Monday, October 22, 2012

Viena: música, arte, cultura, beleza, sofisticação…

Sob a insígnia da 11ª Conferência do Conselho Europeu de Ressuscitação, desloquei-me mais uma vez a Viena para acompanhar de perto a evolução das ciências da ressuscitação cardiopulmonar. Alojei-me num excelente motel, o Motel-One (www.motel-one.com) junto à estação de comboios Westbahnof. A deslocação até lá é simples: do aeroporto apanha-se o comboio S7 na linha 1 e depois troca-se para o metro (U-bahn) em Landstrasse para a linha 3 na direcção de Ottakring, que nos leva directo até à Westbanhof. 
A escolha não podia ser melhor pois, para além da simpática tarifa com pequeno-almoço, o motel é novo, muito sofisticado, com uma decoração moderna, confortável e funcional. Junto do motel podem-se encontrar transportes para todos os locais da cidade (metro subterrâneo-U-bahn, comboio de superfície e comboios que partem para vários destinos da Europa) Podem-se encontrar informações de talhadas em www.wienerlinien.at. Comprei na net o pass para uma semana com as viagens para o aeroporto já incluídas por 19 euros o que tornou as deslocações vantajosas. Acabou por ser mais económico e prático que o pass de 3 dias que teria que ativar à chegada ficando a contar a partir dessa hora e não incluía o comboio para o aeroporto. A última vez que estive em Viena, há cerca de 2 anos, numa rápida deslocação a Bratislava (70km de distância) fiz um entorne num malfadado passeio irregular o que impediu praticamente de visitar Viena, tendo-me valido a voltinha de charrete. Como cheguei um dia antes do congresso aproveitei para percorrer a pé a Mariahilfer straße, uma avenida que descia da zona do motel até à zona do Museumquartier onde se concentram os grandes museus da cidade. Após percorrer cerca de 3 km da avenida absolutamente pejada de lojas chega-se a uma zona onde se respira arte e cultura. Aqui encontram-se algumas das mais belas atracções da cidade e que constituem o top teen a visitar. 
O palácio Hoffburg datado do séc. XIII foi a residência oficial e centro do poder dos Habsburgo, soberanos da Áustria entre 1278 e 1918, que o utilizaram como sua principal residência de Inverno. Foi neste magnífico palácio que decorreu a conferência. A ladear o palácio encontram-se outros belos edifícios históricos que constituem hoje o museu de história natural e o museu de arte antiga de Viena. 
Não muito longe deste local conseguem-se contemplar numa caminhada a pé, o edifício do parlamento que é um dos edifícios mas nobres e importante do centro da cidade. Foi construído entre 1874 e 1883 em estilo grego clássico pelo governo de Theophil von Hansen. 
Um pouco mais à frente e ainda a em pleno ato de devoração da magistratura do parlamento, somos presenteados com o edifício da câmara municipal desenhado por Friedrich Schmidt (1825-1891) e construído entre 1972 e 1883 em estilo neogótico. Se virarmos costa ao edifícios e não será por despeito mas sim para apreciar outra bela obra de arte, temos o edifício do teatro.  Para agradecer por tanta magnitude artística pode-se bem apanhar o metro para a estação Stephansplaz que nos despeja literalmente para uma das maiores e mais frequentadas ruas pedestres da cidade. 
É simplesmente a catedral do comércio de Viena a Kärntner Straße e a zona da Graben. Nesta autêntica loucura comercial onde proliferam todas as lojas das marcas internacionais, também é possível encontrar vestígios de um passado tão imponente que não é possível ficar indiferente. Trata-se da catedral de Viena. O seu verdadeiro nome é Catedral de Santo Estevão, data do séc. XII é uma das mais importante catedrais góticas do mundo. 
É constituída por dois edifícios distintos, uma torre enorme e um edifício mais baixo. O famoso sino da Catedral de Santo Estêvão, denominado de "Pummerin", pesa 21 toneladas e sofreu danos consideráveis nos ataques da 2ª Guerra Mundial. Hoje encontra-se reconstruido e é utilizado em ocasiões especiais, como por exemplo para assim como para anunciar o novo ano. Como a conferência terminava pelas 17h e como estávamos bem no centro da cidade foi fácil fazer pequenas visitas e assim somar ao todo as grandes obras de arte que não se devem perder, deixando para o última dia os destinos mais afastados. Assim, na 6ªfeira fui visitar o Naschmark. Para lá chegar apanha-se o U-bahn a partir de Museumsquartier pela linha 2 na direcção de Reumannplatz ou então caminha-se um pouco para a esquerda do Hofburg o que recomendo pois assim podemos apreciar a beleza arquitectónica do edifício da Ópera (Staatsoper) que é de uma grandiosidade e glória que vale a pena ver não perder. Alguns dos apaixonados pela vida e pela ópera dizem que uma noite na ópera de Viena é uma coisa para fazer antes de morrer. Não podemos esquecer que Viena divide com Milão a capital mundial da ópera.  
A Ópera de Viena foi inaugurada no ano de 1869 com a apresentação da ópera de Mozart “Don Juan”. Desde então é considerada como uma das melhores e mais famosas do mundo. Voltando ao mercado, se decidirmos ir pela estação de Karlsplatz então toma-se a linha 4 no sentido de Hutteldorf e sai-se em Kettenbruckengasse. Este mercado existe desde o séc.XVIII e é o maior mercado no centro de Viena. Aqui a volta ao mundo não dura 80 dias mas sim apenas alguns minutos, isto no que diz respeito à culinária. Tem cerca de 120 bancas onde se pode comprar de tudo, desde, peixe, queijos, vinhos e vinagres, frutas e legumes, especiarias e chás. A oferta é imensa e as nacionalidades dos produtos vão desde países como a antiga Iugoslávia, Grécia, Turquia, Japão e China. O último dia em Viena amanheceu cinzento e sombrio o que fazia antever fotografias menos clara e coloridas. Mas enganei-me pois a beleza faz fotos está no que se coloca à frente da objetiva, faça sol ou chuva. 
Comecei por visitar o Praterpark que fica situado no 2º distrito da cidade em Leopoldstadt. Fui logo pela manhã e aproveitei o metro de superfície nº5 que partia mesmo da frente do motel. È o mais antigo parque de diversões do mundo. Foi mencionado pela 1ª vez em documentos no ano de 1162 no regime do Imperador Friederich I. Em 1766 o Imperador Josef II ofereceu este espaço à população de Viena sob o designido de que este espaço sera acessível a todos. Assim foram construídos cinemas, cafés, restaurantes e zonas de diversão. 
Está aberto 24 horas e sete dias por semana de janeiro a dezembro e não se paga bilhete de entrada, apenas a utilização das atrações. É um espaço muito agradável que tem continuidade com um grande espaço onde se pode praticar desporto. A tração mais importante é a roda gigante construída em 1897 e é um dos símbolos importantes da cidade. Percorrendo as ruas podem-se encontrar as habituais atrações de um parque de diversões como os castelos fantasmas, as montanhas russas, carroceis e passeios de poney, os polvos e as serpentes, etc. Após este momento bem passado dirigi-me à estação de metro de Praterstern para chegar à estação de Taubstummengasse, utilizando a linha nº 1 no sentido de Reumannplatz. Esta estação fica na rua Favoritenstrasse que é preciso subir um bom par de metros seguindo o sentido da esquerda a partir da estação e depois na Belvederegasse (gasse significa pequena rua ou travessa), uma travessa à esquerda encontramos a Prinz-Eugene strasse onde se vira á direita para se contemplar um dos mais belos palácios de Viena, o Palácio de Belvedere. 
Trata-se de um belo exemplar da arquitetura barroca mandado construir em 1714 pelo Príncipe Eugénio de Sabóia. O complexo é dividido em duas parte o Belveder inferior e superior. O arquiteto responsável foi Johann Lukas von Hildebrandt. Mais tarde o palácio foi vendido a Maria Teresa da Áustria pelos herdeiros do príncipe. Esta chamou-lhe belveder que em italiano significa bela vista. No seu interior encontra-se a galeria real. É também, desde a 2ª Guerra Mundial a galeria Belvedere da Áustria. Na frente do palácio encontra-se um enorme lago que projeta a sua imagem na água permitindo grande jogos fotográficos. 
As traseiras do palácio têm belos jardins com tanques de água povoados por ninfas e deusas com a parte central a enquadrar uma magnífica escadaria em forma de cascata. Falar de Belvedere é também falar do mundialmente famosa pintura intitulada “beijo-der Kuss” do pinto austríaco Gustav Klimt. Foi executada em óleo sobre tela, mede 180x180 cm, (1907-1908) e  é uma das obras mais conhecidas de Klimt, graças a um elevado número de reproduções. A interpretação da pintura é difícil! 
Pertence ao período designado de fase dourada do pintor e parece evocar por um lado a felicidade da união erótica e por outro, questiona a identidade das duas pessoas e dos dois sexos. O rosto do homem está escondido dando assim ênfase à mulher que se encontra de olhos fechados como que estando em extâse. No entanto também há quem afirme que pelo facto de a mulher estar pálida e ter a cabeça dolorosamente inclinada, ela pode ter sido decapitada. A visita a Viena ficou concluída com a ida ao majestoso palácio de Schonbrun que foi a residência oficial de verão da família do imperador de Habsburgo. É também conhecido como o palácio Versalhes de Viena. É considero um dos palácios de estilo barroco mais bonitos da Europa. O seu nome deriva de uma frase atribuída ao Imperador Matias que terá "descoberto" um poço enquanto caçava por ali, exclamando "Welch' schöner Brunn" ("que bela nascente"). 
Em 1830, nasceu neste palácio, o Imperador Franz Joseph que, posteriormente casou com a encantadora Sissi, e reinou entre 1848 e 1916. O Imperador passou os seus últimos anos de vida neste palácio que, 2 anos após a sua morte, passou para o domínio da Republica da Áustria. O palácio juntamente com o seu parque de 160ha fazem parte desde 1996 do património mundial da humanidade pela UNESCO devido à sua importância histórica, aos seus arredores e jardins e ainda devido ao seu esplendoroso mobiliário de época. Uma outra atração deste império palaciano é o mais antigo jardim zoológico do mundo que se encontra nas traseiras do palácio, ao fundo do lado direito. 
Subindo uma encosta relvada que se segue aos jardins encontra-se um outro belo monumento com 11 arcos que observa do alto da colina o palácio e grande parte da cidade de Viena. Com o relógio a correr contra o tempo era hora da deslocação até ao aeroporto de Schwechat

Despedida do verão…em Almograve.


Na continuação das restrições orçamentais impostas ao país e já devidamente confessadas no post anterior, os últimos dias de férias foram eles também projetados em cenário low-cost. Esta mudança radical do formato das férias juntamento com a perceção de que estes foram os últimos dias de descanso do ano de 2012, trouxe um sabor marcadamente frustrante e de adaptação a esta nova realidade. Para trás ficaram anos de intensa diversidade no que diz respeito à organização de viagens e preparação de locais a visitar. Este tempo de fervilhante atividade turística fez-nos acreditar que a vida iria ser assim, sempre! Fruto do nosso investimento pessoal e dedicação ao trabalho, à vida familiar e académica, aquele seria o desenrolar normal da vida daqueles que, orgulhosamente orientavam as suas finanças para alcançarem com orgulho e mérito o prémio de conhecer um pedacinho do mundo. 


Mas no complexo mundo em que vivemos e que durante cerca de 3 décadas fez acreditar aos portugueses que a fórmula da gestão económica das famílias estaria a salvo dos “desvios” e esbanjamentos perpetuados pelos dirigentes políticos, caiu por terra quando o país se viu a braços com défices financeiros astronómicos que levaram consigo as economias dos melhores gestores ainda que amadores que são os trabalhadores das famílias portuguesas. E levaram-nos o dinheiro e os sonhos, a esperança e o presente que todos projetávamos no futuro. E com este sabor a derrota da qual não nos sentimos culpados lá fomos a caminhos dos nossos últimos dias de férias. O destino selecionado tem uma profunda relação connosco pois a aldeia que hoje merece finalmente uma homenagem neste post é aquela onde cresci depois de interromper a minha infância aos 10 anos, até então passados na Alemanha que hoje e sempre recordo com muita saudade. 
Quando cheguei a Almograve em 1976 havia trocado a minha aldeia na floresta negra no sul da Alemanha, Maisenbach, longe do mar, por esta aldeia de pescadores e comerciantes que se erguia a poucos passos das dunas e de uma das belas praias da costa alentejana. 
Aqui frequentei o ensino primário que era complementado com uma intensa atividade laboral no estabelecimento comercial dos meus pais. Sim aos 10 anos de idade eu trabalhava afincadamente, talvez não por obrigação direta dos meus pais mas por uma necessidade que em mim crescia (talvez tenha nascido comigo) de mostrar a necessidade de colaboração e apoio. Lembro-me de chegar a sentir uma enorme satisfação interior quando se aproximavam as longas férias de verão que me deixavam tempo livre para me dedicar à minha nova ocupação que era trabalhar no restaurante. Lembro-me de, pelo caminho vindo da escola no último dia de aulas, pronunciar em alemão drei monate café servieren - três meses a servir cafés - e isto dito com muita satisfação e alegria. Eu passava literalmente as férias grandes de verão a trabalhar no restaurante onde fazia de tudo, desde lavar copos, descascar batatas ou servir às mesas e não me perguntem porquê mas adorava fazer aquilo. À medida que a idade foi avançando a entrada na adolescência trouxe alguns dissabores uma vez que agora já sentia obrigação de apoiar o trabalho como se fosse um funcionário o que não me deixava tempo livre para fazer aquilo que os da minha idade tinham direito durante o verão: ir à praia, namorar, andar de bicicleta etc. 
Mas todo o esforço tem uma recompensa e, à época (década de 80) os louros que colhia pela intensa dedicação valiam por todo o investimento. Cresci depressa, tornei-me responsável e dedicado ao trabalho como se aquela fosse a minha especialização e confesso hoje aqui que me saía muito bem em todo o trabalho que desenvolvi, desde trabalhar no balcão ou mesas até à elaboração de ementas ou gestão da caixa registadora e atingia a perfeição nas relações com os clientes. Aos 17 anos e em troca da minha dedicação, voava para os Açores e Madeira como nenhum outro jovem da minha idade o havia alguma vez feito por aquelas paragens. As férias em Lisboa com dinheiro no bolso para gastar eram esperadas com muita ansiedade tirando até noites de sono e sonhos de um futuro que passaria por sair daquela pequena aldeia paraíso mas que para mim representava na época apenas trabalho e prisão. Não me recordo nunca ter tido vontade de seguir aquele tipo de vida. Estava cansado e precisava sair daquele mundo e estudar, conhecer e ver o mundo e viver novas experiências que passariam sempre por uma intensa dedicação aos estudos que sempre me acompanhou. 
Julgava que daria um bom médico mas nunca tive possibilidade de atingir médias que me permitissem sonhar com essa profissão. Não me recordo de naquela época apreciar aquele mar e aquela paisagem única, hoje paisagem protegida e um bem a preservar com os mesmos olhos de hoje. Até porque tal não poderia ser. Aos 17/18anos quer-se conhecer o mundo, abrir asas e voar e foi o que fiz após concluir o 10º ano na Escola Secundária de Odemira. Daquelas vivências ficou o cheiro do mar, a cor das dunas que ainda hoje aprecio com grande satisfação, ficaram as relações sociais com os amigos do grupo, as noitadas sem dormir, os copos dos bailes e das passagens de ano que duravam até de madrugada entre as areias da praia e os recantos das rochas até aos banhos noturnos, a boa disposição e intensa alegria que constituía a minha forma de estar. É deste património pessoal e natural que faço hoje este post.

As paisagens daquele lugar são únicas e a relação do complexo dunar com o mar e com a aldeia é algo que não se descreve. A aldeia cresceu e evoluiu e deixou de ser a aldeia da minha juventude. Valeram os anos do boom económico e da construção explosiva, conseguindo-se no entanto não massificar excessivamente mas apenas modificar a mancha de casario que agora predomina em habitações modernas de um piso substituindo as antigas casas da aldeia apenas térreas. A praia de Almograve é única com um extenso areal dividido por um complexo rochoso separado por uma passagem e por isso denominado de rocha furada. 
Pelo litoral em direção a sul encontram-se pequenas enseadas a maioria cobertas de rochas xistosas (ardósia e outros xistos) de cor negra, com diversas orientações estratigráficas. No final da estrada de terra batida encontra-se um pequeno porto de pesca conhecido desde sempre como Lapa das Pombas. Por aqui pescam-se e apanham-se os melhores peixes e mariscos que alguma vez tive o privilégio de provar e que hoje as grandes revistas da especialidade atrevem a classificar com dos melhores peixes e mariscos do mundo. 

Percorrer este trajeto nesta marginal rústica permite contemplar paisagens e atrair pensamentos como em nenhum outro local. A beleza é esmagadora com o azul do oceano a contrastar com o negro das falésias e com as mais belas dunas douradas que conheço. É uma experiência que vale a pena viver e sentir devagar. O trajeto a rondar cerca de 3 km leva-nos à observação da flora e da geologia local, qual laboratório natural ali presente a pedir para ser analisado. Para norte da praia estende-se outras enseadas e outras praias sendo as mais conhecidas a praia da foz que serve de estuário a um pequeno ribeiro e que pelas suas características (mais afastada da aldeia e areal menos extenso) é preferida pelos que procuram tranquilidade e beleza. Segue-se outra pequena praia a que os locais chamam de carreiro longo, não porque seja extensa. 

A designação de carreiro é atribuída aos complexos rochosos que se perfilam em alinhamentos perpendiculares ao mar e na altura de maré baixa permitem a exploração dos seus buracos e pequenas grutas que muitas vezes oferecem aos pescadores e mariscadores mais pacientes, navalheiras, polvos e caramujos que são autênticas iguarias. Continuando o caminho pelas dunas, aproveitando os trilhos agora traçados pelo gabinete do Parque Natural do Sudoeste Alentejano, chega-se finalmente à praia do Brejo Largo. Ouço falar nesta praia desde miúdo pois nos meus primeiros anos de vida tive o privilégio de morar com os meus avós, Mariana e Joaquim a quem presto aqui uma grande e saudosa homenagem, num monte muito perto deste local. 
Lembro-me do monte, do seu aspeto físico exterior e das divisões interiores. Lembro-me do enorme terreno à volta, das vacas, das galinhas, perús e pintainhos, dos coelhos e dos cães, do burro, do quintal e do poço. A memória dos meus 4/5 anos ainda hoje me trás recordações dos aroma do pão quente a sair do forno, das torradas feitas no carvão ou da fatia de pão barrada com banha corada e carne conservada na panela. Recordo com muita clareza a preocupação da minha avó quando via aproximar o jipe da guarda, ao longe, ansiando más notícias dos meus pais que estavam na altura demasiado longe daquele mundo puro e natural. As dificuldades da vida de então forçaram a sua emigração para a Alemanha deixando para trás, nos primeiros anos os 2 filhos pequenos. Recordo-me do quando me escondia da minha mãe quando ela nos visitava. Sendo criança e passando muito tempo afastado dela estranhava a sua presença escondendo-me por detrás das pernas da minha avó. 
A praia do Brejo Largo é considerada uma das pérolas desta região litoral. Atinge em dimensão mais de 2 vezes a praia do Almograve e é precedida, quando se caminha no sentido sul, por um complexo de maravilhosas enseadas recortadas por rochas que formam uma sequência de tão belas paisagens a que ninguém consegue resistir, pela beleza e pelo fator surpresa que causa quando se quer observar o que está por detrás de mais uma parede rochosa. É com estas recordações e com esta descrição que poderia continuar que termino este que é um dos posts que mais me fez recuar e recordar o meu passado que me parece ainda tão presente.