Sunday, July 24, 2016

Rússia - Moscovo e Saint Petersburg: uma viagem ao sabor da descoberta

Falar da Rússia é um exercício de auto-controlo. Torna-se avassaladora a vontade de transportar para o papel todos os pensamentos e todas as experiências que se vivem numa terra tão fascinante. Mas para contar uma história é necessário ordem e método. A viagem iniciou-se dia 17 de julho após uns magníficos dias de descanso na paradisíaca praia de chaves na ilha da Boavista. A tomada de decisão sobre a visita a 
este destino já ficou referida no post anterior, foi um pouco ao acaso após algumas outras pesquisas que tendo ganho forma não ganharam força para vencer a decisão. Quando decidimos verdadeiramente este destino não fazíamos ideia do que seria necessário preparar e obter previamente, refiro-me à documentação. Portugal Apesar de manter boas relações diplomáticas com a Rússia, não avançou ainda em relação à retirada do visto que é obrigatório para os cidadãos portugueses. Para se obter o visto é necessário obter uma carta convite que se pode pedir online, informação que obtive no site do respeitável viajante, João Leitão. Custa mais de 80 euros mas permite avançar com o pedido do visto. Para além disso é necessário também subscrever um seguro de saúde que cubras 30 000 euros de despesas, apólice que se consegue nas companhias de 
seguros que têm relação de seguros internacionais, custa também cerca de 80 euros. Os vistos podem ser requisitados ou no centro de visto na Rua dos Anjos em Lisboa ou na Embaixada da Rússia na Av. das descobertas no Restelo, também em Lisboa, o preço é de 35 euros cada visto mas se forem solicitados no centro de visto têm uma taxa acrescida de 30 euros cada, ficando cada visto em 65 euros. Depois destas assimiladas estas surpresas e estas despesas, voltar atrás na decisão seria impensável. Mas ponderamos estudar melhor no futuro as decisões de viajar para países que cobram em documentos o preço de algumas viagens de avião. O mundo é enorme e pagar taxas, que consideramos excessivas para visitar um país, não deve constituir 
motivo de rejeição mas sim de reflexão e de ponderabilidade. Com este acréscimo de trabalho e preocupação pelo meio deixamos atrasar a compra dos bilhetes de avião o que veio a incrementar a despesa devido ao aumento dos preços. A Ural airlines foi a companhia escolhida para voar para Moscovo, era a que fazia um voo direto, não cobrando por isso a tarifa mais económica. Mas optamos por não ficar horas em escala em aeroportos, para evitarmos chegar muito tarde a Moscovo. Depois de mais de uma hora de atraso no Aeroporto de Lisboa voamos rumo à longínqua e histórica Russia. O roteiro delineado iria permitir explorar Moscovo e Saint Petersburg em 10 dias, por esta ordem. A ordem da visita foi escolhida um pouco com 
base nas opiniões dos outros viajantes que na sua maioria recomendavam iniciar-se a visita por Moscovo e depois terminar em Saint Petersburg. As razões apontadas relacionavam-se cm a dimensão da cidade de Moscovo, a sua pouca abertura ao turismo e ao facto de a comunicação se tornar uma enorme barreira. Seguimos a opinião da maioria dos blogueiros que visitamos e rumamos a Moscovo. Depois de um bom trabalho de casa, sim porque é necessário um trabalho de preparação prévio para tentar fazer com que o tempo e a visita à cidade seja o mais rentável possível, aterramos em Moscovo. Do trabalho de preparação prévia fizeram parte o entendimento mínimo do alfabeto cirílico que não é assim tão complexo. São 33 letras sendo que 22 são idênticas às do alfabeto romano, mas apenas 7 têm a mesma fonética. As outras 15 apesar de graficamente serem iguais têm uma fonética diferente. Por exemplo: o P lê-se R o C de S o Y de U e
o H  de N. As outras 11 são do alfabeto grego e cirílico pelo que é preciso memorizar os símbolos e perceber o que significam. Do nosso dossiê de trabalho fizeram ainda parte uma lista com algumas das expressões utilizadas para a conversação diária, mapas do metro e naturalmente listas e roteiros de locais a não perder. À chegada ao aeroporto de Demododovo, um dos 4 aeroportos da cidade esperava-nos o caos. Já contávamos com ele pois todos os que visitam o país são obrigado a dirigir-se à alfândega para a apresentação do passaporte. Apesar de existirem muitos postos de atendimento, as pessoas chegam e amontoam-se numa espécie de fila caótica e sem regras. É um desespero pois sabendo que temos que esperar na fila o que custa é a desordem e a dificuldade em perceber que orientação deveríamos tomar para nos enquadrarmos e orientarmos para um 
determinado guichet. Esperamos e desesperamos até que percebemos que o local onde estávamos não andava mesmo nada e estávamos barrados com uma barreira de metal. Decidimos arriscar e tentar subir à sala que se encontra no piso de cima. No acesso a essa sala está referido que é apenas para cidadãos dos estados da Federação Russa, mas como tínhamos lido no blog de uma viajante brasileiro que havia mais organização e não havia implicações, arriscamos. O acesso ao andar de cima era feito por escada rolante e escadas convencionais, controladas por seguranças que deixavam subir aos grupos de cada vez. A espera no andar de cima e a organização foi melhor mas até chegarmos ao atendimento, fomos sempre contaminados com aquele frio na barriga que não nos deixava esquecer a hipótese de sermos rejeitados por estarmos na sala errada. À nossa frente estavam cidadãs alemãs que iriam ser atendidas primeiro que nós, estávamos de olhos postos nelas para ver como corria e correu bem. Chegada a nossa vez lá aguardamos pacientemente 
que registassem os nossos passaportes que foram passados vezes sem conta por uma máquina de luz ultravioleta, sem perceber se seria para leitura ótica se para perceber se eram originais. Finalmente suou o carimbo da tranquilidade, tínhamos conseguido entrar. O nosso transfer, que reservamos online, aguardava-nos na zona das chegadas com um placa indicativa com o um nome era o Stanislav. Lá fomos em direção ao parque sendo logo convidados a pagar a hora de excesso de espera que ultrapassou as 2 horas sendo que apenas a 1ª hora estava incluída no pagamento. Não me recordo de ter visto essa informação nas condições mas não regateei. A viagem durou quase 1h 30 min pois o trânsito na periferia da cidade era caótico. Eram cerca das 23h e as estradas com 3 faixas de rodagem estavam repletas de carros parados. Dizia o nosso driver que era o regresso do fim-de-semana. Chegamos ao alojamento já passava das meia-noite e a dificuldade colocou-se logo à chegada por não encontrarmos o número da porta a que correspondia a informação quês estava na morada. Era uma área residencial de prédios alto construídos no tempo do Estaline e
em contacto como Denis tentei resolver a questão. Ao fim de várias mensagens ela lá me informou que a porta era a número 20 quando a que nós procurávamos era a 30-32. Questionei-o sobre isto e ele respondeu para eu não me preocupar. Fomos recebidos pela assistente do Denis, o nosso host do Airbnb, de Moscovo. A senhora não falava uma palavra de inglês. Sou recém-chegado ao Airbnb mas começo a perceber que não aprecio os hosts que nem se dão ao trabalho de conhecer os clientes. Prefiro um tratamento personalizado com o dono a casa a receber-nos ou alguém em substituição mas que consiga fazer um check-in agradável. A senhora fez o seu melhor mas com as limitações da língua, que até acabaram por ser engraçadas, a receção foi mais demorada e os pormenores descartados. Chegamos exaustos e com fome pois foi impossível
comer ou comprar algo nesta tabela de horários. A noite foi retemperadora para compensar o nosso dia que já ia longo. Foram 5 horas de ligação aérea mais duas horas de acerto horário e um transfer demorado. O primeiro dia em Moscovo foi de adaptação ao metro e aos caracteres do alfabeto cirílico. Andar de metro em Moscovo nas primeiras horas é uma aventura pois nada esta escrito em inglês. Existem mapas de metro com a transcrição do nome das estações para uma transcrição de alfabeto romano mas depois não existe essa correspondência em nenhuma das informações da estação, portanto não é boa ideia utilizar o mapa só em inglês. Depois dentro das carruagens por vezes é difícil ver o nome das estações pelo que ou se contam o número das estações até ao local onde se pretende ir ou segue-se a sinalização dentro da carruagem que é indicada por uma sinalética de luzes vermelhas que se vão acendendo à medida que se percorrem as estações. O metro tem 12 linhas sendo que uma delas é circular e liga todas as outras e todas têm uma cor diferente que também pode ser uma ajuda na complexa tarefa de orientação dentro das estações e na
procura dos locais de destino. As estações de metro são autênticos museus e as zonas de transferência são imensas e unidas por escadas rolantes com uma inclinação e uma dimensão que não permite vislumbrar o topo ou a base. Utilizar o metro nesta metrópole de 20 milhões de pessoas em que 6 milhões utilizam o metro diariamente é uma experiência que vale a pena e passadas algumas horas de utilização já se entende o sentido que se quer seguir e, fixando os nomes das estações, mas em língua Russa acaba por se conseguir utilizar o metro sem grandes dificuldades. A primeira manhã em Moscovo amanhecer chuvosa e como não tínhamos
mantimentos procuramos na nossa imensa avenida algo para reconfortar o estômago. Após um bom café com leite e um pão com salmão, pouco apreciado pela Maria, fomos fazer o reconhecimento da zona, percorrendo a avenida até encontrarmos numa transversal à direita, uma estação de metro, a de Knebackar, numa das praças da cidade perto do rio e junto a um imenso Shopping Center onde transparecia o bom gosto e a modernidade. Está, não sendo a mais perto de casa, acabou por ser a nossa estação de referência para muito dos locais que visitamos pois encontrava-se no cruzamento de 3 linhas que utilizamos com regularidade. Saímos aí e
fomos visitar o shopping seguindo depois para a ponte em frente que atravessava o rio, para sentir o pulsar da cidade e a vista magnífica sobe o rio. O nosso destino nesse dia era a Praça Vermelha pelo que voltamos ao metro para nos dirigirmos para lá. A estação mais próxima da Praça Vermelha é a Ploschad Revolustli. Por vezes acertar nas saídas para a superfície não é fácil por não se entender a informação nas placas, mas arriscar é sempre fácil nestes casos em que não se conhece os locais. A saída que escolhemos levou-nos até à Rua Nicolavski, lindíssima e elegantemente decorada com
arcos, em forma de bandolete, carregados de flores. Almoçamos num bar com esplanada tipicamente americano, irónico, estarmos no centro de Moscovo, mas muito real, pois o apetite era imenso e a ementa era apelativa e certamente não nos iriamos enganar nos pedidos. O resto do dia foi para nos embrenharmos no encanto da Praça Vermelha com o Shopping Gum numa das faces da praça, os muros do Kremlin na outra e nas outras faces perpendiculares às primeiras, a majestosa e inigualável Catedral de São Basílio, construída pelo arquiteto Postnik Yakovlev em 1561, a pedido do Czar Ivan o terrível, e o State Historical Museum na zona oposta à Catedral. Percorrer esta zona é um reencontro com as memórias do

passado em que a Praça Vermelha e o Kremlin eram vistas como distantes e inalcançáveis, veio-nos à memória os desfiles e a mostra do poder militar e bélico da guerra fria que tatas vezes vimos pela televisão. O enquadramento paisagístico da praça permite observações e ângulos quase infinitos dependendo do tempo, da sensibilidade e da vontade de explorar. Os canteiros floridos do Gum ostentam simetria e beleza permitindo a realização de fotografias, incluído estas pinceladas de cor e geometria. Em frente ao muro do Kremlin encontra-se desde o ano de 1930 o Mausóleu onde se contra o corpo embalsamado de Lenine. As filas para o visitar são
quase infinitas e essa foi a principal razão que nos levou a optar por não fazer essa visita. No dia seguinte decidimos sair um pouco do centro e fomos visitar o meu da Cosmonáutica para incluir na viagem alguns apontamentos que interessassem também ao André, embora ele tenha já um grande gosto por quase todos os itinerários que escolhemos. A melhor estação para chegar ao museu é a VDNH. O enquadramento exterior do museu é ostentoso com estátuas enormes dos mais conhecidos cosmonautas russos enquadrados por magníficos jardins. O monumento de homenagem ao museu é uma estrutura dirigida ao céu com o foguetão, simbolizando o lançamento de um foguete. É tão grande que é muito difícil enquadrar numa fotografia. Lá dentro o museu é fantásticos, com muita informação, também em inglês sobre toda a
história da cosmonáutica da Russia, onde não falta o velhinho Sputnik, as devidas homenagens ao mais famoso astronauta Yuri Gagarin, os diversos satélites e foguetões e o primeiro carro a pisar solo lunar. No seguimento do jardim do museu, seguia-se um outro jardim, cuja entrada se encontrava assinalada com um enorme edifício em forma de arco. Não fomos propositadamente procurar este jardim, encontramo-lo porque a majestosa dimensão e beleza dos arcos convidavam a espreitar o que se encontrava para lá deles. Após descansarmos numa elegante esplanada, fomos percorrendo os jardins percebendo que a dimensão final não se encontrava ao alcance da nossa visão. Era avenidas e avenidas de flores, e jardins e edifícios e estátuas, alguns deles fazendo pequenas fronteiras permitindo perceber que a harmonia daquele local continuava para lá do cansaço das nossas pernas. Seria impensável estar ali, ter aquela majestosa beleza a chamar por nós e não nos embrenharmos na sua exploração. Acabei
por ir eu com a função de fotógrafo tentar explorar o máximo possível, andado em passo rápido outras vezes em passo de corrida para não perder ou perder o menos possível. Avistei pontes com estátuas douradas, que brilhavam quando tocadas pelos raios do sol. A harmonia dos jardins é inexplicável, tal é o cuidado e a beleza da sua manutenção. Eu arriscava dizer que não encontrei uma única folha seca. Finalmente quando alcancei o final deste mega jardim, encontrei outro monumento de homenagem à exploração espacial, onde não podia falta o velhinho vai-vem Russo, equivalente ao Space Shutlle Discovery. Esta magnífica obra que o povo Russo tem ao seu dispor é o parque designado de Exhibition of Achievements of National
Economy que corresponde em Russo a VDNH (www.vdnh.ru). Este parque teve diversas designações ao longo dos anos, depois da sua abertura em 1939. Neste momento ocupa uma área de 520 hectares e combina uma série de projetos que vão desde o jardim botânico até ao parque Ostankino. Foi seguramente um dos mais belos projetos que vimos na cidade. No dia seguinte voltamos ao centro da cidade para explorar o Kremlin, que é visita obrigatória de quem se desloca a Moscovo. Os bilhetes de entrada não são caros e os miúdos até aos 16 anos não pagam nem no Kremlin nem na maioria dos museus. O edifício de venda onde se encontram

as bilheteiras é moderno e funcional e após a aquisição temos que nos dirigir ao exterior e passar por um outro local onde é feita a inspeção e segurança de todos quantos pretendem entrar. Há equipamentos de controlo de raios X para as bagagens de mão e controlo eletrónico para cada um dos visitantes. Lá dentro o Kremlin existem várias catedrais, 9 no total. A visita às catedrais pode ser comprada independente da visita ao Armoury Chamber que é o museu onde se encontra o espólio da muitos dos Czares Russos. Esta visita convém comprar previamente online pois quando fomos procurar os bilhetes já só havia disponibilidade para 2 dias depois. Assim visitamos as catedrais e não entramos em todas. Existem 6 ao todo,
 são a Catedral da Assunção, a da Anunciação, a Catedral do Arcangelo, o Palácio Patriarcal e a igreja dos 12 apóstolos, a Catedral
Laying our Lady’s Holy Robe e a catedral do Ivan O Grande com a sua torre e o sino, que também tinha o custo à parte. Praticamente todas foram erguidas entre os anos 1475 e 1655 com exceção do sino da torre do Ivan e que é o símbolo desta Catedral, que data de 1735. Os jardins exteriores são outra atração imperdível pois são de uma beleza que mais parecem um desenho numa tela. Neste dia, como andamos menos quilometro a pé e conseguimos descansar de tarde, decidimos visitar a Praça Vermelha à noite para contemplar a imponente presença do Gum com a sua magnífica iluminação. A Praça à noite tem um encanto diferente pois as projeções
conferem aos edifícios mudanças nas cores que a luz do sol não permite observar. O nosso último dia em Moscovo foi dedicado a visitar o Bunker 42, uma estrutura militar do tempo da guerra fria. Não sabíamos bem o que iramos encontrar porque não lemos muito sobre o assunto, Fomos porque o achamos sugestivo na lista que fizemos de locais a visitar. Depois de localizar a estação de metro, fomos ter a uma zona da cidade que estava em obras que nos dificultava o alcance da visão pelo que pedimos orientações a um jovem russo que se desfez e simpatia utilizando o seu inglês e o GPS do seu telefone, mesmo assim enganamo-nos tendo recorrido diversas vezes a ajudas e orientações mas a maioria das pessoas não sabia informar-nos. Como não há impossíveis lá encontramos um senhor russo que nos indicou o caminho e afinal não estávamos longe. A entrada do

Buncker encontra-se encerrada com uma porta verde e no exterior não se encontra ninguém. O casal eu estava à nossa frente tocou a campainha e logo obteve um caloroso convite para entrar.  Eu e o André estávamos a fervilhar pois aquilo parecia cada vez mais interessante. Quando chegamos à bilheteira tiver um confronto de decisão pois as entradas eram caríssimas. A Maria decidiu logo não entrar por não se interessar muito por aqueles temas, mas eu e o André não tínhamos feito fizemos aquele caminho todo em vão. Consideramos aquela a nossa extravagância das férias e desembolsamos mais de 50 euros para entrar. Esperava-nos 18 pisos abaixo do solo, por escadas até alcançarmos a profundidade de 65 metros. Empolgante e fantástico. O nosso guia era um Russo com um conhecimento e uma capacidade de comunicação em inglês que satisfeito os nosso desejos de conhecer e perceber a história daquele local. Com mais de 7000 metros quadrados de áreas era composto por quatro compartimentos diferentes, desde a áreas

 das comunicações, zona de mantimentos, zona de dormitório e restauração. Foi o segundo buncker a ser construídos, estando o primeiro debaixo do Kremlin. Visitamos com o cuidado de perceber as explicações e ao mesmo tempo observar tudo em pormenor. Lá estava a primeira bomba atómica, os mapas da estratégia militar, os principais bombardeiros e os centros de comunicações onde assistimos a um pequeno vídeo que mostra hoje o momento em que a humanidade esteve a um passo da destruição. Durante a projeção o guia mantem alguma interatividade com o filme simulando os códigos secretos e a inserção da chave que fariam despoletas as ogivas nucleares. Há quem chame a este o buncker de Estaline mas o guia fez questão de referir que Estaline, tendo autorizado a construção nunca tinha estado ou utilizado este buncker
que foi construído para albergar as altas patentes militares em caso de ataque nuclear. As paredes têm diferentes tipos de materiais que conferiam proteção contra as radiação, sistemas de filtragens de ar e turbinas de ventilação com mais de 1,5 metros de diâmetro. Já quase no final da visita fomos convidados a entrar para um dos corredores do buncker e já lá dentro informados para não termos receio porque iriam simular um ataque nuclear, foi fascinante apesar do tema, se na realidade, ser deveras preocupante. Terminamos a visita na zona da restauração, com instalações fabulosas e salas luxuosas, pois esta zona encontra-se aberta ao público porque o buncker está transformado num recinto de lazer onde se pode apreciar a boa gastronomia russa num ambiente requintado. Podem-se ainda programar festas de aniversário para as crianças e existe ainda
um centro de divertimento para os mais pequenos com o espaço dedicado ao Lazer Tag. Ficamos rendidos a este espaço. De tarde fomos ainda visitar o jardim Victoria, por indicação de um jovem com que cruzamos conversa no metro quando a carruagem parou antes da estação que pretendíamos e todos saíram para nossa preocupação. Ele ao perceber a nossa preocupação tranquilizou-nos dizendo que aquele metro tinha terminado o serviço mas que viria logo outro. Agradecemos e fiquei à conversa com este simpático jovem que falava inglês, francês e alemão, para além do russo. Satisfez a minha curiosidade sobre o ensino das línguas nas escolas russas, onde o inglês é apenas opcional mas no caso dele tinha aprendido melhor a língua inglesa e as outras línguas, por conta própria, porque era apaixonado por língua, como eu o compreendo. Se estivesse 6 meses na Rússia eu aprendia a língua sem grandes dificuldades. O jardim
 em causa é uma homenagem à vitória da Rússia sobre a França. O jardim, tal como os outros é enorme. Ao sair do metro somos logo abençoados com um triunfal arco que equiparamos ao arco do trunfo em Paris. Parece que existe um arco destes em muitas cidades, Paris, Berlim, Moscovo, Coreia do Norte. Este. No entanto era revestido de pedra negra salientando-se por isso. Passear pelos jardins do parque Victória é um exercício de reino físico, pois o parque é enorme, mas também de tranquilidade e de observação. No que pudemos ver o parque encontra-se repleto de ícones alusivos à 2ª guerra mundial. No sentido de trazer uma
outra faceta àquele local, encontra-se à esquerda do parque uma capela lindíssima, que merece uma visita que é gratuita. Trata-se de um local religioso dedicado a S. Jorge repleto de ícones religiosos com uma disposição e uma conservação que deixarão certamente admiração e espanto a quem os visita. Na avenida principal do parque encontram-se várias fontes de água, bancos para sentar, serviços de apoio com esplanadas e wc’s. O museu alusivo à 2ª guerra que se encontra por detrás do monumento que caracteriza o mesmo acontecimento, parece ser uma das grandes atrações daquele local mas acabamos por não o visitar. Nessa tarde ainda conseguimos chegar ao parque Gorgy, famoso pelas suas colunas e por se encontrar instalado à beira do rio Moscwa. A estação de metro mais próxima do parque é a Park Kultury e depois basta atravessar a ponte que se encontra em frente, a visão do parque alcança-se logo a partir da ponte. À semelhança dos outros parques que visitamos também este é de grandes dimensões. À chegada assistimos a um concerto em que os elementos da orquestra eram repuxos de água numa enorme fonte que acompanhavam as notas musicais aumentando e reduzindo a potência dos seus jatos, uma delícia. Despedimo-nos de Moscovo com um belo passeio pelo rio Moscwa, aproveitando o magnífico fim de
tarde para assim poder observar a perspetiva da zona histórica da cidade, vista do rio. Para nos levar até S. Petersburgo, escolhemos o comboio rápido Sapsan cujos bilhetes compramos online. Trata-se de um meio de transporte muito confortável que liga Moscovo a S. Petersburg em 4 horas a uma velocidade que pode atingir os 200 km/h. Tem a bordo serviços de catering, instalações bem cuidadas e internet, mas só para portadores de cartões de comunicação russos. É mais confortável que qualquer avião e é o meio escolhido pela maioria dos turistas e também dos habitantes russos para ir de uma cidade à outra sem ter que passar por horas de espera em aeroportos e filas de check-in. Este comboio parte da estação de Leninegrade. Quando lá chegamos, ao observar o primeiro placard informativo, vimos todas as informações 

relativas aos comboios que iam partir, com exceção do nosso. Ficamos logo a transpirar de preocupação pois tínhamos andado a receber uns telefonemas de linhas russas que nunca atendemos para não esgotar o orçamento em roaming, e uma delas poderia ser a informar de alguma alteração. Lá me dirigi ao ponto das informações e mostrei os bilhetes e prontamente fui enxotado dali tendo percebido que a informação sobre o nosso comboio estaria noutro placard, e assim foi. Só que, por baixo do número do nosso comboio estava uma frase em russo que tentei interpretar recorrendo ao alfabeto local mas sem sucesso. Consegui perceber que uma senhora perto de mim, que estava com familiares, falava castelhano e russo e tomei coragem e abordei-
a no sentido de me ajudar a perceber de que informação se tratava. Ela foi atenciosa e muito prestável e disse que era apenas informação sobre o número da carruagem que haveria de aparecer. Instalados a bordo aproveitamos ara descansar e relaxar um pouco dos intensos dias de marcha pela maior cidade da Europa. Chegados a S. Petersburgo à estação de Moscou e aí procuramos a linha de metro que nos levaria até ao nosso alojamento. Não foi difícil, pois já estávamos treinados em andar de metro e tínhamos preparado o percurso na noite anterior. A única curiosidade é que os bilhetes de metro em S. Petersburg, são mais baratos e são em forma de

ficha que se coloca numa ranhura que depois abre o torniquete. Já à superfície, saímos numa praça muito atrativa cheia de quiosques e barraquinhas que vendem de tudo. Aí orientamo-nos para tentar
encontrar as ruas para o nosso estúdio na cidade. Cerca de 15 minutos depois encontramos a nossa rua e à porta estava o simpático Ian, assistente do Viktor, proprietário do apartamento. Explicou-nos todas as formalidades que não eram muito mais que perceber os segredos das 4 portas que existiam até conseguirmos entrar e o funcionamento básicos das fechaduras e códigos. Como trazia a preocupação do registo dos vistos que não tinha conseguido resolver em Moscovo, confrontei-o logo com essa dúvida nos perseguia desde a chegada ao país. Foi sincero dizendo que não sabia a respostas mas prontamente ainda na nossa frente ligou ao

Viktor para tentar obtê-las. Solicitou que nos adicionássemos ao WhatsApp, o que achei muito atrativo pois iria poupar-nos custos de conversação via roaming. Em Moscovo nunca consegui tal faceta. E assim fomos mantendo comunicação no sentido da resolução da situação. Ao que parece a lei russa obriga ao registo do visto de todos os estrangeiros que permaneçam no pais por mais de 7
dias úteis. Envie-lhe entretanto as fotos dos nosso passaporte, quer da página de identificação que da do visto que nos permitiu a entrada no país. Ficamos então a aguardar com tranquilidade a resolução da situação durante a nossa estadia na cidade e o 7º dia útil de permanência ainda demorava para chegar. Neste dia de transferência de Moscovo para S. Petersburg o nosso filho André fazia 14 anos. Quase todos os anos estamos em viagem nesta data. Pensamos que lhe estamos a transmitir conhecimento e informação para o preparar melhor para a vida adulta quando viaja connosco. Claro que ele se queixa de quase nunca ter festa de anos porque nesta altura de verão os amigos estão quase todos de férias. Todos os aniversariantes gostam da sua festa comemorativa mas sabemos também que ele gosta muito de viajar e aprecia os detalhes das diversas características sociais e culturais de cada país. Tentamos incluir nos roteiros sempre algo que vá ao encontro das suas expectativas. Como chegamos tarde nesse dia apenas conseguimos fazer um reconhecimento rápido de alguns pontos da cidade, pois o objetivo principal era encontrar um restaurante agradável para comemorar o aniversário do André. Sem conhecermos nada fomos deambulando pela cidade cansados e
esfomeados demos por nós em frente ao restaurante Prospekt que se anunciava com um cartaz de uma dama vestida de forma clássica, tipo realeza. Para entrar eram necessário descer uns degraus, existem vários na cidade assim. Como ficava infradesnivelado em relação ao passeio era fácil olhar para o interior e contemplar a sua beleza que transbordava logo a partir das janelas que eram autênticas montras decoradas. Tratava-se de um restaurante russo com uma ementa com iguarias locais de fazer crescer água na boca. Escolhemos apenas pratos típicos pois ainda não tínhamos conseguido deliciar-nos com comida russa. Não podia faltar o caviar vermelho, o verdadeiro estrogonof e o frango à Kiev. Uma delícia servida por uma senhora trajada de forma clássica, como de fosse uma data da década de 20. Nessa noite ainda fomos espreitar
o Hermitage, o complexo do parlamento e a ponte Dvortsovy, uma das que se abrem à noite, entre a 01 e as 05 horas da manhã para deixar passar os navios e causar grandes transtornos ao trânsito da cidade. Haveríamos de voltar a esta zona da cidade para uma visita mais pormenorizada. Em Saint Petersburg existem alguns atrativos que não se podem mesmo deixar de visitar, são eles o Hermitage, o Palácio Petershof, a catedral de São Pedro e São Paulo, a Catedral de S. Isaac e a Catedral de Cazã, pelo menos. Hei-de voltar a cada um destes temas durante a visita particular a cada um deles. O primeiro dia na cidade foi aproveitado para visitar os principais canais da cidade, a famosa rua Nevky, que teve como intensão na sua construção destronar
a Avenida dos Campos Elísio em Paris, mas não conseguiu, nem pela sua atratividade nem pelo glamour que não pode ser nunca conquistados aos chans elysee. É uma avenida com 4 Kms que tem início na praça do Hermitage e que constitui a coluna vertebral da cidade. É a partir dela ou das suas transversais que se encontram-se a maior parte das atrações da cidade, nomeadamente o museu do chocolate, o museu do Stroganov, a catedral de S. Salvador ou do Sangue derramado manda erguer
no local onde foi assassinado o Czar Alexandre II. Trata-se de uma magnífica catedral ortodoxa muito parecida em termos de arquitetura à Catedral de S. Basílio em Moscovo, ganhando a outra pelo local onde se encontrar e pelas cores com que foram revestidas as suas paredes externas muito mais vivas e atrativas. As filas para entrar eram enormes pelo que decidimos visitá-la virtualmente pela internet uma vez que já tínhamos por estes dias um vasto currículo de catedrais. Próximo da rua transversal da avenida Nevsky que nos leva à catedral encontra-se e o Palácio do Kazan. Nesta longa caminhada fizemos uma pausa para almoçar descobrindo outra vez por acaso, um restaurante muito agradável que anunciava cozinha europeia e georgiana. Decidimos

entrar e consultar a carta que nos disponibilizava uma grande variedade de pratos. Como o restaurante Prospekt este também era acessível por umas escadas e por dentro predominavas os tons castanhos e vermelho escuro dando a impressão de nos encontrarmos numa pequena gruta. Fomos muito bem servidos por um simpático cidadão do Uzbequistão que nos sugeriu provar uma carne deliciosa que foi servida num prato de barro e adornada com queijo derretido caseiro da Geórgia e ervas aromáticas, Degustamos ainda uns magníficos cogumelos recheados e uns legumes grelhados, No final o simpático colaborador quis saber as nossas origens e trouxe-nos um livro que tem para o efeito onde pede a cada cliente oriundo de um determinado país que deixe registada a sua presença, com um pequeno texto, um desejos, umas
simples palavras que ele pede que sejam escritas na língua de cada país, um género de livro de visitas, o que num restaurante é muito original. O nosso segundo dia em S. Petersburg amanheceu com sol e depois de muita pesquiza e leitura na noite anterior achamos que seria o dia ideal para visitar o Palácio de Petershof. As recomendações eram para se ir ao palácio num dia de sol porque o brilho das estátuas alcançava outra beleza se banhadas pelo sol. Fomos de metro até Avtovo (linha 1 (vermelha)). Esta é uma estação que merece uma visita pois é um autêntico museu no sub-solo. Na frente da estação, mas no passeio contrário encontram-se as paragens dos autocarros que vão para Fontany, a região ondse encontra o palácio. Os números dos autocarros são o 200 ou o 210 e o preço é de 60 rublos por bilhete. Existem ainda pequenas carrinhas vans que fazem o mesmo trajeto, nós fomos de autocarro pois este estava na paragem e foi só entrar. Os bilhetes são comprados dentro do autocarro a uma senhora muito simpática que se dirige aos passageiros para emitir os respetivos tickets (em Russo bilet). Ela perguntou no seu russo nativo se a estação de destino é Fontany o que não é fácil de entender à primeira vez, mas como mulher experiente que é pronuncia logo de seguida Petershof e tudo fica resolvido. O percurso dura cerca de 1 hora e 30 minutos num transporte que para em todas as paragens e sem ar condicionado. Estava um calor imenso no dia em que fomos pelo que a viagem foi penosa e cheia de aromas menos adequados a suor dos muitos passageiros que têm menos cuidado com a higiene. A chegada ao palácio não engana pois para além de se avistarem centenas de pessoas nos passeios, vêem-se logos os muros e as

colunas de entrada do portão principal. Entrar e percorrer aquela artéria principal é um deslumbramento para os olhos. Como estava muito calor decidimos ir primeiro visitar a feirinha dos souvenirs que se encontra do lado esquerdo das bilheteiras e comer alguma coisa num dos vários restaurantes de apoio. A novidade aqui foi um delicioso pastel, tipo pastel de massa tenra recheado com carne e ervas aromáticas que estava muito saboroso. Depois de confortado o estômago fomos então tentar entender o sistema de compra dos bilhetes que é tudo menos percetível. Sabíamos o que queríamos ver mas não conseguíamos entender como explicar
e como comprar os bilhetes, pois nada está referido em inglês. Chegados à bilheteira referimos que gostaríamos de visitar o palácio e os jardins de baixo (lower gardens) e pagamos 700 rublos por cada adulto sendo o bilhete do André gratuito. Depois de passarmos as barreiras de segurança à entrada deparamo-nos com os magníficos jardins à esquerda e imensas filas juntos ao palácio. Inicialmente julgamos que seria a fila para entrar no palácio mas logo percebemos que não porque existiam tabelas com preços à entrada da porta, deduzimos que seria a fila para visitar outras atrações. Mais à frente outra fila e aí decidimos questionar o segurança que nos tentou explicar que para visitar o palácio era necessário adquiri um novo bilhete. Ficamos
 desolados pois tínhamos acabado de perceber que o bilhete que compramos não servia para entrar no palácio e era apenas para visitar os jardins. Não nos apeteceu gastar mais dinheiro e decidimos aproveitar o deslumbramento daqueles magníficos jardins cuja beleza é difícil explicar por palavras. As estátuas douradas, os repuxos de água, a ligação com os jardins e o canal principal que liga toda a estrutura ao golfo da Finlândia que se avista ao fundo. Contemplamos aquela beleza que não deixa ninguém indiferente. Fomos até junto ao mar para sermos tocados pela brisa fresca que vinha do mar e perdemo-nos pelos imensos jardins onde não faltam atrativos com mais de 120 fontes de água, cascatas e jardins. Este palácio que fica a cerca
de 30 km do centro da cidade de S. Petersburgo, numa localidade com o mesmo nome, foi mandado construir pelo Czar Pedro o grande entre 1714-1725 encontra-se classificado, tal como S.Petersburg, como património da Unesco. Conta a história que o que esteve na origem da construção deste palácio foi a vitória na batalha de Poltava em que Pedro conseguiu repelir as tropas de Carlos XII da Suécia, assumindo assim o Golfo da Finlândia e controlando desta forma a franja litoral entre Diuna Ocidental e Vyborg que os Russos consideram a porta de entrada para o ocidente e considerado estratégico na época para o desenvolvimento do país. Para celebrar esta grande vitória nada melhor do quer construir um sumptuoso palácio que deveria rivalizar com os faustoso palácios dos soberanos ocidentais, constituindo também o símbolo do seu poder autárquico.
No regresso decidimos apanhar uma mini Van na esperança de que a viagem fosse menos demorada e mais ainda, por esperar que fosse mais confortável que o autocarro onde não se aguentava com tanto calor e maus odores. O preço foi de 70 rublos, mais 10 que no autocarro, mas ar condicionado não existia e para comprar os bilhetes foi uma aventura pois o motorista não se quis incomodar por não nos entender. Salvou-nos uma jovem passageira que serviu de tradutora dizendo que podíamos entrar e que os bilhetes se compravam dentro da carrinha. Sentámo-nos e logo fomos abordados pelo motorista, em tom agressivo, deduzi que era para comprar os bilhetes, que aqui neste transporte se compravam diretamente ao condutor, quer com o veículo parado quer em andamento como constatamos mais tarde. A viagem foi aterradora tal era a velocidade e a condução deste motorista louco. Fazia tangente aos outros carros e acelerava nas retas para travar a fundo quando os semáforos caiam para vermelho. Apesar da loucura da condução chegamos sãos e salvos à estação do metro e decidimos aproveitar para ir até à estação de
Admiralteyskaya (linha 5, cor bordeaux) para conhecer e percorrer as maiores escadas rolantes do mundo com 137,4 metro de cumprimento. De facto quer o metro de SP quer de Moscovo são duas obras de engenharia magníficas quer em dimensão, quer em profundidade quer na estética arquitetónica, provavelmente única no mundo. Há enormes painéis em azulejos, candeeiros esculturais, pinturas e frescos que são grandiosas e belas fazendo dos caminhos que se percorrerem a dezenas de metros de profundidade, uma experiência que vale muito a pena. O dia seguinte amanheceu quente e com céu limpo. Estivemos sempre à espera de mau tempo desde o primeiro dia que chagamos mas fomos abençoados com dias quentes, por vezes até com calor excessivo. Aproveitamos e fomos a pé até à Catedral de São Pedro e São Paulo. Apesar e ser longe

queríamos sentir a cidade, cheirá-la, ouvi-la. A bela Moscovo não dava prazer ouvir pois a dimensão e cumprimentos das avenidas permitia que os carros acelerassem a alta velocidade fazendo um ruido incomodativo. Sentimos que nas duas cidades se anda depressa de mais, parece que não há respeito pelo limite das velocidades. Quer numa quer não outra cidade é impensável atravessar uma avenida sem ser pelas passadeiras com o semáforo devidamente verde para os peões ou pela vias de acesso pedonais que se fazem por debaixo do chão. Não vale a pena arriscar. Atravessamos a ponte Dvortsovy e já na outra a margem do grande canal ainda percorremos uns bons quilómetros até chegar à Catedral. Pelo facto de as cúpulas se verem muito bem a grande distância fica-se com a falsa perceção de que a distância é menor. Mas o trajeto

fez-se tranquilo, parando para descansar do cansaço e da intensidade do sol nos belos jardins. É
também a descansar que se observam detalhes e pormenores que de outra forma seriam ignorados. É o caso das sessões fotográficas das muitas noivas que se encontram por toda a cidade em qualquer dia e a qualquer hora. Não com conseguimos perceber porque se casa nesta terra em qualquer dia seja de manhã seja de tarde. Não é uma crítica mas apenas uma observação, pois nos portugueses estamos ainda formatados para os casamentos aos fins-de-semana ou dias feriados. Foi interessante contemplar as sessões fotográficas dos noivos e o ritual dos fotógrafos, como foi delicioso observar o comportamento dos mega agrupamentos de turistas orientais, com a sua desinibição características acotovelando-se para a melhor posição para a fotografia. Depois de muito andarmos chegamos finalmente ao recinto onde se encontra a catedral.
Pelo caminho percebemos que aquela zona era sobrevoada por helicópteros, certamente existiria por ali um heliporto para as visitas aéreas sobre a cidade. O santuário encontra-se dentro de uma muralha, um género de uma fortaleza que é um complexo de outros edifícios, nomeadamente uma prisão. O edifício é belo por fora, amarelo, de cor amarelado com as suas torres e cúpulas que brilham ao sol. O início da sua construção data de 1712 tendo sido terminada apenas em 1727. Enquanto nos adaptávamos ao espaço exterior para nos extasiarmos com  a beleza do complexo ouvia-se a chegada de um helicóptero que fazia ecoar bem alto o ruido dos seus motores. Parecia que nos estava a aterrar praticamente em cima. Achei curioso e dirigi-me seguindo o som percebendo que afinal os helicópteros tinham base mesmo ali à saída da fortaleza em ciam da
relva. Tinha a acabado de chegar um enorme helicóptero, percebendo-se que permitia o transporte de várias pessoas, 6 pelo menos. Deduzi que seria para um grupo de turistas. Mas num segundo vejo chegar um belo Rolls Royce que é abandonado em plena estrada. Segue-se uma e uma carrinha tipo Van, preta, de onde saíram 3 guarda-costas armados que rodearam o condutor da magnífica viatura logo que ele colocou os pés no chão. Escoltaram-no até ao helicóptero com as mãos nos coldres das pistolas olhando à volta com ar de quem dispara a qualquer movimento. Foi um momento hilariante que a mim me fez lembrar uma cena de um filme à James Bond. Adquiridos os bilhetes fomos deliciar-nos com a magnitude daquele local de oração.
Estão ali albergados os túmulos de todos os soberanos russos de Pedro I. A decoração e o altar são de uma beleza que deixa qualquer um sem palavras. É tudo dourado e brilhante, com ornamentações engenhosas e ricamente talhadas. Nos corredores laterais da ala principal podem-se observar inúmeros quadros que retratam a história dos czares russos, permitindo aos visitantes alguma orientação sobre a sucessão da soberania através da mostra de árvores genealógicas ricamente construídas. A fortaleza encontra-se numa ilha que está unida por pontes ao resto da cidade pelo que é comum ver os mais saudosos por sol, deitados na relva à beira dos canais com se estivessem na praia. Na parte de trás da fortaleza existe mesmo uma grande porção de areia podendo-se considerar aquele espaço como uma praia urbana. Depois de ficarmos estasiados
com a riqueza daquele local saímos da fortaleza e viramos à direita percorrendo o caminho à beira da mesma que se fazia acompanhar de um canal de águas mais claras que os outros que separava a fortaleza da enorme construção em tons de vermelho que albergava mais uma museu dedicado a espólio militar que ostentava enorme tanques de guerra e equipamentos de artilharia na sua frente. Ao longo do canal os habitantes aproveitavam para descansar deitados na relva e assim aproveitar o magnífico sol que se fazia sentir. Voltamos a entrar na cidade pela outra ponte que unia a margem daquela ilha à ponta adjacente do edifício do Hermitage. estava muito calor e como a ponte termina diretamente num enorme jardim, que fica ao lado da catedral de S.Salvador, aproveitamos a sombra do mesmo para recuperar as forças da grande caminhada.
Voltamos para casa percorrendo de novo os caminhos em torno da catedral que estão sempre apinhados de pessoas. Como esta rua é uma das transversais da Av.Nevsky, aproveitamos a passagem pela Cateral de Cazã (Kazan) que ficava em caminho e entramos para apreciar mais um projeto de beleza inigualável. Lá dentro o ambiente era fresco, calmo e belo. É uma construção de 1811, projetada pelo arquiteto Andrei Voronikhin em forma de mia lua com enormes colunas cuja bases fazem lembrar muito o estilo corintio embora a classificação arquitetonica seja neoclassica. Foi inspirada na Basílica de S.Pedro em Roma. Apóa a guerra de 1812
a igreja tornou-se um símbolo da vitória da Russia. Encontra-se no centreo da cidade e rodeada por um jardim. O interior, para além de ter o altar principal onde uma fila grande de pessoas aguardava em silêncio para orar à vez junto da figura religiosa que lá encontrava, tinha diversos outros locais de culto, habitualmente representado por figuras religiosas ricamente ornamentada e  emolduradas. Em cada um deles, os visitante deste espaço de culto prestavam a sua homenagem ou expressavam a sua fé. As mulheres que se encontravam em sinal de culto tinham todas a cabeça coberta e faziam o sinal da cruz de uma forma diferente da que se pratica na religião cristã. É na mesma o sinal da cruz mas fazem-no com gestos mais amplos espalhando os
pontos da cruz pelas diversas regiões do corpo, obrigando-as a dobrarem-se sobre a cintura para alcançarem a zona abaixo desta até próximo dos joelhos. Nesse dia ao entardecer aproveitamos ainda para visitar a Catedral mais próxima do nosso alojamento, a Catedral de S. Isaac. Esta catedral, eu diria, é um marco incontornável na paisagem da cidade. Trata-se de um edifício de garndes dimensões, bem no centro da cidade e que no início da sua existência não passava de uma igreja de madeira (1706-1717). Encontra-se a poucos metros do rio Neva e foi mandada reconstruir pelo Czar Pedro I, transformando-a na catedral que é hoje, em homenagem a S. Isaac da  
Dalmácia, pois o Czar havia nascido no dia em que se venera este santo. Teve como pensamento subjacente ser a igreja protetora dos marinheiros da esquadra russa do mar báltico onde estes deveriam jurar fidelidade ao czar e pedi proteção contra as bravuras do mar. Hoje é a 4ª maior catedral do mundo e foi transformada em templo-museu. O seu interior é de uma beleza e riqueza difícil de descrever por palavras. Os frescos pintados nas paredes e tectos estão imaculadamente conservados e a decoração que é feita com imagens religiosas, esculturas, mosaicos e altares são ricamente ornamentados em tons de ouro. Quase no topo da catedral existe um miradouro que nos transporta até perto da enorme cúpula dourada. Para lá chegar há que subir os 211 degraus para depois contemplar a cidade numa vista de 360º que é arrebatadora. Fomos
ao entardecer para aproveitar as capacidades artísticas do sol que pincela e tinge com os seus raios as diversas superfícies que nos devolvem um jogo de brilho e sombras que fazem do cenário, momentos d contemplação únicos. O nosso último dia na cidade foi dedicado ao Hermitage. Como estávamos próximos do museu, chegamos ainda antes da sua abertura que se faz pelas 10h30min. Por esta altura já estava imenso calor e a fila para as bilheteiras principais já ocupava todo o páteo interno do enorme museu. Ficamos arrepiados com a quantidade de gente que aguardava pacientemente na fila, ao sol, para poder adquirir as entradas. Não iriamos suportar histoicamente naquele calor, seria um preço demasiado elevado para visitar o maior museu de arte do mundo, mas também não queríamos terminar a nossa visita à cidade sem ter o
privilégio de o admirar por dentro. Decidimos então perfilar nas filas das máquinas automáticas que se encontram à esquerda e à direita do páteo de entrada, onde também se podem adquirir ingresso embora sem a possibilidade de obter descontos para menores, estudantes etc. Preferimos pagar o ingresso do André como bilhete de adulto do que ficar a queimar ao sol. Assim conseguimos entrar no museu logo na sua abertura e admirar com espanto e prazer o seu interior que distribui por vários pisos e centenas de  salas, um espólio rico e variado com tendências históricas que atravessam séculos, estilos e tendências de praticamente todo o mundo,
desde a cultura russa , europeia, oriental e africana. Ao todo são mais de 3 milhões de peças que merecem uma vista ponderada em função das habilitações artísticas de cada um. Par além das peças de arte importa sentir e absorver os espaços dedicados às exposições. Cada sala tem uma decoração própria digna de uma observação detalhada o que por vezes é muito difícil tal o numero de visitante que se encontram em cada espaço em simultâneo. Afastamo-nos cerca de 5000 km de casa, numa viagem ao maior país do mundo, para um destino onde a comunicação iria ser complexa mas em que a vontade de sermos postos à prova era soberana e ditava todos os passos. Conhecemos um império de gente boa e educada iguala nós. Cada rua percorrida, cada fotografia registada pelos nossos olhos e armazenada na nossa memória, fizeram-nos sentir que o
mundo, o nosso mundo é agora um pouco mais pequeno e menos desconhecido. Trouxemos conosco a concretização de mais um sonho que foi viajar por conta própria sem guia ou uma organização por detrás. Soubemos desenrascar-nos perante as dificuldades, utilizar o raciocínio e o senso comum para resolver questões e encher a alma com um património único no mundo que nos permitiu sentir as diferenças e hoje falar de coração cheio sobre um país que é único.