Saturday, December 8, 2012

Presépios com sal (Salinas de Rio Maior)


Com a intenção de procurar um pouco do espírito natalício da época que agora se aproxima, ocorreu-nos visitar, após uma informação obtida na net, Rio Maior e a sua tradicional e magnífica “aldeia salina”. 
A deslocação às salinas de Rio Maior ocorreu-nos por altura do aniversário da nossa sobrinha que estuda na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Juntando o útil ao muito agradável cumprimos a visita à muito prometida e aproveitámos para apreciar o artesanato e as construções em sal magnificamente distribuídas por uma aldeia típica com casinhas em madeira e onde a grande atracão são os produtos elaborados à base o sal proveniente das salinas. Nesta época destacam-se os presépios construídos em puro sal e alguns com matérias mistas que passam também pela madeira e alguns elementos verdes da região.  
O resultado é magnífico pois aguardava-nos um conjunto de lojas perfiladas por uma rua ao lado dos talhos das salinas, toda em madeira e decorada com motivos natalícios. Como íamos com muita expectativa apreciámos cada detalhe. Iniciámos o nosso passeio pelo posto de turismo local onde a funcionário nos resumiu de forma muito agradável e simpática a origem geo-morfológica das salinas. Parece haver referências às salinas desde 1177 e que o rei D. Afonso V teria sido proprietário de alguns talhos (pequenos espaços com formato geométrico de quadrados ou rectângulos separados com divisórios em cimento ou pedra, de pouco profundidade, onde a água salgada repousa para a sedimentação dos cristais de sal. 
A separar estes talhos existem pequenos carreiros por onde os marinheiros circulam por entre os compartimentos) e que recebia um quarto de toda a produção tendo o monopólio da sua venda. As origens geológicas das salinas parecem estar relacionadas com a presença de mar, acerca de 200 milhões de anos por aquelas paragens. Ao que parece aquela região foi outrora uma bacia sedimentar marinha cuja transformação originou em grandes quantidades o mineral designado de sal-gema Denomina-se sal-gema ao mineral constituído por cloreto de sódio, cloreto de potássio e cloreto de magnésio que jazidas na superfície terrestre. 
O termo é aplicado ao sal obtido da precipitação química pela evaporação da água de antigas bacias marinhas em ambientes sedimentares. Numa quota superior parece ter havido condições para a formação de calcários, rocha sedimentar friável que, em contacto com condições de temperatura e humidade mais adversas se vai desgastando permitindo a formação de magníficas formações rochosas em ambiente subterrâneo. Estas grutas permitem uma maior permeabilização do sub-solo fazendo com que as águas se infiltrem e cheguem a níveis mais profundos contactando com o sal-gema e fazendo a lavagem deste mineral até um poço central de onde, depois a água é bombeada para os talhos. 
A água que chega a este poço/nascente, é 7 vezes mais salgada que a água do mar. A água que chega a este poço central vem carregada de sal puro numa concentração de 97,94%, que depois é retirada e até há bem pouco tempo era com picotas ou “cegonhas”, engenhos de desenho Árabe, povo que os introduziu na Europa. Posteriormente o sal é recolhido nos talhos pelos marinheiros (designação dada aos salineiros). 
O poço tem 9 metros de profundidade por 3,75 de diâmetro. A distribuição da água pelos talhos obedece a regras ancestrais e todo o trabalho continua artesanal mantendo uma dinâmica sazonal. É na altura do verão que a população das redondezas desce a Serra dos Candeeiros e se prepara para a tarefa milenar do “sal sem mar”.Pela aldeia de madeira podem apreciar-se produtos tão diversos como sal de diferentes granulometrias, flor de sal, sal misturado com ervas aromáticas e muitos outros produtos. Também existem uma diversidade de outro produtos artesanais feitos de madeira e tecido. 

Não faltam por lá cafés e esplanadas onde se podem apreciar as iguarias locais. Não faltam também o mel, o azeite, os pães com chouriço, o rico pão de Rio Maior e os brindeiros (bolos secos) feitos com mistura mel, pinhão e amêndoas. Para  não fugir à tradição almoçámos mesmo na aldeia no restaurante solar do sal onde diziam os locais, se conseguíssemos mesa teríamos oportunidade de provar o melhor frango das redondezas, e não estavam enganados. 

Ilha de São Miguel (Açores)

Integrado na dinâmica do processo formativo nas ciências da reanimação, surgiu o convite para voar até à bela ilha de S.Miguel nos Açores. Ali iria decorrer mais um evento agendado pela dinâmica e entusiasta equipa do Pelouro da Juventude do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas. Desta forma cumpria-se a vontade de fazer chegar aos jovens bancários micaelenses mais uma acção de formação, desta vez em suporte básico de vida. Por circunstâncias diversas formadores e equipa organizadora voaram em voos distintos, mas no dia e à hora prevista, mesmo com atrasos e imprevistos lá chegámos todos ao magnífico Hotel the Lince Azores Great Hotel, Conference, Golf&SPA.
Eu fui o último a pisar solo açoreano e à chegada aguardavam-me a Vânia e o Gilberto que me receberam com um sorriso e muita satisfação. Trata-se de uma unidade hoteleira de 4 estrelas recentemente rebatizada com quartos muito confortáveis e Staff prestável e atencioso. A sala de formação tinha ótimas condições e o restaurante, em formato buffet apresentava pratos deliciosos. O grupo de participantes era muito entusiasta e bem-disposto pelo que a formação decorreu num ambiente muito descontraído e cheio de questões e muita vontade de aprender. Os objetivos foram seguramente cumpridos e os comentários finais foram tão intensos que nos deixaram a todos orgulhosos pela empatia estabelecida e gratos por termos tido a oportunidade de participar em mais um projeto dinamizado por uma brilhante equipa de pessoas competentes e dedicadas que valorizam os projetos e humanizam as relações entre as pessoas.
É um gosto conhecer gente que abraça a vida profissional de uma forma tão competente, produzindo resultados e criando sinergias positivas que desenvolvem e reforçam laços pessoais e profissionais. Conheci a ilha acerca de 3 décadas atrás, teria eu cerca de 17 anos. Penso mesmo ter sido a minha primeira viagem de avião. Recordava-me de alguns aspetos da gastronomia e da paisagem mas tinha imensa vontade de voltar a olhar para tanta beleza que a natureza soube brotar do fundo do oceano acerca de 4 milhões de anos. O primeiro contacto lúdico com a cidade aconteceu logo no sábado à noite quando decidimos visitar a nova marina de Ponta Delgada. Trata-se de uma obra de valorização da orla marítima da cidade com lojas e restaurantes com esplanadas e zonas de passeio.
A deslocação até à marina faz-se bem a pé a partir do hotel. No regresso não resistimos e passámos pelo bar do hotel para provar os licores típicos da ilha nomeadamente o de amora e de maracujá, verdadeiros néctares. Apesar da intensidade dos horários e do programa a cumprir, ainda tivemos tempo de visitar mais um pouco da bela ilha de S.Miguel, isto claro porque as gentes da ilha têm uma forma peculiar de receber os convidados e não olham a esforços para proporcionar a quem os visita as mais belas recordações. À hora marcada na manhã de domingo lá estava o Gilberto que nos conduziu em pouco mais de 3 horas à Lagoa do Fogo, à Caldeira Velha e ao ex libris regional que é a Lagoa das Sete Cidades.
A 1ª paragem foi no Miradouro da Bela Vista de onde se observa uma magnífica paisagem verde até ao mar. Entre uma paragem e outra o caminho contornava o relevo que mostrava bem a complexidade e diversidade dos cenários que pudemos observar. Uma chamada de atenção do Gilberto fez-nos observar e conhecer a criptoméria, árvore típica da ilha e muito utilizada nesta época natalícias, como pinheiro de Natal.
A próxima paragem foi na Lagoa do Fogo e apesar do tempo cinzento, não estava nevoeiro e desta forma fomos presenteados com uma das maiores lagoas dos açores e a 2ª maior da Ilha de S.Miguel. Esta lagoa ocupa a grande caldeira do vulcão adormecido do fogo. Quer a caldeira quer o vulcão que a originou são os mais jovens da ilha tendo surgido acerca de 15000 anos. A lagoa do fogo é a mais alta da ilha pelo que se situa no cimo de uma montanha e a sua configuração em forma elíptica é resultado de um colapso ocorrido acerca de 5000 anos. Depois de nos deliciarmos com uma paisagem arrebatadora e porque o tempo era apertado, seguimos caminho em direção à Caldeira Velha.
 
Trata-se de um monumento natural e regional. Apresenta-se como uma reserva da biosfera de grande importância para a botânica e faunas típicas das florestas da Laurisilva, dada a grande diversidade de espécies e a elevada abundância de fetos arbóreos que povoam este Monumento natural, principalmente devido ao clima muito próprio que estimulou o aparecimento de associações de vegetação natural e floresta de espécies exóticas. É uma zona de relevo acidentado com uma ribeira com pequenos açudes e abundantes caudais que alimentam uma cascata de águas quentes e acastanhadas dada a sua riqueza em ferro. É de salientar ainda a abundância de caldeiras, fumarolas e afloramentos rochosos de cores variadas.
Que vontade de mergulhar neste pedaço de paraíso! Após a impregnação em tanta beleza a realidade chamava-nos pois ainda tínhamos pela frente a visita à deslumbrante Lagoa das Sete Cidades. Trata-se de uma caldeira gigante com cerca de 400 metros resultante de sucessivos colapsos. Os seus bordos têm vertentes muito inclinadas. O relevo é soberbo com zonas de montanha com falésias interiores e profundas ravinas e sulcos por onde correm águas torrenciais. A nossa observação foi feita de um ponto alto permitindo avistar toda a extensão da lagoas que se encontra como que dividida em duas lagoas.
Esta lagoa constitui o maior reservatório de água doce dos Açores. A lagoa caracteriza-se pela dupla coloração das suas águas, sendo dividida por um canal pouco profundo, atravessado por uma ponte baixa que separa de um lado um espelho de águas de tom verde e, do outro, um espelho de tom azul. Um deslumbramento para os olhos e uma bênção para a alma. De volta ao aeroporto ficaram muitos e bons momentos que marcaram um fim-de-semana de trabalho envolvido por pessoas absolutamente genuínas e por uma terra que nos faz acreditar que a natureza tem alma e capacidades soberanas que desenham e arquitectam cenários que nos enchem de orgulho por sermos habitantes de um planeta com esta beleza.



Monday, October 22, 2012

Viena: música, arte, cultura, beleza, sofisticação…

Sob a insígnia da 11ª Conferência do Conselho Europeu de Ressuscitação, desloquei-me mais uma vez a Viena para acompanhar de perto a evolução das ciências da ressuscitação cardiopulmonar. Alojei-me num excelente motel, o Motel-One (www.motel-one.com) junto à estação de comboios Westbahnof. A deslocação até lá é simples: do aeroporto apanha-se o comboio S7 na linha 1 e depois troca-se para o metro (U-bahn) em Landstrasse para a linha 3 na direcção de Ottakring, que nos leva directo até à Westbanhof. 
A escolha não podia ser melhor pois, para além da simpática tarifa com pequeno-almoço, o motel é novo, muito sofisticado, com uma decoração moderna, confortável e funcional. Junto do motel podem-se encontrar transportes para todos os locais da cidade (metro subterrâneo-U-bahn, comboio de superfície e comboios que partem para vários destinos da Europa) Podem-se encontrar informações de talhadas em www.wienerlinien.at. Comprei na net o pass para uma semana com as viagens para o aeroporto já incluídas por 19 euros o que tornou as deslocações vantajosas. Acabou por ser mais económico e prático que o pass de 3 dias que teria que ativar à chegada ficando a contar a partir dessa hora e não incluía o comboio para o aeroporto. A última vez que estive em Viena, há cerca de 2 anos, numa rápida deslocação a Bratislava (70km de distância) fiz um entorne num malfadado passeio irregular o que impediu praticamente de visitar Viena, tendo-me valido a voltinha de charrete. Como cheguei um dia antes do congresso aproveitei para percorrer a pé a Mariahilfer straße, uma avenida que descia da zona do motel até à zona do Museumquartier onde se concentram os grandes museus da cidade. Após percorrer cerca de 3 km da avenida absolutamente pejada de lojas chega-se a uma zona onde se respira arte e cultura. Aqui encontram-se algumas das mais belas atracções da cidade e que constituem o top teen a visitar. 
O palácio Hoffburg datado do séc. XIII foi a residência oficial e centro do poder dos Habsburgo, soberanos da Áustria entre 1278 e 1918, que o utilizaram como sua principal residência de Inverno. Foi neste magnífico palácio que decorreu a conferência. A ladear o palácio encontram-se outros belos edifícios históricos que constituem hoje o museu de história natural e o museu de arte antiga de Viena. 
Não muito longe deste local conseguem-se contemplar numa caminhada a pé, o edifício do parlamento que é um dos edifícios mas nobres e importante do centro da cidade. Foi construído entre 1874 e 1883 em estilo grego clássico pelo governo de Theophil von Hansen. 
Um pouco mais à frente e ainda a em pleno ato de devoração da magistratura do parlamento, somos presenteados com o edifício da câmara municipal desenhado por Friedrich Schmidt (1825-1891) e construído entre 1972 e 1883 em estilo neogótico. Se virarmos costa ao edifícios e não será por despeito mas sim para apreciar outra bela obra de arte, temos o edifício do teatro.  Para agradecer por tanta magnitude artística pode-se bem apanhar o metro para a estação Stephansplaz que nos despeja literalmente para uma das maiores e mais frequentadas ruas pedestres da cidade. 
É simplesmente a catedral do comércio de Viena a Kärntner Straße e a zona da Graben. Nesta autêntica loucura comercial onde proliferam todas as lojas das marcas internacionais, também é possível encontrar vestígios de um passado tão imponente que não é possível ficar indiferente. Trata-se da catedral de Viena. O seu verdadeiro nome é Catedral de Santo Estevão, data do séc. XII é uma das mais importante catedrais góticas do mundo. 
É constituída por dois edifícios distintos, uma torre enorme e um edifício mais baixo. O famoso sino da Catedral de Santo Estêvão, denominado de "Pummerin", pesa 21 toneladas e sofreu danos consideráveis nos ataques da 2ª Guerra Mundial. Hoje encontra-se reconstruido e é utilizado em ocasiões especiais, como por exemplo para assim como para anunciar o novo ano. Como a conferência terminava pelas 17h e como estávamos bem no centro da cidade foi fácil fazer pequenas visitas e assim somar ao todo as grandes obras de arte que não se devem perder, deixando para o última dia os destinos mais afastados. Assim, na 6ªfeira fui visitar o Naschmark. Para lá chegar apanha-se o U-bahn a partir de Museumsquartier pela linha 2 na direcção de Reumannplatz ou então caminha-se um pouco para a esquerda do Hofburg o que recomendo pois assim podemos apreciar a beleza arquitectónica do edifício da Ópera (Staatsoper) que é de uma grandiosidade e glória que vale a pena ver não perder. Alguns dos apaixonados pela vida e pela ópera dizem que uma noite na ópera de Viena é uma coisa para fazer antes de morrer. Não podemos esquecer que Viena divide com Milão a capital mundial da ópera.  
A Ópera de Viena foi inaugurada no ano de 1869 com a apresentação da ópera de Mozart “Don Juan”. Desde então é considerada como uma das melhores e mais famosas do mundo. Voltando ao mercado, se decidirmos ir pela estação de Karlsplatz então toma-se a linha 4 no sentido de Hutteldorf e sai-se em Kettenbruckengasse. Este mercado existe desde o séc.XVIII e é o maior mercado no centro de Viena. Aqui a volta ao mundo não dura 80 dias mas sim apenas alguns minutos, isto no que diz respeito à culinária. Tem cerca de 120 bancas onde se pode comprar de tudo, desde, peixe, queijos, vinhos e vinagres, frutas e legumes, especiarias e chás. A oferta é imensa e as nacionalidades dos produtos vão desde países como a antiga Iugoslávia, Grécia, Turquia, Japão e China. O último dia em Viena amanheceu cinzento e sombrio o que fazia antever fotografias menos clara e coloridas. Mas enganei-me pois a beleza faz fotos está no que se coloca à frente da objetiva, faça sol ou chuva. 
Comecei por visitar o Praterpark que fica situado no 2º distrito da cidade em Leopoldstadt. Fui logo pela manhã e aproveitei o metro de superfície nº5 que partia mesmo da frente do motel. È o mais antigo parque de diversões do mundo. Foi mencionado pela 1ª vez em documentos no ano de 1162 no regime do Imperador Friederich I. Em 1766 o Imperador Josef II ofereceu este espaço à população de Viena sob o designido de que este espaço sera acessível a todos. Assim foram construídos cinemas, cafés, restaurantes e zonas de diversão. 
Está aberto 24 horas e sete dias por semana de janeiro a dezembro e não se paga bilhete de entrada, apenas a utilização das atrações. É um espaço muito agradável que tem continuidade com um grande espaço onde se pode praticar desporto. A tração mais importante é a roda gigante construída em 1897 e é um dos símbolos importantes da cidade. Percorrendo as ruas podem-se encontrar as habituais atrações de um parque de diversões como os castelos fantasmas, as montanhas russas, carroceis e passeios de poney, os polvos e as serpentes, etc. Após este momento bem passado dirigi-me à estação de metro de Praterstern para chegar à estação de Taubstummengasse, utilizando a linha nº 1 no sentido de Reumannplatz. Esta estação fica na rua Favoritenstrasse que é preciso subir um bom par de metros seguindo o sentido da esquerda a partir da estação e depois na Belvederegasse (gasse significa pequena rua ou travessa), uma travessa à esquerda encontramos a Prinz-Eugene strasse onde se vira á direita para se contemplar um dos mais belos palácios de Viena, o Palácio de Belvedere. 
Trata-se de um belo exemplar da arquitetura barroca mandado construir em 1714 pelo Príncipe Eugénio de Sabóia. O complexo é dividido em duas parte o Belveder inferior e superior. O arquiteto responsável foi Johann Lukas von Hildebrandt. Mais tarde o palácio foi vendido a Maria Teresa da Áustria pelos herdeiros do príncipe. Esta chamou-lhe belveder que em italiano significa bela vista. No seu interior encontra-se a galeria real. É também, desde a 2ª Guerra Mundial a galeria Belvedere da Áustria. Na frente do palácio encontra-se um enorme lago que projeta a sua imagem na água permitindo grande jogos fotográficos. 
As traseiras do palácio têm belos jardins com tanques de água povoados por ninfas e deusas com a parte central a enquadrar uma magnífica escadaria em forma de cascata. Falar de Belvedere é também falar do mundialmente famosa pintura intitulada “beijo-der Kuss” do pinto austríaco Gustav Klimt. Foi executada em óleo sobre tela, mede 180x180 cm, (1907-1908) e  é uma das obras mais conhecidas de Klimt, graças a um elevado número de reproduções. A interpretação da pintura é difícil! 
Pertence ao período designado de fase dourada do pintor e parece evocar por um lado a felicidade da união erótica e por outro, questiona a identidade das duas pessoas e dos dois sexos. O rosto do homem está escondido dando assim ênfase à mulher que se encontra de olhos fechados como que estando em extâse. No entanto também há quem afirme que pelo facto de a mulher estar pálida e ter a cabeça dolorosamente inclinada, ela pode ter sido decapitada. A visita a Viena ficou concluída com a ida ao majestoso palácio de Schonbrun que foi a residência oficial de verão da família do imperador de Habsburgo. É também conhecido como o palácio Versalhes de Viena. É considero um dos palácios de estilo barroco mais bonitos da Europa. O seu nome deriva de uma frase atribuída ao Imperador Matias que terá "descoberto" um poço enquanto caçava por ali, exclamando "Welch' schöner Brunn" ("que bela nascente"). 
Em 1830, nasceu neste palácio, o Imperador Franz Joseph que, posteriormente casou com a encantadora Sissi, e reinou entre 1848 e 1916. O Imperador passou os seus últimos anos de vida neste palácio que, 2 anos após a sua morte, passou para o domínio da Republica da Áustria. O palácio juntamente com o seu parque de 160ha fazem parte desde 1996 do património mundial da humanidade pela UNESCO devido à sua importância histórica, aos seus arredores e jardins e ainda devido ao seu esplendoroso mobiliário de época. Uma outra atração deste império palaciano é o mais antigo jardim zoológico do mundo que se encontra nas traseiras do palácio, ao fundo do lado direito. 
Subindo uma encosta relvada que se segue aos jardins encontra-se um outro belo monumento com 11 arcos que observa do alto da colina o palácio e grande parte da cidade de Viena. Com o relógio a correr contra o tempo era hora da deslocação até ao aeroporto de Schwechat

Despedida do verão…em Almograve.


Na continuação das restrições orçamentais impostas ao país e já devidamente confessadas no post anterior, os últimos dias de férias foram eles também projetados em cenário low-cost. Esta mudança radical do formato das férias juntamento com a perceção de que estes foram os últimos dias de descanso do ano de 2012, trouxe um sabor marcadamente frustrante e de adaptação a esta nova realidade. Para trás ficaram anos de intensa diversidade no que diz respeito à organização de viagens e preparação de locais a visitar. Este tempo de fervilhante atividade turística fez-nos acreditar que a vida iria ser assim, sempre! Fruto do nosso investimento pessoal e dedicação ao trabalho, à vida familiar e académica, aquele seria o desenrolar normal da vida daqueles que, orgulhosamente orientavam as suas finanças para alcançarem com orgulho e mérito o prémio de conhecer um pedacinho do mundo. 


Mas no complexo mundo em que vivemos e que durante cerca de 3 décadas fez acreditar aos portugueses que a fórmula da gestão económica das famílias estaria a salvo dos “desvios” e esbanjamentos perpetuados pelos dirigentes políticos, caiu por terra quando o país se viu a braços com défices financeiros astronómicos que levaram consigo as economias dos melhores gestores ainda que amadores que são os trabalhadores das famílias portuguesas. E levaram-nos o dinheiro e os sonhos, a esperança e o presente que todos projetávamos no futuro. E com este sabor a derrota da qual não nos sentimos culpados lá fomos a caminhos dos nossos últimos dias de férias. O destino selecionado tem uma profunda relação connosco pois a aldeia que hoje merece finalmente uma homenagem neste post é aquela onde cresci depois de interromper a minha infância aos 10 anos, até então passados na Alemanha que hoje e sempre recordo com muita saudade. 
Quando cheguei a Almograve em 1976 havia trocado a minha aldeia na floresta negra no sul da Alemanha, Maisenbach, longe do mar, por esta aldeia de pescadores e comerciantes que se erguia a poucos passos das dunas e de uma das belas praias da costa alentejana. 
Aqui frequentei o ensino primário que era complementado com uma intensa atividade laboral no estabelecimento comercial dos meus pais. Sim aos 10 anos de idade eu trabalhava afincadamente, talvez não por obrigação direta dos meus pais mas por uma necessidade que em mim crescia (talvez tenha nascido comigo) de mostrar a necessidade de colaboração e apoio. Lembro-me de chegar a sentir uma enorme satisfação interior quando se aproximavam as longas férias de verão que me deixavam tempo livre para me dedicar à minha nova ocupação que era trabalhar no restaurante. Lembro-me de, pelo caminho vindo da escola no último dia de aulas, pronunciar em alemão drei monate café servieren - três meses a servir cafés - e isto dito com muita satisfação e alegria. Eu passava literalmente as férias grandes de verão a trabalhar no restaurante onde fazia de tudo, desde lavar copos, descascar batatas ou servir às mesas e não me perguntem porquê mas adorava fazer aquilo. À medida que a idade foi avançando a entrada na adolescência trouxe alguns dissabores uma vez que agora já sentia obrigação de apoiar o trabalho como se fosse um funcionário o que não me deixava tempo livre para fazer aquilo que os da minha idade tinham direito durante o verão: ir à praia, namorar, andar de bicicleta etc. 
Mas todo o esforço tem uma recompensa e, à época (década de 80) os louros que colhia pela intensa dedicação valiam por todo o investimento. Cresci depressa, tornei-me responsável e dedicado ao trabalho como se aquela fosse a minha especialização e confesso hoje aqui que me saía muito bem em todo o trabalho que desenvolvi, desde trabalhar no balcão ou mesas até à elaboração de ementas ou gestão da caixa registadora e atingia a perfeição nas relações com os clientes. Aos 17 anos e em troca da minha dedicação, voava para os Açores e Madeira como nenhum outro jovem da minha idade o havia alguma vez feito por aquelas paragens. As férias em Lisboa com dinheiro no bolso para gastar eram esperadas com muita ansiedade tirando até noites de sono e sonhos de um futuro que passaria por sair daquela pequena aldeia paraíso mas que para mim representava na época apenas trabalho e prisão. Não me recordo nunca ter tido vontade de seguir aquele tipo de vida. Estava cansado e precisava sair daquele mundo e estudar, conhecer e ver o mundo e viver novas experiências que passariam sempre por uma intensa dedicação aos estudos que sempre me acompanhou. 
Julgava que daria um bom médico mas nunca tive possibilidade de atingir médias que me permitissem sonhar com essa profissão. Não me recordo de naquela época apreciar aquele mar e aquela paisagem única, hoje paisagem protegida e um bem a preservar com os mesmos olhos de hoje. Até porque tal não poderia ser. Aos 17/18anos quer-se conhecer o mundo, abrir asas e voar e foi o que fiz após concluir o 10º ano na Escola Secundária de Odemira. Daquelas vivências ficou o cheiro do mar, a cor das dunas que ainda hoje aprecio com grande satisfação, ficaram as relações sociais com os amigos do grupo, as noitadas sem dormir, os copos dos bailes e das passagens de ano que duravam até de madrugada entre as areias da praia e os recantos das rochas até aos banhos noturnos, a boa disposição e intensa alegria que constituía a minha forma de estar. É deste património pessoal e natural que faço hoje este post.

As paisagens daquele lugar são únicas e a relação do complexo dunar com o mar e com a aldeia é algo que não se descreve. A aldeia cresceu e evoluiu e deixou de ser a aldeia da minha juventude. Valeram os anos do boom económico e da construção explosiva, conseguindo-se no entanto não massificar excessivamente mas apenas modificar a mancha de casario que agora predomina em habitações modernas de um piso substituindo as antigas casas da aldeia apenas térreas. A praia de Almograve é única com um extenso areal dividido por um complexo rochoso separado por uma passagem e por isso denominado de rocha furada. 
Pelo litoral em direção a sul encontram-se pequenas enseadas a maioria cobertas de rochas xistosas (ardósia e outros xistos) de cor negra, com diversas orientações estratigráficas. No final da estrada de terra batida encontra-se um pequeno porto de pesca conhecido desde sempre como Lapa das Pombas. Por aqui pescam-se e apanham-se os melhores peixes e mariscos que alguma vez tive o privilégio de provar e que hoje as grandes revistas da especialidade atrevem a classificar com dos melhores peixes e mariscos do mundo. 

Percorrer este trajeto nesta marginal rústica permite contemplar paisagens e atrair pensamentos como em nenhum outro local. A beleza é esmagadora com o azul do oceano a contrastar com o negro das falésias e com as mais belas dunas douradas que conheço. É uma experiência que vale a pena viver e sentir devagar. O trajeto a rondar cerca de 3 km leva-nos à observação da flora e da geologia local, qual laboratório natural ali presente a pedir para ser analisado. Para norte da praia estende-se outras enseadas e outras praias sendo as mais conhecidas a praia da foz que serve de estuário a um pequeno ribeiro e que pelas suas características (mais afastada da aldeia e areal menos extenso) é preferida pelos que procuram tranquilidade e beleza. Segue-se outra pequena praia a que os locais chamam de carreiro longo, não porque seja extensa. 

A designação de carreiro é atribuída aos complexos rochosos que se perfilam em alinhamentos perpendiculares ao mar e na altura de maré baixa permitem a exploração dos seus buracos e pequenas grutas que muitas vezes oferecem aos pescadores e mariscadores mais pacientes, navalheiras, polvos e caramujos que são autênticas iguarias. Continuando o caminho pelas dunas, aproveitando os trilhos agora traçados pelo gabinete do Parque Natural do Sudoeste Alentejano, chega-se finalmente à praia do Brejo Largo. Ouço falar nesta praia desde miúdo pois nos meus primeiros anos de vida tive o privilégio de morar com os meus avós, Mariana e Joaquim a quem presto aqui uma grande e saudosa homenagem, num monte muito perto deste local. 
Lembro-me do monte, do seu aspeto físico exterior e das divisões interiores. Lembro-me do enorme terreno à volta, das vacas, das galinhas, perús e pintainhos, dos coelhos e dos cães, do burro, do quintal e do poço. A memória dos meus 4/5 anos ainda hoje me trás recordações dos aroma do pão quente a sair do forno, das torradas feitas no carvão ou da fatia de pão barrada com banha corada e carne conservada na panela. Recordo com muita clareza a preocupação da minha avó quando via aproximar o jipe da guarda, ao longe, ansiando más notícias dos meus pais que estavam na altura demasiado longe daquele mundo puro e natural. As dificuldades da vida de então forçaram a sua emigração para a Alemanha deixando para trás, nos primeiros anos os 2 filhos pequenos. Recordo-me do quando me escondia da minha mãe quando ela nos visitava. Sendo criança e passando muito tempo afastado dela estranhava a sua presença escondendo-me por detrás das pernas da minha avó. 
A praia do Brejo Largo é considerada uma das pérolas desta região litoral. Atinge em dimensão mais de 2 vezes a praia do Almograve e é precedida, quando se caminha no sentido sul, por um complexo de maravilhosas enseadas recortadas por rochas que formam uma sequência de tão belas paisagens a que ninguém consegue resistir, pela beleza e pelo fator surpresa que causa quando se quer observar o que está por detrás de mais uma parede rochosa. É com estas recordações e com esta descrição que poderia continuar que termino este que é um dos posts que mais me fez recuar e recordar o meu passado que me parece ainda tão presente.

Friday, July 27, 2012

Férias Troykianas (Julho de 2012)…pelos caminhos de Portugal

As férias deste ano, à semelhança do clima económico e financeiro que se vive por essa Europa fora, foram projetadas, previstas e calculadas com base em restrições de ordem variada que enviesaram desde logo a curva ascendente que vinha sendo desenhada nos últimos anos. Pelas razões apontadas os preparativos e as projeções não tiveram o mesmo sabor dos anos anteriores. Assim foram passando os dias e os meses em torno de algumas propostas com rota e orçamento definido mas que nunca passaram disso mesmo, de projeções. A concordância foi difícil de conseguir, não pelos destinos previstos mas pela contabilização dos custos finais que consumiam numa semana os valores previstos para as 3 semanas de férias. Desta forma abandonaram-se as rotas pelo sul de França via Barcelona com extensão prevista até ao Mónaco, o norte da Europa central e de leste via Berlim, com extensão à longínqua Riga (Letónia), a monumental Polónia ou uma simples ida a Barcelona integrando um parque temático e algumas escapadas aos arredores. Portugal foi o destino final! Assim poupavam-se os custos do avião e do aluguer do carro. Entre profundas e demoradas pesquisas escolhemos uma região, a do Alentejo. Por aqui pisávamos terreno já familiar, tentando traçar uma rota que, permitindo curtas distâncias, aliava o conforto à relação qualidade-preço e a um novo conceito de férias low-coast em que a menor classificação turística em função das estrelas dos alojamentos nem sempre queria dizer qualidade duvidosa. Como a estratégia era aproveitar e poupar ao máximo, incluímos no nosso roteiro unidades de 3 estrelas e turismo rural em montes alentejanos com classificação máxima no booking (soberbos). Alguns dos destinos que integraram a nossa rota já nos eram conhecidos mas fizemos questão de revisita-los pois os preços dos alojamentos eram, apesar de estarmos em Julho, muito convidativos e o conforto, a qualidade e o design não nos deixaram margem para dúvidas. Com 3 semanas de férias foi preciso projetar dias e estadias que preenchessem as semanas de forma a fazer coincidir o dia 22 de Julho (dia do aniversário do André) com o local que escolhemos para realizar um lanche divertido, informal e familiar. O nosso primeiro destino foi Monte Real, pois o  Palace Hotel Monte Real é por demais apetecível por todos os motivos já referidos num anterior post durante a nossa primeira estadia. Para lá chegarmos optámos pela
beira-mar fazendo a primeira paragem em Foz do Arelho para fotografar a bela paisagem do um promontório que permite uma magnífica observação da praia. São Martinho do Porto foi a próxima paragem onde fizemos uma pausa para almoçar. Depois de percorrermos a marginal bem arranjada e de consultarmos uma ou outra ementa, a decisão recaiu sobre um self-service buffet com ofertas variadas a preço de refeitório. Ali estávamos nós no primeiro dia de férias de 2012 a almoçar num bonito restaurante com vista mar mas a preço de cantina. A reviravolta no nivelamento das nossas férias era por demais evidente. Continuando o percurso da linha de costa, voltámos ao sítio da Nazaré para sentir, cheirar e provar uma das mais belas paisagens portuguesas, os pinhões ainda com casca e os pregões das meninas das sete saias. Entrando por Vieira de Leiria, alcançámos o Hotel. Como este ano a fórmula da poupança entrou como nunca no nosso vocabulário, fomos preparados com algumas refeições que tranquila e confortavelmente fizemos nos nossos requintados quartos de hotel. Pela altura que descansávamos em Monte Real realizavam-se as festas comemorativas do fim do ano lectivo das crianças do infantário e do ensino básico, com direito a música e tasquinhas onde nos deliciamos com alguns petiscos e sobremesas caseiras. O destino que se seguia era Montargil. Aproveitando o trajeto visitámos Fátima, como temos feito quase todos os anos. Levámos lá o André quando tinha apenas 30 dias de vida para agradecer a Nossa Senhora de Fátima pela dádiva que foi a sua vinda e para que cresça saudável e se torne um homem de fé, digno e responsável. Momentos de silêncio e oração, naquele lugar cheio de significado e de esperança, dão-nos força para agradecermos e acreditarmos que esta vida não depende apenas do nosso esforço e empenhamento. Ao avistarmos o grande lago em Montargil, estávamos ansiosos para conhecer finalmente o Hotel do Lago CS Montargil. Um 5 estrelas requintado que à muito estava nos nossos planos e que agora foi perfeitamente encaixado no roteiro destas férias em Portugal e à portuguesa. O resort vale todas as críticas que dele fazem: requintado, de luxo com designs moderno e funcional. Tem várias piscinas com diferentes paisagens e exposições solares e uma infinidade de palmeiras. Apesar de estarmos em pleno verão os turistas não abundavam pelo que o silêncio era de ouro. Da luxuosidade, conforto e decoração do quarto já nos habituámos pois não é a primeira vez que escolhemos esta cadeia. Os materiais, as texturas e os padrões são da mais elevada qualidade culminando num conforto absoluto. Os padrões que predominam são os dourados e os castanhos. Uma das paredes do quarto é emoldurada por uma tela em preto-branco de antigos trabalhadores da terra carregando a palha na carreta puxada por vacas, soberbo! A projeção do WC e zona de banhos foi fortemente apreciada por todos pois a cabine de duche é uma assoalhada individual onde cabe toda a família tornando os duches em momento de muita diversão e puro conforto. A piscina de frente para a barragem é um dos ex-libris do resort permitindo aos hóspedes momento de relax numa piscina panorâmica imaculadamente límpida que olha para a barragem qual oceano num oásis campestre. Como o tempo é de poupança percorremos os arredores em busca de restaurantes típicos e a preços acessíveis para saciar o estômago e as carteiras. Queijos, salada de polvo ou fritada de peixe do rio, encontram-se no restaurante Canha aos preços de antigamente. A chegada a Montemor-o-Novo, nossa próxima paragem, foi rápida pois esta calma cidade alentejana dista apenas 60km de Montargil. Pelo caminho visitámos a Golegã onde no restaurante o Barrigas pausamos para o repasto do almoço. O restaurante abriu à 19 anos no Entroncamento e desde a consolidação da Golegã como destino turístico, e a convite do Presidente da Câmara, foram motivos para em 2008 o Barrigas se instalar na Golegã. As pataniscas de bacalhau com arroz malandrino e o entrecosto grelhado fizeram as delícias destes turistas de gostos requintados mas formatados para low coast. O nosso hotel em Montemor foi o hotel da Ameira, uma unidade de 3 estrelas no meio do campo na estrada que liga Montemor a Évora. Apesar da sua construção de apenas uma década, revelava algum grau de “desleixo” mais do que degradação. Este aspeto era notório essencialmente nas zonas de lazer. A tranquilidade era absoluta e aqui era permitido aproveitar o sol e mesmo fazer “siestas” à sombra dos eucaliptos ouvindo ao longe os chocalhos das vacas e o balir das ovelhas. Foram momentos únicos para quem procura silêncio e a paisagem campestre. Nesta região realizámos algumas atividades pois era necessário dar folga à pele do André que passava horas dentro de água. Visitámos o Monte Selvagem situado na estrada de acesso a Santarém, a caminho de Lavre. Trata-se de uma grande propriedade, não muito diferente do Badoca Park no Alentejo onde macacos, cangurus, camelos e crocodilos fazem as delícias das crianças. Aqui também se podem encontrar escorregas, casas nas árvores e zonas de contactos com aninais domesticados. No nosso destino estava também prevista a visita a um local até então desconhecido mas descoberto através de uma reportagem de televisão. Do Monte Selvagem até lá distavam apenas alguns quilómetros pois a Aldeia da Terra, assim se chama esta nova atração no Alentejo, está situada próximo de Arraiolos. Para se encontrar esta que já é considerada a jóia da coroa do artesanato português, basta percorrer a estrada em
direção à localidade de Ilha e aí estar atento às placas que referem a aldeia mais caricata de Portugal. A ideia nasceu da cabeça de um casal, o Tiago Cabeças e a Magda que estavam longe de imaginar que as suas vidas e os seus destinos iriam passar por se dedicarem a tempo inteiro ao projeto que mudou para sempre as suas vidas. Ela queria ser professora de física-química, ele um apaixonado pela informática. Depois de muitas andanças as suas vidas cruzaram-se e o Tiago com jeito para criar bonecos em plasticina e a Magda atenta aos talentos do Tiago logo juntou, com a sensibilidade que só as mulheres têm, a visão do jeito do Tiago com a sua grande paixão pela pintura e desafiou o Tiago a construir os seus bonecos mas em barro, esses sim, ficavam. A ideia ganhou forma e daí à abertura de uma loja em Évora - Oficina da Terra - foi um abrir e fechar de 
olhos. O grupo de barrísticos de Évora é especializado em fazer caricaturas em barro. A ideia da aldeia, já com um ano de existência e mais de 6 mil visitantes, é reproduzir muitos dos bonecos caricaturados que foram pedidos pelos clientes e executados e pintados pelos talentos do Tiago e da Magda. Segundo as palavras da Magda: - gostámos tanto de muitas das caricaturas que fizemos que quisemos reproduzi-las outra vez. Pela boca do Tiago a Aldeia da Terra é uma banda desenhada em 3 dimensões e reúne os trabalhos dos últimos 14 anos. Este projeto já ganhou o primeiro prémio do melhor trabalho em artesanato contemporâneo. Pelas mãos do Tiago e da Magda continuam a nascer caricaturas e peças que já ultrapassam as 3 mil em exposição mas cujo objetivo é chegar às 10 mil, portanto esta aldeia vai continuar a crescer mas sem se transformar em vila ou cidade. O percurso pela Aldeia permite observar em pormenor, casas e prédios em diversos formatos, casamentos, bandas de música,
 gentes na casa de banho, o sapateiro, a farmácia, o centro de saúde, os bombeiros, a polícia entre outros. É um trabalho digno, perfeito, criativo e que nos transporta, durante o tempo em que ocupamos os olhos e a mente em busca da perfeição, para a perplexidade do talento destes génios criadores. Aqui não se nota o passar do tempo e depois de se percorrer o mesmo trajeto duas vezes, encontra-se sempre um pormenor, uma cor, ou uma forma que se contempla com outros olhos. Depois de conhecermos as obras miniaturizadas que reproduzem as cidades de diversos locais da Europa, elegemos esta Aldeia junto a Arraiolos com o melhor projeto de miniatura alguma vez visto. E porque a visita terminou na hora do almoço e com a cabeça cheia de pura arte e louvável imaginação, seguimos a sugestão da Magda e almoçámos no restaurante o Fidalgo onde nos esperava um delicioso frango frito e queijadas de requeijão para acompanhar com o café. Após dois dias de pura tranquilidade na Herdade da Ameira, rumámos ao litoral alentejano para complementarmos com o sol do campo, o ar do mar e o sol da praia. Na Comporta elegemos o Aparhotel Comporta Village para pernoitarmos 3 dias. Trata-se de um resort relativamente recente mas com algumas falhas quase inaceitáveis nos dias de hoje. Uma receção insipiente com palavras simpáticas mas curtas com significativos nãos a quase todos os pedidos do cliente. Não à utilização da internet que só existia mediante o pagamento de 5 euros /hora utilizando o portátil do cliente, não à entrada antes da hora prevista sem a abertura de qualquer exceção, não ao guardar alguns bens alimentares num qualquer frigorífico o do apartamento o outro. Um péssimo cartão-de-visita. O apartamento não é nada de especial, está bem cuidado mas tem algumas carências e a zona de laser necessita de cuidados de manutenção. A comporta é uma vila simpática hoje bem equipada com grande oferta de restauração. As praias são paradisíacas podendo-se optar por zonas de praia praticamente desertas acessíveis por caminhos dunares feitos por trilhos de aventureiros resistentes às altas temperaturas e aos bandos de melgas que literalmente atacam quem por lá passa, a sofisticadas praias onde não faltam restaurantes e espaços lounge com direito a camas, poufs, frutas e champagne por quantias avultadas para estes tempos de crise. Na Comporta contemplámos ainda a beleza do bailado que é o voar das cegonhas e despedimo-nos dos dias com o por do sol dourado que nos acaricia até se deitar atrás da serra da Arrábida. Depois de sermos fortemente atacados por malditos insetos mas levando na alma o azul daquele mar da comporta, seguimos destino rumo ao interior numa altura em que as temperaturas teimavam em atingir os 40 o C. Na zona da Mina de São Domingos a pouco quilómetros de Mértola, escolhemos o Monte da Galega como alojamento para mais 3 dias das nossas férias em Portugal. Esta escolha foi decidida simplesmente pelas pesquisas na net e pelos comentários e fotos cuidadosamente analisadas nos diversos sites de vendas online. Não poderíamos ter escolhido melhor. Antes de chegar à localidade de Minas de S.Domingos e
 após alguns quilómetros percorridos por estradas quase desertas e tendo como companhia paisagens que mais parecem pinturas visionárias de um ser de alma superior, encontrámos o local que nos haveria de proporcionar 3 dias de magnífico e merecido descanso. O monte da Galega insere-se numa propriedade de vários hectares sendo a casa principal cuidadosamente edificada e de decoração tradicional alentejana a tocar o requinte, o conforto e o bom gosto. A D. Carmen, o sr. Helder e os filhos Miguel e Inês são os anfitriões deste belo espaço onde reina o calor humano e a simpatia. Fomos recebidos como se fôssemos da família. Tudo é calmo e natural à medida dos desejos dos hóspedes que aqui são amigos e bem-vindos a núcleo desta genuína família. Arrumados os objetos era tempo de explorar a região. Como eram horas de almoçar, aproveitámos para conhecer mais um restaurante, o Alentejano em Moreanes, que se encontra facilmente depois de atravessar a localidade de Mina de S. Domingos. É uma referência no Lifecooler e permitiu-nos uma bela experiência gastronómica! Entre o gaspacho com carapauzinhos fritos e a grelhada mista de porco preto, não sei o que estava melhor. O restaurante tem traça típica com gente muito simpática e um serviço digno que recebe bem quem vem de fora. Após o repasto era tempo de tirar partido do espetacular oásis que encontrámos junto à estrada dentro da Mina de S.Domingos. Tratava-se de uma praia fluvial tão bem enquadrada na natureza que mais parecia uma pintura. Os nossos olhos não queriam acreditar em tamanha beleza. O lago é uma barragem designada de Tapada Grande e a praia tem areia fina igual à das praias marítimas, com direito a vigilância e a bandeira azul. Aqui e ali a paisagem é enquadrada por ilhotas que se alcançam a pé permitindo fotos e ângulos ao gosto de todos. Depois de uma tarde inteira neste paraíso era tempo de regressar à herdade que se projeta à nossa volta como que a convidar-nos para descobrir cada canto, as cores, os aromas e os sons. O difícil é escolher entre dar um refrescante mergulho ou ir à procura do contato com os muitos animais que aqui co-habitam. O ideal acabou por ser mergulhar e depois deixar que o corpo seque pelo ar quente que teima em atingir os 40oC. O entardecer neste local traz-nos à memória recordações de outros tempos, os da infância também ela passada em locais como este. Pelos caminhos da herdade descobrimos galinhas, pintos, porcos anões, perus, pavões, bodes, burros e vacas. O André provou palha e desabafava pela tristeza de não ter como companhia a sua amiga Maria presença já tão habitual nas nossas férias. Quando já estávamos bem afastados do monte surgiu-nos ao longo um motard em moto 4. Era o Miguel que gentilmente nos vinha dar as boas-vindas. Pretexto melhor para o André iniciar ali intensas horas de convívio, não haveria. À boleia do Miguel lá foram explorar todos os cantos daquele magnífico local. Perdi-os de vista e dediquei-me a captar paisagens e momento únicos que o entardecer trazia com as cores de um por do sol que só existe em locais como este. Encontrei camas de rede, um lago e um instrumento musical feito com chocalhos de vaca. Este reconhecimento terminou perto das 21h30min e algumas dezenas de fotos depois. De vez em quando encontrava o Miguel e o André que se tornaram amigos inseparáveis. A noite caia ao abrigo da elevada temperatura que só me fazia lembrar as caraíbas de outros tempos. Aqui conversa-se pela noite dentro com os outros hóspedes e com os anfitriões. Ouvem-se as histórias que deram origem ao nome da herdade, trocam-se impressões sobre os locais a visitar e sobre os melhores locais para apreciar a verdadeira e genuína comida alentejana. Aqui observam-se as estrelas como em nenhum outro local. O pequeno-almoço é servido a uma mesa em madeira de castanho maciço numa sala cuidadosamente decorada e onde se encontram as melhores iguarias da região. Leite, café, sumos, compotas, mel (água mel e espuma) queijos, enchidos, bolos tradicionais e um pão que nos obriga a repetir para além da conta. Eu diria que este é o melhor pequeno-almoço do mundo. O resto dos dias foram passados entre mergulhos na piscina, idas à praia, passeio pela herdade, a andar de burros e a descobrir novos restaurantes. Aos proprietários deste local encantado que segundo reza a lenda trás do passado a designação atribuída a uma pobre mulher que aqui trabalhava que nem uma galega para alimentar os seus muitos filhos atribuímos pela forma como nos receberam, pelos sons do silêncio, pelo chilrear dos pássaros, pelo mugir das vacas, pelo cacarejar das galinhas, pelas cores do céu e da terra, pelo cintilar das estrelas, por nos ensinarem a observar a estradinha de S.Tiago (nebulosa que se observa no céu) pelos aromas que se entranham em nós, por simplesmente se poder estar sem nada fazer, pelo melhor pequeno-almoço do mundo, nota máxima, ficando o enorme desejo de voltar. Terminados os dias nesta estância de prazer era hora de rumar ao próximo destino, desta vez mais ao sul em plena região do interior algarvio. Alcoutim era o próximo destino por nós agendado e que ansiávamos visitar e conhecer com alguma expetativa. O caminho até lá mantinha as caraterísticas da paisagem alentejana e permitiu-nos revisitar a bela Mértola que se debruça sobre o Guadiana protegendo a parte antiga da vila com a sua muralha onde se encerram séculos de história. O Guerreiros do Rio River Hotel alcança-se percorrendo a partir de Alcoutim cerca de 12 km de estrada paredes meias com o rio. Trata-se de uma unidade hoteleira de 3 estrelas relativamente recente, com um fantástica vista sobre o rio e o discreto relevo que protege as suas águas. O hotel encontra-se encrustado na encosta e não fosse o índice de degradação visível, nomeadamente no que se refere aos aspetos exteriores, a grande varanda no piso da piscina transporta-nos para uma paisagem que em quase tudo nos recorda a harmoniosa relação da paisagem da distante e requintada Áustria. A piscina de grandes dimensões permitiu fantásticos mergulhos e o aproveitamento do belo e melancólico entardecer algarvio. Alcoutim é uma bela e verdejante vila que convive com gosto com as águas calmas do Guadiana e com a vizinha localidade espanhola de Saluncar que se alcança de barco por 1 euro. A praia fluvial detentora de bandeira azul recebe os visitantes com todas as infraestruturas e cuidados de qualidade que fazem desta terra um verdadeiro oásis de beleza e frescura. E, era chegada a hora de chegarmos ao nosso último destino de férias, o Monte dos Poços, um agroturismo recém-inaugurado na estrada que liga Castro Verde a Aljustrel, muito próximo da localidade de Carregueiro. Chegámos cedo, pois tal como combinado telefonicamente, era necessário fazer um early check-in para ter tudo pronto para receber os nossos convidados. Neste local estava prevista a festa de comemoração do nosso filho André.
 Sem estarmos a prever a chegada foi atribulada pois com a ausência do responsável e da colaboradora da receção com quem havíamos trocado e-mails com acerto de pormenores ninguém nos sabia dar informações precisas sobre o desenrolar dos preparativos. Sem o alojamento preparado e sem informações a tensão tomou conta de nós, mas como a idade também é portadora de coisas boas, mantivemos o espírito positivo e confiámos no que estava combinado. A competente e muito simpática Bárbara deixou-nos palavras de alento à boa maneira alentejana referindo que tudo se haveria de resolver. E assim foi! Após o almoço o proprietário Rui, um jovem alentejano com formação em turismo recebeu-nos como só nestes locais se sabe receber. Simpatia, competência e espírito de proximidade familiar. O lanche decorreu com alegria e muitos sabores, entre mergulhos de piscina, fatias de presunto, queijos, torresmos ou ovos com linguiça, entre outras iguarias. O convívio durou até à noite cumprindo-se assim o 10º aniversário do nosso André, longe da pérola do mar adriático onde estivemos no ano passado, mas igualmente saboroso e muito divertido. O salão de dimensões generosas tem apontamentos decorativos que valem a pena referir. Junto a uma janela que nos permite contato visual com a propriedade, estão os sofás em pele cinza ornamentados com coloridas almofadas brancas cujas manchas foram extraídas de um trabalho de curso do Rui a propósito do tema relacionado com as esculturas em madeira fabricadas a canivenete pelos antigos pastores. Por toda a área de construção estão estrategicamente colocadas telas de grandes dimensões em formato retangular em cor preto e branco, umas alusivas à paisagem e locais da região, outras trazendo à atualidade acontecimentos do passado da família como sejam o trabalho do avô que como veterinário se deslocava de terra em terra com a sua carroça ou aquela tela que mostra o trabalho de forcado de um dos elementos da família. A propriedade nasceu a partir da existência de monte antigo onde do ouvil (local onde se guardavam as ovelhas e a palha) se fez, com a mesma área de construção, 6 quartos e um salão. A decoração ficou a cargo de uma arquiteta pertencente à família que transformou este local de uma forma magnífica, num requintado agroturismo de grande qualidade. Cada quarto, com áreas generosas tem  nome das aves preservadas na região que é considerada reserva de caça (Cortiçol de barriga negra, Rolieiro, Calhandra real, Tartaranhão caçador, Peneireiro das torres e Sisão). Apenas com alguns apontamentos ainda por completar o alojamento oferece muito conforto e silêncio que apenas é interrompido pela orquestração dos grilos. A zona de lazer tem uma piscina e algumas sombras de oliveiras, toldos e chapéus-de-sol, onde se passam magníficas horas de descanso contemplando a paisagem cor de seara pontilhada apenas por cegonhas e pequenos aglomerados de eucaliptos, sobreiros, oliveiras e pinheiros. O pequeno-almoço é regional sem hora para iniciar
ou terminar. A colaboradora Bárbara e a srª D. Armanda (mãe do Rui) tudo fazem para agradar e atender a todos os pedidos, mesmo os dos clientes mais exigentes. O sorriso é uma constante e a disponibilidade quase total. O Rui é um anfitrião muito bem-disposto, paciente e bondoso, ouvindo sempre os seus hópedes e partilhando com eles facetas e pormenores da vida do monte e do campo. Aqui provámos as melhores migas do mundo elaboradas pela D. Armanda a partir de uma receita ancestral cujo segredo naturalmente se encontra guardado. Aqui todos os hóspedes são mimados e acarinhados como se fizessem parte desta família. Aqui descansámos da vida cansativa do quotidiano da cidade. Os burros, as cabras e a égua fizeram as delícias dos miúdos. Aqui encontramos paz e tranquilidade que permitiram um descanso absoluto. Aqui convivemos e sentimos o verdadeiro espírito da amizade e do carinho de que tudo tem para oferecer e apenas pede em troca a satisfação de que procura este local. Aqui encontrámos boa disposição e ambiente familiar que deixa muitas saudades de voltar.