Saturday, September 10, 2011

Verão no Norte (luxo, natureza, praia no campo e excelente gastronomia)

Com mais uns dias de férias para usufruir, os últimos deste ano, foi necessário pensar um destino agradável. O tempo prometia estar bom, com sol e temperaturas elevadas a rondar os 30 graus. Uma proposta de trabalho na região norte do país foi o mote para projectar um percurso simpático e assim juntar trabalho e laser numa conjugação favorável. Em época de contenção, quando os gastos devem ser pensados ao pormenor, os alojamentos devem ser escolhidos com cuidado. Isso obriga a pesquisas insistentes e por vezes demoradas no sentido de procurar qualidade e comparar tarifas. O motor de busca de hotéis booking.com é uma preciosa ajuda, pois dá uma panorâmica dos diversos tipos de alojamento disponíveis, mostra fotos, e permite perceber os pontos positivos e desfavoráveis das diversas unidades hoteleiras através dos comentários deixados pelos clientes anteriores. No decorrer das pesquisas para estas férias e após já termos efectuado algumas reservas, fomos surpreendidos com um novo conceito de reservas, entretanto enviado através da newsletter do booking. Trata-se de um novo formato de tarifas com propostas flash em que as unidades aderentes propõem alojamentos com mais de 50% de desconto. É de facto um grande formato para aproveitar alojamentos de qualidade a baixo custo. O único senão é por vezes haver datas próprias para usufruir destas promoções. No nosso caso tivemos sorte e conseguimos trocar uns alojamentos já reservados por outros com uma tarifa muito mais económica. Neste formato reservamos o hotel casino de Chaves, com localização entre trajectos da actividade que nos levou a esta região.
Trata-se de uma unidade hoteleira recente, inaugurada em 2009, com uma localização sobranceira à cidade de Chaves. Ao lado encontra-se um casino da cadeia Solverde. O hotel é fantástico. Logo à entrada somos recebidos com uma antecâmara em vidro, entre a porta de acesso exterior e o lobby, onde se ouve música em tom agradável. Ao entrar no lobby somos obrigados a parar de espanto, tal é a dimensão e a omnipresença do candeeiro suspenso do tecto com um pé alto com mais de 4 metros de altura. Esta peça decorativa é o apontamento mais importante desta zona do hotel. De dia projecta a luz da parede em frente, cinzenta e inclinada para dentro, com janelas que deixam o sol pintar o interior do edifício, formando prismas de luz que se projectam nas paredes em redor. À noite, esta grande peça ilumina o lobby e acompanha o elevador panorâmico que transposta os clientes aos pisos dos quartos. Na parede ao lado encontram-se escadas esculpidas em madeira para quem quer apreciar pelo exterior cada peça iluminada desta escultura suspensa. Para um e outro lado do lobby estendem-se salas longas em forma de corredores ou corredores transformados em salas. Cada uma tem a sua própria identidade, com sofás, tapetes e apontamentos decorativos a fazer daqueles locais, espaços de descanso, conforto e grande tranquilidade. A sala que se estende para a direita do lobby leva-nos até à porta do casino. Percorrendo este espaço encontramos pequenos nichos de confortáveis sofás vermelhos que contrastam com tapetes cinza escuro da cor do edifício e assentos circulares que fazem vir à memória os tempos do jogo da cadeira. Um detalhe que apreciei foi as notáveis oliveiras que se dispunham ao longo da parede. Perfeitas na sua concepção, com tronco e folhas que obrigam a tocar para se poderem distinguir entre o artificial e o real. Eram artificiais e fascinantes!
De regresso ao ponto de entrada, o lobby, pudemos apreciar os tapetes que cobriam toda a zona frontal dos elevadores e o balcão de atendimento. Tratavam-se de duas peças de grandes dimensões desenhadas às ricas em preto e cinza, terminando em uma das extremidades com pequenas riscas em cores fortes percorrendo todo o espectro da cor, desde os vermelhos aos azuis. Logo à esquerda do lobby encontrámos uma maravilhosa sala de leitura com sofás, secretária com jornais e revistas e todas as paredes e pilares forrados com papel de parede com motivos em estantes de livros. Muito original e uma bênção para os olhos. Este espaço era abeto para o bar do hotel onde o elemento principal era um piano de cauda, preto. O bar é um espaço de médias dimensões elegantemente decorado com sofás e cadeirões em tons cinza e branco e um espelho confere a este local o dobro da dimensão. O tecto é pintado de vermelho escuro para contrastar com paredes cinzentas e chão em soalho castanho por vezes coberto com carpetes azuis com motivos cinza claro. No piso -2 do hotel encontram-se as instalações do SPA que integram o tradicional jacuzzi, sauna e banho turco. A piscina interior é magnífica, por ventura das maiores que já vi. O fundo com ladrilhos pretos contrasta com o tecto projectado em madeira clara com clarabóias para receber a luz do sol que por elas entra. Através das enormes janelas de vidro que constituem a parede que mostra o exterior podem-se gozar os raios solares protegidos do vento e da temperatura menos agradável. A piscina exterior é projectada com a linha do horizonte a rasgar a paisagem campestre. O espaço que envolve a piscina exterior é bem cuidado e a relva soberbamente tratada. Deste local avista-se a parte posterior do edifício que mostra uma área projectada em cubo suspenso por colunas, onde se avistam quartos com varandas. Viemos a saber mais tarde tratarem-se das suites do hotel. De volta ao interior pudemos apreciar o ginásio bem equipado e muito sóbrio e o restaurante do hotel cujos elementos centrais eram paletas de tinta desenhadas no tecto com uma mistura de tintas em relevo com se estivessem prontas para serem utilizadas pelo melhor dos pintores. O quarto de dimensões agradáveis era muito confortável e o que nele prendia a atenção dos sentidos era a parede adjacente à cama, projectada em madeira com efeitos de luz a fazerem lembrar peças de um dominó ou as faces de um dado. Da sua janela estendia-se a cidade de Chaves aos nossos pés. Como chegamos à cidade num domingo as actividades de rua estavam reduzidas, com o comércio encerrado e sem ninguém nas ruas. Era pois tempo para apreciar a gastronomia desta região que é de fazer crescer água na boca. Na taberna Benito a posta mirandesa e a vitela estufada foram as escolhas acertadas. A acompanhar uma bela sangria sabiamente elaborada.
De volta ao hotel para descansar de tão apreciado repasto, era tempo de ir visitar o casino. Como as crianças só tinham permissão para chegar até ao primeiro bar do casino, a Micá permaneceu aí com o André e eu fui tentar a minha sorte nas clássicas slot machines. A regra de sempre é investir apenas 5 euros e sair quando terminar o último cêntimo. E foi o que fiz! Como não frequento casinos com regularidade, consegui perceber que a tradição já não é o que era pois para além de máquinas com diversos e variados jogos, percebi que já não se trocam notas por fichas nas caixas e já não se ouve o tilintar das fichas na gaveta inferior das máquinas, quando alguém tem a sorte de acertar e arrecadar algum montante. Agora as notas entram directamente na máquina, como se se estivesse a pagar um parqueamento e quando se alinham os símbolos da sorte, o som é emitido eletronicamente. No dia seguinte e antes de partirmos rumo ao próximo destino, esperáva-nos um pequeno almoço de nível, numa sala com vista para o campo, café com bom aroma e de sabor suave. Os enchidos da região eram uma presença apetecível e o pão e os croissants eram deliciosos. Ainda tivemos tempo de visitar e de sentir as ruas desta bela cidade, apreciando aqui e ali pequenas lojas tradicionais onde o azeite e os frutos secos são os reis que enchem os olhos e deixam a boca ávida de gosto.
O próximo destino era Vila Flor onde tinha de cumpri mais um compromisso profissional. Alojámo-nos numa quinta de agroturismo praticamente à entrada da vila. A Valonquinta tem gerência familiar e ocupa um espaço onde se destacam a zona habitacional rodeada de terreno e de animais. As casas estão cuidadosamente tratadas e decoradas com motivos do campo. Cada quarto tem uma identidade própria e são batizados com nomes de flores. Existem várias salas onde se pode simplesmente estar e apreciar o silêncio à volta de uma bela leitura. Quem se quizer entreter com jogos tem disponível matraquilhos e um snooker. Uma piscina completa o quadro emoldurado por uma paisagem verde e o chilrar dos pássaros. Passear pela quinta é uma bênção para os sentidos pois, para quem perde o hábito de andar devagar e esquece os aromas do campo, esta é uma terapia que nos reensina a apreciar o valor da vida e a comunhão com a natureza. Aqui a natureza domina e mostra a sua força e beleza, pois é possível apreciar de tudo, desde a amoreira à pereira, tudo está presente. Pensávamos nós que as amoras eram apenas provenientes das silvas selvagens. Como é Setembro a vinha está no seu esplendor com cachos de uvas delicadamente tratados. As ovelhas, o burro, o poney, os patos e os gansos fazem as delícias dos grandes e dos pequenos. Depois de encontrarmos frutos e vegetais que na cidade só se encontram nas superfícies comerciais, ainda encontrámos no final do nosso passeio, autênticos cachos de kiwis e amêndoas. Uma verdadeira delícia. O pequeno almoço servido pela D. Laura, é soberbo. O sumo, feito na hora com frutas da quinta é de sabor indescritível e as torradas em pão caseiro barradas com manteiga ou azeite, são de lamber os dedos. Bolos caseiros não faltam por aqui, lá fora numa zona de alpendre, existem caixotes de fruta disponíveis para que todos possam provar e comer, saboreando o que a quinta tem de melhor. Tudo isto é gerido pelas mãos do sr. Carlos e da sua mulher, que são anfitriões de corpo e alma e fazem sentir os seus clientes como se estivéssemos em nossa casa. O André passou aqui horas de grande felicidade, pois como criança que é adora o campo e a liberdade e encontrou uma encantadora rafeira de seu nome Zuma que adorou e desfez em mimos e em brincadeiras.
Depois de mais um delicioso pequeno almoço despedimo-nos de todos com saudade e gratidão pelas horas que passámos naquele local. Uma bonita viagem pelo Douro vinhateiro fez-nos chegar até Viseu, localidade que gostamos imenso e desta vez queríamos apreciá-lo tendo por retaguarda a bela e recente pousada.
O edifício é soberbo! Reerguida do antigo hospital da misericórdia este magnífico hotel faz juz ao seu esplendor e encanto. A faixa foi meticulosamente conservada com os granitos a enquadrar as janelas e as portas. Após as formalidade do check-in, somos convidados a percorrer um corredor que seguem ao longo dos claustros. Estes formam uma autêntica praça central de grandes dimensões onde funciona o bar e grandes espaços de descanso com sofás. Este local, encerrado em cima com uma estrutura projectada por um arquitecto, é banhado por luz natural e é sem dúvida a alma do edifício. Tem um formato quadrado e permite observar todos os andares da pousada com janelas e varandas que mais tarde, nos pisos de cima nos servem de pontos de observação do claustro visto por cima. Os quartos são grandes e muito funcionais e confortáveis. Todo o edifício tem uma decoração minimalista, mas esta opção não lhe tira a beleza pois em cada canto encontram-se contrates do novo com o velho e original. Fotografias emolduradas nos quartos e corredores, transportam-nos pela história da reconstrução daquele nobre edifício. Um SPA e uma piscina interior estão ao dispor dos hóspedes, equipamentos não habituais nas nossas pousadas. O espaço exterior é bem cuidado e uma piscina rodeada por um deco de madeira faz as delícias nos dias de intenso calor, a rondar os 30 graus com que fomos prendados. Num dos dias de vista a esta bela capital beirã, aproveitámos para ir visitar a recem inaugurada praia de Magualde, a live beach. Trata-se de um espaço no sopé do planalto onde se situa a ermida dedicada à Nossa Senhora do castelo. É um local agradável com uma piscina enorme, areia verdadeira, todos os apoios de comercio, restaurantes e até local para massagens. Para dar a noção de que estamos à beira mar, no topo da piscina está localizado um painel que projecta a continuidade desta até à linha do horizonte e um magnífico céu com nuvens brancas que transmitem serenidade e a sensação de que se está mesmo à beira mar.
De volta a Viseu e como decorria a feira de S.Mateus aproveitámos para fazer um passeio e um jantar pela feira, que já leva anos de tradição, mas que nunca tínhamos frequentado. A gastronomia beirã era rainha neste local e para sobremesa, nada como um belo e tradicional algodão doce e umas farturas. O André deu uma voltinha num dos carrosséis e depois de darmos a volta ao recinto apreciando os produtos habituais numa feira, que se mantém inalteráveis década após década, regressámos ao encanto e ao conforto da nossa bela pousada.