Wednesday, April 7, 2010

COR, ALINHAMENTO, NATUREZA E LUXO (CS S.RAFAEL ATLÂNTIC HOTEL)

O contacto com a cadeia de hotéis CS já não era de agora. Há alguns anos, aquando da inauguração do CS S.RAFAEL SUITE HOTEL próximo à praia de S.Rafael em Albufeira, tivemos o privilégio de ter uma visita guiada pela unidade. Nesta época, ao início dos anos 2000 dava-se a explosão dos estilos modernos no que diz respeito ao design e cor nas linhas de mobiliário, candeeiros, texturas dos tecidos e, os primeiros regressos do papel de parede dos anos 70 e 80. Ficámos rendidos pelo encanto e harmonia que os padrões, conjugados por profissionais, davam àquele espaço. As suites estavam luxuosamente equipadas e obedeciam ao mais elevado grau de modernidade e conforto a que já estamos habituados nos hotéis de construção mais recente. Passados alguns anos, somos surpreendidos pelo crescimento da cadeia com a implantação de várias unidades hoteleiras um pouco por todo o país (Ex: Douro, e Montargil), mas com forte aposta na região do Algarve, nomeadamente entre as praias de S.Rafael e os Salgados. Nestas férias da Páscoa decidimos então sentir o verdadeiro potencial das letras CS ao reservarmos o mais recente membro desta cadeia, o CS S.Rafael Atlântic Hotel. A aproximação ao hotel faz prever um espaço luxuoso onde o verde das palmeiras se mistura com o castanho terra do edifício de apenas 2 pisos acima do solo. O lobby é grandioso em área e em altura e minimalista em decoração. A parede à nossa direita ganha cor com 8 LCD’s de grande dimensão em cada um dos lados, que a decoram quais quadros que lhe dão vida e movimento. A base dessa mesma parede é rasgada por uma lareira de proporções pouco habituais, em formato longitudinal a funcionar com carvão vegetal. O centro deste moderno espaço que convida a entrar e a estar, é decorado por sofás em pele bege que têm medidas também elas pouco convencionais pois ultrapassam seguramente os 3 metros. Bancos em madeira geometricamente talhada acompanham estes espaços de sentar, posicionados em linhas obliquas, como se de um sítio de paragem se tratasse. Os momentos que antecedem a entrada nas suites continuam a constituem para nós, que já temos um excelente portfólio de hotéis de 4 e 5 estrelas, um momento de suspense em busca da inovação e da surpresa, que apenas é esbatida pelas imagens que são disponibilizadas online. Esperava-nos uma espaçosa suite, luxuosamente decorada e pintada de castanho dourado. As camas twin cuidadosamente alinhadas, com cabeceiras em ripas de madeira convidavam a deitar logo naquele momento, tal era o conforto emanado pelas almofadas e edredons. O espaço de banho é o que mais se altera a cada construção de um novo hotel. Aqui, estes locais mereceram uma cuidadosa separação encontrando-se posicionados próximo da entrada, apenas divididos do espaço principal da suite por uma pequena parede que suporte o lavatório e o espelho. Em cabines separadas estão depois os sanitários e a zona de duche, esta de dimensões invulgares permitindo a entrada de várias pessoas e banhos simultâneos em família. Da varanda da suite avista-se um jardim de palmeiras rasgado por um riacho artificial de água e ao fundo, o mar. Os espaços exteriores do hotel estão cuidadosamente cuidados e repletos de palmeiras e oliveiras, cuidadosamente alinhadas e a perder de vista. Atravessar estes magníficos jardins constitui motivo de calma e deambulação que só é interrompido pelo brilho e reflexão nas calmas águas das 3 piscinas exteriores. Os trilhos entre este jardim de luxo conduzem-nos praticamente até à praia de S.Rafael. Este pedaço de areia e falésia que a natureza ali colocou é uma bênção para quem a observa num fim de tarde de uma primavera envergonhada pelas nuvens que deixam espreitar um sol preguiçoso. A areia é dourada e a água de um cristalino poderosamente atraente que me atreveria a dizer, único mundo. O resort está equipado com um SPA moderno onde os tratamentos disponíveis são diversificados e acessíveis. Existem 2 piscinas interiores de água aquecida e fundo cristalino forradas com ladrilhos de cores castanha, dourada e esverdeada que de média dimensão e que se enquadram com os restantes tons do chão e das paredes. Uma curiosidade foi observar inúmeras decorações feitas com pedras de lava vulcânica (pedra pomes). Encontramo-las nos rebordos das piscinas e dentro de grandes recipientes em vidro. O ginásio é grande e muito bem equipado.
Por todos os lados a cor que predomina é o castanho dourado que serve de base aos outros apontamentos da decoração que vão desde os caixilhos das janelas aos cortinados em tiras finas que as decoram sem taparem a visibilidade para o exterior. A sala do restaurante Seven Seas tem características arquitectónicas particulares. Sendo um espaço de grande dimensão, foi projectado quase como um open space, pois todas as paredes que a envolvem transmitem a sensação de um espaço aberto, com tectos altos a comunicarem com o piso superior onde foi aproveitado o rebordo final da parede para um engraçado jardim interior onde os cactos são reis e senhores. O resto do envolvimento da sala são enormes painéis de vidro que mostram os jardins de palmeiras e oliveiras e o verde da relva aparada como de um tapete se tratasse. No que diz respeito à gastronomia, não temos ainda por hábito utilizar regularmente os restaurantes dos hotéis, não porque a cozinha e os serviços não o mereçam, mas porque consideramos as tarifas ainda exageradamente elevadas. Assim, desta nossa curta estadia pelo Algarve fez também parte a procura de espaços gastronómicos recomendados pelo inseparável Lifecooler, que até hoje sempre nos surpreendeu. Ironicamente, pois não tínhamos feito um planeamento prévio, encontrámos 2 magníficos restaurantes muito próximos do hotel, dignos de referência neste post. O primeiro, a pouco metros da rotunda que nos conduz à Guia, encontra-se um pouco mais acima, do lado esquerdo, na localidade de Vale da Parra, na estrada que nos conduz à capital do frango. Tem parque privativo com uma placa iluminada que permite a sua identificação, pois aquela que se encontra na parede do restaurante pode passar incógnita por ter pouca iluminação. O restaurante Casa do Avô oferece-nos um regresso ao passado com uma decoração típica onde predominam as alfaias agrícolas e os utensílios utilizados nos animais que ajudavam no tratamento da terra. O serviço é de excelência e o conceito que predomina é o de slow-food, podendo-se iniciar a refeição com um magnífico buffet de entradas onde temos à disposição desde os enchidos que típicos da região, até aos peixinhos da horta ou a deliciosa courgette que se derrete na boca. A ementa é sofisticada e as opções difíceis de tomar na hora da escolha. Acabámos por optar por um prato de peixe e outro de carne. O tamboril à bulhão pato com amêijoas e camarão estava delicioso. A segunda opção recaiu sobre o peito de pato confitado com mel e amêndoas do Algarve. Não consigo dizer aqui qual dos dois estava melhor. Para outra das refeição escolhemos o restaurante Castelo do Bispo. Fomos encontrá-lo numa encosta sobranceira à Marina de Albufeira seguindo a estrada da Orada. Encontra-se ao cimo dessa estrada do lado esquerdo. A vista é magnífica com a marina à direita e o Oceano Atlântico pela frente. Entrar no restaurante é regressar de imediato à cultura muçulmana. Predominam os tons de azul e por todo o lado se encontram apontamentos decorativos que nos transportam de imediato para os países magrebinos. O espaço não é grande mas a contar com os espaços exteriores há lugar para umas dezenas de lugares sentados. À entrada do Castelo ainda há espaço para uma zona de estar com sofás onde se pode esperar tranquilamente por uma mesa em dias de maior afluência. As nossas escolhas recaíram sobre o bacalhau com broa e cestinho de alheira recheada e o peixe do dia à escolha. O bacalhau era delicioso, vinha acompanhado com batatas assada, uma cebola macia a aveludada e as verduras vinham acomodadas dentro de um cesto de alheira com um sabor sem descrição. O Salmonete grelhado também fez as delicias dos comensais. Para fechar a refeição deliciámo-nos com um leite-creme acabado de queimar e um bolo de chocolate com frutos silvestre e gelado (tipo petit-gateau). Para acompanhar o café foi-nos oferecido como cortesia 3 mini suspiros ainda quentinhos e deliciosamente macios. Despedimo-nos do dono daquele espaço com breves trocas de palavras sobre o gosto pela decoração muçulmana e sobre as características atípicas do tempo desta ano que não lhe têm permitido explorar os seus terraços exteriores como tanto gosta. Foram mais umas experiências gastronómicas que nos marcaram e passaram a fazer parte da nossa já longa lista de magníficas "life experience".

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