Évora
é uma das cidades apaixonantes deste país. Existem variadas as razões para a
visitar. Évora é património da humanidade, todos sabemos, mas é também muitas
outras coisas: é sabor, aromas, surpresa, simpatia, acolhimento e tantas
designações quanto o
imaginário pode definir. A pouca distância de Lisboa,
Évora alcança-se aproveitando a tranquilidade da paisagem e a envolvencia dos
sabores que a gastronomia do Alentejo proporciona. O património histórico
divulgado desde a década de 80 pela classificação da Unesco, colocou a cidade
de Évora no centro do mundo. Mas apesar da vaidade que o honroso título trouxe
à terra e às gentes, a cidade não sei deixou adormecer à sombra de tão nobre
distinção. Évora cresceu, conservou e arriscou afirmando-se no mapa da ciência,
da gastronomia, do artesanato e do turismo. A oferta é hoje diversificada e de
qualidade, fazendo da cidade uma excelente alternativa à capital e a outras
cidades nas proximidades. Quem tem bom gosto há-de com
certeza apreciar o
desafio aos sentidos que é sentir a fusão dos aromas nas ruas quando se aproxima
a hora do repasto. Comer nos restaurantes da cidade é uma verdadeira bênção
para os sentidos. E neste panorama da oferta gastronómica e turística, Évora
tem-se afirmado nos últimos anos como nenhuma outra cidade. Hoje a cidade
oferece hotéis de 4 e 5 estrelas de grande qualidade que se afirmam pelo caracter
próprio e distinto que surpreende quem aprecia conhecer e sentir os serviços
que estes locais de lazer e de prazer disponibilizam aos seus clientes. Évora é
tudo isto, o desafio aos sentidos, a vontade de voltar, para sentir,
experienciar e partilhar
enriquecendo os sentidos com novas e desafiantes
sensações. Tenho o privilégio de conhecer a maioria dos mais recentes hotéis
desta cidade jóia do Alentejo, todos eles referenciados em posts anteriores. Comecei pelo Convento do Espinheiro, depois pelo
Mar d’ar Aqueduto e mais recentemente o novíssimo Ecorkhotel. Está por conhecer
o Land’s & Wineyard, marca que se impôs com forte distinção e seleção
apurada. Mas este post é dedicado ao
Ecorkhotel recentemente visitado e merecedor de palavras de apreço e glória
pela ousadia e coragem do projeto, pela nobre distinção que faz à cortiça
alentejana, pela elevada qualidade dos serviços que
disponibiliza, pelo
arrojado da arquitetura que invadiu a tranquilidade da paisagem alentejana
polvilhada de oliveiras e sobreiros na Tapada da Mata muito perto da entrada da
cidade. O Ecorkhotel nasceu da sinergia de esforços de três sócios com preocupações
ambientais e atrevimento arquitetónico. Dos muitos pormenores a merecem
referência aquele que se destaca é a cortiça. Na realidade é o primeiro hotel
do mundo totalmente revestido a cortiça. A unidade é constituída por um
edifício principal, aquele que é revestido a cortiça, Aqui estão sediados todos
os serviços comuns, desde o lobby, de dimensões generosas e a fazer lembrar uma
sala sofisticada no meio da planície alentejana. O restaurante o Cardo
encontra-se ao fundo do lobby, depois de se percorrer um corredor com vista para
o pátio interno e decorado com um enorme banco em jeito de poial de cor branca
e adornado com almofadas de cores suaves. A receção e o check-in são
personalizados e calorosos enquanto se degusta um espantoso licor de amora. A
bagagem é transportada de buggy para as suites que se encontram destacadas do
edifício principal, alinhadas em ruas calmas que serpenteiam pelo meios dos
sobreiros e das oliveiras. O simpático e prestável João Rato, condutor do buggy
e self-mad-man
acompanhou-nos até à suite diligenciando todas as informações e
funcionamento dos equipamentos da suite. As suites são de um design tão
arrojado que não é possível não refletir sobre como tão elegante arquitetura e
que em nada se integra com a arquitetura do Alentejo, afinal se enquadra tão
bem naquele lugar cheio de sol e tranquilidade. Cada suite é um cubo branco com
um quarto, uma sala, Wc e um terraço exterior generoso onde se pode aproveitar
a calma daquela herdade e o aconchego do sol do Alentejo enquanto se apreciam
as folhas das oliveiras, a casca dos sobreiros e os olhos se divertem a
observar a dança dos raios solares a bailarem por entre
folhas, caules e
troncos. O entardecer neste local é mágico e a cor do sol torra o horizonte
enquanto se despede para mais uma noite de tranquilidade. As suites de
decoração minimalista são muito confortáveis e a climatização refresca-nos e
conforta-nos das elevadas temperaturas do exterior. Como sou apaixonado pelo
Alentejo apreciei em pormenor o soalho rústico do Wc, a manta sobre a cama o
banco de 3 pés em forma de cepo no Wc e o feliz casamento destes elementos de
caráter tão alentejano com as cadeiras de realizador ou o sofá de linhas
direitas. Toda esta envolvência e o clima que se fazia sentir apelavam para uma
tarde de sol na plenitude do terraço do edifício principal onde a piscina é o
elemento dominador. Nadar
naquele oásis de águas brilhantes e límpidas com perfil
infinito para a paisagem é uma experiência marcante. A tarde foi passada entre
banhos de piscina e passeios de bicicleta que se encontram disponíveis de forma
livre junto da receção e na garagem aberta referenciada com numero 10. Após uma
simpática conversa com o João que nos integrou no projeto do hotel e após uma noite
tranquila em que os únicos sons possíveis de ouvir era o cantar dos grilos, esperava-nos um pequeno-almoço irrepreensível que permite começar o
dia com uma experiência gastronómica rica e variada onde não falta a tábua de
queijos regionais e o melhor pão de fatia do mundo, o pão alentejano. A sala do
restaurante o Cardo tem cerca
de 90 lugares sentados e uma deslumbrante paisagem
para a planície. O elemento que se destaca na sala do Cardo é uma parede
totalmente forrada em placas de cortiça de espessuras variadas e sobrepostas
destacando-se desta em relevo de diferentes profundidades. Todo o complexo e os
seus elementos característicos magnificamente enquadrados na paisagem são
elementos fulcrais que fazem deste local um projeto sofisticado que foi pensado
com preocupação ecológica e sustentabilidade. As linhas direitas que edificam a
estrutura do edifício central e das suítes desenham linhas e aberturas que
permitem jogos de sombra e de
luz que complementam a decoração exterior e
permitem olhar o céu e as estrelas por ângulos arrojados e pouco habituais desenhando
geometrias que apelam à imaginação e que deixam nostalgia e vontade de voltar.