Thursday, August 29, 2013

Lisboa, luz, o fado, a tradição


Lisboa nasceu de uma "citânia" localizada a norte do actual castelo de S. Jorge. Este seria um dos muitos núcleos humanos desenvolvidos no período pré-histórico. Através da acção povoadora dos romanos (195 a.C.) e inerente desenvolvimento socio-económico, em breve lhe seria atribuída a classificação de "município",  usufruindo do seu equipamento urbano:  monumentos, teatros, termas. Existia um cruzamento de quatro estradas da rede viária romana : três para Mérida e uma para Bracara (Braga). A sua característica de "opidum", onde os romanos centram a sua defesa estratégica, resulta do reflexo do terreno por um lado, e da protecção natural perante o estuário do Tejo e o braço deste rio que então se desenvolvia a ocidente e penetrava profundamente no território. Olisipo (começou assim por se designar a cidade) caracterizava-se pela existência de um núcleo de população fixa defendida pela soldadesca.  Nos seus arrabaldes foi-se agregando um bom número de famílias cultivadoras da terra que, em troco de pão, fruta, vinho, legumes e gado, recebiam protecção e defesa.  A  crise do séc.III que minava e fragilizava a sociedade romana tem os seus reflexos em toda a Península Ibérica. As sucessivas invasões de novos povos, quer germanos em 500 d.C. (visigodos, suevos), quer árabes em 700 d.C., transformam a fisionomia da população. Devido ao clima de insegurança e de guerra, a cidade adquire uma feição muito peculiar: fortaleza onde se refugiam os habitantes fugidos do avanço dos exércitos cristãos. É uma população de ricos proprietários agrícolas e comerciantes, que se transferem para o interior das muralhas e constroem uma cidade  opulentíssima pelo trato e mercancia dos portos de África e Ásia. No período da Reconquista Cristã, a Lisboa muçulmana é uma cidade cobiçada e várias vezes atacada e ocupada pelos exércitos cristãos (ocupação por Castela em 1000 d.C.).

PRIMEIRA DINASTIA
Em 1147, D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal, conquista a cidade. Com a   participação cristã, dá-se a  expansão de Lisboa para além das suas muralhas. Herdados do passado existiram dois arrabaldes - a Baixa e Alfama. O braço do rio desaparece definitivamente no séc.XIII .
D. Fernando, então Rei de Portugal,  perante as ameaças de Castela (Espanha), cria uma nova muralha de defesa designada por "Cerca Nova"(1373-75).
Dos 16 Ha do período mourisco a nova cidade passa para 101,65 Ha ou seja 6,5 vezes maior. A fixação definitiva da capital do reino, e portanto da corte, dá-se no reinado de Afonso III.
Lisboa é então o núcleo de um importante sistema económico de trocas, localizando-se as pequenas propriedades em que predomina a cultura hortícula, na proximidade imediata, facto que poderá ter influenciado a localização dos dois mercados centrais de hortaliças: Praça da Figueira e Praça da Ribeira.

SEGUNDA E TERCEIRA DINASTIA
D. João I , Rei de Portugal, cria a primeira urbanização na colina do Carmo (1400). Pretendia assim dar satisfação às necessidades de uma população sempre crescente, expropriando para tal os campos.
A corte de D. Manuel I abandona o castelo e fixa o Paço Real no Terreiro do Paço, onde se centrou toda a vida comercial da cidade (1500). Lisboa era então o mais opulento centro comercial de toda a África e de uma grande parte da Europa. É abundante de todas as mercadorias;  tem ouro e prata. Não faltam ferreiros.  Nada há nela inculto ou estéril; antes, os seus campos são bons para toda a cultura...os seus ares são saudáveis, e há na cidade banhos quentes. ... o alto do monte é cingido por uma muralha circular, e os muros da cidade descem pela encosta, à direita e à esquerda, até à margem do Tejo.
Nesta altura surge no Bairro Alto o primeiro loteamento (renascentista) que transforma hortas e pomares em ruas e casario, crescendo repentinamente como bairro popular, embora posteriormente se transformasse numa zona onde a aristocracia viria a construir os seus palacetes.O Bairro Alto marca a passagem do séc. XVI para XVII na vida urbana de Lisboa e a aquisição de uma consciência urbanística e arquitectónica.

DEPOIS DO TERRAMOTO DE 1755
1755 marca para Lisboa a data de um período de desenvolvimento. O terramoto (no dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos, às 10h), e o incêndio que se lhe seguiu, devastaram dois terços da totalidade dos arruamentos e terão destruido três mil casas das vinte mil existentes.O terramoto abrangeu toda a zona da Baixa, os bairros do Castelo e a zona do Carmo, ou seja, as zonas mais intensamente urbanas da cidade.
Em sua substituição iria nascer a Lisboa Pombalina, com um urbanismo sujeito a regras fixas e de um cientismo pragmático que provoca admiração em todo o mundo.  O seu principal impulsionador foi Marquês de Pombal, o Primeiro Ministro do Rei D. José, coadjuvado pelos arquitectos e engenheiros, Manuel da Maia, Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (1755-76).
O plano, sem dúvida inovador, baseia-se numa direcção planificada de ruas alinhadas, cujas opções arquitectónicas assentam em  regulamentos de construção,  tendo em atenção conceitos básicos de resistência às acções sísmicas.O sistema urbanístico obedecia a traçados de eixos de composição em que a simetria era tema obrigatório, pretendendo-se usualmente destacar nos extremos, monumentos  ou estátuas: a Rua Augusta com o arco triunfal, através do qual, no seu eixo, se colocou a estátua de D. José.
Pombal criou incentivos de interesse à nova classe da burguesia comercial.A norte do Rossio é aberto o "Passeio Público"(1764),  zona de recreio da burguesia. Era um jardim gradeado, com cascatas, lagos com repuxos e coreto, que  posteriormente foi aberto às novas avenidas e aos futuros bairros construídos por uma burguesia em ascenção. A partir de 1780 aparece a iluminação pública da cidade e em 1801 as ruas passam a ter o nome afixado.

EVOLUÇÃO POST-POMBALINA
Após a vitória do Liberalismo e desde o termo da administração pombalina  a grandiosidade arquitectónica acompanha os edifícios públicos: Basílica da Estrela , Ópera de S. Carlos, Palácio da Ajuda. Os limites da cidade são então sucessivamente alargados sempre em "círculos" com centro na zona da Baixa.  O traçado das ruas obedecia a critérios resultantes da procura de habitação.
A construção do Teatro Nacional D. Maria II ( 1843-46), do Arqto. F. Lodi, em pleno Rossio Pombalino, com características neo clássicas, é uma ruptura com o período anterior. Surge um novo espírito de renovação e novos ideais estéticos. Aparecem jardins novos: S. Pedro de Alcântara, Estrela, Princípe Real, bem como a plantação de árvores no Rossio. Surge assim uma visão naturalista. O "Passeio Público"  gera uma avenida e o rompimento das perspectivas de desenvolvimento da cidade de uma forma nuclear radio concêntrica, é absolutamente inovador.
Um novo eixo de desenvolvimento seguir-se-ia à Avenida da Liberdade. A abertura da Rua Fontes Pereira de Melo que levou a expansão da cidade desde o Parque da Liberdade (hoje Eduardo VII) até ao Campo Grande, passando pela Rotunda de Picoas, Avenida Ressano Garcia (Av. República) e toda a planificação das ruas adjacentes, paralelas e perpendiculares num desenvolvimento ortogonal. Era o plano Frederico Ressano Garcia, engenheiro do município. Nascem as  designadas "Avenidas Novas", que definem o grande desafogo urbanístico da cidade de hoje.

ÉPOCA MODERNA
Depois da Iª Guerra Mundial, preenchem-se as malhas vazias resultantes dos traçados dos eixos das novas avenidas. A Avenida da Liberdade apresenta-se inequivocamente como eixo primordial da nova cidade. Aparecem então edifícios como o Hotel Palace e o Palácio de Castelo Melhor (Foz). O estilo Arte Nova (tardio) revela-se em obras como o Cinema Tivoli do Arquitecto Raul Lino, o Eden Teatro e o Hotel Vitória do Arquitecto Cassiano Branco.  Surgem novos bairros com imóveis de rendimento, ocupados por uma classe média em expansão. O equipamento de lazer constitui-se por logradouros ajardinados.
A partir da década de 30 o arquitecto começa a ter uma maior intervenção na construção de edifícios novos. É desta época a abertura da Alameda Dom Afonso Henriques.
É o período Duarte Pacheco, Presidente da Câmara e posteriormente Ministro das Obras Públicas (1930-43).  Constroem-se novos bairros assumidamente desenhados pelos novos urbanistas de ruas largas e homogeneidade do desenho das fachadas, (vulgarmente designados de estilo Português Suave).
Sob a orientação de Duarte Pacheco, o Município  decide-se pela criação de um parque verde em Monsanto. Atravessado por uma auto-estrada que liga Lisboa ao Estádio Nacional é feita a arborização do parque instituindo um sistema jurídico de expropriação dos terrenos especialmente para esse efeito.
Reconhecia-se então que um plano de urbanização para a cidade teria de envolver um programa de criação de parques e jardins, não só como fundamento de beleza e aprezamento dos seus frequentadores, mas também como reserva de ar puro imprescindível à vida na cidade.
São criados novos bairros (Encarnação e Alvalade) antecessores do aparecimento e desenvolvimento da urbanização de Olivais e Chelas, numa aplicação dos princípios preconizados na Carta de Atenas.É a época dos grandes blocos residenciais livres e separados por zonas verdes, procurando uma maior exposição solar e melhor arejamento segundo os modelos já ensaiados noutros países. É também desta época o arranjo ajardinado das praças que resultam da composição urbanística,  com o objectivo de criar zonas de lazer e jogos infantis.Mais recentemente aparecem iniciativas municipais de conjunto coabitando com urbanizações privadas localizadas aqui e ali, que preenchem os espaços "ainda livres", das zonas limítrofes da Lisboa Cidade.
E hoje, esta cidade pensada e construída seguindo modelos e planos de urbanização, transformou-se numa das mais belas capitais da Europa preferida por muitos turistas que a 
visitam para além da 1ª vez. A cidade de Lisboa está definitivamente na moda! Esta preferência é facilmente perceptível quando se deambula nas ruas da cidade e se observa o fluxo de turistas de múltiplas nacionalidades e o seu ar de satisfação. As inúmeras reportagens dos media mostram o que pensam estes forasteiros do mundo e o que mais apreciam por cá. Referência à beleza e à luz da cidade são constantes, e carregados de elogios estão também o fado e a soberba gastronomia lusa. A cidade aberta ao rio e ao mar é outra das preferências de quem nos visita. Pessoas de todo o mundo apreciam a calma da cidade, a autenticidade das gentes, a tolerância e o romantismo. Na expectativa de satisfazer cada vez mais os habitantes e também os que por cá se passeiam a autarquia da cidade tem concretizado esforços consideráveis para mudar a faceta da cidade e “internacionalizar” e tornar mais próximos alguns dos locais emblemáticos 
da cidade. Hoje temos uma frente ribeirinha a ganhar algum ordenamento, uma praça do Comércio limpa e cativante, com restaurantes e esplanadas que oferecem serviços diversificados e que permitem aos passeantes experiência gastronómicas exigentes ao mesmo tempo que apreciam o rio e se deleitam com o magnífico sol português. Os atributos e elogios não são exagerados pois Lisboa foi recentemente considerada a quarta cidade mais bonita do mundo, estando no top 10 das cidades mais belas do planeta, elaborado pelo site de viagens “UrbanCityGuides”. Por todas estas razões vale a pena, mesmo para os que cá moram, ser turista em Lisboa. Eu passeio várias vezes pela cidade e encontro sempre algo diferente para apreciar. Recentemente 
numa quente noite de agosto resolvi conhecer um pouco da cidade à noite, e desafiado por uma amiga iniciámos o tour pelo bairro de Alfama. Jantámos no restaurante Páteo 13, precisamente no nº 13 da Calçadinha de Santo Estevão. Trata-se de um espaço com mesas ao ar livre apenas com a cobertura da copa de uma árvores e de alguns chapéus. A decoração faz-se com fitas e adornos dos santos populares. As vastas iguarias que vão desde as escolhas de variados tipos de peixes e carnes, estão à vista do cliente, pelo que após a escolha, se fica em contagem decrescente para degustar os deliciosos pratos. O prato típico da casa é a tábua (entrecosto de porco na brasa). Foi o que acabámos por escolher e apreciar à mão em doses gigantes. Após o jantar continuámos pelos becos e ruelas passando pela Rua da Regueira, Beco dos Cativos, Travessa e largo de São Miguel. Por estes locais a calçada é típica e irregular, sentem-se os aromas das 
cozinhas dos restaurantes que proliferam por cada canto e aqui e ali ouvem-se vozes roucas, por vezes límpidas ou mais nostálgicas de quem por aqui canta o fado. Os prédios deste 
bairro vivem literalmente paredes meias uns com os outros e a separá-los existem apenas pequenas fendas, algumas delas com menos de 1 metro de distância. À luz dos conceitos atuais quer da aquitetura, quer da estética urbanística ou mesmo da segurança, é difícil perceber a conceção de quem idealizou e projectou estas construções. Para vencer o declive da encosta existem muitas vezes degraus e escadarias que sobem e descem e permitem atravessar as fendas inter-prédios. Estes recantos permitem jogos de luz e de sombras únicos que fazem as delícias dos amantes da fotografia. Aqui e ali encontram-se fontes de água e arcos que hoje servem de abrigo a quem não tem outro tecto. Encontrámos esse exemplo no arco do rosário, a seguir à rua da Judiaria. Quando demos por nós estávamos no Largo do Chafariz de Dentro, zona bem mais plana contígua a Santa Apolónia. A grande atração desta zona é o Museu do Fado e um pouco mais à frente a casa dos bicos que hoje alberga a Fundação do Prémio Nobel da Literatura, José Saramago. Pelas 
palavras do próprio escritor inscritas ao lado da oliveira onde jazem as suas cinzas, “não subiu para as estrelas se à terra pertencia”. Caminhando em direcção à baixa encontra-se mais um ícone da arquitectura da cidade, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, cujo arco que ornamenta a entrada e já referenciado em outro post é um deslumbramento arquitectónico. A caminhada desagua na nossa magnífica praça do Terreiro do Paço, das únicas da Europa aberta ao rio. Aqui há tempo para apreciar um gelado italiano e continuar o percurso pelas ruas da baixa lisboeta onde se matam saudades dos tempos de outrora nas montras das lojas que vendem produtos tradicionais, como é o caso da Loja PortugueZa onde ainda é possível encontrar o chocolate em pó Coqui, a pasta dentífrica Couto, ou o pião de corda. Mas apesar do passado ser 
importante para pensar o futuro, é neste que está a continuação dos tempos pelo que é preciso olhar em frente e apreciar com igual vontade e aceitação as lojas retro que mostram, por exemplo, o Galo de Barcelos de cores vivas e fluorescentes com a ousadia de que o passado pode ser reinventado dando uma nova definição à tradição que estará sempre presente no futuro. Isto é Lisboa!



Histórias do Arco...


O arco da rua Augusta olha a cidade de Lisboa lá de cima desde 1775. A sua construção iniciou-se após o terramoto de 1755 mas a primeira versão parece não ter sido concluída e viria a ser demolido 2 anos mais tarde em 1777 após o início do reinado de D.Maria I e a demissão do Marquês de Pombal. A edificação do atual arco foi reiniciada no ano de 1873, 
de acordo com o projeto do arquiteto Veríssimo José da Costa. A obra que hoje se conhece ficou concluída em 1875. A magnífica obra que enquadra a Rua Augusta e que põe fim a esta, oferece, a quem passeia pela grande avenida pedonal da baixa lisboeta, uma deslumbrante vista que se abre para o Tejo dando continuidade e enquadramento àquela que é uma das mais bonitas zonas da 4ª mais bela cidade do mundo. Para os que gostam de apreciar ao pormenor e que não se importam de esticar o pescoço e olhar para cima, é possível observar esculturas de Célestin Anatole Calmels, na zona superior e no plano inferior, escultura de Vitor Bastos. As esculturas de Calmels representam a Glória, coroando o Génio e o Valor. As esculturas de Vítor Bastos representam Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama e o Marquês de Pombal. Na zona lateral esquerda está o rio Tejo e na lateral direita o rio Douro que delimitam a região onde viviam os Lusitanos. O texto inscrito no topo do arco remete-nos à grandiosidade portuguesa aquando dos descobrimentos e à 
descoberta de novos povos e culturas. VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD “Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas. Após mais de 200 anos de triunfo e de exposição ao tempo, aquele que é uma das notáveis obras históricas da cidade teve direito a uma profunda restauração. Para tal foram investidos mais de um milhão de euros e sete meses de trabalho para que o novo arco pudesse voltar a brilhar. Como forma de homenagear o “novo” arco e a sua “devolução ” à cidade, foi pensado um espetáculo multimédia que projeta no arco com uma explosão de luz e cor, pedaços da história de Portugal. A técnica é por videomapping e o título “Arco Luz”. O resultado é uma apaixonante projeção em três dimensões com contornos milimétricos na fachada do monumento. Nesta remodelação foi atribuído ao arco uma nova função, a de miradouro. Assim, acabou o tempo em que apenas era possível ver o arco e a cidade cá de baixo. Desta feita foi integrado um elevador que permite por 2,5 alcançar lá de cima magníficas 
paisagens em 360º da cidade luz do sul da Europa. A viagem no elevador, que tem uma capacidade máxima para uma dezena de pessoas, dá acesso a um “amplo terraço” e veio devolver à cidade um miradouro único. Por razões de segurança, seguindo directivas da Autoridade Nacional de Proteção Civil, apenas vão poder estar no topo do arco cerca de 35 pessoas em simultâneo. As obras de restauro e limpeza do arco transformaram uma obra carregada pelo tempo, já em tons de preto, numa obra limpa e clara onde se conseguem ver todos os seus fantásticos pormenores. A cidade de Lisboa já tem vários miradouros de notável beleza, mas este permite uma relação muito próxima com a Baixa. Pelas palavras de Vitor Costa a rua Augusta é como se fosse uma tapeçaria. E parece que estamos no primeiro balcão de uma sala de espetáculos, que é o Terreiro do Paço”. A instalação do elevador vai permitir subir ao salão de abóbadas, que alberga a maquinaria do relógio do arco, e ao miradouro existente no topo. O projecto - que no total implicou um investimento de cerca de 950 mil euros -, inclui a instalação do equipamento, substituição de caixilharias, recepção, bilheteira e exposição sobre a história do arco.  O elevador subirá até ao piso 5, sendo necessário, para aceder à sala do relógio, subir um lance de escadas e, para aceder ao terraço, mais um lance de escadas. Segundo o Presidente da Autarquia “é muito 
difícil ter uma vista melhor do que esta”, no topo do Arco da Rua Augusta, mas nem todos poderão fazê-lo, já que para subir à sala do relógio e ao miradouro é preciso vencer dois lanços de escadas. A entrada no monumento faz-se pela Rua Augusta, através de uma pequena porta mesmo ao lado do arco que garante o acesso ao elevador que leva os visitantes até ao segundo piso. Depois é preciso subir quase 30 degraus para alcançar o salão de abóbadas que alberga a maquinaria do relógio do arco. Neste espaço foi colocado um painel, contando a história do arco. Daí até ao miradouro, de onde se avistam o Terreiro do Paço, com a recentemente restaurada estátua equestre de D. José I, a Baixa Pombalina, a Sé, o Castelo de São Jorge e o Tejo, há que subir mais de 40 degraus de uma escada estreita em caracol, parece ser compensado pela vista ímpar que o Arco da Rua Augusta oferece sobre a cidade. E para os mais atentos e que tiveram o privilégio de assistir ao espetáculo multimédia oferecido à cidade e a todos quantos quiseram comparecer aqui ficam algumas imagens recuperadas dos pedaços da história deste país de navegantes aventureiros. A projecção mostrou o mapa das rotas dos descobrimentos, os “espíritos” das estátuas a percorrerem o edifício e a dirigirem-se par ao céu, a luta dos lusitanos, a água a encher os edifício para depois entre as ondas do mar surgirem as caravelas. 
Seguiu-se a justa e incontornável homenagem a Pedro Álvares Cabral e a Vasco da Gama, o desmoronamento do edifício adjacente com o terramoto e a projeção de importantes figuras da rica história de Portugal. Um espectáculo diferente que permitiu reviver momento de glória e a identificação de diversas etapas importantes do passado lusitano, poi sem passado não há futuro e neste tempos de conturbação e permanente mudança, é fundamental e salutar recorrer à coragem e aos ensinamentos do passado para reflectir sobre os trilhos que haveremos de percorrer no futuro.