Saturday, December 26, 2009

AO NORTE DE PORTUGAL. Douro Palaciano e Porto Cosmopolita.

Por estes dias e já com as férias de Verão tão longe, apetece descansar. A época que se avizinha é de festa e de comemoração. Sendo assim, junta-se o útil ao agradável e descansa-se e comemora-se a quadra natalícia. Com pouco tempo para pensar ou organizar qualquer viagem mais elaborada e depois de uma navegação rápida pelos sites das companhias aéreas e pelas tarifas hoteleiras das cidades da Europa, a decisão foi rapidamente tomada. Ficar por cá e fazer mais uma incursão ao norte de Portugal. Por esta altura do Natal, o norte apruma-se e mostra aos seus visitantes o que de melhor existe nas suas tradições natalícias. Eu costumo dizer que no norte cheira a Natal, pois das casas saem os aromas das melhores iguarias que por estas terras ainda são genuínas. Aqui o cabrito é criado na montanha e a carne da vaca segue as normas da região demarcada a que pertence. O capão (vulgo galo) é criado à mão e constitui por isso um produto de enorme valor e qualidade gastronómica. A complementar este património gastronómico único e não menos valioso, a região norte do país goza de privilégios que lhe confere projecção além fronteiras. Fomos directos ao conselho de Baião, pois por lá, bem na encosta do Douro, ansiávamos conhecer o novíssimo Douro Palace Hotel. E porque a viagem era longa projectámos o almoço do primeiro dia na nossa muito conhecida catedral dos leitões logo ali à saída de Coimbra. Vale a pena descrever alguns pormenores sobre esta zona, Para lá chegar, vindo do sul ou do norte, a melhor saída pela A1 é em Coimbra norte. Depois de percorrer cerca de 9 km que separam o acesso à auto-estrada na estrada nacional, a direcção a seguir é Coimbra e logo à frente encontramos as placas com as localidades de Fornos e Vilela. É só seguir e contornar a rotunda. O restaurante o Rui dos Leitões vê-se logo no início da rua. O espaço foi todo renovado à algum tempo e agora oferece aos ses comensais uma decoração moderna com mobiliário confortável e instalações que mais fazem lembrar uma sala de hotel. Bem, para comer não há dúvidas: leitão. É delicioso. Vem assado no ponto e é servido com rodelas de laranja, salada e batatas fritas. É uma paragem obrigatória e um prato que já não dispensamos quando viajamos para norte. A bebida obrigatória que deve acompanhar este pitéus dos Deuses, mas que deverá ser consumida com consciência e de forma moderada é o vinho frisante produzido e engarrafado pelas Caves Messias, para este restaurante. Trata-se de um vinho branco de rótulo humilde que lhe confere o nome, Viadores, discretamente gaseificado e de travo algo doce. É divinal!
Voltando ao Douro, e depois da preciosa ajuda do GPS, com relativa facilidade chegámos à freguesia de Santa Cruz do Douro. Logo a partir do nó dos Carvalhos é só seguir a indicação A3/A4 Braga/Viana. Depois de passar a ponto do Freixo e o estádio do Dragão à esquerda, temos que nos incorporar na A3 para depois entrarmos na A4. Depois é só percorrer cerca de 100km, 50 do quais em estrada decente e outros 50 por curvas e contra-curvas, mas com uma paisagem deslumbrante. Finalmente e sem se deixar anunciar, pois as primeiras indicações que nos surgem sobre o hotel, são apenas em Baião, encontramos ali, sobranceiro ao Douro, no Lugar de Carrapatelo, o Douro Palace Hotel Resort & SPA. Visto do exterior é um edifício de linhas direitas e sóbrias, constituído por longos rectângulos debruçados sobre a encosta e virados ao rio. Ao entrar percebe-se que o hotel é muito mais do que isso. Dentro do edifício encontra-se outro de traça antiga que representa a antiga casa da família. A história é simples mas merecedora de projecção e até registo em brochuras para divulgação. Esta unidade nasceu da vontade de uma família, proprietária de várias quintas nesta região que decidiu, depois de encontrar mais um conjunto de sócios e formar a empresa JASE -Empreendimentos turísticos Lda, aventurar-se pelo munda da hotelaria. Abençoada aventura! E já a pensar no futuro há um projecto para uma unidade de 5 estrelas na freguesia de Ribadouro, mesmo junto às margens do Douro, será o Grande Douro Hotel. A antiga quinta de São João deu lugar, com um aproveitamento da antiga casa de habitação da família a um hotel que se projectou a partir deste edifício central para um e outro lado. A riqueza do ponto de vista arquitectónico é impar. No módulo central funcionam os serviços de bar e restauração. A recepção e o lobby estão ao nível do 5ºandar e os pisos dos quartos projectam-se encosta abaixo pelo que, em vez da tradicional subida para os quartos, aqui temos de descer. De facto, logo a partir do piso térreo, fica-se com a impressão que tudo o resto se há-de passar numa quota inferior, pois daqui projectam-se vários conjuntos de escadas para baixo e ao olhar pelos vidros, o Douro cumprimenta-nos lá em baixo, onde deambula calmo na sua infinita serenidade. A paisagem principal e que acompanha sempre o resort, é o Douro. Os quartos são muito confortáveis, forrados com alcatifa negra que faz a ponte a partir da cobertura de ardósia que decora todo o chão do hotel. Para as cabeceiras de cama foram escolhidas paisagens do Douro projectada nas traseiras dos roupeiros que separa o quarto das casas de banho. Ideia idêntica encontrámos no hotel Kenzi Menara Palace em Marraquexe. Dormir neste pedaço de paraíso permite acordar com o Douro aos nossos pés, pois todos os quartos gozam de uma magnífica vista para o rio. No restaurante, onde predominam os tons castanhos e onde o tecto forrado com folhas de fibra ondulantes, traz a energia do rio para dentro do edifício, servem-se iguarias preparadas pelas mãos do Chefe Rocha que deixam os comensais presos pela boca e ainda mais apaixonados por tão belo lugar. Provámos como entradas creme de alho francês com gambas souté e azeite de crustáceos e presunto transmontano laminado, com pêra bêbeda, espargos grelhados e redução de LBV. A escolha do prato principal recaiu sobre o polvo grelhado em azeite de orégãos com batata de pele recheada, espinafres e maionese de alho. Para a sobremesa convencemos a simpática colaboradora do restaurante a desafiar o Chefe Rocha para no servir de novo a soberba pêra bêbeda que compunha o prato da entrada de presunto, uma tinta e outra, por sua sugestão, branca. Divinal a branca pois era em tudo diferente da pêra tinta a que estamos habituados mas mesmo a tinta aqui é preparada em Vinho do Porto das castas da região. Da pêra branca sobressaem uma fusão de sabores a mel e canela numa mistura que deixa marca na nossa memória.
AXIS PORTO HOTEL - Finda a visita à esta região voltámos ao Porto onde reservámos o novíssimo Axis Porto Hotel, com inauguração em Março deste ano. Trata-se de um edifício de 9 andares de ar sofisticado com direito a monograma numa parede exterior do edifício. Vindo da A4 e saindo para Matosinhos a localização é facilitada pela constante orientação das placas estrategicamente colocadas. Fomos recebidos com um caloroso sorriso da recepcionista Marta que nos alegrou logo à chegada com um ug-grade para uma suite. O lobby do hotel é sofisticado e muito bem decorado. É fantástico apreciar as novas linhas de tendência decorativa dos decoradores modernos. Aquilo que julgávamos impossível de conjugar agora predomina no mesmo espaço com uma harmonia que nos permite cultivar a imaginação e inclusive dar largas às nossas ideias na tentativa de interpretar as relações entre as cores os padrões e a simplicidade das formas dos objectos e do mobiliário. As paredes de mármore castanho raiado convivem no mesmo espaço com um chão preto e apontamentos dourados dos ladrilhos das colunas do edifício. Carpetes e tapetes há-os desde vermelho vivo a cinzas e castanhos, encimados com cadeirões e sofás com riscados brancos e pretos e padrões cinzas, numa harmoniosa conjugação de beleza. A sala de restaurante dá-nos a noção da continuidade do lobby, pois foi projectada em open-space. A separá-los dos outros espaços encontram-se elementos decorativos multifuncionais que dão vida ao local, permitindo múltiplas facetas decorativas. A suite é fabulosa. Tudo ainda cheira a novo. A surpresa começa logo à saída do elevador com motivos da cidade impressos nas paredes dos corredores e nas portas de cada quarto. Assim, mesmo dentro do hotel, a cidade cumprimenta-nos a cada passo, aguçando o apetite para a visitar e até para descobrir edifícios e monumentos que por vezes não estão incluídos nas nossas visitas programadas. O alinhamento do mobiliário mostra uma projecção programada, pois tudo está no local correcto e com a funcionalidade prevista. A cama é o elemento atractivo da suite, pois a sua cabeceira em almofadas de pele creme e preta marcam a sua presença convidando a experimentar a colchão que tem o dobro da altura dos nossos lá de casa e a maciez das almofadas e do edredon, constituem motivos suficientes para noites de repouso em absoluto silêncio e máximo conforto. O SPA do hotel é pequeno mas funcional pois em nada fica a dever a locais de maior dimensão. Está equipado com piscina dinâmica, sauna e banho turco para momentos de relaxamento sempre apetecíveis. Os nossos dias no Porto foram passados a visitar a tradicional baixa da cidade (Stª Catarina), na sua irrequieta atitude desta quadra festiva, o velhinho mercado do Bulhão, a provar as deliciosas rabanadas e a procura de sabores que marcam as nossas visitas quase anuais a esta magnífica capital do norte de Portugal. A merecer um apontamento final não posso deixar de descrever o jantar de aniversário da Micá que foi comemorado na cervejaria Gambamar na Rua do Campo Alegre. É um espaço que já conhecíamos graças à ajuda da preciosa recomendação do Lifecooler. As novidades deste ano foram a companhia do meu irmão, cunhada e sobrinhas que nos deram o prazer da sua companhia e nos acompanharam sempre na visita à cidade e nas refeições. Não podíamos de deixar de lhes recomendar da ementa do Gambamar, o arroz de Lavagante, que já havia sido banido da ementa, mas que a competentíssima funcionária tão habilmente fez recuperar. Uma outra prova que nos deixou de água na boca e que ainda não conhecíamos foi a deliciosa sopa de santola. Trata-se de um caldo de marisco mas com sabor a santola e servida na concha da mesma. Simplesmente divinal. E assim se cumpriu mais um passeio pré época festiva que nos encheu a alma com mais uma mão cheia de novas experiências que a vida felizmente nos tem proporcionado viver.

HOTEL VILA SOL Algarve, A Renaissance Spa & Golf Resort

No lugar de Morgadinhos, situado na grande e distinta mancha verde de pinhal entre Quarteira e Vilamoura, encontra-se o hotel Vila Sol Algarve, Renaissance Spa&Golf Resort, uma unidade de 5 estrelas que actualmente integra o grande grupo hoteleiro Marriot Hotels na sua classe Renaissance. O desejo de conhecer este hotel já vinha de outros tempos, altura em que os apartamentos do mesmo complexo eram apelativos, quer pela sua distinta localização, quer pela qualidade dos serviços que oferecem e constituem motivo de escolha quando se tem crianças pequenas. A decisão aliada à enorme vontade de conhecer o hotel, fizeram recair a escolha atendendo às tarifas e aos pacotes de programas diversificados e ambiciosos. Acabámos por optar por um programa que incluía meia-pensão permitindo fazer a refeição do jantar no restaurante Green Pines. A chegada a um hotel, nomeadamente a um onde a estadia constitui a primeira vez, é sempre de expectativa e de aglomerados de ideias e ideais pelo que vamos encontrar, que constitui diferença em relação ao que já tivemos o privilégio de conhecer. Habitualmente esse impacto e o toque esperado realiza-se logo na recepção e no lobby. Ou é absolutamente arrasador ou apenas normal e vulgar. Foi o que sentimos, sem deixar de ter presente que o hotel já tem alguns anos. O quarto era espaçoso e muito confortável, cama de dimensão “king size” com um autêntico menu de almofadas, apanágio dos hotéis do grupo Marriot. No entanto via-se que era um quarto já consumido pelo tempo quer no que diz respeito às cores predominantes quer aos apontamentos da decoração. Ficámos num quarto no edifício principal do hotel, pois o enorme parque que constitui esta unidade tem também dispersos por entre jardins e lagos quartos em formato de Bungalows que tivemos oportunidade de visitar. A vista da varanda é magnífica pois vislumbram-se pinheiros, Campos de Golf, lagos e repuxos de água. Um passeio pelo exterior permitiu-nos perceber que aqueles espaços foram cuidadosamente dimensionados permitindo a criação de um ambiente de harmonia entre o Homem e a natureza. No entanto, a presença de inúmeros lagos e sistemas de rega, estão a danificar as paredes e a pintura dos bungalows que mostram que o tempo já fez o seu trabalho e que, para um complexo com o enquadramento paisagístico e a distinção que as 5 estrelas o exigem, necessitam de recuperação urgente. No topo do lago mais próximo ao edifício principal encontra-se dentro de um espaço todo em madeira e vidro, a piscina interior e o jacuzzi, com uma magnífica vista para o exterior. Pena foi que a temperatura da água da piscina impedia a sua utilização conveniente. Estava fria, apesar dos seus 25 graus, pois lá fora estava frio e chovia. Mesmo depois de ter reclamado e chamado a atenção para a situação ninguém teve qualquer preocupação em ser agradável e tentar resolver. Ao jantar fomos prendados com um serviço distinto e com iguarias magníficas constituídas por entradas de queijo St.Marcallini de cabra gratinado com tomate aromatizado com bazilico ou creme de alho francês com amêndoas torradas. Os pratos principais que tínhamos à escolha eram uma tentação e esse facto constituía dificuldade ao escolher. Optamos por tentar provar optando por escolhas diferentes mas alguns impediam-nos tal era o apelo. Falo-vos de bife de novilho grelhado com molho de tomilho (com batata assada e salada), ou filete de salmão escalfado em caldo aromatizado acompanhado de batata e brócolos a vapor, ou tiras de lombo de novilho salteados com cogumelos selvagens servidos com arroz basmati. As sobremesas eram delícias para os olhos e para o paladar, desde a mousse de dois chocolates com molho de frutos silvestres ao cheesecake de morangos. De facto, a experiência gastronómica foi rica e enriquecedora, marcando um dos aspectos positivos da nossa estadia.
O serviço de quartos deixa muito a desejar, pois desde a inexistência de produtos de higiene suficientes para todos e o serviço de abertura de camas com alguém a bater à porta do quarto e despejar-nos dois mini chocolates para as mãos, aconteceu-nos de tudo. Mesmo depois de reclamar e chamar a atenção mais de uma vez, sobre estes aspectos, a resolução dos mesmos não se efectivava sem vária tentativas de queixas na recepção. Achei indecente e mesmo arriscado para um hotel deste grupo, este tipo de comportamento, pois parece que haveria por ali alguma política de contenção, que aceito, desde que me tivessem sido dadas as devidas explicações.
Pelo lobby do hotel encontravam-se exposições permanentes de pintura e escultura e dinâmicos workshops, que animavam e coloriam aquele espaço do edifício. Na frente e na lateral do hotel, que tem uma estrutura arquitectónica em meia lua, encontra-se um enorme campo de golf que é sem dúvida o ex-libris daquela unidade. Nichos de moradias em banda constituem autênticos santuários de luxo e silêncio que permitem aos seus habitantes usufruir de total privacidade e dos serviços disponíveis no grande complexo que constitui este parque hoteleiro.

Saturday, December 12, 2009

Restaurante a Escola

(Almoço convívio de colegas do IPA, num ambiente de reconhecido mérito onde o passado relacional entre amigos se funde com a moderna cozinha portuguesa).

Concretizou-se, no passado dia 21 de Novembro, com a vontade de muitos e a audácia de alguns, mais um encontro-convívio, entre os colegas que, num momento das suas vidas se encontraram no curso de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria, da Instituição Particular de ensino designada de Instituto Politécnico Autónomo, vulgo IPA. Durante os anos do curso, como na maioria das relações de convívio de média duração, desenvolveram-se interacções que foram desde a simples amizade, ao companheirismo para a vida, até ao envolvimento amoroso, que, em alguns casos, resultou em laços matrimoniais. Após o términus do curso e o início da actividade profissional, muitas coisas mudaram. Para a maioria veio o início da vida adulta, da responsabilidade familiar e laboral, mas os laços com o passado, apesar de mais distantes, permaneceram acesos, permitindo vários encontros de actualização. É assim na maioria dos convívios dos que decidem partilhar as suas vidas com um grupo de amigos com quem viveram muitos momentos de alegria e outros de maior tensão, mas sempre com a mesma cumplicidade. Entretanto passam alguns anos e as famílias vão-se compondo. A aposta nesta nova etapa da vida é absorvente. São os desafios profissionais, os novos projectos, a engenharia financeira, os filhos e a busca incessante da fórmula mágica para os educar. Os encontros com os “velhos”amigos da faculdade passa a ser menos prioritários e cada vez mais disperso no tempo. Existem uns que nunca falham aos almoços de convívio, outros simplesmente deixam de aparecer. Explicações para este fenómeno, aparentemente não existem. Tratam-se de decisões e prioridades pessoais. Existem pessoas que simplesmente não dão valor aos reencontros, ao convívio, aos abraços e à troca de experiências que constituem estes encontros. Os que comparecem, esses estão sempre presentes, não só nos convívios mas também em momentos particulares das vidas de alguns colegas do antigo grupo. Será atracção química? Olfacto? Simplesmente prazer? Não é de certeza uma atracção fatal!
Nesta base e passados alguns anos de afastamento um grupo especial de colegas do IPA, reuniu-se para confraternizar num local especial que em muito apela aos tempos antigos. O restaurante “Escola” nos Cachoupos, entre Alcácer do Sál e a Comporta. Trata-se de uma antiga escola primária, ainda do tempo do antigo regime, agora transformada num restaurante de grande qualidade. O cenário é bucólico, pois por entre vegetação rasteira e pinheiros pode-se sentir o sabor dos velhos tempos numa fusão de aromas e gostos muito actuais. As mãos responsáveis por este novo conceito são as do Sr. Henriques, homem de pequena estatura, face morena e enrrugada e de palavras simples. Este homem, de fenótipo tipicamente português e de habilidades culinárias invulgares, percorre o mundo para levar os seus segredos e elaboradas composições gstronómicas, a concursos internacionais, de onde normalmente traz galardões que o enchem e nos enchem de orgulho. Em pequena troca de palavras com ele, eu dizia-lhe, apenas com a experiência de mero viajante que aprecia as gastronomias locais, que a nossa cozinha era a melhor do mundo, ao que ele concordou em pleno.
No momento e na hora marcada começam a chegar os que se inscreveram para este novo encontro de convívio. Como já haviam passados alguns anos, os primeiros a chegar faziam esforços para se recordarem dos nomes dos filhos e dos cônjuges dos muitos colegas que começavam a aparecer, pois pareceria muito mal uma falha assim destas. E os carros? Já não eram os mesmos dos tempos da vida de estudantes nem do início da vida adulta. Entre cumprimentos, alegrias e muitos abraços, iam-se exclamando palavras de agrado e simpatia pelos que chegavam. Avaliavam-se sem sentido crítico as dimensões e espessuras das cinturas e do abdómen. Palavras como: “Tás mais gordinho (a)” ou “Tás na mesma, os anos não passam por ti”, são frases feitas mas que expressam carinho e sentido de fraternidade. As crianças estavam crescidas e diferentes dos rostos que conhecíamos. Foi uma alegria rever todos estes amigos agora mais reproduzidos e todos tão felizes. O almoço não poderia ter corrido melhor. Os organizadores foram exímios na preparação de todos os pormenores. Até as crianças tiveram direito a enterteiners com umas meninas de folhinhos a olharem pelas suas diabruras. Uns optaram por não trazer os filhos ou por estes já serem crescidos ou porque lhe apetecia ter um almoço diferente e mais descansado, “despidos” das suas responsabilidades parentais.
A ementa era composta por vários pratos, todos especialidades da casa: arroz de choco e arroz de peixe seguidos de batatas de rebolão (uma espécie de carne do alguidar com batatas assadas) e finalmente a empada de coelho que constituiu sem dúvida o ex-libris do rol de especialidade e já com um conjunto de galardões internacionais arrecadados. Bom vinho alentejano, muita alegria e doces sobremesas constituiram motivo para uma tarde de chuva muito bem passada, num convívio onde de tudo se falou: desde as viagens aos decotes, à educação dos filhos e à complexidade dos tempos modernos para os quais nos achávamos preparados, mas que agora nos faz reflectir para onde corremos, que partido tiramos da vida e se esta será a melhor forma de educação e exemplo que passamos aos nossos filhos. Só o tempo o dirá. Venham mais convívios destes, que permitem equilíbrio e alguma terapia de grupo, pois viver é partilhar, é troca de experiências, é um processo de aprendizagem permanente que não deverá jamais ser interrompido.