Saturday, December 19, 2015

Hamburg e Lubeck (Natal no norte da Alemanha)

H amburgo é a segunda maior cidade da Alemanha. A 3 horas de viagem de Lisboa e com preços de ligação aérea mais económicos que uma viagem de alfa de Lisboa ao Porto, (www.ryanair.com) está acessível a todos os que partilham esta vontade inexplicável de viajar sempre.  É considerada a pérola do norte da Alemanha, quer pela sua história quer pelas suas imensas atrações que vão desde magnífico edifício da câmara, às suas belas igrejas ou ao seu porto, o maior do país. Motivos 
não faltam para visitar a cidade. É uma das cidades da Alemanha menos divulgadas e menos comentadas no sentido de quem pretende visitar este país opta primeiro por Berlim, Munique ou Frankfurt. Mas este motivo só pode ser por desconhecimento das pessoas, pois a cidade não fica atrás de Estocolmo, Bruges ou Amsterdão. Por esta altura a cidade fervilha num frenesim contagiante que une os habitantes e os visitantes em torno dos mercados de Natal espalhados pela cidade (15 no total), onde para além do espírito da época, partilham-se momento à volta de um bom copo de vinho (gluhwein), tinto ou branco, mas quente. A temperatura a rondar os 3 a 5 graus convida a aquecer o corpo com um destas especialidades locais. Para além do vinho existem inúmeras outras bebidas, a maioria alcoólicas que se bebem quentes e que são produzidas a partir de bagas vermelhas e outros frutos. Nos mercados encontram-se ainda produtos de artesanato alusivos ao Natal 
assim como especialidades culinárias (salsichas, panquecas de batata, presento fumado, etc) que emanam aromas que se levam gravados na alma para sempre. A presença e o espírito de Natal é aqui vivido com intensidade por todos quantos visitam a cidade mas também pelos locais que saem à rua para apreciar esta época que trás a paz, alegria e confraternização para os povos que acreditam que o mundo pode ser um lugar melhor. Desde a abertura que estes mercados se enchem de gente e poucas horas após a abertura já é quase impossível circular entre as casinhas de madeira construídas para o efeito. Com o entardecer as luzes brilham com uma intensidade que faz destes locais ilhas de luz e de pessoas com alegria transbordante. A cidade é servida por uma excelente rede de transportes públicos que ligam o 
metro ao comboio e aos autocarros e que nos levam a todos os locais de interesse. Logo desde o aeroporto pode-se adquirir o Hamburg Card, (http://www.hamburg-tourism.de/) na loja das informações e utilizar as modalidades de um até 5 dias. O cartão mais económico é o de grupo que poder ser utilizado por grupos de até 5 pessoas e tem um custo de 16.50 euros para 1 dia. Para os que acham que o preço é exagerado, basta saber que um bilhete isolado para uma viagem de metro ou autocarro custa 3 euros por trajeto. Para utilizá-lo não é necessário qualquer tipo de obliteração basta inscrever a data a partir da qual se quer utilizar e a partir dai fica válido até às 06 h da manhã do dia seguinte. Os alojamentos em Hamburgo são caros, 
refiro-me nomeadamente aos hotéis. Como boas alternativas existem agora as opções que passam pela escolha de reservar um apartamento de um residente local. Existem diversos sites especializados neste tipo de aluguer. Aquele que tenho utilizado mais pela diversidade de opções de que dispõe e pelo atrativo design gráfico do site, é o www.airbnb.com. Trata-se de uma opção segura e confiável que oferece opções para todas as bolsas e com a segurança garantida dos gestores do site. É possível questionar diretamente o responsável pelo alojamento, enviando-lhe mensagens, sempre via plataforma do site para que tudo fique registado. Questões práticas como perceber a melhor fora de chegar à morada ou qual a melhor opção de transporte a partir do aeroporto, são perguntas que facilitam muito no momento da chegada. É uma 
opção muito atrativa para quem gosta de poupar, dispensando as mordomias dos hotéis. Esses serviços podem ser e numa linha de pensamento positivo e economicista, substituídos pela possibilidade de se poderem fazer algumas refeições, conhecer zonas da cidade onde moram os habitantes locais e normalmente ser logo orientado pelos donos dos apartamentos sobre os melhores locais a visitar e o que está a acontecer de interessante em cada um dos locais. Em Hamburgo ficamos no apartamento da Márcia, uma jamaicana com ascendência alemã que transbordava em simpatia e recebeu-nos de uma forma muito calorosa. O apartamento ficava em Lianenweg a pouca distância do autocarro M5 cuja paragem é em 
Veilchenweg. Esta distância percorreu-se por uma zona urbanística de grande qualidade com casa bem cuidadas, espaços verdes rigorosamente cuidados onde os pertences de exterior dos condóminos, ficam mesmo no exterior da habitação sem qualquer preocupação com o seu desaparecimento. É frequente verem-se brinquedos de crianças ou mobiliário de exterior nos espaços verdes abertos para a rua, em total harmonia como aquela que se vive dentro das casas onde as cortinas servem apenas para adornar as janelas pois o interior é para mostrar ao exterior e o exterior deve-se ver para o interior. Cerca de 15-20 minuots depois estávamos no centro da cidade onde o percurso pela cidade pode ser ao gosto de cada um. Nós iniciamos pela Junferstieg, uma das principais praças da cidade onde o rio Elba entra cidade adentro e nos permite apreciar a sua majestosa dimensão e nos obriga a percorrer os seus muitos canais que nos conduzem até à praça onde se encontra o edifício da câmara municipal, a Rathaus. Mas antes de fazer este percurso a nossa atenção foi desviada para o mercado de Natal desta praça, o único na cidade com tendas de lona branca. 
Estava a abrir no momento em que chegamos e tinha tanto para oferecer que era difícil dar atenção a todos os pormenores. Estes mercados são muito típicos e muito comuns em muitas cidades da Alemanha por esta altura do ano. Pouco tempo após a abertura já se encontrava cheio de pessoas que apreciavam as iguarias que se vendem nestes locais e são muitas. Para além das que referi acima, encontram-se ainda todo o tipo de frutos secos, queijos, enchidos, salsichas, uns bolinhos fritos típicos de Hamburgo e polvilhados com açúcar em pó, os schmalzkuchen, deliciosos, entre outras. Estava algum frio que suportamos com roupas e adereços apropriados, parecendo até que os naturais da cidade sentiam mais frio que nós vindos do sul da Europa. Para fazer 
frente a estas baixas temperaturas, os alemães consomem muito nos mercados um vinho, branco ou tinto mas que se bebe quente, o gluhwein (falta o trema no u que o teclado português não permite colocar) e que é preparado com canela, açúcar e laranja. Toda a gente bebe este vinho por todos os mercados da cidade. Acabei por não o provar pois fomos optando pelo chocolate quente. Percorri o mercado desta praça dirigimo-nos para a praça da Rathaus onde se encontrava o principal mercado de Natal da cidade. O edifício da câmara, é uma obra de arquitectura ímpar pela mistura dos seus estilos que passam pelo gótico, barroco e renascentista e que se mantém germanicamente conservado após o trágico incêndio que se abateu sobre esta zona da cidade. Pela sua majestosa presença, torna-se numa das mais marcantes paisagens de Hamburgo e ninguém imagina que teve a sua reconstrução suspensa por diversas vezes devido a revoluções, disputas e epidemias. É tão interessante por fora como por dentro onde é possível ver as exposições de forma gratuita. Muito próximo desta praça encontra-se a igreja de S. Petri, a mais antiga da cidade com a sua majestosa torre com 132 metros de altura. Depois de metro ou a pé (nós optamos pelo metro) é obrigatório chegar até à zona do porto da cidade onde a vida fervilha com as 
gentes que apreciam a dança dos barcos que transportam outras tantas gentes pelo rio que mostra a cidade das suas águas calmas. É uma zona da cidade muito agradável onde é possível passear, fazer um cruzeiro e apreciar o edifício ainda em construção onde sobre os tijolos vermelhos que caracterizam toda aquela zona, se ergue um edifício em vidro, designado de Elbphilharmonie, cujo nome dissecado pela união das palavras significa algo como a filarmonia do rio Elba que banha a cidade. A obra pretende ser um importante ponto de atração turísticas, com centro de conferências, comércio e restauração e é um forte candidato à concorrência com o edifício do museu Guggenheim de Bilbao, aqui no continente europeu. O novo elemento da cidade ergue-
se por 110 metros de altura. Como optamos por fazer o percurso de metro saímos em Reeperbahn e percorrermos toda a zona considerada a top da noite picante da cidade com casinos, sex shops e sex shows. Como era de dia estava tudo ainda calmo. No início desta rua encontram-se umas estátuas a definir a linha externa dos corpos dos Beatles com os seus instrumentos musicais em homenagem à sua digressão pela cidade que foi um local importante para esta banda musical dos anos 60. Apesar de terem nascido em Liverpool foi em Hamburgo que crescem no início da sua carreira musical. No seguimento do porto da cidade encontra-se o maior complexo de armazéns do mundo, rodeados por canais de águas e unidos por 
pontes. Ficam na zona de Speicherstadt e a sua criação foi devida a uma complexa estratégia administrativa relacionada com a livre circulação de produtos, impostos e com a alfândega. Trata-se de enormes edifícios de arquitetura neogótica com fachadas em tijolos vermelhos e unidos por mais pontes que aquelas que Veneza tem. Passear por esta zona da cidade tem um encanto especial pois após percorrer toda a zona do porto da cidade, renovado recentemente e ao que parece e nada comum entre as rigorosas contas estatais dos alemães, teve uma derrapagem orçamental e de cumprimento de prazos. No nosso primeiro dia de 
visita à cidade fomos abençoados com um magnífico por do sol que, ao que parece, não é nada comum por esta altura do ano, pois as nuvens e os seus tons cinzentos são a presença mais habitual nesta época. O percurso de acesso ao porto, também se pode fazer a partir da estação de metro em Landungsbrucken, que fica a seguir à de Reeperbahn e permite ter uma boa perspetiva da dimensão do porto, o 3º maior da Europa e o 15º maior do mundo, onde barcos e navios de vários portes fazem os seus percursos. É muito típico fazer-se um passeio de cruzeiro para apreciar a cidade sobre outra perspetiva. Ainda fomos saber os preços que ultrapassavam largamente o valor de uma boa refeição pelo que optamos por economizar para podermos voltar ao restaurante 
Nordsee que havíamos encontrado junto a um dos ancoradouros que dão acesso à entrada para os navios. O complexo de armazéns fica na continuidade do porto permitindo apreciar a dimensão dos edifícios, por prismas e ângulos diversificados pois pode optar-se por caminhar sobre as inúmeras passadeiras de madeira que acompanham os canais de água. O anoitecer por aqui é igualmente belo pois as gigantescas paredes de tijolos vermelho rasgados por centenas de janelas de vidro, agora iluminam-se e projetam nas águas calmas as suas sombras de luz fazendo deste cenário algo de grande beleza que vale a pena apreciar. Dos armazéns voltamos a pé até ao centro da cidade apreciando a sofisticação 
dos edifícios e a nostalgia que os diversos mercados de Natal nos transmitiram com a sua ornamentação em madeira, pinheiros e luzes cintilantes. A fusão dos aromas que se podem experimentar são por si só um grande desafio para os sentidos. No primeiro dia fizemos um reconhecimento às principais atrações da cidade e no dia seguinte decidimos percorrer alguns dos percursos com mais tranquilidade para apreciar aspetos de pormenor. Já com algum domínio das linhas do metro (U-bahn) foi mais fácil percorrer maiores distancias ganhado algum tempo. Um dos objetivos no segundo dia era visitar a Wunderland. Trata-se do universo do mundo em miniatura e constitui outra das principais atrações da cidade. Tudo 
começou no ano 2000 pela construção de linhas férreas e composições de comboios em miniatura (ferromodelismo) por parte de 2 empreendedores da cidade. O sucesso foi tão grande que a construção de outros cenários tornou-se uma imposição. Hoje a museu tem amostras em miniatura de praticamente todo o mundo e as construções continuam, perspetivando-se a construção de novos cenários até 2020. Para além das diferentes épocas da história da Alemanha, pode observar-se a complexa vida de um aeroporto com direito a observar descolagens a aterragens de aviões, estância de sky nos alpes, ou o grand canyon. É delicioso e vale muito a pena visitar com tempo e com interesse. Este museu fica 
dentro do complexo de armazéns pelo que é necessário ir até ao porto e sair numa das paragens de metro que servem a aquela zona, a mais próxima é a Baumwall mas que fica numa linha do S-bahn (comboio) podendo-se optar por sair na estação de Landungsbruchen servida pelo metro U-bahn seguindo pelas linhas S1 ou S3. Segue-se um percurso a pé, que permite apreciar a zona dos restaurantes portugueses. Não existem placas indicativas para o museu o que torna  a sua procura mais excitante para quem aprecia a descoberta. Nesta descoberta pelas diferentes ruas como quem joga ao jogo do quente e do frio, encontramos escondido num dos grandes edifícios dos armazéns, uma fábrica de café que para além 
de moer e empacotar os precisos grãos também tem uma loja de vendas e mesas e cadeiras para se apreciar um café quente em conjunto com uma deliciosa opção doce, que no nosso caso teve que ser o nosso adorado bolo de queijo que nos soube a gratidão e a saudade.
Como anoitece pelas 16h, quando saímos do museu das miniaturas já as luzes da cidade cintilavam entrando pela água dos canais e com esta dançavam a sua valsa embalada pela suave ondulação. O frio ao entardecer intensifica-se obrigando a aconchegar as golas e os barretes e a 
procurar refugio em locais confortáveis. Foi com este espírito que optamos por fazer alguns dos 

jantares na nossa casa de Hamburgo, que tinha todas as condições para uns serões confortáveis. Como conseguimos visitar a maioria das nossas propostas em 2 dias optamos por alugar um carro no aeroporto e aproveitar o 3º dia para visitar Lubeck, proposta que já pairava na minha cabeça há algum tempo. E assim foi, partimos cedo, ainda de noite rumo ao aeroporto. No trajeto para o nosso autocarro fomos prendados com a despedida dos esquilos que proliferam pela zona residencial vivendo a sua vida com a mesma tranquilidade com os moradores vivem e cuidam dos seus espaços. O percurso até ao aeroporto durou 
cerca de 1 hora entre o autocarro e o metro. Lá formalizamos o levantamento do carro e rumamos a Lubeck que dista de Hamburgo cerca de 70 km. Sem GPS assegurei-me de que não iria fazer muitas voltas desnecessárias, perdendo-me no caminho e pedi alguma orientação ao simpático funcionário da empresa de rent-a-car. Não foi difícil, seguimos as indicações até encontrar a autoestrada gratuita que nos levaria até à magnífica cidade medieval de Lubeck. Foi fundada em 1158 por Henrique, o Leão e o seu património é hoje classificado pela Unesco. Tem um dos maiores portos da Alemanha (que não visitamos) em Trawemunde, sendo o maior do mar báltico. A paisagem à chegada é magnífica com 
uma parte da cidade antiga projetada nas águas do rio Trawe que a banha. Entrando pela cidade pelo Holtentor, uma espécie de porta de entrada, facilmente nos perdemos pelas ruelas da cidade antiga que estavam repletas de pessoas que o visitavam e percorriam o mercado de Natal mais intenso e vigoroso que já vimos. Por aqui, para além de tudo o que se encontra à venda nos mercados desta natureza, tive o privilégio de ouvir as músicas de Natal que cantei anos seguidos no coro da igreja quando vivia neste país e participava no presépio vivo do Natal. Em Hamburgo, tal como referi, encontravam-se espalhados pela cidade 15 mercados natalícios mas este de Lubeck tinha uma vida e um encanto próprio. Visitamos ainda a 
catedral e no percurso até lá pudemos observar um hospital em funcionamento num edifício medieval. Visitar Hamburgo foi uma surpresa muita agradável, é uma cidade muito bela e sofisticada e Lubeck foi uma experiência inesquecível. Ficou tanto por visitar, nomeadamente a cidade de Keil, um pouco mais a norte e uma da últimas antes da Dinamarca e mais a este a cidade de Schwerin com o seu magnífico castelo. Aqui ficam muitas razões para voltar a esta zona da Alemanha e continuar a percorrer os caminhos do conhecimento e a continuação da construção dos traços do mapa que traçam a geografia da nossa presença no mundo.