António em linguagem ocidental) era uma daquelas figuras que se quer dar a conhecer. É camionista de profissão, arranha alguns idiomas e é um anfitrião de mão cheia. Depois de escolhermos a fruta e de saber como se escreve e pronuncia a melância nos diversos dialectos do país (lubenica na região de Zagred e dinja no dialecto local) deu-nos a provar amoras da região, mel feito de ervas e cerveja do Montenegro. A cerveja serviu de mote para falarmos um pouco do conflito étnico dos Balcãs. Contou-nos o Tonci que tudo começou na Sérvia, nação com um povo louco e prepotente que tentou encontrar aliados para lutar contra os inimigos entre os quais a Croácia. Ao que parece os montenegrinos aliaram-se à Sérvia mas logo que perceberam as suas intenções abandonaram a aliança e tornaram-se amigos dos croatas. A amizade perdura até hoje. Para além disso recomendou-nos o restaurante Tin, de um primo, o sr. Zeljko, na próxima localidade de Vrgorac onde a comida era feita com produtos da região. A ementa do Tin era razoável, não tinha muitas opções e por isso pedimos recomendações. Foi-nos proposto gulasch e depois acrescentámos febras ao natural e lulas grelhadas (são os calamares locais). A funcionária era lenta mas muito simpática e a comida com uma confecção soberba. Um aparte que merece um apontamento de destaque foi a salada que era interactiva com uma linda lagarta a decorar os pimentos. Pelo caminho recebemos uma mensagem sms do staff dos apartamentos Fun para onde nos deslocamos em Trogir para saberem orientações sobre a nossa chegada. Simpáticos e cordias tal como todas as pessoas com quem contactamos até agora.
Cerca de 200 km após termos deixado Dubrovnik chegámos a Split e depois a Trogir. A auto-estrada A1 foi uma boa ajuda para encurtar a distância e tornar a viagem mais confortável. Nas proximidades de Split e em toda a estrada de acesso a Trogir, o trânsito estava um caos. O acesso à vila piscatória de Trogir faz-se por estreitas pontes que condicionam muito o tráfego nesta região. Depois de nos instalarmos nos apartamentos Fun, fomos conhecer um pouco da vida nocturna de Trogir. É uma terra que fervilha de gente, turistas e nativos que se passeiam pelas ruas, pelo mercado e que enchem as inúmeras esplanadas. O porto abriga barcos de luxo de marinheiros que gostam de se passear pelas ilhas da Croácia. O dia seguinte foi passado numa das inúmeras praias a descansar e a mergulhar nas cálidas águas do adriático. As gentes por aqui são afáveis e de muito bom trato. Dia 22/07/2011 (Trogir e Ilha de Brac)
Hoje comemoramos o 9º aniversário do nosso filho André. À semelhança dos outros 4 últimos anos, desde que ele completou 6 anos de idade, este dia tem sido comemorado quando estamos em viagem pelo mundo. O dia inicia-se pelos apertados e bons abraços complementados por saborosos beijinhos do nosso querido filho. Segue-se o desembrulhar das prendinhas com todos ainda em pijama acabados de acordar mas todos meio a dormir. O programa que seleccionámos para este dia aqui na Croácia, foi uma visita à ilha de Hvar, recomendada pelos guias de viagens e pelos residentes locais como sendo um local paradisíaco com praias de sonho e perfumada pelos campos de lavanda que se cultivam por lá. A advertência para o grande afluxo de turistas tinha-nos sido dada pelo Osko, o responsável pela reserva do nosso apartamento em Trogir. Na tentativa de fintarmos a confusão a nossa companheira de viagem, a Susana deslocou-se na véspera a Split, importante porto marítimo da costa da Croácia com o intuito de adquirir os bilhetes para o Catamaran com a devida antecedência. Voltou desolada pois não faziam vendas antecipadas. Sem outra alternativa lá nos fizemos ao caminho depois de esbarrarmos com 1 hora de fila para tentar atravessar Trogir. A estratégia em Split era eu ir para a fila da bilheteira e elas irem encontrar lugar para estacionar o carro. Quando cheguei à bilheteira tive a resposta mais ou menos aguardada de que os bilhetes para Hvar estavam esgotados. Em conversa com a funcionária pedi recomendações para uma ilha próxima e atractiva, recomendou-me Brac já minha conhecida de nome por ter sido notícia há uma semana pelos incêndios que consumiram parte da área florestal. Arrisquei e lá fomos. A viagem de ferry é muito agradável e a paisagem ao redor também. Cerca de 50 minutos de viagem colocou-nos na ilha que tinha aspecto de ser muito atractiva. A primeira paragem foi num bom restaurante para nos deleitarmos com um suculento bone-beef e uma grelhada mista. O bolo de comemoração do aniversário do André tinha que ser rapidamente resolvido e a imaginação dita sempre uma agradável surpresa. Em troca de palavras com o funcionário pensou-se em panquecas com chocolate e como não havia vela, dirigi-me ao supermercado mais próximo no sentido de a adquirir. O resultado foi um lindíssimo e apetitoso prato gigante de panquecas com uma linda vela vermelha com aroma a morango no meio rodeada de chantilly. Foi lindo e delicioso. O André amou! O resto do dia foi passado entre mergulhos e passeios de gaivota com direito a escorrega para belos banhos naquele mar de águas quentes e cristalinas e fundo rochoso e cheio de vida marinha. Ainda pensámos em visitar uma famosa praia no outro lado da ilha mas as alternativas eram 1 hora de autocarro ou 35 minutos de táxi que cobrava 50 euros pelo percurso. Decidimos ficar pelas praias próximas e não nos arrependemos. O jantar foi numa tradicional tasca com bancos de madeira a saborear sopa de peixe à moda da Croácia que é feita com peixe, arroz e ervas aromáticas. Não há nada igual em Portugal mas se quisermos traçar semelhanças diria que era qualquer coisa entre uma açorda e uma canja de peixe. Uma saborosa salada grega e uns calamares completaram o repasto rodeado das mais belas paisagens que o pr do sol fez questão de acentuar e projectar para toda a eternidade.
Dia 23/07/2011 (Trogir-Primosten-Vingerac)
Saímos de Trogir depois de nos despedirmos do Oska. Do terraço do nosso prédio já se avistava a fila compacta e parada que piorava a cada segundo. Não havia volta a dar senão nos incluirmos nela para esperar horas até atravessar Trogir. O dia amanheceu cinzento e chuvoso mas quente. As recomendações do nosso amigo eram para não perdermos, no seguimento do nosso caminho em direcção a Vingerac, a localidade de Primosten conhecida pela sua paisagem rodeada de água e pelas suas famosas vinhas e vinho tinto chamado Babic. Trata-se de uma localidade originalmente uma ilha isolada, mas agora ligada ao continente por uma ponte e uma calçada. Primosten significa “aproximado por uma ponte”. Os venezianos construíram uma muralha ao seu redor e o topo da cidade é dominado pela igreja de S. Jorge do final do séc. XV. Com todas estas recomendações a paragem e a visita era obrigatória, e foi o que fizemos. A aproximação a Primosten pela estrada é deslumbrante. A dada altura surge na nossa frente um pequeno amontoado de casas bem juntas, confinadas a um espaço reduzido e rodeado de uma água azul de uma beleza estonteante. Estacionado o carro é tempo de explorar aquela pequena localidade confinada dentro de uma muralha. A primeira paragem foi numa boa esplanada para provar os petiscos da região. Escolhemos spargetti com mexilhões e um risotto de frutos do mar acompanhado com um vinho tinto Babic produzido nas encostas da pequena ilha. O café foi adoçado com um fabuloso bolo de chocolate cuja consistência e textura fazia pensar que se estava a comer uma verdadeira barra de um bom chocolate. Ruas acima encontram-se lojas de artesanato local com produtos em louça e em latão. No cume da ilha encontra-se uma capela ladeada por um cemitério aberto e muito bem cuidado e pelo qual se passeia. Deste local vislumbram-se as mais belas paisagens. De volta ao local de entrada depois de termos contornado a ilha a pé, pudemos observar a calma daquelo lugar, que é sítio de passagem para muitos iates e para turistas que enchem as esplanadas para apreciar os belos petiscos da região. As tendas de roupas, chapéus e brinquedos misturam-se com as de artesanato no exterior da muralha ao longo de uma das praias da ilha. Aqui encontramos uma geladaria com um funcionário que mostrava os seus dotes a fazer gelados em cone.
Cumprida que estava a visita e ao dirigirmo-nos ao estacionamento ouvimos vozes portuguesas, coisa rara pela Croácia pelo menos nos trajectos por onde temos passado. O nosso próximo destino era Vingerac. Passámos o resto da tarde a andar pela linha da costa a ver paisagens deslumbrantes. No final da tarde chegámos a Zadar. É uma cidade grande com um importante porto de onde partem ferrys para Itália. A cidade em si não é atractiva, mas era importante visitar uma famosa constução feita junto ao mar que através de um sistema de tubos que recebem as águas do mar, produzem sons organizados permitindo ouvir música orquestrada pelo vaivém das águas. Trata-se de um famoso órgão feito por um conhecido arquitecto da região e ao que parece é único no mundo. Procurar Vingerac foi coisa difícil pois nem o nosso GPS identificava tão misterioso local. A cartografia apenas identifica a localidade do concelho que por esta altura nós não sabíamos. Fomos então por conta própria sem desviar muito caminho e com o velhinho mapa de estrada que nos salvou de complicações. Depois de muito andar encontrámos uma placa de estrada a indicar Vingerac para o lado esquerdo, nem queríamos acreditar. Já passava das 20 horas locais quando atrás de muitas curvas avistámos o nosso destino tão esperado. Cá de cima da encosta os nossos queixos caíram de tanto espanto. Um grande espelho de água recebe de braços abertos uma pequena e estreita língua com algumas construções e uma marina. O sol a raiar as paredes e o enquadramento por uma potente cordilheira fazia o resto do cenário. Incrível! Não se consegue parar de fotografar de todos os ângulos. Encontrado o Aparthotel Tamarix fomos recebidos pela sua responsável com uma simpatia e cordialidade a que já nos habituámos. Nesta altura era importante suspender as simples formalidade do check-in, pois o pôr do sol estava a acontecer e a nossa anfitriã deixou-nos à vontade enquanto ia dar o seu mergulho do final do dia já perto das 21 horas. As fotos falam por si. O outro dia foi passado a relaxar junto das águas do adriático nesta bela localidade. As águas aqui são mais frias que nos outros locais onde temos mergulhado, mas a limpidez e transparência convidam a vários banhos e mergulhos enquanto o sol ainda vai aquecendo os corpos. A tarde tornou-se fria e cinzenta, o ventro soprava de forma implacável. Recolhemo-nos e decidimos explorar outra localidade próxima debaixo de uma chuva intensa, mas com temperatura amena. Nin foi o local escolhido para jantar. O nosso guia do americam Express recomendava o restaurante Konoba com vista para a mais velha igreja da Croácia. O restaurante em pedra, bancos de madeira corridos e velhas alfaias agrícolas suspensas no tecto, fazia lembrar uma das nossas antigas tascas. Aí deleitámo-nos com um delicioso presunto fumado à moda da Dalmácia e queijo da região. O jantar decorreu entre conversas com os funcionários e a irreverência das crianças que teimavam em ir para a chuva procurar um delicioso coelho branco que habitava o jardim e o parque de estacionamento. Um arco-iris fez resto do cenário. Dia 25/07/2011 (Vingerac-Lagos de Plitvicka)
Depois de levarmos Vingerac na memória era tempo de deixar o litoral e rumar às montanhas para aí pricurar e visitar o parque natural de Plitvika Jezera com as suas famosas cascatas e lagos de águas transparente e coloridas com vários tons de verde e azul. O dia amanheceu frio e chuvoso e pelo meio deste clima pouco convidativo avançámos até ao próximo alojamento onde nos esperava a Srª Bozica que nos recebeu com um sorriso e uma amabilidade contagiantes. A pensão Vukovic era a sua casa onde residia com o seu marido. A localização era idílica no meio do campo com paisagens verdejante ao redor. A casa de construção típica fazia lembrar as casa da Alemanha e da Áustria com telhado escorridos e o espaço todo aproveitado até às águas furtadas. O nosso apartamento estava impecavelmente limpo e arrumado com aliás toda a casa. A chuva e o frio lá fora não davam tréguas pelo que era preciso pensar em estratégias para tornar a nossa visitar aos lagos o mais acolhedora possível, se é que isso era possível no meio de um dia gelado. Lá fomos até à entrada nº1 do parque, aquela que nos aconselharam para uma visita de uma tarde. Comprámos ponchos para todos e meias para a mais friorenta das mulheres. Depois de um pequeno percurso a pé com várias varandas pelo meio, chegámos ao local onde se apanha o comboio que nos transporta para a zona mais alta do complexo de lagos. Tudo o que no percurso pedestre prometia uma visitar inesquecível, a cascata grande, os sistemas de lagos de diferentes tonalidades a vegetação exuberante. No final do percurso do comboio era preciso atravessar o lago para a outra margem, em barcos eléctricos. O nosso percurso, o F, aquele que nos traria de volta À entrada numero 1, permitia uma travessia do grande lago noutro barco eléctrico de maiores dimensões. O frio e a chuva eram difíceis de suportar. No final do trajecto era imperioso aquecermo-nos com uma bebida quente. O hot-chocolat pairava nas nossas cabeças, mas a frustração veio logo a seguir quando os mal dispostos dos funcionários disseram que já não havia mais. Pedimos então capuccinos mas queríamos um pouco de chantilly, pedido a que a funcionária acendeu com maus modos e depois fomos castigados na caixa com mais uma kuna por causa deste pedido extra. Enfim, são os contrastes do mundo. Para aquela gente capuccino não pode ter chantilly pois isso é café com natas e não capuccino. Daqui seguiu-se uma bela caminhada a pé por entre passadiços de madeira sobre cascatas e lagos transparentes onde reinam milhares de peixes que se mostram em maravilhosas danças. Apetece fotografar tudo, cada espelho de água, cada encosta, os diferentes tons da água que deixam ver os fundos seguramente até aos 2 metros de profundidade. Após quase duas horas de percurso, gelados e com os pés cheios de lama, chegámos de novo à entrada. Um banho quente e uma refeição ligeira completaram o resto do conforto para uma noite de sono silenciosa mas mal dormida, pois era estranho o facto de dormirmos todos no mesmo espaço o que tornou os sons da noite estranhos com as diferentes com as respirações. Dia 26/07/2011 (Plitvicka-Zabreb)
Depois de um pequeno-almoço com produtos croatas mas de configuração ocidental, era tempo de rumarmos a Zagreb, a capital deste belo país. Zagreb é uma cidade bela e cultural. Tem imensa actividade cultural com 21 museus, 10 teatros e 350 bibliotecas. Segundo Max Weber, um cientista e politico este poderia ser um modo de medir a qualidade de vida de uma cidade. O nosso hotel estava bem localizado a uma curta distância a pé do centro histórico e comercial da cidade pelo que fizemos todos os percursos a pé. A cidade está bem fornecida de trams que podem ser uma alternativa para quem se quer deslocar poupando as pernas. A nossa primeira paragem foi na bela praça Bana Jelácica dedicada ao governador croata Jelacic. Daqui seguimos para a catedral de Santo Estevão. Trata-se de uma magnífica obra de construção com a sua nave central em estilo neogótico. A decoração interior é muito rica e espectacular mas o que mais me impressionou foram as estátuas de madeira dos santos Paulo e Pedro (logo à entrada na parede lateral direita) e uma crucificação do séc, XIV. Por detrás do altar está o túmulo do beato cardeal Alojzije Stepinac, muito devotado pelos frequentadores locais. A destacar ainda os fresco que são de uma beleza exuberante. A saída da catedral conduz-nos a um mercado de rua com produto da região onde se misturam vegetais e artigos regionais e produtos em madeira, tudo ladeado de esplanadas de restaurantes onde se podem escolher pratos típicos da Istria. Outro dos locais a visitar era, na cidade alta, a praça de S.Marcos com a sua bela igreja que ocupa uma posição central na praça. Destaque para as telhas coloridas que ornamentam o telhado desta bela igreja gótica e que formam os brasões das armas da Croácia da Dalmácia, da Eslavónia e de Zagreb. À volta da praça encontram-se belos edifícios ocupados pelo parlamento e diversos museus. Saindo da praça pela rua que dá acesso ao museu de arte Naif, encontramos ainda o museu das relações partidas e ao fundo da rua um pequeno jardim onde artistas e pintores fazem os seus trabalhos manuais expondo os seus quadros pelo jardim. Daqui parte o mais pequeno funicular do mundo que liga a parte alta da cidade à zona baixa. Ao fim do dia ainda conseguimos visitar a praça da flores, zona muito animada da cidade com esplanadas a perder de vista e com uma vida impressionante.
Outro edifício a destacar é o da estação central dos comboios. É belo e ornamenta o final de uma zona verde do centro da cidade. Para aqui convergem e convivem gentes de todos os cantos do mundo pois este é o ponto de partida para vários locais da Europa, alcançáveis a curtas distância de comboio. Na manhã do dia seguinte ainda conseguimos explorar um pouco a parte comercial da cidade em busca de músicas que representassem os sons e as tradições croatas. Depois, chegou a hora de partir desta bela cidade onde tudo é bem organizado e os serviços hoteleiros são de qualidade, rumo à capital da Eslovénia, alcançável após duas horas e meia de comboio. Dia 27/07/2011 (Zagreb-Ljubjana-Eslovénia)
A viagem de comboio é calma e verde. As cabines são confortáveis mas na limpeza nota-se algum descuido. Após cerca de 1 hora de viagem, o percurso foi interrompido perto de 30 minutos, na fronteira da Croácia, pelas autoridades locais, para inspecção dos passaportes e de muitos dos compartimentos do comboio. O percurso permite actualizar os cartões das máquinas fotográficas, descansar um pouco e apreciar a paisagem ao redor que em tudo é idêntica à dos países da Europa central, já nossos conhecidos. Chegámos a Liubliana. O calor era intenso e a primeira prioridade era encontrar o hotel Slon a curta distância da estação. A chegada a outro país é sempre uma experiência enriquecedora. Pelo caminho, de malas na mão, apreciamos os rostos e as fácies das gentes locais, como se vestem, como se cumprimentam e as informações na placas de rua numa língua muito diferente, mas que constitui um desafio pois é importante percebes as formas básicas de comunicação. Após alguns minutos de marcha pedestre encontrámos o hotel da cadeia Westin, mesmo numa rua contígua às ruas pedonais e ao virar da esquina do centro histórico da cidade. Os quartos eram muito agradáveis com design clássico mas extremamente confortáveis. Pormenores que importam registar passam pela presença de spray de lavanda para colocar nas almofadas 20 minutos antes de dormir, com a promessa de um sono repousante e tranquilo. Pouco minutos depois a uma das housekeepers bate à porta a oferecer chocolates. Sobre a cama encontrava-se um fofo elefante de peluche para deliciar as crianças e para testar a paciência dos pais. É uma boa recordação daquele que constitui o símbolo do hotel como viemos a perceber mais tarde.
Por esta altura e depois de um refrescante duche era imperioso ir lá para fora e explorar em poucas horas a capital da Eslovénia. Assim que virámos a esquina do hotel e descemos a rua os nossos queixos caíram ao constatar a beleza daquele lugar. É difícil descrever a imensidão e a riqueza histórica do centro da capital eslovena. Edifício histórico, monumentos e igrejas muito bem preservados e um sistema de pontes sobre o rio fazem daquele lugar um local de magia e encanto. As margens do rio são ocupadas por deliciosas esplanadas repletas de gentes em agradáveis momentos de descontracção e convívio. Os bares e restaurantes são de um design e bom gosto que apetece parar e entrar em todos eles. Muitos dos edifícios, espaços públicos e pontes estão cuidadosamente ornamentadas com flores multicoloridas que acrescentam aos locais vida e cor. Cada metro percorrido mostra ruas e prças que mais parecem retiradas de um museu a céu aberto. No planalto à nossa frente ergue-se o castelo da cidade com a sua torre que se alcança através de um funicular e que permite vistas de 360º da cidade. Aproximava-se a hora de jantar e escolhemos uma taberna típica para apreciarmos a gastronomia tradicional da Eslovénia. O funcionário recomendou-nos uma mesa no interior para sentirmos o verdadeiro espírito da região. Era um espaço rústico com pinturas nas paredes, mesas e bancos de madeira onde os colaboradores, trajados de forma típica, prestavam um serviço muito agradável orientando nas escolhas. A música tradicional da Eslovénia fazia o resto do espírito em mais um jantar que ficou bem guardado nos nossos registos da memória. Dia 28/07/2011 (Trieste e Grado)
A deslocação para Trieste, o nosso próximo destino, estava previsto ser de autocarro, mas cujos horários nos haviam decepcionado quando havíamos efectuado as pesquisas na net. Percebemos que havia um único pelas 5 da manhã o que nos estragaria a noite de sono e cortava-nos a possibilidade de aproveitar a manhã deste dia para ultimar algumas visitas e compras de última hora. Deste modo, em conversa com o recepcionista organizamos um táxi privado para nos levar até àquele enclave do mar adriático. As recomendações eram para não negociarmos táxis na rua pois a possibilidade de sermos explorados espreitava. À hora marcada lá estava o nosso motorista privado que nos conduziu a Trieste numa station wagen de forma segura e tranquila. Numa estação de serviço ainda na Eslovénia fomos surpreendidos pela polícia local que nos mandou encostar para averiguar, documentos e bagagens. Perguntámos as razões e o nosso motorista informou-nos que, tratando-se de uma carrinha grande com 5 pessoas, o controlo é para averiguar a possibilidade de sermos imigrantes clandestinos que atravessam o pais para fugir para Itália. Cerca de uma hora e meia deposi estávamos no aeroporto de Trieste para levantar o nosso segundo carro de aluguer. Foi-nos atribuído um opel insígnia a diesel 2.0 que fez as delícias da nossa amiga Susana, que adora conduzir e que aprecia um motor potente. Esta particularidade faz com que eu tenha umas férias ainda mais tranquilas pois conduzir, mesmo com todas as ajudas electrónicas, é coisa que já não me dá qualquer prazer. Quem diria que esta paixão viria a esfriar-se em mim que, às escondidas da minha mãe, conduzi pela primeira vez aos 13 anos de idade.
Já na estrada costeira de Trieste, cuja proximidade da costa permite vislumbrar paisagens fabulosas sobre o adriático, parámos num restaurante sobre uma marina, para nos deliciarmos com a sempre apelativa cozinha italiana. O serviço era razoável e depois de muito esperar, apesar do restaurante já encontrar vazio, escolhemos uma mista de peixe frito, um queijo gratinado com legumes e uma spaguetti à la carbonara que estavam uma delicia. Os adultos acompanharam os pitéus com um soberbo Prosseco branco gelado que era divinal. O tiramissú deixou muito a desejar.
A próxima meta era alcançar o design hotel house 5 no centro de Trieste, tarefa que se viria a tornar difícil mesmo com a ajuda do GPS que nas cidade se queixa de dificuldades de comunicação. O alojamento da Via Giullia era muito discreto e a nossa única pista era a porta número 5. Depois de darmos duas voltas à cidade, conseguimos. Por e-mail já tínhamos recebido toda a informação de acesso aos quartos se a chegada fosse após as 16 horas. Tudo fácil, simples e funcional. A porta da rua abriu-se com um botão e a porta de acesso aos quartos no primeiro andar de um prédio antigo com um código electrónico. Em cima de uma mesa à entrada, encontram-se as nossas chaves dentro de um delicado saquinho prateado com uma etiqueta com cada um dos nossos nomes. Dessa porta para dentro entrámos num mundo de design e bom gosto que valeram a pena todos os sacrifícios. Telas e bustos trabalhados decoram os corredores de acesso aos quartos. Os quartos são minimalistas em tons de branco e prateado. As casas de banho são muito funcionais com mobiliário moderno e duche de cabine de vidro com rain-shower.
Partimos para visitar Trieste cujas ruas se encontram, mais uma vez cheias de esplanadas e gentes a petiscar e beber bebidas de cores bonitas e apetitosas. Tive que perguntar de que bebida se tratava e um simpático funcionário explicou-me que a bebida laranja era spritz com Aperol e a bebida branca e tinta eram Prosseco. Depois de darmos a volta à cidade até ao porto, sentámo-nos numa esplanada a petiscar e a provar as tais bebidas, que não voltei a abandonar. Trieste é uma cidade muito bem cuidada e muito histórica com edifícios e igrejas bem conservados. Entrámos em algumas delas para apreciar o encanto daqueles lugares, apreciar as decorações e perceber como é sentida a paixão da religião. No segundo dia decidimos visitar os arredores de Trieste, baseados na informação de uma revista que havia trazido do tal restaurante da marina. Lá havia referência a uma estância balnear nos arredores com um sistema de ilhas e praias. Trata-se de Grado, que forma uma lagoa de águas paradas, onde fomos dar grandes mergulhos e apreciar o sol de Itália. Grado é um misto de estância balnear e arqueológica. As praias são a perder de vista e qualquer local serve para estender uma toalha e aproveitar o sol. A arqueologia domina o centro da localidade onde pelas ruas e jardins se perfilam artefactos descobertos por ali. O almoço soube-nos, como sempre, muito bem. Após um dia bem passado, tentámos chegar ao santuário de Maria da ilha de Barbada, mas o sistema de pontes, lagoas e canis tornou a coisa difícil de alcançar. Nesta tentativa de alcançar a ilha do santuário cresceu uma tempestade que deixou o céu carregado de cinzento chumbo com uma tempestade eléctrica que fez um espectáculo que merecia ser observado. Os relâmpagos naquele céu preto a espraiarem os seus raios denditricos projectados em direcção ao solo verdejante, foi absolutamente fascinante. O pior estaria para vir quando tivemos que atravessar a tempestade a caminho de Monfalcone onde pretendíamos jantar dado o adiantado da hora e o estado dos estômagos. Em menos de 5 minutos a temperatura baixou 12 graus e fomos atingidos por um potente granizo corrido a ventos de rajada que quase impediam a circulação. Depois desta aventura no meio da tempestade esperávamos um delicioso jantar de mexilhões preparados com vinho branco e ervas finas que estava um delícia. As sparguettis e os tiramisús fizeram o resto do jantar. As crianças deliciaram-se com um mestre cozinheiro a fazer pizzas, daqueles que projectam as massas no ar. Entrámos no restaurante em calções e chinelos de praia, pingados com a chuva que ainda caia intensamente. Tratando-se de uma zona de praia, tudo é aligeirado. Dia 30/07/2011 (Trieste, Veneza, Verona)
Como alguns elementos do grupo não conheciam Veneza e por esta ficar na nossa rota a caminho de Verona, rapidamente chegámos a consenso sobre a sua visita. Arrancámos de manhã de Trieste e pouco mais de 100 km depois estávamos a chegar a Veneza. Estacionado o carro num parque periférico na zona da estação de Roma, rapidamente percebemos que a visita à cidade flutuante não estaria ao alcance de qualquer bolsa. O parque tem um preço elevado para um simples estacionamento (28 euros). À saída e para quem necessita de utilizar os WC tem que dispender de 1,5 euros por pessoa. A ida de bus flutuante até à praça de Marcos custa 13 euros por pessoa (ida e volta). Só nestes breves instantes gastámos perto de 100 euros para chegar ao centro de Veneza. A viagem é emocionante para miúdos e graúdos pois tudo é novidade mesmo para quem já cá tinha estado. O barco fez o trajecto pela zona industrial, passando mesmo ao lado do estacionamento dos magníficos cruzeiros de férias que embelezavam o porto da cidade. De estação em estação a atracagem é rápida e muito eficiente. A chegada ao centro da cidade permite contacto com as mais diversas paisagens que dão possibilidade de fazer fotografias que enchem o olhar. Ao pisar o chão do centro histórico de Veneza as barriguinhas acusavam algum incómodo pelo que parámos num restaurante para nos degustarmos com as delícias desta gastronomia da qual não conseguimos deixar de gostar. Naturalmente que não faltaram as pizzas e as pastas, regadas com um fantástico prosecco. A tarde foi passada a visitar as ruas e os canais desta cidade única. Nas estreitas ruas convivem lojas de marca com cafés, geladarias e espaços de artesanato. As lojas de máscaras típicas de Veneza são magníficas bem como aquelas que enchem as montras com a beleza e a cor dos cristais de Murano. A visita à basílica de S. Marcos era um ponto obrigatório apesar da fila cujas dimensões faziam perder a paciência aos mais apressados. À entrada foi-nos solicitado por um funcionário que cobríssemos os ombros e as mulheres as pernas, contra o pagamento de um erro por cada pedaço de papel celofane (uns em forma de triângulo para os ombros outros em forma de páreo para as pernas). A meio da tarde a nossa amiga Susana prendou-nos com um inesperado e dispendioso passeio de gôndola (100 euros) guiada por um gondoleiro simpático mas que não sabia cantar e que nos foi explicando as características dos canais e de alguns edifícios e monumentos que ficavam no nosso trajecto. Aprendemos que nos canais laterais a profundidade é de cerca de 2 metros e a transição para o gran canal aumenta a profundidade em mais 3 metros. Passamos pela casa do onde viveu Marco Polo e já no gran canal passámos por debaixo da sua ponte, a primeira a ser construída já com mais de 500 anos. Um pouco à frente a primeira prisão da cidade com mais de 1000 anos. De regresso vimos a igreja da Srª da fava(?). Após cerca de 30 minutos de viagem voltámos às ruas estreitas da cidade para procurar uma geladaria. Encontrámo-la por debaixo dos arcos da praça de S. Marcos. Tratava-se de uma geladaria tradicional com um serviço caro (duas taças de gelado e um tiramissú custaram 40 euros) mas que permitia sentir um pouco o espírito daquele local. Depois de algumas recordações compradas e de suspirar na ponte do suspiro, ponto de paragem obrigatória, era hora de voltar. O calor era intenso e o cansaço já se fazia sentir. Agora que escrevo são 18horas e 12 minutos e vamos a caminho de Verona. A chegada a Verona fez já pelo final do dia. O cansaço já apertava mas a curiosidade em conhecer a cidade onde Romeu e Julieta viveram o seu drama de amor era muita. Aproveitámos para jantar. Depois da complexa dificuldade com o estacionamento que se encontra fortemente condicionado e restrito para residentes, horários condicionados e timings apertados, dirigimo-nos pels magníficas ruas desta bela cidade que nos encantou logo à chegada. Feito o primeiro reconhecimento rápido sentámo-nos bem no centro de uma bela praça para jantar. O restaurante estava muito ocupado, mas lá conseguimos uma mesa na esplanada e fomos prontamente atendidos pelo responsável das mesas que nos viria a dar algumas dores de cabeça. A salada, quase imposta por ele, acabou por chegar no fim da refeição e após o nosso protesto de rejeição, o deselegante funcionário não quis aceitar a nossa argumentação e foi mal-educado obrigando à intervenção do responsável do restaurante. NO caminho de regresso fomos espreitando algumas referências para organizar melhor o segundo dia de visita. Já de noite chegámos ao alojamento na periferia da cidade. Haviamos reservado um Agriturismo (Le Case Di Campagna). Na aproximação ao local pudemos perceber que se tratava de um hotel rural erguido com muito bom gosto. Tratava-se de um edifício longo e térreo, pintado de amarelo forte e ornamentado com belos barrotes de madeira bem tratada. Fomos recebidos com um largo sorriso e encaminhados aos nossos aposentos. O apartamento era fantástico com condições magníficas que permitiram recuperar energias para o dia seguinte. O pequeno-almoço era muito agradável e saboroso e podia ser tomado ao som de musica calma, por vezes italiana, nas mesas voltadas para um imenso relvado bem tratado. O projecto da piscina nas palavras de um dos responsáveis já lava dois anos de conversação com a comarca de Verona. Antes de partirmos À descoberta da bela Veroa fizemos um pequeno passeio à volta da quinta par anos pasmarmos com magníficas estufas de kiwis, amoras selvagens simpáticos cavalos. Verona impressiona pela sua cor, história e organização. Dia 31/07/2011 (Verona)
Iniciamos a visita pelas colinas que abraçam a cidade, para ver o castelo e o santuário de Nossa Senhora de Lurdes. De volta ao centro histórico da cidade descobrimos a arena da cidade. Trata-se de um magnífico anfiteatro que é considerado um dos maiores e mais prestigiados monumentos arqueológicos da Europa. Foi construído no primeiro século dc e hoje é considerado o mais famoso teatro arqueológico de Itália. É frequente a sua utilização para grandes espectáculos e existem mesmo um festival anual dentro deste magnífico monumento. Pelas ruas da cidade encontram-se quase todas as lojas das grandes marcas e belas geladarias e restaurantes. De rua em rua era necessário chegar aos locais simbólicos da cidade e começámos a visita pelo túmulo de Julieta que fica afastado do centro, dentro do museu Degli Affreschi G.B. O museu é muito agradável, com belos quadros e contém magníficas esculturas ao que conseguimos interpretar a representar a luxúria, o pecado “orgia” e salas com frescos notáveis. No final do museu, num piso inferior, numa sala acessível por uma escada lá estava o túmulo. Foi uma decepção pois esperávamos um monumento proporcional à dimensão da história que Shakespeare imortalizou, mas não, tratava-se de ma cave com uma tumba em pedra e paredes cheias de escritos e nada mais. De volta ao centro histórico, agora assim, era tempo para visitar e tirar a fotografia típica ao lado de Julieta. O local estava cheio de visitantes e as paredes de acesso à casa estão cheias de corações e mensagens de amor. Para tirar uma fotografia com a escultura de Julieta é necessário estar na fila e por vezes assistir a exageradas manifestações de amor como foi o caso de duas lésbicas que decidiram beijar-se, acariciar-se e abraçar-se efusivamente no meio da multidão. Nos intervalos das visitas históricas aproveitávamos para dar um salto Às lojas que ofereciam produtos em saldo e, para reconfortar os estômagos nada com um belo Prosseco e um spritz com Aperol. Em Verona até ao anoitecer, era tempo de repor energias na nossa magnífica quinta. Dia 01/08/2011 (Lago di Garda Milão)
Depois de nos despedirmos dos kiwis e dos cavalos rumámos a Milão, nosso último destino. No percurso haviamos programado uma visita talvez ao Lago di Como a norte de Milão, mas esta estratégia ocuparnos-ia muito tempo, uma vez que este dista uns bons 90 quilómetro da elegante cidade de Milão. Optámos então por fazer uma incursão a Lago di Garda que fica a 30 Km de Verona. A primeira impressão foi muito boa. Trata-se de uma zona balnear de grande prestigio e qualidade com moradias e pequenos hoteis, jardim e ciclovias, tudo dipostos nas margens do maior lago de Itália. Depois de estacionarmos num dos parques da periferia, rapidamente percebemos o quão distávamos do centro e quão belo era aquele lugar que merecia uma visita demorada. Para fazer jus à minha actividade física entretanto suspensa no período de férias e como a hora do parqueamento se estava a esgotar, decidi correr uns bosn 15 minutos, sem calçado adequado, para reposicionar o carro num parque mais perto do centro histórico. O resultado foram duas grandes flictenas nos pés, pois naquele dia estreava as minhas novas sandálias compradas na Eslovénia. Próximo do centro histórico optámos por um passeio de barco pelo lago, que recomendo. Os ângulos que se alcançam são notáveis e consegue-se contornar aquele promontório e desenbarcar memso dentro do centro histórico. O nosso marujo era um fulano extremamente simpático pelo que tivemos direito a condução de lança o que satisfez as delicias da miudagem. Eu optei pelas fotografias e para aproveitar o sol deitado na esteira existente a bordo da lancha. No trajecto de barco fomos recebendo algumas explocações do marinheiro e ficámos a saber que o lago tinha naquele local onde navegávamos cerca de 120 metros de profundidade mas havia locias onde atingia mais de 300 metros. Na costa já se avistava o castelo e o complexo termal quando fomos surpreendidos com pequenas bolhas que emanavam do fundo do lago; tratava-se de um guiser submarino com água carregada de enchofre qe era canalizado para servir o complexo termal. Foi-nos ainda apresentada uma ilha privada propriedade de um inglês e algumas explicações sobre a construção do castelo, edificado inteiramente dentro de água. Já em terra optámos por fazer o circuito que circundava o promontório parqa depois terminar a visita passeando pelas ruas do centro histórico que é lindíssimo e fervilha de turistas. Por aquelas paragens está também a casa onde viveu a eternizada Maria Callas. Após o almoço continuámos viagem para Milão. Milão é uma cidade interessante mas não tão atractiva como se espera. A dificuldade começou logo pelo estacionamento que próximo do centro custa 5 euros por hora. É notável, tem edifícios históricos lindíssimos que merecem ser visitados. A catedral designada de Duomo situa-se na praça central da cidade é uma das mais célebres e complexas edificações em estilo gótico da Europa. Data de 1386, tem 157 metros de cumprimento e 109 de largura. Outro “monumento” a não perder são as galerias Vitor Emanuel (1º rei de Itália). Trata-se de uma galeria que une duas ruas da cidade, um local muito bonito com grandes pormenores. Nelas podem-se encontrar as grandes lojas com as principais marcas do mundo da moda. Para finalizar não posso deixar de fazer referência à maior sala de espectáculos de Itália, o teatro Scala de Milão. Foi reerguido pelas mãos do arquiteto neoclássico Giuseppe Piermarini di Foligno, depois de um incêndio ter destruído a casa de espectáculos que o precedeu, o teatro Regio Ducale. Foi rebaptizado com o nome da igreja que no século XIV ocupava a mesma posição geográfica, a Santa Maria alla Scala. Apenas em 1820 o Scala de Milão assumiu a aparência que ostenta hoje, fruto dos esforços do arquiteto Sanquirico. Em 1854 foi construída uma entrada principal mais moderna, a qual se abre para uma vasta praça que interage com a Piazza dei Duomo através da Galeria Vittorio Emmanuele.
Cheios de calor e cansados rumámos ao nosso hotel próximo do aeroporto de Malpensa, para passarmos a nossa última noite em Itália. Pela manhã aproveitámos o transfer do hotel e dirigimo-nos ao terminal 1 do aeroporto de Malpensa para apanarmos a nossa ligação para Munique. Voamos na comapnhia parceira da Lufthansa air Dolomiti (airDolomiti.it). Trata-se de uma companhia muito organizada que opera via munique os aoroportos de Itália. O aparelho é um fokker 100, relativameten confortável. O serviço a bordo é elegante e expedito com uma pequena merenda e um toalhete para limpeza das maos. Em Munique ainda tivemos tempo apra saborear uma deliciosa salsicha e depois embarcamos rumo a Lisboa deixamos para tráz mais uma grande experiência de vida acrescentada pelos belos dias de vida que tivemos, pelas gentes que conhecemos e por todos os locais e paisagens qu alimentaram a nossa alma nestes dias. Dizemos assim Dovidenja (adeus) à Croácia e um saudoso arrivederci à bela Itália.
Para repousarmos dos muitos quilómetros percorridos pela Europa passamos os últimos 4 dias de férias na vila do Burgau na costa de Sagres no aldeamento Lote do Alecrim. É uma aldeia muito agradável e calma, típica desta região com uma paisagem magnífica e uma praia de águas transparentes e calmas. O aldeamento é calmo e bonito, bem organizado e limpo.