H amburgo é a segunda maior cidade da
Alemanha. A 3 horas de viagem de Lisboa e com preços de ligação aérea mais
económicos que uma viagem de alfa de Lisboa ao Porto, (www.ryanair.com) está acessível a todos os
que partilham esta vontade inexplicável de viajar sempre. É considerada a pérola do norte da Alemanha,
quer pela sua história quer pelas suas imensas atrações que vão desde o magnífico edifício da câmara, às suas belas igrejas ou ao seu porto, o maior do
país. Motivos
não faltam para visitar a cidade. É uma das cidades da Alemanha
menos divulgadas e menos comentadas no sentido de quem pretende visitar este
país opta primeiro por Berlim, Munique ou Frankfurt. Mas este motivo só pode ser
por desconhecimento das pessoas, pois a cidade não fica atrás de Estocolmo,
Bruges ou Amsterdão. Por esta altura a cidade fervilha num frenesim contagiante
que une os habitantes e os visitantes em torno dos mercados de Natal
espalhados pela cidade (15 no total), onde para além do espírito da época, partilham-se
momento à volta de um bom copo de vinho (gluhwein), tinto ou branco, mas quente. A
temperatura a rondar os 3 a 5 graus convida a aquecer o corpo com um destas
especialidades locais. Para além do vinho existem inúmeras outras bebidas, a maioria alcoólicas
que se bebem quentes e que são produzidas a partir de bagas vermelhas e outros frutos. Nos
mercados encontram-se ainda produtos de artesanato alusivos ao Natal
assim como
especialidades culinárias (salsichas, panquecas de batata, presento fumado,
etc) que emanam aromas que se levam gravados na alma para sempre. A presença e
o espírito de Natal é aqui vivido com intensidade por todos quantos visitam a
cidade mas também pelos locais que saem à rua para apreciar esta época que trás
a paz, alegria e confraternização para os povos que acreditam que o mundo pode
ser um lugar melhor. Desde a abertura que estes mercados se enchem de gente e
poucas horas após a abertura já é quase impossível circular entre as casinhas
de madeira construídas para o efeito. Com o entardecer as luzes brilham com uma
intensidade que faz destes locais ilhas de luz e de pessoas com alegria
transbordante. A cidade é servida por uma excelente rede de transportes
públicos que ligam o
metro ao comboio e aos autocarros e que nos levam a todos
os locais de interesse. Logo desde o aeroporto pode-se adquirir o Hamburg Card,
(http://www.hamburg-tourism.de/) na
loja das informações e utilizar as modalidades de um até 5 dias. O cartão mais
económico é o de grupo que poder ser utilizado por grupos de até 5 pessoas e
tem um custo de 16.50 euros para 1 dia. Para os que acham que o preço é
exagerado, basta saber que um bilhete isolado para uma viagem de metro ou
autocarro custa 3 euros por trajeto. Para utilizá-lo não é necessário qualquer
tipo de obliteração basta inscrever a data a partir da qual se quer utilizar e a
partir dai fica válido até às 06 h da manhã do dia seguinte. Os alojamentos em
Hamburgo são caros,
refiro-me nomeadamente aos hotéis. Como boas alternativas
existem agora as opções que passam pela escolha de reservar um apartamento de
um residente local. Existem diversos sites especializados neste tipo de
aluguer. Aquele que tenho utilizado mais pela diversidade de opções de que
dispõe e pelo atrativo design gráfico do site, é o www.airbnb.com. Trata-se de uma opção segura e
confiável que oferece opções para todas as bolsas e com a segurança garantida dos
gestores do site. É possível questionar diretamente o responsável pelo
alojamento, enviando-lhe mensagens, sempre via plataforma do site para que tudo
fique registado. Questões práticas como perceber a melhor fora de chegar à
morada ou qual a melhor opção de transporte a partir do aeroporto, são perguntas
que facilitam muito no momento da chegada. É uma
opção muito atrativa para quem gosta de poupar, dispensando as mordomias dos hotéis. Esses serviços podem ser
e numa linha de pensamento positivo e economicista, substituídos pela
possibilidade de se poderem fazer algumas refeições, conhecer zonas da cidade
onde moram os habitantes locais e normalmente ser logo orientado pelos donos
dos apartamentos sobre os melhores locais a visitar e o que está a acontecer de
interessante em cada um dos locais. Em Hamburgo ficamos no apartamento da
Márcia, uma jamaicana com ascendência alemã que transbordava em simpatia e recebeu-nos de uma forma muito calorosa. O apartamento ficava em Lianenweg a pouca
distância do autocarro M5 cuja paragem é em
Veilchenweg. Esta distância
percorreu-se por uma zona urbanística de grande qualidade com casa bem
cuidadas, espaços verdes rigorosamente cuidados onde os pertences de exterior
dos condóminos, ficam mesmo no exterior da habitação sem qualquer preocupação
com o seu desaparecimento. É frequente verem-se brinquedos de crianças ou
mobiliário de exterior nos espaços verdes abertos para a rua, em total harmonia
como aquela que se vive dentro das casas onde as cortinas servem apenas para
adornar as janelas pois o interior é para mostrar ao exterior e o exterior
deve-se ver para o interior. Cerca de 15-20 minuots depois estávamos no centro da
cidade onde o percurso pela cidade pode ser ao gosto de cada um. Nós iniciamos pela
Junferstieg, uma das principais praças da cidade onde o rio Elba entra cidade adentro e nos permite apreciar a sua majestosa dimensão e nos obriga a percorrer
os seus muitos canais que nos conduzem até à praça onde se encontra o edifício
da câmara municipal, a Rathaus. Mas antes de fazer este percurso a nossa atenção
foi desviada para o mercado de Natal desta praça, o único na cidade com tendas
de lona branca.
Estava a abrir no momento em que chegamos e tinha tanto para
oferecer que era difícil dar atenção a todos os pormenores. Estes mercados são
muito típicos e muito comuns em muitas cidades da Alemanha por esta altura do
ano. Pouco tempo após a abertura já se encontrava cheio de pessoas que
apreciavam as iguarias que se vendem nestes locais e são muitas. Para além das que referi acima, encontram-se ainda todo o
tipo de frutos secos, queijos, enchidos, salsichas, uns bolinhos fritos típicos
de Hamburgo e polvilhados com açúcar em pó, os schmalzkuchen, deliciosos, entre outras.
Estava algum frio que suportamos com roupas e adereços apropriados, parecendo até
que os naturais da cidade sentiam mais frio que nós vindos do sul da Europa.
Para fazer
frente a estas baixas temperaturas, os alemães consomem muito nos
mercados um vinho, branco ou tinto mas que se bebe quente, o gluhwein (falta o
trema no u que o teclado português não permite colocar) e que é preparado com
canela, açúcar e laranja. Toda a gente bebe este vinho por todos os mercados da
cidade. Acabei por não o provar pois fomos optando pelo chocolate quente. Percorri o mercado desta praça dirigimo-nos para a praça da Rathaus onde se encontrava o principal mercado de Natal da cidade. O edifício da câmara, é uma obra de arquitectura ímpar pela mistura dos seus estilos que
passam pelo gótico, barroco e renascentista e que se mantém germanicamente
conservado após o trágico incêndio que se abateu sobre esta zona da cidade. Pela
sua majestosa presença, torna-se numa das mais marcantes paisagens de
Hamburgo e ninguém imagina que teve a sua reconstrução suspensa por diversas
vezes devido a revoluções, disputas e epidemias. É tão interessante por fora
como por dentro onde é possível ver as exposições de forma gratuita. Muito
próximo desta praça encontra-se a igreja de S. Petri, a mais antiga da cidade
com a sua majestosa torre com 132 metros de altura. Depois de metro ou a pé
(nós optamos pelo metro) é obrigatório chegar até à zona do porto da cidade
onde a vida fervilha com as
gentes que apreciam a dança dos barcos que transportam
outras tantas gentes pelo rio que mostra a cidade das suas águas calmas. É uma
zona da cidade muito agradável onde é possível passear, fazer um cruzeiro e
apreciar o edifício ainda em construção onde sobre os tijolos vermelhos que
caracterizam toda aquela zona, se ergue um edifício em vidro, designado de Elbphilharmonie, cujo nome dissecado pela união das palavras significa algo como a
filarmonia do rio Elba que banha a cidade. A obra pretende ser um importante ponto de atração turísticas, com centro de conferências, comércio e restauração e é um forte candidato à concorrência com o edifício do museu Guggenheim
de Bilbao, aqui no continente europeu. O novo elemento da cidade ergue-
se por
110 metros de altura. Como optamos por fazer o percurso de metro saímos em
Reeperbahn e percorrermos toda a zona considerada a top da noite picante da cidade
com casinos, sex shops e sex shows. Como era de dia estava tudo ainda calmo. No
início desta rua encontram-se umas estátuas a definir a linha externa dos
corpos dos Beatles com os seus instrumentos musicais em homenagem à sua
digressão pela cidade que foi um local importante para esta banda musical dos
anos 60. Apesar de terem nascido em Liverpool foi em Hamburgo que crescem no
início da sua carreira musical. No seguimento do porto da cidade encontra-se o
maior complexo de armazéns do mundo, rodeados por canais de águas e unidos por
pontes. Ficam na zona de Speicherstadt e a sua criação foi devida a uma
complexa estratégia administrativa relacionada com a livre circulação de
produtos, impostos e com a alfândega. Trata-se de enormes edifícios de
arquitetura neogótica com fachadas em tijolos vermelhos e unidos por mais
pontes que aquelas que Veneza tem. Passear por esta zona da cidade tem um
encanto especial pois após percorrer toda a zona do porto da cidade, renovado
recentemente e ao que parece e nada comum entre as rigorosas contas estatais dos
alemães, teve uma derrapagem orçamental e de cumprimento de prazos. No nosso
primeiro dia de
visita à cidade fomos abençoados com um magnífico por do sol
que, ao que parece, não é nada comum por esta altura do ano, pois as nuvens e
os seus tons cinzentos são a presença mais habitual nesta época. O percurso de
acesso ao porto, também se pode fazer a partir da estação de metro em Landungsbrucken, que fica a seguir à de Reeperbahn e permite ter
uma boa perspetiva da dimensão do porto, o 3º maior da Europa e o 15º maior do
mundo, onde barcos e navios de vários portes fazem os seus percursos. É muito
típico fazer-se um passeio de cruzeiro para apreciar a cidade sobre outra
perspetiva. Ainda fomos saber os preços que ultrapassavam largamente o valor de
uma boa refeição pelo que optamos por economizar para podermos voltar ao
restaurante
Nordsee que havíamos encontrado junto a um dos ancoradouros que dão
acesso à entrada para os navios. O complexo de armazéns fica na continuidade do
porto permitindo apreciar a dimensão dos edifícios, por prismas e ângulos
diversificados pois pode optar-se por caminhar sobre as inúmeras passadeiras de
madeira que acompanham os canais de água. O anoitecer por aqui é igualmente
belo pois as gigantescas paredes de tijolos vermelho rasgados por centenas de
janelas de vidro, agora iluminam-se e projetam nas águas calmas as suas sombras
de luz fazendo deste cenário algo de grande beleza que vale a pena apreciar.
Dos armazéns voltamos a pé até ao centro da cidade apreciando a sofisticação
dos edifícios e a nostalgia que os diversos mercados de Natal nos transmitiram
com a sua ornamentação em madeira, pinheiros e luzes cintilantes. A fusão dos
aromas que se podem experimentar são por si só um grande desafio para os
sentidos. No primeiro dia fizemos um reconhecimento às principais atrações da
cidade e no dia seguinte decidimos percorrer alguns dos percursos com mais
tranquilidade para apreciar aspetos de pormenor. Já com algum domínio das
linhas do metro (U-bahn) foi mais fácil percorrer maiores distancias ganhado
algum tempo. Um dos objetivos no segundo dia era visitar a Wunderland. Trata-se
do universo do mundo em miniatura e constitui outra das principais atrações da
cidade. Tudo
começou no ano 2000 pela construção de linhas férreas e
composições de comboios em miniatura (ferromodelismo) por parte de 2
empreendedores da cidade. O sucesso foi tão grande que a construção de outros
cenários tornou-se uma imposição. Hoje a museu tem amostras em miniatura de
praticamente todo o mundo e as construções continuam, perspetivando-se a
construção de novos cenários até 2020. Para além das diferentes épocas da
história da Alemanha, pode observar-se a complexa vida de um aeroporto com
direito a observar descolagens a aterragens de aviões, estância de sky nos
alpes, ou o grand canyon. É delicioso e vale muito a pena visitar com tempo e
com interesse. Este museu fica
dentro do complexo de armazéns pelo que é
necessário ir até ao porto e sair numa das paragens de metro que servem a
aquela zona, a mais próxima é a Baumwall mas que fica numa linha do S-bahn
(comboio) podendo-se optar por sair na estação de Landungsbruchen servida pelo
metro U-bahn seguindo pelas linhas S1 ou S3. Segue-se um percurso a pé, que
permite apreciar a zona dos restaurantes portugueses. Não existem placas
indicativas para o museu o que torna a sua procura mais excitante para quem aprecia a descoberta. Nesta descoberta pelas diferentes ruas como quem joga ao
jogo do quente e do frio, encontramos escondido num dos grandes edifícios dos
armazéns, uma fábrica de café que para além
de moer e empacotar os precisos
grãos também tem uma loja de vendas e mesas e cadeiras para se apreciar um café
quente em conjunto com uma deliciosa opção doce, que no nosso caso teve que ser
o nosso adorado bolo de queijo que nos soube a gratidão e a saudade.
Como anoitece pelas 16h, quando saímos
do museu das miniaturas já as luzes da cidade cintilavam entrando pela água dos
canais e com esta dançavam a sua valsa embalada pela suave ondulação. O frio ao
entardecer intensifica-se obrigando a aconchegar as golas e os barretes e a
procurar refugio em locais confortáveis. Foi com este espírito que optamos por
fazer alguns dos
uma parte da cidade antiga projetada nas águas do rio Trawe que a banha. Entrando pela cidade pelo Holtentor, uma espécie de porta de entrada, facilmente nos perdemos pelas ruelas da cidade antiga que estavam repletas de pessoas que o visitavam e percorriam o mercado de Natal mais intenso e vigoroso que já vimos. Por aqui, para além de tudo o que se encontra à venda nos mercados desta natureza, tive o privilégio de ouvir as músicas de Natal que cantei anos seguidos no coro da igreja quando vivia neste país e participava no presépio vivo do Natal. Em Hamburgo, tal como referi, encontravam-se espalhados pela cidade 15 mercados natalícios mas este de Lubeck tinha uma vida e um encanto próprio. Visitamos ainda a
catedral e no percurso até lá pudemos observar um hospital em funcionamento num edifício medieval. Visitar Hamburgo foi uma surpresa muita agradável, é uma cidade muito bela e sofisticada e Lubeck foi uma experiência inesquecível. Ficou tanto por visitar, nomeadamente a cidade de Keil, um pouco mais a norte e uma da últimas antes da Dinamarca e mais a este a cidade de Schwerin com o seu magnífico castelo. Aqui ficam muitas razões para voltar a esta zona da Alemanha e continuar a percorrer os caminhos do conhecimento e a continuação da construção dos traços do mapa que traçam a geografia da nossa presença no mundo.
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