Sunday, June 14, 2009

NTGNGI – Norte, Tradição, Gourmet, Natureza, Gastronomia, Inovação

A incursão ao norte do país, foi pensada a partir de uma necessidade profissional que me levaria até à bela cidade de Barcelos. Porque não juntar o útil ao agradável e aproveitar os feriados para visitar e revisitar, algumas localidades que já fizeram as nossas delícias turísticas e gastronómicas em tempos de estudantes e em que os Parques de Campismo eram a nossa procura imediata, para que assim sobrasse orçamento para, já na altura, apreciarmos a honrosa cozinha transmontana que nos deixou até hoje as suas marcas. Com o Discoutbook do Lifecooler em punho aí fomos nós e o percurso foi feito à medida das localidade onde poderíamos utilizar os voucher’s e assim conhecer novos templos gastronómicos que, de outra forma seguramente nos pareceriam distantes e desconhecidos. O restaurante Marveja na bela Figueira da Foz foi a escolha para o 1º almoço de viagem. Depois de percorrer a bela e velha marginal da Figueira, ao fundo já em Buarcos, numa nova urbanização, fomos descobrir uma pequena sala de refeições, de decoração simples, toda virada ao mar, com um serviço muito simpático, mas um pouco demorado. A ementa era magnífica, a confecção, a cargo de um artista na mestria de bem cozinhar. A escolha recaiu sobre uma sopa de peixe e marisco com coentros frescos, que estava magnífica. Os pratos foram robalo assado em cama de espinafres com pinhões e molho de pistáchio e camarão tigre grelhado sobre esparguete de legumes com molho de pesto e natas. Que combinação exemplar. Eu, que só há pouco tempo despertei para as artes e para os segredos da cozinha gourmet, ainda me surpreendo muito com a fusão das cores e a mistura dos elementos e dos sabores. Camarão tigre grelhado com esparguete, conseguem sequer imaginar? O resultado e o sabor são indescritíveis, recomendo e, para melhor compreenderem, uma visita ao Marveja para se surpreenderem tal como nós. A Figueira da Foz é bela, tem uma das mais bonitas praias e paisagens do país. Já por lá tinha andado pelos finais da década de 80 quando a capa, a batina e as cervejas eram as companheiras dos tempos que marcaram a minha vida de jovem adulto estudante. Hoje, os areias, assim como a marginal, permanecem inalterados como se o tempo tivesse parado. A Figueira tem um potencial paisagístico e turístico imenso e, a meu ver, precisa urgentemente de se modernizar. Não se encontram por lá hotéis adequados às exigências actuais e, com tanta concorrência (Algarve, Tróia, Norte interior e litoral e Douro), a oferta e a qualidade irão seguramente ditar as regras. A próxima paragem seria em Mondim de Basto, pois lá esperava-nos um oásis de beleza e prazer, em tempos dado a conhecer numa conversa informal a propósito de mundos, férias e viagens.

AQUA HOTELS – Mondim de Basto

Beleza, conforto, ousadia, experiências, natureza, o silêncio, o chilrear das aves, o serpentear do rio, as força das cascatas, a vida selvagem, o verde, o horizonte e o céu. Assim, desta forma, com estes adjectivos poder-se-ia caracterizar a bonita região de Portugal a que este post faz referência. Mondim de Basto, integrado no Parque Natural do Alvão, presenteia-nos com uma natureza intacta, com animais em vida selvagem, mas também com conforto, lazer e gastronomia. O melhor exemplo de quem nos acolhe com simplicidade, qualidade e competência e aberto ao público desde Março de 2008, é o novíssimo Aqua Hotels da Mondim Tâmega Park, Empreendimentos Turísticos , SA. O hotel encontra-se implantado num planalto virado para um vale onde, lá em baixo, o Rio Tâmega serpenteia por entre rochas de granito que durante milhões de anos soube erodir, para fazer daquela garganta o seu percurso natural. A unidade tem um desenho arquitectónico minimalista em linhas direitas com geometrias e angolusidades simples, num casamento perfeito entre o betão, o vidro e a madeira. Percorrer os diversos módulos do hotel é uma experiência agradável pois a homogeneidade interior permite a contemplação do exterior através das enormes paredes de vidro, contrastando em cada canto com a beleza exuberante da paisagem que está sempre presente. O vale agreste cumprimenta-nos e impõem-se como o elemento principal do relevo. Aqui e ali, encontram-se pequenos lagos que reflectem algumas fachadas brancas, como branco é todo o edifício com excepção da enorme parede de madeira que forra a fachada posterior da unidade. A relva verde, profissionalmente tratada, acentua o contraste branco das paredes. A piscina, de dimensões generosas, espraia-se sobre a relva terminando num perfil horizontal que delimita a fronteira do resort. A seguir só se encontram pinheiros, matos e o imponente vale, ladeado de montanhas de relevo médio. A recepção goza de um pé alto generoso que faz a fusão entre o piso térreo e o 1ºandar. Os elementos de destaque são uma enorme parede preta e uma escultura que traz para dentro do edifício a maior cascata da Europa: “As fisgas de Ermelo”. Elemento de visita obrigatória a cerca de 20 minutos de carro, as fisgas de Ermelo permitem vislumbrar uma paisagem arrebatadora, deixando-nos contaminados, eu diria mesmo viciados, em silêncio, beleza e aroma da natureza. Uma observação cuidada permite encontrar cabras no seu habitat natural, gozando da pura vida da montanha. Os quartos do hotel, são bem decorados, embora minimalistas. Nas paredes encontram-se quadros com fotografias da região, legendadas por poemas de Miguel Torga: “Também os Deuses dormem e são então Montanhas de penumbra sem resplendor. Lassas as fragas, os divinos ossos, bassos os horizontes, os sentidos, -Todo o corpo perece, uma grande fogueira que arrefece, por dentro do volume dos vestidos.” A paisagem é em todos os quartos vista vale, permitindo um acordar a ouvir a natureza e um entardecer raiando o corpo com os raios solares que na montanha têm um carinho especial. O banho, esse pode ser com vista particular para a mãe natureza que deixou neste local, uma prodigiosa aventura para os sentidos. A gastronomia local é cuidada estando reservada para os pacotes com meia-pensão pratos de culinária artística na confecção e na apresentação. O Chefe Luís, um jovem com menos de 30 anos de idade, de tracto simpático e competente, ainda tem tempo para entreter a pequenada com cursos de cozinha que deixam os miúdos loucos de alegria pois têm oportunidade de “meter as mãos na massa” e confeccionar o seu próprio lanche e, enquanto esperam pela saída do forno, deliciam-se com gelados em plena cozinha do hotel. Os pais que trocaram algum tempo do seu lazer para acompanhar esta aventura são presenteados com deliciosos bom-bons de chocolate que o Chefe Luís coloca à disposição aventurando-se a perguntar quem adivinha os ingredientes. Chocolate claro, mas com quê? Hipóteses e mais hipótese mas todos ficam no frio em relação à resposta que afinal era tão simples. Simples bom-bons de chocolate confeccionados com cereais e consumidos após algumas horas de congelador. Uma delícia a reproduzir em casa.
Por toda esta região, não faltam locais para encher os olhos de beleza natural e reconfortar a alma com tanto que a natureza nos oferece. Os horizontes sempre verdes e ondulados pelo relevo das montanhas, os aromas das plantas silvestres e o ar puro do campo, são riquezas que nos são oferecidas e por nós guardadas nos ficheiros da memória para fortalecer o cérebro e dar mais valor e qualidade à vida. Para isso contribui também a apurada oferta gastronómica da região que nos deixa vontade de assim saber cozinhar e de levar os aromas para sempre. A Adega Sete Condes em Mondim de Basto, é um restaurante/adega numa casa de pedra com interiores frescos em madeira onde se podem apreciar com calma os petiscos da região. Experimentámos presunto, broa e uma vitela biológica de seu nome Ihada Maronesa que nos fez literalmente lamber os dedos.

Depois de cumpridas as responsabilidades profissionais em Barcelos, onde passámos a noite de Santo António, ao som dos cantares e das marchas daquela região do país, rumámos ao Porto onde e mais uma vez, o jantar foi escolhido com a ajuda do Lifecooler que nos levou até ao requintado e riquissímos restaurante Sexto Sentido que depois de alguma confusão sobre a localização lá conseguimos chegar com a ajuda de uns telefonemas e do precioso GPS. É que outrora ocupava instalações no Cais das Pedras na zona da Foz do Douro e agora, logo depois de passar a ponte da Arrábida e na saída para Devesas, na primeira cortada à esquerda encontra-se na Quinta do Fojo. Mantendo a mesma qualidade e requinte, trata-se de um restaurante agora numa quinta onde o Golf é rei e senhor e o Sexto Sentido o responsável por manter a qualidade, a exigência e a riqueza gastronómica dos que apreciam a grandiosidade e os luxos da vida. Um campo de golfe na cidade, é assim que a Quinta se faz anunciar. A quinta do Fojo tem uma casa senhorial com camélias centenárias, foi fundada por William Neville em 1714 e um século mais tarde, Wellington faz dela o quartel general durante o cerco do Porto pelo exército de Napoleão. O campo tem buracos de dificuldade variável, permitindo percursos de 6, 12, e 18 buracos em função da disponibilidade de tempo. Foi concebido a pensar no jogador de golfe que aqui pode conciliar a prática regular do seu desporto favorito com a vida na grande cidade. Escolhemos, no Sexto sentido, um creme de legumes que à primeira prova nos fez desafiar a imaginação no sentido de adivinharmos que ingredientes fariam tão sublime paladar. O fundo de boca parecia-me de amêijoas. Não estava longe, tratavam-se de muitos coentros, alhos e azeite que no final produziram um creme espesso e aveludado. A outra opção foi sopa de cebola gratinada com queijo. O sabor era forte e exigente, pois o queijo sobrepunha-se à cebola e impunha um forte paladar que merecia algo mais para o atenuar. Os pratos foram de tamboril ao molho de rúcula, tomate seco e pinhões que era uma tentação inesquecível para os olhos e para a boca e nacos de lombo ao molho de cogumelos selvagens.
Para descansar escolhemos o Hotel Bessa, mesmo à beira do Estádio do Bessa. Foi uma agradável surpresa, pois trata-se de uma unidade de 4 estrelas, cheio de conforto, com quartos espaçosos e magnificamente equipados, fazendo da relação qualidade-preço uma escolha acertada para outras idas ao Porto que tanto apreciamos. A decoração e em tons de preto e vermelho conferindo àquele espaço um agradável ambiente de conforto e tranquilidade. Já de regresso e no último dia, o cheiro forte do mar chamou-nos à velhinha Nazaré onde o sítio se impõe como cabo da boa e da bela esperança. Encontrámos uma terra cheia de turistas num ambiente típico e tradicional muito agradável. A escolha para o repasto recaiu sobre o restaurante Ala-Riba, que já conhecemos, para provar a deliciosa caldeirada confeccionada na hora e a pedido. Foi confortável voltar a percorrer as ruas da Nazaré onde me diziam que já nada era como de antes, pois as varinas não mais podiam aliciar os passeantes com os seus pregões em busca de novos hóspedes para os seus quartos. Fiquei feliz por perceber que afinal não é assim, e as varinas lá continuam, embora em menor número, com as suas bancas de artesanato regional e as velhas “tabeletas” apregoando quartos livres ou casas para alugar, desta vez com a chancela da Direcção Geral de Turismo.

Comporta do Arroz em Troia Dourada

As experiências gastronómicas são cada vez mais experiências sensoriais. Esta observação parece redundante mas para os apreciadores da boa gastronomia esta fusão faz cada vez mais sentido. Aliás, não fazia sentido algum se deste cruzamento não emanassem requintadas proezas olfactivas e organo-lepticas que fazem do acto de comer, muito mais do que uma simples hora de refeição. Hoje procuram-se locais, espaços, restaurante e ementas em função da região e do enquadramento paisagístico onde se inserem, da decoração que apresentam e naturalmente das ementas e das especialidades que servem. Para os consumidores e apreciadores de vinho, um restaurante escolhe-se também pela carta de vinhos que apresenta. De Troia e da Comporta não é o primeiro post que aqui coloco, mas parece que o faço sempre pela primeira vez. Desta vez o destino foi o restaurante Ilha do Arroz. A escolha foi determinada pela presença deste belo lugar no Lifecoooler que nos presenteia com a oferta de um 2ºprato na compra de um de igual ou valor superior. A deslocação foi a tradiocional, pelo Ferry-boat atravessando o Rio Sado. Para quem conhece Troia como eu, desde miúdo, as diferenças agora encontradas, são poucas e muitas com o mesmo grau de acertividade. A Tróia de hoje caminha para um futuro sofisticado que sempre povoou a minha memória, pois a beleza daquele local não co-habitava com a falta de condições de outros tempos. Há vozes discordantes que se opõem a este progresso com um enquadramento sofisticado e ao mesmo tempo mais caro. Lembro-me de ouvir dizer que Tróia iria passar a pertencer aos que têm dinheiro, aos que podem pagar. Até posso concordar, mas se por lá passarem agora hão-de concordar que já há onde dormir com ofertas para várias bolsas, já não temos que pisar a areia escaldante para percorrer a duna até à praia ou para simplesmente passear à beira da estrada. Existem passadiços de madeira, jardins e a antiga paisagem de carros estacionados por todo o lado deu lugar a uma vegetação que teimava em não crescer. Para os mais saudosistas, devo referir que a Tróia selvagem e deserta continua a existir, desde que queiramos afastar-nos um pouco do complexo turístico. A seguir ao Sol-Troia continua a haver kilometros de praias desertas e salvagens. Mais à frente, a bonita praia da Comporta e o restaurante Ilha do Arroz. É um espaço simples mas acolhedor e goza de uma paisagem arrebatadora. Tem esplanada para os dias que convidam ao sol e uma zona onde se pode relaxar e perguiçar em confortáveis puffs. A criançada faz aqui as suas delicias, pois areia e ar livre não faltam para dar asas à imaginação. O serviço é simpático e a ementa rica em arroz, havendo opções que deixam todos, mesmo os mais exigentes, satisfeitos. A nossa escolha recaiu sobre o Arroz de Lingueirão: estava fabuloso, bem recheado, bom tempero, muito molho e o toque aromáticos dos coentros. Enquanto se espera pela demora que não é muita, pode-se optar por variadas entradas, ou simplesmente, aguardar pelo prato principal contemplando as tonalidades da água e o contraste que fazem com o dourado da areia que é único. Ao fundo impõe-se a Arrábida majestosa qual guardiã de tão belo lugar.