Sunday, June 14, 2009

Comporta do Arroz em Troia Dourada

As experiências gastronómicas são cada vez mais experiências sensoriais. Esta observação parece redundante mas para os apreciadores da boa gastronomia esta fusão faz cada vez mais sentido. Aliás, não fazia sentido algum se deste cruzamento não emanassem requintadas proezas olfactivas e organo-lepticas que fazem do acto de comer, muito mais do que uma simples hora de refeição. Hoje procuram-se locais, espaços, restaurante e ementas em função da região e do enquadramento paisagístico onde se inserem, da decoração que apresentam e naturalmente das ementas e das especialidades que servem. Para os consumidores e apreciadores de vinho, um restaurante escolhe-se também pela carta de vinhos que apresenta. De Troia e da Comporta não é o primeiro post que aqui coloco, mas parece que o faço sempre pela primeira vez. Desta vez o destino foi o restaurante Ilha do Arroz. A escolha foi determinada pela presença deste belo lugar no Lifecoooler que nos presenteia com a oferta de um 2ºprato na compra de um de igual ou valor superior. A deslocação foi a tradiocional, pelo Ferry-boat atravessando o Rio Sado. Para quem conhece Troia como eu, desde miúdo, as diferenças agora encontradas, são poucas e muitas com o mesmo grau de acertividade. A Tróia de hoje caminha para um futuro sofisticado que sempre povoou a minha memória, pois a beleza daquele local não co-habitava com a falta de condições de outros tempos. Há vozes discordantes que se opõem a este progresso com um enquadramento sofisticado e ao mesmo tempo mais caro. Lembro-me de ouvir dizer que Tróia iria passar a pertencer aos que têm dinheiro, aos que podem pagar. Até posso concordar, mas se por lá passarem agora hão-de concordar que já há onde dormir com ofertas para várias bolsas, já não temos que pisar a areia escaldante para percorrer a duna até à praia ou para simplesmente passear à beira da estrada. Existem passadiços de madeira, jardins e a antiga paisagem de carros estacionados por todo o lado deu lugar a uma vegetação que teimava em não crescer. Para os mais saudosistas, devo referir que a Tróia selvagem e deserta continua a existir, desde que queiramos afastar-nos um pouco do complexo turístico. A seguir ao Sol-Troia continua a haver kilometros de praias desertas e salvagens. Mais à frente, a bonita praia da Comporta e o restaurante Ilha do Arroz. É um espaço simples mas acolhedor e goza de uma paisagem arrebatadora. Tem esplanada para os dias que convidam ao sol e uma zona onde se pode relaxar e perguiçar em confortáveis puffs. A criançada faz aqui as suas delicias, pois areia e ar livre não faltam para dar asas à imaginação. O serviço é simpático e a ementa rica em arroz, havendo opções que deixam todos, mesmo os mais exigentes, satisfeitos. A nossa escolha recaiu sobre o Arroz de Lingueirão: estava fabuloso, bem recheado, bom tempero, muito molho e o toque aromáticos dos coentros. Enquanto se espera pela demora que não é muita, pode-se optar por variadas entradas, ou simplesmente, aguardar pelo prato principal contemplando as tonalidades da água e o contraste que fazem com o dourado da areia que é único. Ao fundo impõe-se a Arrábida majestosa qual guardiã de tão belo lugar.

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