Sunday, January 14, 2007

Concerto de Ano Novo-Strauss, Viena, Lisboa,Coliseu

Existem por aí canções populares, daquelas que com três estrofes se faz uma melodia inteira e que, com tamanha simplicidade, todos a sabem cantar, porque é fácil de decorar. Todas elas dizem Ano Novo Vida Nova. E é bem verdade, com a passagem de ano, algo em nós se renova, apesar de estarmos a envelhecer. Estranho não é? Acreditamos nestes breves momento de passagem de ano, que estes momentos hão-de ter um significdo especial, não só para nós mas também para o mundo, o planeta. Acredita-se na renovação, num mundo melhor. A música e a beleza que ela nos transmite, faz-nos sentir e acreditar na paz e na beleza do mundo. Aqui a música clássica é soberana no despertar dos sentidos. Nada como começar o Ano Novo a ouvir um concerto de Ano Novo. E foi o que fizemos eu e a Micá. Como ainda não fomos a Viena, decidimos, após escolhida a indumentária, rumar ao Coliseu e assistir aí ao Concerto Strauss. Fabuloso, arrebatador e envolvente. A soprano, o ballet e até o maestro dançaram. Sabem do que não gostei? Da sala. O coliseu não tem status para receber aquele tipo de músicos. Não tem sonoridade, não brilha, não tem acústica. E também não gostei nada da forma como a maioria das pessoas se apresentaram para aquele evento. Eu ia cheio de expectativa, talvez o pecado tivesses começado por aí. Não vi gente bonita, muito menos bem vestida. Então todos os meus companheiros de sala lá levaram as suas roupas de todos os dias. Não se assiste a um concerto assim. Acho que os preparativos deverão iniciar-se logo em casa, na escolha da roupa. Essa preocupação transforma-nos, pelo menos é assim que eu openso e foi assim que aconteceu comigo.

Thursday, January 11, 2007

El Ultimo Tango em Lisboa

Se pensam que neste texto vos vou deixar algumas informações sobre a minha perícia em dançar, enganam-se. Embora seja um fã incondicional das músicas latinas e das expressões corporais a que elas obrigam e provocam, o Tango aqui é outro. É o Tango dos maxilares e das papilas gustativas. Fica no bairro alto e cheira a América Latina. É um restaurante muitíssimo agradável, pequeno, com luz amarela difusa, com 2 arcos e uma cozinha à vista. A carne merece ser saboreada. É grelhada à nossa frente, é suculenta e tenta-nos para continuarmos a adulterar a linha. O «asado de tira» (entrecosto de novilho) e «bife de cuadril» (alcatra) são declicioso. A não perder a cerveja Argentina. Todos os pratos de carne são apresentados em tábua de madeira, ladeados por batata assada em papel de prata com leve recheio de manteiga, alho e salsa, e por um molhinho de agriões; à parte, o castiço molho «chimichurri». As sobremesas não são muitas, mas são seleccionadas. A pêra bêbeda é servida com gelado de limão e o contacto deste, com o vinho onde a pêra se embebedou provoca-nos na boca o mais sublime dos prazeres gustativos. Claro que para quem não quer perder pitada da cozinha Argentina, é obrigatório provar o "dulce de leche". É uma espécie de pasta com sabor aveludado a caramelo. Nas paredes encontram-se os mais diversos objectos decorativos alusivos à cultura Argentina e, do ambiente, sai o som do Tango que nos provoca e, não fosse a concentração para apreciar todo aquele mundo de sabores, o nosso corpo de certeza que estaria no ambiente próprio para balançar ao ritmo d'el tango.

Lisboa Natal "by Night"

E cumprindo mais uma quadra do Natal Cristão, Lisboa encheu-se de luz e cor. Motivo de alegria para quem gosta desta cidade, mesmo quando ela é despida deste manto iluminado. Para mim, Lisboa brilha sempre, o ano inteiro! O Tejo, as colinas e o Sol dão-lhe a vida, a luz e a alma que os nossos convidados estrangeiros tanto apreciam e, naturalmente, nós também. Lisboa à noite, todos os Natais, se veste com motivos luminosos alusivos à época. O ex-libris desta festa de luz é naturalmente a gigantesca árvore de Natal da Praça do Comércio. Que sentimos quando descemos as ruas e avenidas e caminhamos por debaixo de um tecto de luz? Que significado tem para cada um de nós participar e viver ao passar e sentir que a luz nos olha de cima e nos ilumina e nos faz sentir o centro das atenções. Lembra-nos que estamos vivos e quão é bom estar ali a observar e a absorver aquela aura. Mudará no momento a nossa condição? Aquele brilho ilumina-nos a alma? Faz-nos mudar a perpectiva de olhar o mundo? Ou transmite-nos apenas momentos isolados de fantasia? Acho que nos falta a todos a humildade e a sabedoria para vivermos e participarmos verdadeiramente no espírito do Natal. Digo-vos isto porque continuamos todos a passar indiferentes, depois de nos passearmos nos "corredores" da luz, ao lado dos que sofrem e que nada têm. Muitas vezes toda esta luz até incomoda os sem abrigo que tentam tapar-se para encontrarem o sono à muito perdido. Então que bem é que as luzes nos fazem? Não trará toda aquela luminosidade benifício algum? Quando os motivos luminosos são concebidos em forma de laços, sinos, bolas, renas ou árvores de Natal, não serão desenhados com a intenção de provocar intensionalmente alguma mudança do espírito de cada um? E essa mudança que se quer provocar é uma alteração de conduta, de comportamento ou de valores? Vêem-se melhores acções nesta época? Não teremos dúvidas que sim. Será para nos desculpar-mos e mostrarmos ao mundo que conseguimos uma vez por ano sermos melhores? Acho que somos capazes de fazer melhor mesmo sem luz, porque a luz de que necessitamos para ajudar não está suspensa por cima das nossas cabeças, mas sim bem dentro de cada um.