Saturday, December 19, 2015

Hamburg e Lubeck (Natal no norte da Alemanha)

H amburgo é a segunda maior cidade da Alemanha. A 3 horas de viagem de Lisboa e com preços de ligação aérea mais económicos que uma viagem de alfa de Lisboa ao Porto, (www.ryanair.com) está acessível a todos os que partilham esta vontade inexplicável de viajar sempre.  É considerada a pérola do norte da Alemanha, quer pela sua história quer pelas suas imensas atrações que vão desde magnífico edifício da câmara, às suas belas igrejas ou ao seu porto, o maior do país. Motivos 
não faltam para visitar a cidade. É uma das cidades da Alemanha menos divulgadas e menos comentadas no sentido de quem pretende visitar este país opta primeiro por Berlim, Munique ou Frankfurt. Mas este motivo só pode ser por desconhecimento das pessoas, pois a cidade não fica atrás de Estocolmo, Bruges ou Amsterdão. Por esta altura a cidade fervilha num frenesim contagiante que une os habitantes e os visitantes em torno dos mercados de Natal espalhados pela cidade (15 no total), onde para além do espírito da época, partilham-se momento à volta de um bom copo de vinho (gluhwein), tinto ou branco, mas quente. A temperatura a rondar os 3 a 5 graus convida a aquecer o corpo com um destas especialidades locais. Para além do vinho existem inúmeras outras bebidas, a maioria alcoólicas que se bebem quentes e que são produzidas a partir de bagas vermelhas e outros frutos. Nos mercados encontram-se ainda produtos de artesanato alusivos ao Natal 
assim como especialidades culinárias (salsichas, panquecas de batata, presento fumado, etc) que emanam aromas que se levam gravados na alma para sempre. A presença e o espírito de Natal é aqui vivido com intensidade por todos quantos visitam a cidade mas também pelos locais que saem à rua para apreciar esta época que trás a paz, alegria e confraternização para os povos que acreditam que o mundo pode ser um lugar melhor. Desde a abertura que estes mercados se enchem de gente e poucas horas após a abertura já é quase impossível circular entre as casinhas de madeira construídas para o efeito. Com o entardecer as luzes brilham com uma intensidade que faz destes locais ilhas de luz e de pessoas com alegria transbordante. A cidade é servida por uma excelente rede de transportes públicos que ligam o 
metro ao comboio e aos autocarros e que nos levam a todos os locais de interesse. Logo desde o aeroporto pode-se adquirir o Hamburg Card, (http://www.hamburg-tourism.de/) na loja das informações e utilizar as modalidades de um até 5 dias. O cartão mais económico é o de grupo que poder ser utilizado por grupos de até 5 pessoas e tem um custo de 16.50 euros para 1 dia. Para os que acham que o preço é exagerado, basta saber que um bilhete isolado para uma viagem de metro ou autocarro custa 3 euros por trajeto. Para utilizá-lo não é necessário qualquer tipo de obliteração basta inscrever a data a partir da qual se quer utilizar e a partir dai fica válido até às 06 h da manhã do dia seguinte. Os alojamentos em Hamburgo são caros, 
refiro-me nomeadamente aos hotéis. Como boas alternativas existem agora as opções que passam pela escolha de reservar um apartamento de um residente local. Existem diversos sites especializados neste tipo de aluguer. Aquele que tenho utilizado mais pela diversidade de opções de que dispõe e pelo atrativo design gráfico do site, é o www.airbnb.com. Trata-se de uma opção segura e confiável que oferece opções para todas as bolsas e com a segurança garantida dos gestores do site. É possível questionar diretamente o responsável pelo alojamento, enviando-lhe mensagens, sempre via plataforma do site para que tudo fique registado. Questões práticas como perceber a melhor fora de chegar à morada ou qual a melhor opção de transporte a partir do aeroporto, são perguntas que facilitam muito no momento da chegada. É uma 
opção muito atrativa para quem gosta de poupar, dispensando as mordomias dos hotéis. Esses serviços podem ser e numa linha de pensamento positivo e economicista, substituídos pela possibilidade de se poderem fazer algumas refeições, conhecer zonas da cidade onde moram os habitantes locais e normalmente ser logo orientado pelos donos dos apartamentos sobre os melhores locais a visitar e o que está a acontecer de interessante em cada um dos locais. Em Hamburgo ficamos no apartamento da Márcia, uma jamaicana com ascendência alemã que transbordava em simpatia e recebeu-nos de uma forma muito calorosa. O apartamento ficava em Lianenweg a pouca distância do autocarro M5 cuja paragem é em 
Veilchenweg. Esta distância percorreu-se por uma zona urbanística de grande qualidade com casa bem cuidadas, espaços verdes rigorosamente cuidados onde os pertences de exterior dos condóminos, ficam mesmo no exterior da habitação sem qualquer preocupação com o seu desaparecimento. É frequente verem-se brinquedos de crianças ou mobiliário de exterior nos espaços verdes abertos para a rua, em total harmonia como aquela que se vive dentro das casas onde as cortinas servem apenas para adornar as janelas pois o interior é para mostrar ao exterior e o exterior deve-se ver para o interior. Cerca de 15-20 minuots depois estávamos no centro da cidade onde o percurso pela cidade pode ser ao gosto de cada um. Nós iniciamos pela Junferstieg, uma das principais praças da cidade onde o rio Elba entra cidade adentro e nos permite apreciar a sua majestosa dimensão e nos obriga a percorrer os seus muitos canais que nos conduzem até à praça onde se encontra o edifício da câmara municipal, a Rathaus. Mas antes de fazer este percurso a nossa atenção foi desviada para o mercado de Natal desta praça, o único na cidade com tendas de lona branca. 
Estava a abrir no momento em que chegamos e tinha tanto para oferecer que era difícil dar atenção a todos os pormenores. Estes mercados são muito típicos e muito comuns em muitas cidades da Alemanha por esta altura do ano. Pouco tempo após a abertura já se encontrava cheio de pessoas que apreciavam as iguarias que se vendem nestes locais e são muitas. Para além das que referi acima, encontram-se ainda todo o tipo de frutos secos, queijos, enchidos, salsichas, uns bolinhos fritos típicos de Hamburgo e polvilhados com açúcar em pó, os schmalzkuchen, deliciosos, entre outras. Estava algum frio que suportamos com roupas e adereços apropriados, parecendo até que os naturais da cidade sentiam mais frio que nós vindos do sul da Europa. Para fazer 
frente a estas baixas temperaturas, os alemães consomem muito nos mercados um vinho, branco ou tinto mas que se bebe quente, o gluhwein (falta o trema no u que o teclado português não permite colocar) e que é preparado com canela, açúcar e laranja. Toda a gente bebe este vinho por todos os mercados da cidade. Acabei por não o provar pois fomos optando pelo chocolate quente. Percorri o mercado desta praça dirigimo-nos para a praça da Rathaus onde se encontrava o principal mercado de Natal da cidade. O edifício da câmara, é uma obra de arquitectura ímpar pela mistura dos seus estilos que passam pelo gótico, barroco e renascentista e que se mantém germanicamente conservado após o trágico incêndio que se abateu sobre esta zona da cidade. Pela sua majestosa presença, torna-se numa das mais marcantes paisagens de Hamburgo e ninguém imagina que teve a sua reconstrução suspensa por diversas vezes devido a revoluções, disputas e epidemias. É tão interessante por fora como por dentro onde é possível ver as exposições de forma gratuita. Muito próximo desta praça encontra-se a igreja de S. Petri, a mais antiga da cidade com a sua majestosa torre com 132 metros de altura. Depois de metro ou a pé (nós optamos pelo metro) é obrigatório chegar até à zona do porto da cidade onde a vida fervilha com as 
gentes que apreciam a dança dos barcos que transportam outras tantas gentes pelo rio que mostra a cidade das suas águas calmas. É uma zona da cidade muito agradável onde é possível passear, fazer um cruzeiro e apreciar o edifício ainda em construção onde sobre os tijolos vermelhos que caracterizam toda aquela zona, se ergue um edifício em vidro, designado de Elbphilharmonie, cujo nome dissecado pela união das palavras significa algo como a filarmonia do rio Elba que banha a cidade. A obra pretende ser um importante ponto de atração turísticas, com centro de conferências, comércio e restauração e é um forte candidato à concorrência com o edifício do museu Guggenheim de Bilbao, aqui no continente europeu. O novo elemento da cidade ergue-
se por 110 metros de altura. Como optamos por fazer o percurso de metro saímos em Reeperbahn e percorrermos toda a zona considerada a top da noite picante da cidade com casinos, sex shops e sex shows. Como era de dia estava tudo ainda calmo. No início desta rua encontram-se umas estátuas a definir a linha externa dos corpos dos Beatles com os seus instrumentos musicais em homenagem à sua digressão pela cidade que foi um local importante para esta banda musical dos anos 60. Apesar de terem nascido em Liverpool foi em Hamburgo que crescem no início da sua carreira musical. No seguimento do porto da cidade encontra-se o maior complexo de armazéns do mundo, rodeados por canais de águas e unidos por 
pontes. Ficam na zona de Speicherstadt e a sua criação foi devida a uma complexa estratégia administrativa relacionada com a livre circulação de produtos, impostos e com a alfândega. Trata-se de enormes edifícios de arquitetura neogótica com fachadas em tijolos vermelhos e unidos por mais pontes que aquelas que Veneza tem. Passear por esta zona da cidade tem um encanto especial pois após percorrer toda a zona do porto da cidade, renovado recentemente e ao que parece e nada comum entre as rigorosas contas estatais dos alemães, teve uma derrapagem orçamental e de cumprimento de prazos. No nosso primeiro dia de 
visita à cidade fomos abençoados com um magnífico por do sol que, ao que parece, não é nada comum por esta altura do ano, pois as nuvens e os seus tons cinzentos são a presença mais habitual nesta época. O percurso de acesso ao porto, também se pode fazer a partir da estação de metro em Landungsbrucken, que fica a seguir à de Reeperbahn e permite ter uma boa perspetiva da dimensão do porto, o 3º maior da Europa e o 15º maior do mundo, onde barcos e navios de vários portes fazem os seus percursos. É muito típico fazer-se um passeio de cruzeiro para apreciar a cidade sobre outra perspetiva. Ainda fomos saber os preços que ultrapassavam largamente o valor de uma boa refeição pelo que optamos por economizar para podermos voltar ao restaurante 
Nordsee que havíamos encontrado junto a um dos ancoradouros que dão acesso à entrada para os navios. O complexo de armazéns fica na continuidade do porto permitindo apreciar a dimensão dos edifícios, por prismas e ângulos diversificados pois pode optar-se por caminhar sobre as inúmeras passadeiras de madeira que acompanham os canais de água. O anoitecer por aqui é igualmente belo pois as gigantescas paredes de tijolos vermelho rasgados por centenas de janelas de vidro, agora iluminam-se e projetam nas águas calmas as suas sombras de luz fazendo deste cenário algo de grande beleza que vale a pena apreciar. Dos armazéns voltamos a pé até ao centro da cidade apreciando a sofisticação 
dos edifícios e a nostalgia que os diversos mercados de Natal nos transmitiram com a sua ornamentação em madeira, pinheiros e luzes cintilantes. A fusão dos aromas que se podem experimentar são por si só um grande desafio para os sentidos. No primeiro dia fizemos um reconhecimento às principais atrações da cidade e no dia seguinte decidimos percorrer alguns dos percursos com mais tranquilidade para apreciar aspetos de pormenor. Já com algum domínio das linhas do metro (U-bahn) foi mais fácil percorrer maiores distancias ganhado algum tempo. Um dos objetivos no segundo dia era visitar a Wunderland. Trata-se do universo do mundo em miniatura e constitui outra das principais atrações da cidade. Tudo 
começou no ano 2000 pela construção de linhas férreas e composições de comboios em miniatura (ferromodelismo) por parte de 2 empreendedores da cidade. O sucesso foi tão grande que a construção de outros cenários tornou-se uma imposição. Hoje a museu tem amostras em miniatura de praticamente todo o mundo e as construções continuam, perspetivando-se a construção de novos cenários até 2020. Para além das diferentes épocas da história da Alemanha, pode observar-se a complexa vida de um aeroporto com direito a observar descolagens a aterragens de aviões, estância de sky nos alpes, ou o grand canyon. É delicioso e vale muito a pena visitar com tempo e com interesse. Este museu fica 
dentro do complexo de armazéns pelo que é necessário ir até ao porto e sair numa das paragens de metro que servem a aquela zona, a mais próxima é a Baumwall mas que fica numa linha do S-bahn (comboio) podendo-se optar por sair na estação de Landungsbruchen servida pelo metro U-bahn seguindo pelas linhas S1 ou S3. Segue-se um percurso a pé, que permite apreciar a zona dos restaurantes portugueses. Não existem placas indicativas para o museu o que torna  a sua procura mais excitante para quem aprecia a descoberta. Nesta descoberta pelas diferentes ruas como quem joga ao jogo do quente e do frio, encontramos escondido num dos grandes edifícios dos armazéns, uma fábrica de café que para além 
de moer e empacotar os precisos grãos também tem uma loja de vendas e mesas e cadeiras para se apreciar um café quente em conjunto com uma deliciosa opção doce, que no nosso caso teve que ser o nosso adorado bolo de queijo que nos soube a gratidão e a saudade.
Como anoitece pelas 16h, quando saímos do museu das miniaturas já as luzes da cidade cintilavam entrando pela água dos canais e com esta dançavam a sua valsa embalada pela suave ondulação. O frio ao entardecer intensifica-se obrigando a aconchegar as golas e os barretes e a 
procurar refugio em locais confortáveis. Foi com este espírito que optamos por fazer alguns dos 

jantares na nossa casa de Hamburgo, que tinha todas as condições para uns serões confortáveis. Como conseguimos visitar a maioria das nossas propostas em 2 dias optamos por alugar um carro no aeroporto e aproveitar o 3º dia para visitar Lubeck, proposta que já pairava na minha cabeça há algum tempo. E assim foi, partimos cedo, ainda de noite rumo ao aeroporto. No trajeto para o nosso autocarro fomos prendados com a despedida dos esquilos que proliferam pela zona residencial vivendo a sua vida com a mesma tranquilidade com os moradores vivem e cuidam dos seus espaços. O percurso até ao aeroporto durou 
cerca de 1 hora entre o autocarro e o metro. Lá formalizamos o levantamento do carro e rumamos a Lubeck que dista de Hamburgo cerca de 70 km. Sem GPS assegurei-me de que não iria fazer muitas voltas desnecessárias, perdendo-me no caminho e pedi alguma orientação ao simpático funcionário da empresa de rent-a-car. Não foi difícil, seguimos as indicações até encontrar a autoestrada gratuita que nos levaria até à magnífica cidade medieval de Lubeck. Foi fundada em 1158 por Henrique, o Leão e o seu património é hoje classificado pela Unesco. Tem um dos maiores portos da Alemanha (que não visitamos) em Trawemunde, sendo o maior do mar báltico. A paisagem à chegada é magnífica com 
uma parte da cidade antiga projetada nas águas do rio Trawe que a banha. Entrando pela cidade pelo Holtentor, uma espécie de porta de entrada, facilmente nos perdemos pelas ruelas da cidade antiga que estavam repletas de pessoas que o visitavam e percorriam o mercado de Natal mais intenso e vigoroso que já vimos. Por aqui, para além de tudo o que se encontra à venda nos mercados desta natureza, tive o privilégio de ouvir as músicas de Natal que cantei anos seguidos no coro da igreja quando vivia neste país e participava no presépio vivo do Natal. Em Hamburgo, tal como referi, encontravam-se espalhados pela cidade 15 mercados natalícios mas este de Lubeck tinha uma vida e um encanto próprio. Visitamos ainda a 
catedral e no percurso até lá pudemos observar um hospital em funcionamento num edifício medieval. Visitar Hamburgo foi uma surpresa muita agradável, é uma cidade muito bela e sofisticada e Lubeck foi uma experiência inesquecível. Ficou tanto por visitar, nomeadamente a cidade de Keil, um pouco mais a norte e uma da últimas antes da Dinamarca e mais a este a cidade de Schwerin com o seu magnífico castelo. Aqui ficam muitas razões para voltar a esta zona da Alemanha e continuar a percorrer os caminhos do conhecimento e a continuação da construção dos traços do mapa que traçam a geografia da nossa presença no mundo.

Monday, November 16, 2015

Evolutee experience (Evolutee Royal Óbidos Hotel & SPA)

Longe vai o tempo em que quando se pensava no Oeste apenas nos vinha à memória o tempo úmido, o nevoeiro, fruto do microclima que junta na orla marítima de escarpas aguçadas e águas vivas, o 
clima quente da superfície continental. O Oeste era ainda a fruta (do Oeste) e os aviários de galináceas fazendo da região uma das grandes produtoras de galinhas e de ovos. É ainda caracterizado por ser terra de gente trabalhadora, muitos emigrantes e raízes das muitas europas onde os nossos concidadãos procuraram melhores condições de vida. Deste tempo do passado até aos dias de hoje o Oeste soube mudar e impor-se como um destino apetecível que tem para oferecer o que de melhor este país tem. Até o clima parece mais favorável e muitos são os dias de sol e tempo ameno que se podem aproveitar neste magnífica região de tantos contrastes. Muitas vezes fruto do esforço e do empreendedorismo dos investidores 
locais, o Oeste cresceu em qualidade sendo hoje uma região atrativa com caracter próprio capaz de competir com outras regiões do país no que ao turismo diz respeito. Nos últimos anos foram surgindo aqui e ali unidades hoteleiras implementadas em zonas de grande potencial sabendo aproveitar os recursos locais para atrair nichos específicos de consumidores. Esta implementação tem acelerado nos últimos anos com o aparecimento de um parque hoteleiro distinto e de grande qualidade aproveitando não só as potencialidades regionais como ainda a proximidade a Lisboa. Hoje é possível escolher entre hotéis de 4 ou 5 estrelas que distam a menos de 1 hora de Lisboa. Oferecendo serviços de grande 
qualidade e tarifas acessíveis esta oferta torna-se assim muito apetecível quer para quem nos procura vindo de outras partes do mundo quer para os residentes que podem optar por usufruir dos serviços destas unidades aos fins-de-semana ou em períodos de férias. Assim é possível jogar num dos muitos campos de golf que a região tem para oferecer ou relaxar nos múltiplos spas dos vários resorts que oferecem uma variedade de serviços que atraem todos quantos apreciam bons momentos de qualidade de vida.
Como grande apreciador e consumidor de hotéis e resorts tenho tido o privilégio de poder acompanhar e de aproveitar alguns dos vários espaços que têm surgido. São exemplo o atual Dolce Campo Real,  ex Westin Campo Real ou o Hotel  Marriot Golf & Beach Resort na Serra D’el Rei. A mais 
recente visita e a razão deste post é o recente Evolutee hotel inaugurado em junho de 2014. Está integrado no complexo de golf Royal Obidos Spa & Golf Resort e constitui a mais recente oferta de grande prestígio da região. É pertença da empresa de construção portuguesa MSF e integra um grande parque de construção que teve início pelo campo de golf e pelo clubhouse. O hotel encontra-se na parte mais elevada da propriedade e constitui-se com um marco do resort que se afirma como elemento de ligação entre o golf, o mar e o complexo de villas que irá surgir. Utilizando breves palavras dos próprios arquitetos o hotel também respeita “a riqueza do contexto e o local onde está implantado o
resort”. Chegando um pouco mais longe no diálogo com a natureza envolvente “pelo facto do local ser marcado por “uma serena natureza, onde a presença do Atlântico e da Lagoa de Óbidos potenciam uma fruição contemplativa e paradisíaca do local”, estes elementos assumiram um papel preponderante “perante o qual o edifício do hotel estabelece uma posição dialogante (Arqto. Miguel Saraiva)”. Pelas breves palavras que mostram o feliz casamento da natureza com os elementos da construção percebemos que a inspiração dos arquitectos se baseou grandemente nesta dualidade de critérios entre o respeito pela zona envolvente e o enquadramento da construção que se deve continuar com o que ali é natural. Este 
alinhamento e fusão com a natureza não devia no entanto beliscar a identidade própria do complexo. Para se chegar a este resort vindo do sul  a viagem de carro será feita pela A8. Depois nesta autoestrada deve-se abandonar a via na saída 13 (A-da-Gorda) e seguir a EN114 até chegar aos sinais de trânsito na Amoreira. Aí encontram-se indicações/setas para o Vau, Lagoa de Óbidos e Royal Óbidos (Spa & Golf Resort). Devem-se seguir estas indicações/setas e sobe-se a estrada até ao Vau, onde se encontra uma rotunda com as indicações para seguir para  o Royal Óbidos Spa & Golf Resort. Continua-se a seguir as indicações para a Lagoa de Óbidos e para o Royal Óbidos. Ao chegar a uma rotunda 
relvada encontra-se o Evolutee Hotel e a entrada para o Royal Óbidos. Para os que vêm do norte em direção ao  Evolutee Hotel, a viagem será feita pela A1 e posteriormente pela A8 (a partir de Leiria), com a duração de cerca 2h45min. Já na A8 depois de se passar a vila de Óbidos, sai-se na autoestrada na saída 13 (A-da-Gorda) e siga a EN114 até chegar aos sinais de trânsito na Amoreira.  A partir daqui as indicações são as mesmas já referidas para o percurso do sul.  A entrada no hotel deixa-nos embriagados com a dimensão e presença estética do lobby. O espaço que rodeia a receção é todo composto por talha dourada sobre uma grande parede vermelha. O tecto em madeira clara contrasta com o chão que em tons de branco e preto joga com as figuras geométricas para nos obrigar 
a olhar e a exclamar. A parede da entrada em vidro continua-se pela parede oposto virada a oeste permitindo uma continuidade de luz e de enquadramento paisagístico que nos permite vislumbrar tudo até ao horizonte marinho. Esta escolha do vidro, que é um marco em todo o edifício permite trazer a natureza verde para dentro do edifício e colocar os espaços interiores em harmoniosa sintonia com o espaço exterior. A decoração de interiores esteve a cargo do Yoo Studio fundado pelos prestigiados Philippe Starck e John Hitchcox, dois nomes incontornáveis do design internacional. Estes dois génios do design inspiraram-se nos elementos locais para trazer para o edifício o que de tradicional e representativo existe na região, desde as liças azuis e brancas que constituem os apontamentos de luz na entrada de cada um dos quartos às pedras da calçada com os seus grafismos próprios, aqui no hotel reinventados de uma forma original e muito contemporânea. Os apontamentos decorativos do lobby constituem-se ainda por dois grandes bancos complementados por pequenos 
suportes de apoio uns em madeira de tronco de árvores outros de latão dourado. À Esquerda do lobby uma loja com peças Vista Alegre e Bordalo Pinheiro. Depois de uma calorosa receção e de uma atrativa bebida de boas vindas, os olhos e todos os sentidos eram poucos para apreciar, absorver e interpretar todos os pormenores. O quarto de dimensões generosas prende-nos com a atrativa cabeceira de cama em tons avermelhados que pendem de uma manta a partir do tecto e que a mim me fez recordar as típicas mantas do Alentejo. Os roupeiros encontram-se discretamente instalados por detrás de magníficos painéis de figuras  de Leda & the Swans. A sala de banho encontra-se para lá de umas portas de correr e 
oferece-nos uma cabine de duche separada por painéis de vidro do WC e ainda, junto da grande janela com acesso para a varanda, uma banheira para banhos de imersão a contemplar os eucaliptais. O grupo de quartos que olham para o campo de golf e para o oceano separam-se do outro conjunto virado para a frente do edifício, por dois corredores em vidro que separados por um jardim. O bar ao lado do lobby é todo ele preenchido por sofás e cadeirões em tons bordeaux e amarelo mostarda com candeeiros tipo solitário dirigido a cada um dos conjuntos. O papel de parede tem um padrão e uma textura que nos leva a duvidar se é de papel que se trata ou alguma forma de tecido preparado para revestir paredes. A 
separar o lobby do piso inferior, encontra-se uma escadaria que mostra logo ao descer os primeiros degraus um bar requintado onde predominam na maioria dos elementos os tons em branco e madeira. O balcão de grande cumprimento encontra-se adornado com bancos altos perfilados como que a convidar para saborear uma bebida. A parede do bar, toda em vidro permite um contacto com toda a zona exterior do resort onde se encontra a piscina exterior cujo fundo é forrado com azulejos portugueses escolhidos, decerto para contar um pouco da história portuguesa. No topo sul da piscina encontra-se um elemento decorativo discreto mas com uma forte presença. Trata-se de uma lareira que faz daquele local um 
espaço singular e único. Não se consegue explicar por palavras o prazer sentido ouvindo os sons da água a correr, o som do crepitar das madeiras a arder na lareira e a os últimos raios solares a pincelarem o céu, a potenciarem a cores das chamas e a toldarem a superfície do espelho de água. Este jogo é animado pela presença de uma pérgola cujas traves fazem jogos de projeção de sombras que se movimentam à medida que o sol de despede. Com o aproximar da noite a temperatura que havia permitido um mergulho na piscina, convidava-nos a procurar o conforto do interior. Com um ginásio bem equipado ainda tivemos tempo de cultivar o corpo antes do jantar que nos fez regressar a Usseira (perto de Óbidos) ao restaurante Poço dos Sabores onde o sr. Joaquim faz as honras da casa tratando cada cliente como se 
fosse um amigo. Este espaço tem que ser experimentado para se sentir o ambiente e a qualidade e o sabor das iguarias que figuram na extensa ementa. A noite no experiência evolutee foi muito relaxando na cama king size entre o conforto dos tecidos e maciez das almofadas. O pequeno-almoço, servido entre as 07h e as 11h permite degustar um sem número de pitéus, numa sala contígua ao bar do piso inferior. Para completar a nossa estadia ainda conseguimos usufruir da piscina interior que se desenha com fundo preto e um tecto em espelhos que projetam a água por cima das nossas cabeças.  Os elementos 
exteriores entram para dentro deste pedaço de beleza pelas enormes paredes de vidro que refletam a paisagem no espelho de água e permitem-nos nadar e relaxar a olhar o mar. A vida nestes momentos de requinte tem outro sabor. Resorts projetados com esta sensibilidade e envolvem-nos em pensamentos únicos que nos permitem construir um pequeno mundo, onde a qualidade e a satisfação estão em lugar de destaque, embriagando-nos de prazer.


Tuesday, November 10, 2015

O luxo entre a planície e as estrelas

No meio de uma herdade, a Herdade do vale das Sobreiras, para os lados de Mosqueirões na zona de Grândola,  ergue-se desde o dia 31 de julho um 
projeto que reflecte a coragem, o sonho e a audácia de um casal de arquitectos. Tudo nasceu um pouco fruto do acaso. A família numerosa e proprietária do terreno, projectava para este local algo para que os descendentes pudessem usufruir.  Na casa de férias do casal, próximo do local onde agora se encontra o Sobreiras Alentejo Country hotel, hoje uma Guesthouse com  partilha de alguns serviços com o hotel, surgiu então a ideia arrojada de se erguer um complexo turístico. Ideia concebida e a 
vontade natural que reina nos espíritos dos arquitectos de deitarem mãos à obra e fazerem nascer criações, o projeto passou rapidamente do plano do pensamento para o esboço elaborado. Neste esboço foram projectadas ideias claras, fazendo respeitar a morfologia do terreno, o enquadramento paisagístico e o respeito absoluto pelos residentes principais deste local, os sobreiros. O projecto desenvolveu-se numa linha idealizada no local onde esta espécie deixou alguma abertura. 
O projecto teria que se encaixar na zona sem ofender ou abater qualquer sobreiro. Este principio foi seguido com respeito absoluto, tal como foi respeitado o terreno de implantação do hotel que se ergueu sem violar as linhas topográficas do terreno. Foi a obra que se adaptou ao terreno e não o contrário. Essa adaptação é visível pelas fundações que estão ao ar livre por baixo das casas que agora albergam os quartos e os espaços comuns. Estas breves explicações das história do complexo e destas características 
técnicas e ecológicas foram-me transmitidas pelo gerente do hotel, O sr. Pedro Manso, com quem tive o privilégio de estar à conversa logo à chegada. Para se chegar ao hotel, a cerca de 1 hora de Lisboa, percorre-se a estrada nacional que une Lisboa ao Algarve. As pesquisas prévias que fiz no sentido de me perder menos, não deram grande resultado porque a placa com o nome da localidade de Mosqueirões, não cheguei a encontrar. Aqui funciona a procura e o esclarecimento junto dos residentes locais. É o 
que dá prazer a estas nossas curtas escapadinhas cumprido a máxima do turismo nacional do “vá para fora cá dentro”. Depois de avançar um pouco para além de Grândola para provar o património gastronómico de canal Caveira, foi necessário voltar atrás e procurar a 2ª saída de Grândola, com a indicação do hospital e nessa mesma direcção mas na faixa contrária estaria a saída para o hotel. Depois desta saída que está assinalada com a placa de hotel, alguns metros à frente, vira-se à esquerda e segue-se 
uma estrada secundária rodeada de bela vegetação, durante cerca de 7 km. A entrada para o hotel encontra-se de novo assinalada do lado esquerdo. Desta indicação até ao complexo percorre-se uma curta estrada de terra. O alinhamento de casas brancas no topo de um discreto planalto não nos deixa enganar e convida-nos a explorar a ideia que nasceu nas cabeças do casal proprietário. A estrutura central onde são os serviços comuns encontra-se ladeada à esquerda e à direita de casas 
brancas com arquitectura geminada em bolos de 4 ou 5 casas como se de um pequeno aldeamento se tratasse. Não há telhas no topo do telhados nem barras coloridas em volta das portas ou janelas, apenas casas brancas com arquitectura de linhas direitas e tecto em V. Na receção encontrei o Pedro actual director do hotel mas também recepcionista. Para muito este facto pode parecer estranho. Estamos todos, nos dias que correm, habituados, eu diria mais, formatados para condutas e 
comportamentos normativos. Para a maioria de nós seria impensável aceitar que um director de hotel pudesse estar a fazer check-ins. Mas a realidade para a qual temos que estar despertos para interpretar, diz-nos que as normas necessitam de ajustamentos que façam sentido. O hotel que aqui caracterizo é um pequeno paraíso idealizado e tornado realidade pelo esforço dos seus mentores. É uma dádiva de bom gosto e de beleza plantada no meio da natureza. Para que seja viável e sustentável 
precisa de uma política de gestão estruturada à dimensão do projecto sem beliscar a qualidade e o conforto. O Pedro, homem de tracto fácil, educado e bom falante é o exemplo do homem certo no local adequado. Falou-nos do seu percurso profissional e dos muitos desafios a que já respondeu. Este é mais um no seu vasto curriculum. Conseguiu reunir pessoas da região com gosto pelo desafio e com vontade de aprender e de crescer. Ao seu lado estavam a Liliana e o Mário de quem teceu os 
maiores elogios pelo seu esforço e dedicação. Neste ambiente de calor humano sentimo-nos como se estivéssemos em casa entre amigos. O quarto 14 que nos esperava alcançava-se percorrendo um pequeno trilho em tijoleira, traçado junto às casas. Quando contactamos pela primeira vez com algum ambiente que ainda nos é desconhecido, reina em nós a ânsia da descoberta, da apreciação o pormenor, a procura da novidade. Para lá da porta branca estaria um 
aposento, projectado por alguém, de certeza que com a intenção de nos 
surpreender. A surpresa teve inicio logo com a geometria do espaço. Cada casa construída é um quarto, eu diria um quarto com dimensão de uma suite. As mesmas linhas sóbrias do exterior foram conservadas no interior dos alojamentos. Linhas direitas, geometria e neutralidade. O quarto desenha-se com um rectângulo que comporta outro rectângulo de menos dimensão onde está inserida a zona de wc e banho e que é separado do quarto apenas com uma parede. Este compartimento do 
wc tem um tecto que faz com o tecto do quarto um ângulo de 90º de onde sai uma luz diferida que complementa toda a estrutura de iluminação do espaço. A parede adjacente à porta tem portas em vidro de cima a baixo que permitem que a paisagem exterior funcione como uma tela viva dentro do espaço. A varanda que é o prolongamento do rectângulo apenas se diferencia pelo vidro que a separa do espaço interior e é ornamentada na sua parede externa por troncos (barrotes) de madeira a distâncias calculadas 
uns dos outros, trazendo para o conjunto as características bucólicas do local. A decoração interior é simples mas mostra personalidade pelo bom gosto, pelo design e pelo conforto. Os tons predominantes são as da madeira e da cortiça. Reinas de forma discreta os castanhos claros e nada mais. Tudo é minimalista, claro e clean diria eu. O pavimento é todo ele em cortiça a recordar-nos que estamos no meio de uma herdade de sobreiros. As mesas-de-cabeceira e a mesa de apoio do espaço exterior não 
são mais do que troncos de sobreiros, “descascados”. Apreciada este nossa casa na herdade, era tempo de ir à descoberta dos espaços comuns. A apetecível piscina qual tela desenhada a cortar o verde da paisagem com o seu azul marinho, ali estava convidando a um mergulho na sua água fresca temperada pela humidade da noite. As sobreiras próximas miravam-se no espelho de água refletido pelo sol, ajeitando as suas 
folhas e os seus cachos de bolotas. O som da água a escorrer pela encosta 
da piscina, juntamente com o chilrear dos pássaros e os chocalhos são os únicos sons que nos fazem dispersar deste deslumbramento. As fachadas traseiras dos edifícios são todas forradas com troncos de madeira que acompanham a estrutura e as linhas de todas as estruturas de betão. Os troncos estão separados a distâncias iguais cortando a cor branca do conjunto e reforçando os traços campestres que unem a construção à paisagem do montado que a rodeia. A zona da receção continua-se por uma sala repleta 
de cadeirões todos com padrões e texturas diferentes mas que em conjunto lançam traços de harmonia que se continuam com os padrões dos tapetes e dos elementos decorativos que adornam os móveis. Este espaço encontra-se dividido por uma lareira que se suspende do tecto e dá continuidade a outro espaço onde se pode ver televisão,  consultar a net ou simplesmente ler um livro. A sala de refeições é de dimensões menores e está decorada com mesas de madeira e cadeiras pretas num contraste delicioso que inspira decoradores e projetistas. Neste conjunto de harmonia de padrões, texturas e contrastes vivem-se horas de plena paz onde é possível ouvir o silêncio, cheirar os aromas do campo, ouvir os sons da natureza e 
deixar o tempo passar dando-lhe qualidade e beleza. Como somos uns aficionados da gastronomia local pedimos ao Pedro algumas orientações para provar as iguarias da região em ambiente informal. Foi-nos sugerido o restaurante a talha junto ao largo das Palmeiras, logo numa rua atrás dos bombeiros. No caminho fomos atraídos por um grelhador onde assavam numas brasas incandescentes, enorme pimentos. A 
ementa deste local, a tasca do Zé da Moura era atractiva e muito convidativa. Apenas para cumprir a formalidade, fomos espreitar o restaurante recomendado mas a atração pelo grelhador fez-nos inverter o caminho e jantar num local fantástico, genuino, com gente simples e de uma enorme simpatia. A escolha foi fácil e a apresentação dos pratos surpreendeu. Enquanto esperávamos tive oportunidade de explorar o espaço que mostra paredes pintadas com cores fortes em vermelho e azul, peças de barro características do alentejo e alguns cartazes alusivos a 
grupos desportivos e de ciclistas. Em destaque estava uma foto do grande Zeca Afonso. Como decorria nessa noite a nona edição da festa do chocolate, reservamos a sobremesa para escolher entre as muitas opções deste local de perdição gastronómica. Sem fugir ao ingrediente rei da festa, o chocolate, a escolha era variada. Desde enormes suspiros a queijadas de bata doce, pão de chocolate, pizzas de chocolate com frutas diversas, 
cerveja de chocolate ou espetadas de morango com chocolate acabadas de fazer. o Quiosque do hidromel era uma tentação para os sentidos pois desde licor a trufas com hidromel e gengibre em chocolate de leite ou negro, a escolha era variada e difícil. Depois deste percurso tentador esperava-nos o magnífico descanso no hotel mais simpático e confortável que uma herdade nos pode proporcionar.