Monday, July 27, 2015

Porque viajamos? Porto (reanimação avançada e vinho verde wine fest)

Viajamos porque é necessário, porque é divertido, simplesmente porque queremos, porque combinamos, porque é divertido, porque é diferente e porque tantas outras razões. Quando viajamos de um lado para o outro,  somos provocados com estímulos diferentes daqueles 
que conhecemos e a que já nos habituamos quando nos movemos na nossa zona de conhecimento e de conforto. Quando viajamos necessitamos de activar outras áreas do nosso cérebro que implicam necessariamente a focagem numa observação mais atenta, na preparação para a assimilação e processamento de estímulos diversificados e na gestão dessa informação. As viagens podem ser diferentes em função das razões que levaram a sua realização, tal como é diferente a forma como encaramos o meio escolhido para as concretizar, o seu tempo de duração e a expectativa que quase sempre fazemos quando 
tomamos a decisão de nos mudarmos para outros destinos. Viajar pode ser um privilégio para uns e uma tarefa muito aborrecida para outros no entanto, temos todos a garantia de que quando percorremos outros caminho algo em nós fica diferente. Esse incremento motivado pela activação e experimentação de estímulos diversos pode ser sentido e processado com mais ou menos intensidade em função da modus como sentimos estes novos impulsos e a forma como processamos os novos resultados. Muitos de nós encaram uma viagem como uma experiência aborrecida porque obriga à ativação de estados de alerta e à necessária mudança de estado cerebral. Uma deslocação é sempre acompanhada de uma mudança e este novo estado pode mesmo tornar-se ameaçador. Vivemos num mundo de mudanças vertiginosas e onde a globalidade das coisas assumiu um tal patamar que é difícil permanecer indiferente. Vivemos acelerados na vida familiar, na atividade profissional, no convívio com os amigos. Tudo é programado com timings e objetivos muitas vezes 
traçados apenas mentalmente, mas traçados. Educamos os nosso filhos a correr, dormimos a correr, alimentamo-nos depressa, os nossos filhos crescem à mesma velocidade acelerada a que envelhecemos. A informação viaja depressa, a ciência produz resultados rápidos, embora em muitas situações desejássemos que fosse ainda mais célere. Nunca se viajou tanto no mundo como hoje. O mundo longínquo e distante de algumas décadas atrás, tornou-se agora próximo e al alcance de muitos. Pelo fluxo de deslocações diárias no planeta para que muito de nós têm muita vontade de nos deslocarmos para conhecer cada vez mais aquilo que o mundo tem para nos mostrar e 
que, como habitantes da terra, sentimos como um dever de conhecer. No entanto viajar tem algumas implicações, que começam pelas razões apontadas acima mas também pela necessidade de disponibilizar tempo útil, recursos financeiros e algum material essencial. 
Com a enorme e diversificada oferta que temos ao dispor é fácil planear uma viajem à medida de cada vontade e do nível de exigência. A forma como hoje olhamos para o mundo globalizado fá-lo parecer pequeno e alcançável e ele é tangível. Mas não podemos esquecer que temos enormes continentes e massas de águas ainda maiores. O mundo é atingível, alcançável mas é grande. Se assim é parece não fazer muito sentido, a não ser que já sejamos detentores do record de visita do mundo integral, viajarmos várias vezes 
para o mesmo local. Esta opção poderá parecer desperdício de recursos a não ser, claro está, que tenhamos obrigações periódicas em locais diferentes e distanciados dos lugares onde nos movimentamos habitualmente. No entanto visitar os mesmos locais por mais que uma vez faz muito sentido não só quando temos obrigações a cumprir mas também, porque cada vez que pisamos terras que já fazem parte do nosso banco de memórias, as podemos sentir e viver de uma forma diferente. Visitar um mesmo local com diferentes disponibilidades de tempo ou com o espírito adaptado ao objetivo que nos leva a um local 
conhecido, permite a aquisição de novas e diferentes formas de sentir aquele mesmo local. Se, numa primeira visita a um local, a nossa deslocação for pouco exigente e por exemplo, escolhermos um alojamento, que apesar de confortável não acrescenta nada ao que já conhecemos ou ficarmos por uma alimentação básica apenas ao estilo low cost, apesar das paisagens permanecerem basicamente imutáveis a forma como as olhamos e sentimos pode ser diferente daquela outra vez em que o alojamento nos permitiu sentir desafios e a ementa nos permitiu activar 
olfacto e o gosto para experiências gastronómicas inesquecíveis. Da mesma forma, viajar sozinho ou acompanhado permite que tomemos opções e exploremos uma região de formas muitos diferentes. Observar uma paisagens, apreciar uma peça de arte ou saborear um bom prato ou vinho provoca-nos estado de alma completamente diferentes. Uma viajem solitária pode ser uma experiência avassaladora 
pois permite a cada um de nós explorar ao máximo os sentidos e aguçar a reflexão. Se tivemos companhia, as opções devem ser partilhadas e esta transmissão de sensações 
processam no nosso cérebro outros estados alma e de espírito que contribuem para sentirmos perante as mesmas experiências sensações de bem-estar muito diferentes. Ambas as formas são ricas e contribuem para aumentar os nossos conhecimentos. Nesta perspetiva transmitida regressei ao Porto, minha terra Natal, já muitas vezes visitado. Como para mim viajar sempre foi o gesto natural, quase que tenho dificuldade em entender as 
razões que levam muitas pessoas a não quererem alargar os seus horizontes e diplomarem-se em novas e tentadoras experiências. Mas certamente estas diferenças 
estarão, acredito eu, inscritas no nosso código genético e depois, tal como no resta das (dis) funções orgânicas ou psicológicas o meio ambiente e o processo educativo moldarão o resto dos traços, das razões, das vontades e das motivações. Desde pequeno me recordo de sonhar com o mundo. Sabia o que queria e onde desejaria ir. Como mais ou menos dificuldades e alguns atropelos na escolha dos caminhos tentei traçar o meu destino pessoal e profissional sempre com uma força interna que me impelia para o mundo. Sou filho de pais que no final do século passado, quando o mundo ainda era distante, 
atravessaram a Europa para procurar conforto além das fronteiras lusas. Como certamente o código dos meus genes, inscrito durante a conceção e a diferenciação celular, já lá tinha as orientações básicas, este contacto desde muito jovem com destinos, na altura quase inatingíveis, há-de ter feito o resto do trabalho. Nunca me lembro de ter achado as viagens um aborrecimento. O sentimento que me tem acompanhado ao longo da vida tem sido sempre uma força, por vezes difícil de dominar, de um sentimento de impotência e de 
incapacidade de me libertar para planear e partir pelo mundo. Posso tipificar-me como um ser irrequieto, com uma força de motivação alimentada por uma chama que emite labaredas dispersas e heterogéneas que procuram alcançar, tal como u fogo que nunca se apaga, o maior número de experiências e conhecimentos possíveis. Esta adjectivação da minha forma de ser, analisado à luz das neurociências modernas certamente culminaria em 
algum diagnóstico conhecido e publicado em revistas da especialidade, como por exemplo a hiperatividade e agora, uma da minha autos sugestão, hiperconcentração ao invés do moderno défice de atenção. Voltando à viajem ao Porto, não tem conta o numero de vezes 
que já vim ao Porto. Será porque tenho uma relação pseudo-umbilical com esta cidade? Sim, porque o cordão umbilical foi cortado para me separar da minha mãe mas esta vontade que nunca cessa de visitar esta pérola do norte, nunca me cansa. Desta vez a razão da viagem foi a conclusão de uma formação para terminar mais um ciclo de estudos uma nova certificação académica. A deslocação escolhida foi o  comboio que é uma opção económica, tranquila e relativamente rápida. Viajei sozinho e escolhi, apenas pensando no conforto mínimo e na localização para deslocações a pé e por estratégias de proximidade com transportes públicos, uma acomodação de conforto mínimo que já conhecia. A formação onde se exploraram durante longas horas conteúdos relacionados com a reanimação avançada de vítimas adultas, decorreu como era esperado com o nível de qualidade técnica e pedagógica que já conhecia. No final, apesar do interesse do tema, 
não deixou de persistir o cansaço e a saturação. Como o sol ainda ia alto e estava uma tarde que mais aprecia de um verão algarvio, munido do meu andante, rumei ao centro da cidade e fui lavar os olhos à ribeira e cumprimentar o rio e dizer olá a Gaia. Depois de disparar umas quantos fotografias e de contribuir para as recordações de um jovem casal que me solicitou ajuda para um enquadramento para memória futura, rumei ao edifício da alfândega o vinho verde wine fest. Trata-se de um evento onde as companhias produtoras de vinho expõe os sues produtos dando a conhecer num sentido de oportunidade fantástico as suas produções e afamadas castas. O evento era ao ar livre à beira rio num cenário algo chique e mas descontraído. O ingresso de entrada permitia 8 provas de vinho e um copo. Para complementar as provas o espaço muniu-se de quiosques com petiscos diversos para gostos diferentes e experiências gastronómicas enriquecedoras. Optei por uma espetada de 
batatas fritas com casca que se podiam aromatizar com sal e orégãos ou com sal e tomate. Depois de procurar um verde rosé dos muitos que por lá havia acedi porque achei diferente e tentador, provar um cocktail elaborado a partir do vinho que tinha escolhido. A Esta obra que mistura cores a aromas numa experiência sensorial única foi um deleite para que arriscou aceder a esta experiência. A produtora dos cocktails escolhia os ingredientes sólidos e líquidos em, função do tipo de vinho numa mistura que eu diria sagrada e secreta. A única exigência que fiz, completamente “sem rede” por não saber se a combinação resultaria, foi pedir a mistura de sumo de maracujá que adoro. A cientista que habilmente construía a minha experiência acrescentou morango, gelo e um licor que por se encontrar dentro de uma bota de vidro se designava de licor do sapatinho e cuja composição naturalmente estava no segredo dos 
Deuses. Foi magnífica a experiência. Percorri mais duas ou três bancas de provas enquanto assistia a alguns show cookings e assimilava o ambiente bonito e descontraído dos meus companheiro de festiva. Fiquei longe de esgotar as minhas oito possibilidades de provas pois o dia tinha sido longo e a viagem de regresso ainda era algo distante. Para além disso era necessário tratar da refeição do jantar já que almoço havia sido cedo embora delicioso com os filetes de polvo a fazerem a terapia necessária e muito adequada para o meu sofisticado paladar. Como havia localizado nas imediações do hotel uma pizzaria que me chamou a atenção, em vez de petiscar pelo centro da cidade que se encontrava cheio de visitantes que apreciavam os diversos menus 

em agradáveis ambientes, decidi arriscar na pizzaria. Depois de me anunciar e comunicar o meu propósito fui convidado a escolher um lugar para sentar. Dentro do espaço fiquei logo impressionado com aquilo com que aquele espaço me contaminou. Até onde os meus olhos alcançavam podia avistar copos onde a luz era projectada fazendo-os cintilar como que a dizer, bem-vindo. Tratavam-se de copos de cerveja de muitas medidas e formas, a maioria com monogramas que faziam parte da sua identidade dando a conhecer de que parte do mundo vieram mas não explicando a razão porque estavam ali. Outro grande motivo de atracção eras as múltiplas garrafas de cerveja também elas estrategicamente colocadas contribuindo para a decoração e o aconchego daquele espaço. Depois de escolher a minha pizza favorita, a quatro estações (em matéria de pizzas sou um pouco conservador embora não seja hermético) apesar de ter sido aconselhado pelo senhor que mais tarde vim a saber chamar-se Vasco. Enquanto aguardava o meu prato italiano deambulei pelo espaço na procura de locais para fotografar e tentando encontrar algo que me explicasse como 
se relaciona o tema das cervejas com um restaurante puramente italiano. Não encontrei. Os meus olhos cruzaram-se com algumas marcas de cerveja que conhecia, ou porque já as havia provado ou simplesmente porque já havia processado visualmente um ou outro rótulo, algures pelo mundo. Não tenho por hábito fotografar espaços sem pedir autorização prévia mas confesso que neste restaurante a minha curiosidade fotográfica teve início logo no wc. A meio da minha refeição não resisti e a minha perseverança foi superior à minha curiosidade e abordei o 
senhor que servia aquele espaço perguntando de forma direta a resposta à minha pergunta. Ali iniciei uns momentos de conversa com um homem adorável que partilhou comigo um pouco da sua grande e magnífica experiência de vida. O Vasco, como fez questão que o tratasse, era um homem do mundo.  Revelou-me que viveu muitos anos em Moçambique e depois na África do Sul e que toda aquela paixão pelo mundo da restauração tinha sido adquirida pela influência do seu pai. Depois da vida para além do equador retornou a Portugal onde estudou Gestão de empresas mas este resultado não o satisfez tendo-o impulsionado para outras paragens, desta feita na Europa no sentido de procurar 
experiências que o conduzissem ao mundo e a vocação que tanto procurava. Já com o restaurante aberto rumou a Itália para aí se cultivar em diversas áreas deste mundo da restauração, como cursos e formações em restaurantes, escolas e hotéis. A Dinamarca também integrou a lista dos mais de 45 países que já conhece. No restaurante do Vasco podem-se provar 85 marcas de cerveja, o que faz daquele espaço o restaurante do país com mais marcas de cerveja. Não deixa de ser curioso e não devemos esquecer que estamos dentro de um restaurante italiano. Apesar de eu ser um grande apreciador de cerveja, acho que nunca desgostei de nenhuma, pelo que não hesitei em pedir ajuda ao Vasco na escolha da cerveja para acompanhar a minha deliciosa pizza. Recomendou-me uma Paulaner de pressão, alemã e servida numa fabulosa caneca que me transportou de imediato para a bela e única festa da cerveja em Munique que o Vasco também já tinha visitado algumas vezes. Fiquei extasiado com a simpatia e partilha do Vasco que me confessou que todo o ambiente que se respira no restaurante foi pensado e projetado por 
ele que sempre sonhou com um espaço onde os sues clientes pudessem sentir a diferença e pudessem sentir, saborear e beber um pouco das experiências que o Vasco trouxe das diversas parte do mundo por onde andou. Quero voltar à Trattoria Romana quando voltar ao Porto. Quero trazer a família para que possam ter, tal como eu, mais uma experiência gastronómica enriquecida com um ingrediente único e especial que é a companhia do Vasco. 

Monday, July 20, 2015

Morocco in style, revisiting Azores and discovering the Natural Park of Southwest from Alentejo

Descansar pode significar tantas coisas. Pode significar a interrupção de uma actividade rotineira, por momentos curtos ou mais longos, pode significar responder ao chamamento do corpo e atribui-lhe o necessário tempo de 
repouso para que as funções orgânicas continuem a processar os complexos mecanismos do metabolismo. Mas descansar também significa quebrar com as rotinas, fugir e viver experiências novas, conhecer locais do mundo que esperam por serem descobertos. Neste sentido mais amplo, descansar é um bom sinónimo para férias. Este conceito, o de oferecer ao corpo e à alma novos inputs é nos tempos modernos uma necessidade cada vez mais premente pois o envolvimento, o desgaste e o empenho que as vidas profissionais e familiares exigem envolvem-nos numa espiral de temas, atividades, assuntos e preocupações
outras tantas responsabilidades que fazem do tempo uma bússola acelerada onde os dias parecem minutos e os anos apenas alguns dias. Quantos de nós não experimentam esta sensação da rápida passagem do tempo. Esta noção de velocidade do tempo é diferente ao longo das fases da vida. Quando ainda somos jovens desejamos entrar numa máquina do tempo que nos transporte para o futuro e nos torne adultos para que possamos aceder com todo o direito à nossa liberdade plena. Quando crescemos desejamos que essa máquina 
aceleradora do tempo tenha um bom sistema de travagem e trave a tempo o tempo que vemos esgotar-se. Viver a esta velocidade por vezes vertiginosa roubando horas de descanso contra a vontade de todos os alarmes do nosso corpo obriga a procurar formas de equilíbrio. Por outro lado, as exigências em que foram colocados os nossos deveres profissionais roubam a muitos esta importante parcela de liberdade que é poder estar ausente e preencher o nosso cérebro com novos valores que, de 
acordo com a minha opinião deverão ser diversificados e intensos. Estes dias de mobilidade quer seja programada ou simplesmente à deriva contribuem hoje como autenticas instituições de formação paralela atribuindo-nos valiosos diplomas com certificação garantida. Como sempre fui organizado, pensar, planear e detalhar estes dias de  pura descontração são para mim fontes de ocupação prazerosa e contribuem para a descoberta e consolidação de muitos assuntos que vão desde a revisão da 
geografia à exploração das formas de funcionamento das companhias aéreas ou ainda à avaliação detalhada da quase infinita ofertas de alojamentos que vão desde os tradicionais hotéis ou resorts e mais modernamente a imensa e diversificada oferta de  moradias, apartamentos ou quartos partilhados de proprietários privados. Este novo conceito de alojamento permite a quem procura locais alternativos aos hotéis 
encontrar uma ampla oferta de alojamentos e serviços a preços muitos competitivos e com condições de conforto próximas, algumas por ventura superiores e muito mais personalizadas, em relação ao que habitualmente se encontra no formato de hotel. Existem hoje online sites fidedignos que permitem reservas e negociações claras e seguras, deixo como exemplos os sites www.homeaway.com ou o www.airbnb.com. No momento em que escrevo este post voamos a caminho de Ponta Delgada a bordo de um Boing 737-800 com conceito low-cost onde na frente dos olhos tenho colado para além do folheto de segurança, fotos 
com snacks & drinks. Na bela ilha de S.Miguel espera-nos um alojamento reservado num dos sites acima por um valor quase inacreditável em plena época alta. Voltarei a este tema mais tarde pois os nossos dias de descanso tiveram início com uma viagem a Marrocos, país pelo qual continuamos apaixonados, eu diria cada vez mais. Há algo de místico e intenso naquele país. Podem ser tantas coisas, todas nos estimulam os sentidos e nos apelam à descoberta. O clima é sempre fantástico, a cultura é magnificamente diferente, cheia de magia, cor, tradição e mistério. Iniciamos 
nossa pesquisa com a reserva de um hotel de charme a sul de Mogador à beira de uma praia, Para lá chegar teríamos que voar para Marraquexe e daí seguir 380 km de carro. Ainda não estávamos preparados, eu diária, formatados para esta aventura sem primeiro explorar um pouco mais do país num formato mais organizado e seguro. E como para todas estas dinâmicas são necessários fazer cálculos sérios e muito ponderados, o preço desta viagem por conta própria ou ter uma experiência de uma viagem programada sem preocupações mas isenta de aventuras era similar pelo que optamos por adquirir um pacote de uma semana num resort em regime de 
tudo incluído (TI). O ano foi difícil, com dias muito preenchidos e muitos momentos de muito stress e desgaste intenso pelo que, ao contrário do que é habitual em nós, que é passar os dias de descanso a cansar o corpo mas a reabilitar a alma em viagens de exploração intensa, este ano quisemos mudar o conceito. Assim a primeira semana de férias foi passada na estância balnear marroquina de Saidia, num resort, em formato de dormir, praia, piscina, sol, comer e muitos cocktails. Elegemos os hotel Be Live Collection que ganhou na nossa escolha em relação ao Iberostar por 
apresentar melhores críticas e por ter uma arquitetura mais próxima daquilo que desejamos encontrar em Marrocos. Foi uma escola acertada pois o hotel, tendo algum tempo, é relativamente novo e todos os espaços estão muito bem cuidados e conservados. Eu diria que os quartos necessitam de alguma manutenção pontual mas são coisas que em nada beliscam a estadia. As férias no hotel Be Live fizeram-nos regressão alguns anos atrás quando fizemos, pela primeira vez na vida, umas férias com este formato mas nas Caraíbas. Eu diria que estes dias de férias em Saidia foram 
muito próximas dessas outras embora sem o requinte que as caraíbas oferecem e claro, sem a surpresa e a novidade que na altura nos enchia a alma. Foram no entanto dias de excelência à beira do mar mediterrânico com água tépida onde não faltavam os desportos motorizados ou os camelos como marca oficial do país. O hotel Be Live é enorme, parecendo-se com uma mini cidade, com uma arquitetura distribuída por 3 blocos onde se situam a maioria dos alojamentos, unidos com um bloco frontal que alberga desde o lobby aos bares e restaurantes. As piscinas encontram-se entre os blocos de alojamentos e ocupam áreas 
generosas, com direito a ilhas e pontes que transportam o cenário para o que é próximo de um ambiente em climas mais tropicais. Os jardins estão ornamentados com catos e árvores de pequeno porte, num tapete verde de relva imaculadamente tratada. A equipa de animação constituída por colaboradores da Republica Dominicana e marroquinos, tratava de criar programas para colocar toda a gente a mexer e numa diversão permanente, quer seja com coreografias aquáticas quer com danças ou jogos divertidos onde o espírito era de descontração mas também de alguma competição animada e salutar. O restaurante buffet tinha temáticas diárias, permitindo escolhas para todas as 
exigências e gostos. Os colaboradores, ao contrário do que por vezes se 
encontra registado em alguns comentários, são cordiais e muito profissionais. Apesar do país e todo o mundo árabe se encontrar em plena época do Ramadão, impedindo-os de comer ou beber antes do anoitecer, nunca encontramos em nenhum rosto ou atitude qualquer gesto de repúdio ou desagrado aos nossos pedidos que no regime de tudo incluído, se distribuíam pelas várias horas do dia. Encontramos ao invés, atenção, dedicação e competência extrema. As noites foram ocupadas no teatro do complexo onde um programa de animação diário fazia o entretinimento de todos com programas animados onde em grande parte das peças eram utilizadas as competências artísticas dos hóspedes. Tudo isto era acompanhado por muito cocktails…Daikiris lemon, San Francisco ou os tão afamados e deliciosos Mojitos. No sentido de quebrar a nossa rotina de 
preguiça pura ocupamos uma das nossas manhãs com uma viagem a Nador, a cerca de 80Km de Saidia, conhecida como a capital da contrafação. Fomos transportados num autocarro muito confortável acompanhados pelo guia da representação local da Abreu. O contacto com a vida real nestes países constitui para mim o expoente máximo de uma viagem. É desta forma que se sente a vida das pessoas, como se comportam no seu mundo, como ocupam os seus dias, o que fazem ou como convivem. A grande atração desta cidade é o mercado da contrafação onde se vende de tudo…de “marca”. A marca aqui não passa da inscrição do logotipo da marca original gravada numa cópia que chega a deixar a peça original envergonhada. É aliciante passear quer pelas ruas de 
 Nador quer pelo mercado e, como é típico nestes souks nunca fechar o negócio na primeira oferta. É fundamental regatear o preço e essa é a parte que mais me diverte. Sinto que tenho algum jeito para este tipo de negociação e diverti-me imenso a fazer contrapropostas divertidas e a sentir a pulsação da conversa perscrutando as reações corporais e faciais dos meus vendedores. Chega-se quase sempre a um acordo que serve a ambas as partes e fazem-se compras e negócios muito agradáveis. Desta forma de contacto muito intenso com as gentes desta terra terminaram os nossos dias em Marrocos pois a viagem de regresso estava marcada muito cedo no dia seguinte. O tempo de voo até Lisboa é de 1h30min. Como se 
tratava de um voo charter operado por uma companhia aérea ibérica (Privilege), completamente desconhecida para nós, o básico a que estamos habituados a bordo ficou longe dos requisitos mínimos, um airbus A 320 com o aspeto de uma bus aéreo sem bancos reclináveis e com um catering onde um queque e uma bebida constituíram o menu mais requintado a que todos tivemos direito. A estrutura das férias deste ano, tal como já referi, sempre com a presença de espírito baseada no descanso máximo, obrigou-nos apesar de tudo a algumas horas de cedo erguer. Como 
é prática habitual nos nossos dias de lazer e com o muito que há ainda por descobrir, conseguimos mesmo assim dividir estes dias de descanso em 3 blocos distintos. Cumpridos os primeiros dias no esplendido sol de Marrocos, era tempo de rumar à magnífica ilha de São Miguel nos Açores. Esta transferência obrigou-nos a uma rápida passagem por Lisboa, uma noite dormida a correr pois aguardava-nos um voo da Ryanair, outra estreia para nós, no terminal 2 da Portela. O Boing 737 desta companhia irlandesa mais parecia restaurante voador. O avião completamente apinhado 
de clientes que se entalavam entre os bancos apertados e não reclináveis e as bagagens de cabine que quase todos transportam por serem grátis dentre dos padrões definidos ao invés do preço elevado da bagagem de porão. As nossas acabam por ir no porão mesmo no momento do embarque porque afinal apenas havia espaço para 90 malas dentro dos compartimentos sobre os bancos. Achei uma redundância tanto alarido com as dimensões das bagagens e depois esta mudança de estratégia porque afinal a Rayanair não tem como controlar aquilo que é fácil de contabilizar, que é a quantidade de bagagens de mão, uma vez que cada passageiro tem 
 direito apenas a transportar uma mala e uma pequena mochila.A viagem até Ponta Delgada foi tranquila apenas acelerando a adrenalina apenas àqueles que não se esquecem que estão a bordo de uma aeronave sobre o mar e que a pista de aterragem é finita. À chegada esperava-nos um micaelence simpático, representante da Atlas Choice, a rent-a-car onde reservamos o nosso carro. Após as formalidades habituais fomos prendados com um upgrade inesperado que nos deixou deslumbrados. Havíamos reservado um pequeno carro citadino dos mais baratos que o site oferecia, quando o Miguel nos convidou a colocar as 
bagagens num belo Audi A3 a diesel. A viagem até ao nosso alojamento local na localidade de Pico da Pedra foi fácil, pois foi necessário apenas prosseguir a via rápida que tem início no aeroporto e seguir no sentido da Ribeira Grande. Na saída que assinalava a nosso destino abandonamos a via rápida e entramos na localidade em busca da rua do Foral. As orientações anteriormente solicitadas aos proprietários Catarina e João foram preciosas e o nosso GPS fez o resto do trabalho. O problema surgiu quando as orientações foram atraiçoadas pelos muitos 
sentidos proibidos entretanto instalados pelas autoridades locais. Após voltas e tempo perdido conseguimos orientar-nos e encontrar a casa que havíamos reservado no Homeaway e que tinha sido amor à primeira vista. Tratava-se de uma casa de aldeia projetada, construída e estruturada por alguém com grande sensibilidade para a estética e para a harmonia. Esperava-nos a Catarina que nos recebeu com um sorriso e um conjunto de informações e orientações. A casa é composta por uma grande 
sala interrompida por 3 degraus que funcionam como separadores de espaço entre a zona de estar e de jantar. No fundo da sala e devidamente enquadrada encontra-se a cozinha totalmente equipada. Os dois quartos que nascem à direita da entrada têm, como as restantes divisões vigas de madeira a ornamentar os tetos e portas de correr que funcionam como poupadoras de espaço. Na parede oposta dos quartos encontra-se uma estrutura discreta com degraus que une o piso térreo a uma mesanine que foi projetada por cima da primeira metade da sala. Trata-se de um espaço muito amplo que funciona como um terceiro quarto, 
permitindo desta forma uma ocupação total para 6 pessoas. A casa cresce para a zona traseira com um espaço exterior em socalcos luxuosamente construído em pedra ornamental de uma beleza rústica fascinante. Neste espaço encontra-se mobiliário de exterior e grelhador permitindo refeições ao ar livre. No último socalco existe ainda um estendal. Voltando para o interior da habitação é preciso deixar registado um apontamento para referir a estética e o padrão de todos os materiais interiores que foram selecionados por conjugação de padrões, cor e textura. O WC está 
enriquecido com uma magnífica cabine e duche multifunções que faz as delícias de quem aprecia luz, som e vários tipos de jatos de água durante os momentos do prazer do duche. Feito o reconhecimento às instalações e ouvidas as orientações da Catarina partimos para a descoberta da ilha. Como a hora do almoço já ia pela tarde fora aceitamos a sugestão da Catarina e a nossa primeira paragem foi na Associação Agrícola afamada pela qualidade da sua carne onde os bifes de vaca são o 
melhor cartão-de-visita. A escolha foi certeira pois desde o bolo lêvedo até aos suculentos bifes, a refeição deixou-nos estasiados pela qualidade e pelo sabor. Eu solicitei apoio para voltar a deliciar-me com um néctar divino com sabor a maracujá. Fui abençoado com um Kima de fabrico na ilha que saboreie com todos os sentidos. A sobremesa foi outra delícia que bem merece um prémio mundial, um delicado pudim de maracujá cuja aroma e sabor não se conseguem expor apenas com palavras. A nossa viagem prosseguiu em direção às Caldeiras da Ribeira grande onde nascentes termais com água em ebulição emanam vapores com cheiro forte a enxofre. Aí experimentei um banho de pernas em fontes aquecidas com temperaturas pertos dos 40ºC. Continuamos em direção âs Lombadas por caminhos que 
tinham tanto de estreitos como de belos. Eram caminhos que mais pareciam 
trilhos pedestres onde apenas passa um carro e sempre ladeados de hortenses de dimensões e cores que encantam quem passa. A ilha encontra-se repleta destas flores de folha larga e de flor de grande porte. A cor das pétalas e o verde das folhas parecem obra de um trabalho de jardineiro profissional que aqui terá certamente, pela dimensão do jardim, que é toda a ilha, a mão da mãe natureza. O nosso percurso levou-nos até uma zona remota onde a água corre por uma ribeira deixando um rasto de 
ferro por onde passa, A marca é tão intensa que vista à distância parecem laivos de sangue num fundo cristalino enquadrado por diversas tonalidades de verde, O dia estava, como é habitual nesta ilha, meio encoberto na zona montanhosa com o sol a tentar romper por entre as nuvens e nas zonas litorais predominava o céu azul. Numa paragem das Caldeiras onde se pode cozinhar diretamente nos vapores da terra alguém nos aconselhou a visitar o salto do cabrito no caminho da caldeira velha e logo a 
seguir à central geotérmica. Foi uma experiência muito agradável pois aqui pode-se observar uma cascata dupla que nasce nas profundezas da montanha e tem dos fluxos de água distintos. A zona encontra-se equipada com trilhos, escadarias e passadiços metálicos, pois a zona integra os percursos pedestres, por onde se pode subir e acompanhar a estrutura da cascata. Apesar das nuvens e da advertência de que a Lagoa do 
fogo estaria “fechada”, termo local para quando as nuvens não deixam ver a lagoa, arriscamos. Este percurso pela Ribeira Grande permite-nos passar pela Caldeira Velha, onde não paramos, pois pela quantidade de carros estacionados, deveria estar repleta de pessoas. Com sorte de estreantes conseguimos ver a Lagoa do Fogo, ainda meio cinzenta, com as nuvens a levantar e a destapar uma beleza única. Deste ponto conseguem-se ver em simultâneo a costa sul e norte da ilha. O nosso segundo acordou brilhante, sem nuvens e com uns gloriosos 25ºC. Traçamos a nossa rota para visitar a Lagoa azul e verde (Sete Cidades) e percorrer a região até à Cumeada, Mosteiros e Ferraria. Aquilo que os olhos alcançam a partir do miradouro 
sobranceiro à lagoa, permite uma das melhores vistas e  é de uma beleza fascinante. Por momento surgiu-nos no pensamento os cenários dos lagos austríacos. A lagoa, como que dividida em duas, apresenta duas tonalidades distintas, ma verde e outra azul. A ladeá-la o verde imaculado das encostas fazem um cenário belo que apetece olhar uma e outra vez, olhar para sempre. Apesar da contemplação alimentar a alma, o corpo tem outras necessidades e como a hora do almoço estava já para além 
do relógio biológico, tentamos almoçar nas Sete Cidades mas os restaurantes tinham uma procura imensa o que nos fez prolongar a viagem até aos Mosteiros. Na descida para esta localidade anunciavam o restaurante Gascidla mas, por conveniência de parqueamento optamos por almoçar no restaurante o Chico. Lapas grelhadas, tinha que ser, aqui temperadas com pimentão malagueta, um sabor arrojado, diferente mas muito conveniente. Com o repasto completo a tarde estava destinada ao banho na tão afamada Ponta da Ferraria, aqui onde uma nascente que brota 
água a temperatura que não se suportam, mistura a suas águas com as do mar. No local existe um complexo termal mas o grande desafio é descer as rochas, aventura de dificuldade média uma vez que não existem acessos construídos pelo Homem. Após várias peripécias na procura de locais seguros para assentar os pés e não escorregar, todo o esforço vale a pena para sentir literalmente em toda a pele, a fusão das temperaturas e as diversas correntes de águas temperadas a diferentes 
temperaturas em função do local onde nos banhamos. Quanto mais afastados das margens menos quente a água se torna e próximo à nascente as temperaturas atingem perto de 40ºC. Passam-se horas neste vaivém de banho ao sabor das ondas. Aqui encontramos um açoriano muito simpático, o sr. Manuel com quem partilhamos longos minutos de conversa sobre temas tão díspares como o estado da economia, as características da ilha, as novidades da abertura do espaço aéreo açoriano ou as opções da Grécia. O dia três foi inteirinho dedicado à zona das Furnas
Encontrei diferenças acentuadas em relação à minha primeira visita ainda na adolescência. Estruturas organizadas, com parqueamento, balneários e passadeiras em madeira que delimitavam os locais por onde se podia caminhar e observar em segurança as fumarolas e as águas em ebulição. Lá estavam os buracos na terra para cozinhar o famoso cozido das Furnas. Assistimos ao “desenterrar” do cozido do restaurante os 
Tonys, sim aquele ritual parece-se com aquilo que habitualmente se faz num enterro, com direito a enxada, terra e uma placa, desta feita a marcar os locais pertencentes a cada um dos restaurantes. Com uma paisagem deslumbrante para a Lagoa das Furnas estava um quiosque com um jovem que vendia sumo de ananás que há muito procurávamos. Assistimos à sua confeção, desde o descascar do ananás até à sua mistura com uma medida de açúcar líquido de beterraba e as respetivas pedras de gelo. Tudo triturado num copo liquidificador e de
pois recolocado na casca do ananás que servia de recipiente para se degustar aquela mistura divina que nunca provamos em nenhum outro local do mundo. A diversão que se seguiu foi visitar o Parque Terranostra com as suas coleções internacionais de várias espécies e árvores e plantas e a tão famosa piscina termal com água da cor da lama. Entrar nesta piscina é algo que deve ser experimentado. Ao primeiro toque a temperatura da água incomoda e chega a doer de que está mas 
depois de alguma permanência a homeostasia do corpo trata de nos fazer sentir bem para disfrutar daquela terapia que ali se encontra oferecida pela natureza. O bilhete do parque tem a duração de um dia pelo que é possível sair e voltar a entrar. O almoço não pôde fugir à tradição, degustando o cozido cozinhado ao vapor. Provei esta confeção pela primeira vez na primeira viagem da minha vida quando ainda era adolescente, com 17/18 anos de idade no dia do meu aniversário. O resto da tarde foi bem 
passado a disfrutar de outros banhos desta vez nas Poças da D. Beija. Esta era uma informação que a Catarina do nosso alojamento local nos tinha referenciado e, tal como ela fez questão de frisar, é uma experiência a não perder. Conta a história que um dos habitantes locais encontrou por entre a floresta uma nascente de água, já lá vão mais de 80 ou 90 nanos. Esta drenava água quente para um pequeno tanque que 
passou a ser utilizado pelos habitantes locais para se banharem dadas as características terapêuticas da água. No decorrer do último mês de maio e pelas mãos de um arquite esta poça original sofreu remodelações e sugiram ao todo 5 tanques sendo que apenas um apresenta uma temperatura mais baixa a cerca de 28 ºC por ser alimentado em simultâneo pela fonte quente e por uma ribeira de água fria. As outras 4, recebem água apenas da fonte original e apresentam temperaturas da ordem dos 38/39ºC. Todo o espaço está muito bem desenhado com decos e passadeiras de madeira, balneários e loja de recordações. Numa das poças é habitual verem-se os utentes a cobrirem-se com lama argilosa que escorre juntamente com a água por uma parede em forma de cascata. Parece que para se obter o efeito mais intenso é necessário deixar secar a lama para depois a retirar com a água das poças. O percurso do dia seguinte seria destinado a visitar o ilheu de Vila Franca do 
Campo e a Caldeira Velha. O dia amanheceu a encobrir o sol mas nada que nos deixasse muito preocupados pois nesta ilha jardim plantada no meio do atlântico, dito pelos habitantes, fazem as 4 estações do ano no mesmo dia e mais uma, a 5ª que são as 4 ao mesmo tempo. Vila Franca do Campo fica a cerca de 30 km de Ponta Delgada e é servida por uma via rápida moderna que encurta a distância. Depois de percorrer as ruas da vila dirigimo-nos à marina para iniciar a 
aventura até ao magnífico ilheu em forma de ferradura que dista menos de 10 min de distância de barco. O custo da viagem é de 5 euros por pessoa num barco de dimensões moderadas, que seguiu cheio de visitantes, em todos os lugares sentados, incluído a proa e alguns foram mesmo ao sabor do balanço das ondas, simplesmente de pé. Esta lotação e a proximidade da água obriga os menos habituados a estes trajetos a apurar os sentidos quando percebe que está no meio do oceano a cortar as ondas e que, perante alguma situação menos prevista, as consequências podem ser sérias. Mas todos os receios são compensados com o abraço que o ilheu nos proporciona com a sua forma arredondada que incorpora uma lagoa espetacular e falésias deslumbrantes. Os visitantes vão 
ocupando os espaços irregulares das encostas do ilheu para estenderem as 
toalhas e outros pertences e esquecerem-se do tempo entre mergulhos sem fim e a exploração dos recantos deste pedaço de rocha que a natureza plantou ali plantou para dar encanto à região e prazer a todos quantos o visitam. Ali naquele rochedo a acenar a vila é disputado o campeonato de Cliff Diving onde corajosos de todo o mundo mergulham no mar numa prancha a 27 metros de altura. A impressão com que ficam materializa-se nas palavras em várias línguas e nas sensações que os próprios vivem no contacto com a região e no cenário e enquadramento 
onde realizam os seus saltos artísticos. Depois de vermos vejas vermelhas à tona da água e de percorrermos aquele mar quase interior com água pelo joelho, regressamos e almoçamos numa esplanada virada ao mar saboreando lapas e peixe grelhado num momento de tranquilidade que transformam os nossos dias em sabor para a alma. A tarde foi reservada para conhecer a Caldeira Velha onde nos esperava um cenário que mais parecia o Parque Jurássico. Fetos da altura de pinheiros, 
cascatas de águas límpidas que escorrem de encostas deixando um rasto do elementos minerais que as incorporam. As cores, os sons e as duas pequenas lagoas desenham naquele local um pedaço do paraíso. A lagoa alimentada pela cascata tem água a cerca de 28ºC e mais abaixo com escorrências da primeira lagoa mas junto de uma fonte termal mais quente, podemos banhar-nos, no meio da natureza, numa pequena lagoa, de água tão quente que pode incomodar os mais sensíveis. Banhar-nos nestas lagoas, no meio da natureza, faz o tempo simplesmente parar e esquecer que 
para alem daquele pedaço da terra, mais nada existe. O cheiro a enxofre é aqui tolerável e as recentes obras de melhoramento criaram condições como vestiários e um centro de interpretação do local. Aqui estivemos à conversa com o simpático Nuno, com formação em turismo que nos deu uma lição sobre geologia como se de um geólogo se tratasse. Ficamos a saber que a ilha tem idades diferentes em função das diversas atividades vulcânicas. Percebemos que a Caldeira Velha tem relação geológica com a Lagoa do Fogo e que a última atividade vulcânica na região teve uma ascensão de magma até 15km da superfície, conduzindo a um 
aumento de temperaturas das águas da lagoa e à morte de alguns peixes. A lição permitiu perceber ainda que no início a ilha eram duas ilhas e que múltiplos vulcões monogenéticos permitiram a união naquilo em que hoje se tornou.  O nosso percurso pela ilha terminou com a visita ao nordeste, o ponto mais afastado de tudo mas que na realidade está a cerca de 40 Km da Ribeira Grande. Uma moderna via rápida serve esta região tornando o percurso muito atraente. A recomendação era seguir a estrada nacional até chegar à zona das plantações de chá. Existem aqui duas empresas, os chás Gorreana e os chás de Porto Formoso.
Visitamos a fábrica dos chás Gorreana pois tínhamos a recomendação que aí poderíamos provar chá de gelado. Infelizmente estava em processo de fabrico. A fábrica faz-nos recuar no tempo pois toda a maquinaria ainda trabalha com sistema de roldanas e correias. No percurso a caminho da vila do Nordeste era obrigatório para nos miradouros de Ponta da Madrugada e Ponta do Sossego. Os locais estão soberbamente arranjados com jardins tratados, balneários, zonas para 
piqueniques e grelhadores. A paisagem que se avista destes locais é indescritível, a brisa que sopra numa mistura de verde da montanha e do azul da visão do oceano tornam estes locais únicos e de rara beleza. Com esta visão alimentamos os últimos momentos deste jardim único no mundo, onde as pessoas ainda cultivam os valores, para além das terras, onde o clima mostra que é a natureza que dita a regras e onde as cores, os aromas e os sabores se fundem numa simbiose perfeita que os torna como elementos terapêuticos da alma.
Revisitar S.Miguel foi para mim como se lá tivesse ido pela primeira vez. Para além da inestimável companhia da família, visitei a ilha com base em planos prévios estabelecidos em casa permitindo a distribuição dos roteiros em função da distância e dos dias disponíveis. Como o nosso ponto de partida estava estrategicamente localizado no Pico da Pedra, próximo da Ribeira Grande, tínhamos o privilégio de ter quer a região nordeste quer a sudeste a distâncias favoráveis, bem como Ponta Delgada a poucos minutos. Esta base fez-nos ganhar algum tempo nos roteiros e não repetir caminhos permitindo explorar pormenores da ilha que nunca tinha tido o prazer de 
 conhecer apesar de ser a 3ª vez que visitei nesta ilha repleta de beleza natural, com ambientes tanto bucólicos quando modernos e organizados, convivendo lado a lado com os habitantes puros de alma e coração. Ousando repetir as palavras que deixei num bilhete à Catarina e ao João, os nossos hosts no Pico da Pedra, vimos belezas naturais únicas, natureza em estado selvagem, gentes genuínas e sabores e aromas que guardaremos para sempre connosco.  

O voo de regresso a Lisboa foi tranquilo, transportando-nos de volta a casa para o nosso último destino de férias deste verão. Mesmo apostando numas férias com uma rotina muito diferente das anteriores apostamos numas férias em três locais 
distintos com rotinas totalmente distintas. O voo chegou tarde a Lisboa pelo que a manhã do dia seguinte foi longa com um sono reparador sobre os encantos da ilha jardim. A viagem até ao sul do país onde programamos os últimos dias de férias era longa mas decidimos encarar a distância com tranquilidade. Naturalmente que a distância se torna mais acessível utilizando as vias pagas, sendo essa a opção assumida para 
tentar não fazer do dia um longo aborrecimento na estrada. Entre as várias opções para chegarmos à costa sudoeste optámos por um desconhecido que atravessaria o Alentejo na diagonal ao invés de percorremos a via até a autoestrada 2 até ao Algarve e depois a Via do Infante até à simpática Vila do Bispo. O caminho escolhido, por Aljustrel, passaria por Messejana e outras pequenas terriolas até Odemira, permitindo depois a acesso à costa sudoeste por S.Teotónio, Odeceixe, Rogil, Aljezur, Vila do Bispo e depois na Raposeira haveríamos de encontrar a indicação para o nosso alojamento local em Hortas do Tabual. Apesar da distância a 
viagem lá foi correndo tranquila depois de uma paragem para almoçar em Messejana. Messejana é um local único, correndo o risco de me contradizer, referindo como muitos outros únicos locais deste nosso país. O sol aquecia a terra a 35ºC projetando o calor acumulado nas paredes das casas e no asfalto sobre os nossos corpos ao passar nas ruas desertas mas cheias de encanto desta bela vila alentejana. Aqui impera a paz, a tranquilidade absoluta e não fossem as dificuldades na procura de condições de vida com a dignidade que todos desejamos ter, seria um local 
para se viver com qualidade de vida, sem poluição, stress e todos os fatores negativos que encontramos nas grandes cidades. O sabor das carnes de porco preto que provamos foram sublimes, o pão é digno de candidatura a património imaterial da humanidade. Lembrei-me em conversa de circunstância da história trocista que tem estado associada a esta localidade com a designação da praia da Messejana. Com a localização geográfica da localidade entre o Alentejo e o Algarve o autarca dignificaria ainda mais esta região se ousasse construir um parque aquático que poderia 
perfeitamente fazer nascer a praia artificial, como outra que extem no país (Mangualde e Castanheira de Pera) que tanta fama trocista tem trazido à terra mas desta vez com o proveito próprio para as populações locais e das regiões próximas, funcionando ao mesmo tempo como um polo de desenvolvimento turístico para a região. Não foi difícil encontrar o nosso alojamento local pois o GPS e as orientações solicitadas previamente à Neuza, a nossa host. O combinado seria chegar até à praia do Zavial e lá ser-nos-ia entregue a chave da nossa casinha azul. Conhecemos a Neuza
uma jovem muito simpática com um ar doce e tranquilo. Após as 
apresentações e explicadas as pequenas formalidades rumamos às Hortas do Tabual. O local não podia ser mais encantado. Trata-se de uma aldeia a 1,5 km da praia do Zavial com meia dúzia de casas e ruas tão estreitas que não permitem grandes aventuras automobilísticas. Da estrada identificamos logo a 3 casinhas azuis onde uma delas nos estava destinada. O estacionamento do carro teve que ser no largo da aldeia e depois, um pouco por tentativa/erro procuramos o rumo certo por entre as várias ruelas por meio de curvas e lombas até chegarmos ao local. 
Conhecemos logo uma simpática e prestável senhora que estava na sua lida a lavar o chão com uma mangueira. Alguns dedos de conversa permitiram perceber que se tratava da proprietária, a D. Maria Lucília e mãe da Neuza. Foi tão amável e carinhosa como o ambiente que nos rodeou naquele local único de uma beleza perdida no meio do campo a espreitar o mar. A nossa casinha azul com a letra B tinha pertencido à sua mãe e agora encontrava-se totalmente recuperada e a funcionar, em conjunto com outras duas a A e a C como unidades de alojamento local. 
Trata-se de casinhas típicas de aldeia com tetos em madeira e mobiliário ajustado ao ambiente rural mas com o conforto e o requinte que hoje não se dispensam. A D. Lucília mostrou-nos a casinha C, cuja construção e decoração interior é totalmente nova. É simplesmente uma suite de luxo com um quarto em mesanine, uma cozinha ultra moderna e uma cabine de duche de fazer inveja a muitos hotéis de várias estrelas. Quando voltarmos a esta região não temos dúvidas de que queremos usufruir da instalações da casa C. Estes dias pelo Parque Natural do Sudoeste alentejano que ocupa 
uma extensão que vai deste S.Torpes até à praia do Burgau, tinha como objetivo conhecer algumas das belezas únicas entre Sagres e Vila do Bispo mas também na linha de costa ocidental na região de Aljezur. No nosso primeiro dia e após um sono tranquilo e silencioso a manhã acordou ventosa. No quintal que se estende para lá da enorme zona de barbecue em frente às casinhas azuis estava o Sr. Ernesto, pai da Neuza, com que partilhamos a nossa satisfação e a alegria de quem se encontra feliz por estar rodeado de gente prestável e num ambiente que permite recuperar de meses de intenso e desgastante trabalho. Do quintal deu-nos a provar 
umas bagas cujo nome já não consigo lembrar-me mas recordo-me que eram oriundas de Israel e são hoje utilizadas na alta cozinha. Deu-nos ainda pistas preciosas sobre que praia frequentar em função da orientação do vento. Seguimos os seus conselhos à risca e, tal como um bom mestre e sábio na forma de ensinar, não se enganou. Optamos pela praia do Castelejo logo à saída de Vila do Bispo. Uma paisagem de cortar a respiração com escola de surf e apoio de praia…sem vento. Depois de muitas fotografias e outros tantos mergulhos voltamos ao nosso alojamento para nos especializarmos em grelhadores no barbecue do alojamento.  Acendalhas, madeira, carvão e um toque de modernidade que foi um  
maçarico a gás cujas instruções nos foram explicadas pelo Sr. Ernesto. As coisas não correram nada mal e os nossos grelhados degustados ao ar livre fizeram as delícias de todos pois são pequenos luxos que não se podem ter num apartamento de cidade. A praia que se seguiu foi a da Ingrina. Trata-se de uma pequena baía de águas rasas e translucidas de uma beleza fascinante. No sentido de captar ângulos para imagens que ficam para a vida, percorri as falésias em redor. Encontrei rochedos e baias para além de vegetação e aromas que arriscaria dizer serem dos mais belos da 
Europa. O nosso 3º dia estava destinado a conhecer a famosa praia do Amado. Tratava-se de um desejo antigo pois já tínhamos ouvido falar dela em reportagens em revistas da especialidade onde se dão a conhecer praias de rara beleza e roteiros alternativos ao turismo de massas. Diferente das outras que havíamos visitado, esta é uma praia de grande extensão onde o surf é rei e onde os acessos e os apoios marcam presença como elementos de vida e de conforto desta janela para o mar. O tempo estava excelente com um sol radiante e uma areia quase escaldante. 
Após um passeio de ponta a ponta pela linha de água, no regresso vimos surgir do nada um intenso nevoeiro que nos impedia de ver o local de onde havíamos partido. Foi tão súbito que achamos fascinante a força e a intensidade com que toda a praia se cobriu de um manto branco. O último dia levou-nos a tentar descobrir uma praia que já havíamos conhecido no passado mas cuja experiência foi tão intensa que prometemos repetir. Estávamos com alguma dificuldade em perceber como voltar a encontrar a praia da Carrapateira porque quando no primeiro dia percorremos o caminho a partir de Aljezur, encontramos a localidade da Bordeira com a indicação da 
respetiva praia e alguns quilómetros à frente a localidade da Carrapateira mas sem nenhuma referência a nenhuma praia. Em conversa com a >Neuza ela elucidou-nos sobre esta dificuldade esclarecendo que a praia da Bordeira é afinal a praia da Carrapateira. Rumo a este pequeno paraíso, tivemos a sorte de o descobrir à primeira tentativa. Ficamos estupefatos quando avistamos a praia cá em cima na falésia. É uma extensão de areia a perder de vista, recortada por falésias altas e com águas pouco profundas. À chegada visitamos o apoio de paria pata degustar um café no meio daquele paraíso e partilhamos alguns minutos com o simpático André.
Ele ajudou-nos a perceber a confusão dos nomes da praia referindo que aquela onde estávamos era mesmo a praia da Carrapateira e a seguir à primeira rocha a praia tomava o nome de praia da Bordeira. À esquerda da barraca corria um rio que não nos recordávamos de ter visto na nossa primeira visita. Após percorrer o extenso areal ate chegar à primeira formação rochosa literalmente da cor do vinho, percebi que afinal não estávamos enganados. Percebi que na primeira vez que havíamos estado naquele local, o acesso à praia foi feito por caminhos alter nativos onde 
apenas as Pickups conseguem passar e a descida até ao extenso areal foi rigorosamente naquela formação rochosa. Recorde-me da gruta em forma de túnel que pode ser atravessada e permite ver o areal e o mar do outro lado até ao horizonte quase infinito. É quase viciante apontar a máquina fotográfica pois casa centímetro daquele paraíso é merecedor de registo para toda a eternidade. Por indicação do simpático André almoçamos um delicioso arroz de peixe no restaurante Sitio do Rio logo ali próximo da praia e do rio. Provamos ainda um pudim de ovos com vinho do Porto que veio a mostrar-se uma experiência gastronómica daquelas que se 
levam no cantinho das nossas recordações. Quando regressamos do almoço assistimos ao mesmo fenómeno que vimos acontecer na praia do Amado. Um manto enorme de nevoeiro cobriu toda a praia impedindo de ver para além de alguns metros à frente do nariz. A temperatura no entanto manteve-se alta e o ambiente abafado convidando a fazer a digestão no areal. Com este dia encerramos os nossos dias neste parque natural de onde levamos experiências marcantes e paisagens deslumbrantes.