Tuesday, December 21, 2010

Pousar no Douro

No lugar do Laranjal, para os lados de Santa Cruz do Douro no Conselho de Baião, encontra-se um refúgio de silêncio e beleza mesmo pousado à beira do rio Douro. As Casas do Pousadouro nasceram das ruínas para darem lugar a um espaço de encanto e conforto na primeira linha do rio. O espaço é composto por 4 pequenas casas todas respeitando a arquitectura local e tranquilamente enquadradas na paisagem local. Cada casa tem a sua morfologia própria, aquela que o relevo e a genialidade humana permitiram construir. As casas têm diversas tipologias, mas todas a mesma qualidade e conforto. A casa principal é designada de casa amarela, é a maior e é normalmente utilizada pelos proprietários para os seus dias de descanso. É a mais baixa em termos de quota e localiza-se mesmo junto à margem do rio. Tem um deco de madeira onde nos dias de sol se podem fazer as refeições e aproveitar o ar puro desta região para acalmar os dias do intenso stress da vida urbana. As outras 3 casas têm um design muito tradicional tendo sido aproveitado o relevo da encosta para projectar pequenas moradias de pedra e estruturas metálicas que compõem as paredes e por vezes as suspendem. A casa da rocha é o mais parecido com uma gruta sofisticada que nasce a partir de um maciço de granito natural e em bruto que compõe uma das paredes. Tem 2 quartos e uma sala cujo chão mostra através de placas de acrílico um afloramento de vegetação local. Uma salamandra e ar condicionado climatizam este espaço convidativo ao lazer e ao prazer do descanso. A paisagem é arrebatadora com o douro em frente que se deixa ver através da enorme parede de vidro. A casa da ruína fica numa quota acima da casa da rocha. Tem uma suite fabulosa ladeada de espessas paredes de pedra. A sala é longa e suspensa sobre uma cascata de água e mostra o exterior por grandes painéis de vidro. O toque de conforto é-lhe dada pelo chão flutuante e por todos os elementos que caracterizam um espaço moderno perdido numa encosta muitos metros abaixo da estrada que nos liga a Baião. A casa do piloto tem 3 quartos, 2 casas de banho e uma grande sala com salamandra. O Douro de águas calmas serpenteia-se na nossa frente, separando-nos da outra margem onde as encostas da serra albergam a povoação de Caldas de Aregos e outros lugares, muitos deles de moradias isoladas.
Os dias aqui são longos e silenciosos apenas interrompidos pelas visitas da gata Douro, qual floco de neve deambulando apaixonada pelo espaço que a envolve e deliciando-se com os mimos das maõs que lhe aconchegam o pêlo. Passear a pé é uma opção para poder apreciar os recantos que o rio vai fazendo. Falar com as gentes locais é um prazer e um privilégio que vale a pena apreciar. O discurso é calmo e a simpatia e a prestação abundam como forma natural e tónica que não se dispensa em qualquer contacto. Para os mais audazes, conduzir até à estação de Mosteirô pode seu uma má experiência, pois o percurso é elevado e acidentado com curvas apertadas, mas é uma experiência que vale a pena tentar, pela viagem que nos espera no comboio local até à Régua. São cerca de 40 min de contacto estreito com o rio, que vai revelando os seus segredos concretos e escondidos pelas curvas do relevo, magnífico! A Régua uma cidade aberta para o rio. As margens apenas separadas pelo rio, são cúmplices de beleza e de tentações que importam descobrir. Quintas e adegas espalham-se pelos socalcos das encostas das serras. Por aqui e por ali pequenos hotéis trazem o conforto aos que visitam esta bela região. O comércio por estes lados ainda é muito tradicional. É simpático entrar numa loja e ter toda a atenção só para nós, com um cumprimento afável que permite uma transacção comercial ligeira e cheia de encanto. Comer por aqui pode tornar-se numa tarefa difícil tal é a abundância e as escolhas. Nós tornamos esta tarefa mais fácil pois aproveitamos as sugestões do inseparável Lifecooler que nesta cidade nos indica dois locais a não perder. Como só tivemos tempo para uma refeição optámos pelo restaurante CP – Castas e Pratos, nascido de um armazém antigo da CP local. A experiência não poderia ter sido melhor. Por fora a arquitectura do armazém foi mantido e quando se avista o espaço e mesmo quando se entra nele, temos a sensação de que nos estamos a dirigir a um local para ir levantar uma bagagem. Tem rampas de acesso que nos levam à entrada. A partir daí é deixar os sentidos trabalharem e apreciarem o meio que nos envolve. O espaço presenteia-nos logo na entrada com um lindíssimo Wine Shop com uma garrafeira invejável. O centro é preenchido com uma mas longa e alta ladeada de bancos de couro onde se pode simplesmente tomar um copo. O restaurante fica no piso de cima mas não acompanha todo o comprimento do armazém. É como se fosse uma mezanine que divide o pé alto do barracão em res-do-chão e primeiro andar. Lá de cima, suspensos do ar, temos um varandim que nos permite visualizar o espaço inferior. O tecto é todo ele decorado com barrotes de madeira tratada de onde se suspendem grande candeeiros que dão um toque de conforto e luminosidade àquele espaço intimista. As nossas escolhas recaíram sobre espiral de polvo grelhado com batatas e grelos salteados e posta sobre torradinha de azeite também com batatas grelhadas e grelos salteados em azeite e alho. As sobremesas foram escolhidas de uma carta recheada de pequenas delícias. O semi-frio de vinho do porto com gelado e chocolate e os tiramisú com gelado de maracujá e molho de açafrão pareceram-nos as escolhas acertadas. Para acompanhamento solicitámos uma sugestão do funcionário para a escolha de um porto adequado. O Tawni Borges Soalheira 10 anos casou com aqueles doces de uma forma que o estômago agradeceu e a alma guardou para o resto das nossas vidas.

Sunday, September 19, 2010

Sonho e Magia na Disneyland Resort e Glamour em Paris

Que importa se se é criança ou adulto, afinal o sonho comanda a vida, faz parte dos nossos pensamentos mais íntimos e é um direito reservado a gentes de todas as idades. Quantos de nós, em todas as idades, projectamos momentos da nossa vida agarrados a sonhos qual plataformas de lançamento para momentos em que a vida parece tão mais fácil projectar. Deste mundo imaginário, que ao que parece é construído com base nas experiências vividas nos momentos de vigília, pulula todo o conhecimento armazenado, agora misturado com a magia que a ténue vigília deixa penetrar. Por aqui, por este mundo de sonhos e fantasias que nos alimentam de esperança e nos permitem viver para além da realidade, somos visitados por todos os projectos e por todas as personagens. Alguns, conhecidos em criança, acompanham-nos pela vida fora ao ponto de fazermos deles os nossos heróis favoritos e o nosso referencial de vida. Expressões como “quem me dera ser o Mickey” ou “gostava de saber cozinhar como o Ratatui” são frequentes e ditos com tal entusiasmo que quase parecem transformar-se em desejos na ponta de uma varinha de condão. Estes mundos que fazem parte de nós e seguramente contribuíram com um empurrãozinhos para os alicerces da nossa personalidade, são hoje em dia fontes quase inesgotáveis de negócio em parques temáticos dedicados a entreter miúdos e graúdos. Não tenho dúvidas que o sonho de qualquer criança e de muitos adultos é visitar e poder estar com os heróis que tantas vezes fizeram parte do seu mundo imaginário. Esse mundo está ali no centro da Europa, perto de Vale D’Europe na Disneyland Resort Paris. Os operadores turísticos aproveitando muitas vezes as promoções da própria organização, disponibilizam packs com viagens, hotéis e entradas para que o sonho e a magia se tornem realidade por uns dias. Uma viagem à Eurodisney pode sair cara para uma família de 4 pessoas, mas se bem projectada e reservada online, conseguem-se tarifas mais amigáveis para ajudar a dar vida a um sonho. No nosso caso e com algums meses de antecedência, pesquisámos e reservamos tudo via net: voos, hotel e ainda uma fugidinha a Paris. À chegada ao aeroporto de Orly, em Paris, espera-nos logo à saída, o autocarro (conhecido por navette) que nos transporta directamente para a estação de caminho de ferro mesmo à entrada do parque. Os clientes que optaram pelos hotéis mais próximos (ex: Disneyland, Santa Fé e Cayenne) são logo distribuídos pela navette proveniente do aeroporto. Como optamos por um hotel um pouco mais afastado, tivemos que, na zona da estação, apanhar um shuttle que percorre todos os outros hotéis, deixando gentes de todas as idades, nacionalidades, tamanhos e pesos. O nosso hotel, escolhido e reservado no booking.com, foi uma verdadeira e agradável surpresa. Com uma relação qualidade/preço muito agradável, disponibilizou-nos um quarto simpático, confortável e calmo que nos permitiu recarregar energias das longas horas de caminhada pelos parques da Disney. Tratou-se do Hotel Kyriad, um 3 estrelas mesmo no fim da linha do shuttle, que mesmo assim, aparentemente distante, nos ligava em menos de 10 minutos à entrada do parque. O serviço era muito simpático e organizado e notava-se o esforço para que tudo fosse o mais organizado possível apesar da quantidade de clientes. O hotel distribuía-se por edifícios separados por jardins e relvados bem cuidados. Toda a área envolvente era verde e bela, com lagos e com ligações por caminhos traçados para os outros hotéis vizinhos. Recordo-me dos pequenos almoços que eram escolhidos com hora marcada para que todos pudessem ter acesso a esta refeição do dia com a tranquilidade que se desejava. Os capuccinos e os croissants deixaram saudades. Depois passámos os dias nos parques, o da Disney e no Walt Disney Studios. Tivemos sorte, pois visitámos os parques numa 5ª e 6ª feiras, dias óptimos dado o menor número de afluências. No dia da chegada o tempo não foi nosso amigo e o Santo Pedro decidiu regar com abundância exagerada todos os que teimosamente acreditaram que conseguiriam passar através da chuva. Nós aproveitámos esse fim de tarde para visitar a Disney Village e fazer uma refeição abastada e dispendiosa. Trata-de de uma rua por onde proliferam lojas e restaurantes para todos os gostos e necessidades. A entrada no parque Disney é empolgante. Depois de se observar o magestoso hotel Disney, depois mesmo de o atravessar por baixo, entra-se na avenida principal do parque que representa a Main Street U.S.A. e que percorre o parque até à Central Plaza, à frente da qual está o Sleeping Beauty Castle e símbolo do parque. De mapa na mão e muita vontade de descobrir e viver novas e vertiginosas emoções, percorrem-se os diversos espaços e divertimentos. É preciso ter paciência para aguardar nas filas quando muitos dos visitantes se encaminham para os mesmos locais, tomando a mesma opção em simultâneo. Há sempre a possibilidade de se reservar via Fast Pass, um divertimento que esteja com muito tempo de espera, para depois se voltar a ele com hora marcada. O parque encontra-se dividido em 5 zonas que se alcançam todas sequencialmente umas às outras. Iniciámos a nossa exploração pela Discoveryland visitando o Buzz Lightyear Laser Blast (nº 37 no mapa), o Star Tour, uma aventura especial muito turbulenta a bordo de um simulador com um trajecto que inclui curvas apertadas e caídas inesperadas. O Honey, I Shrunk the Audience apresentado pela Kodad, assistimos a 3 D a um magnífico show em que o saudoso Michael Jackson nos presenteia com um brilhante musical com criaturas horrendas do espaço. Para os mais adrenércios uma voltinha no Space Mountain faz bem para resfriar os ânimos. Trata-se de uma alucinante viagem a bordo de uma nave espacial montada numa montanha russa que vai percorrer na obscuridade quase total, o espaço exterior, com um nível sonoro alto e curvas apertadas bem como loopings de 360º e quedas inesperadas e vertiginosas. Brutal e demasiado forte para início de visita. A Autopia é muito gira para os miúdos pois vão conduzir um carro dos anos 50 com simulação de choques e sempre com o faísca por perto. A Fantasyland é muito dedicada a crianças muito pequenas. Por lá anda-se de Dumbo, visita-se o labirinto curioso da Alice, mas também podemos voltar atrás no tempo e visitar a terra do nunca no percurso do Peter Pan a bordo de um barco de piratas. O ex-libris desta zona é sem dúvida o “It´s a small world”. Trata-se de uma visita sentados em barquinhos percorrendo canais que nos vão mostrando, com muita luz, cor, música e imaginação, a representação de variadíssimos países que constituem este magnífico velho continente que é a Europa. No Adventureland os miúdos podem visitar um barco de piratas ou visitar a Cabana do Robinson, subindo a uma árvore. A Frontierland tem diversas atracções como a montanha russa “Big Thunder Mountain” ou um passeio num clássico cruzeiro do Mississipi. Todos os dias existem diversos espectáculos de rua. Assistimos no final deste dia a um magnífico espectáculo onde desfilaram em lindíssimos carros alegóricos todas as figuras da Disney, que desciam dos seus ornamentados carros e vinham até à proximidade de todos cumprimentando, dançando e acenando, retratando a realidade dos sonhos. Este momento é intenso e chega a deixar, imaginem, muitos adultos emocionados e de olhos molhados. É de facto magnífico! No Walt Disney Studios espera-nos a montanha russa do Nemo, atração para as crianças mas que depois se vem a revelar um pouco violenta para alguns. Sem dúvida que o mais atractivo neste parque são os percursos e cenários que nos fazem viver os diversos efeitos especiais utilizados em cinema. Desde o Armagedon onde somos colocados dentro de uma nave que está a ser atacada por uma frente de meteoritos, onde o tecto se desintegra e o fogo entra dentro da nave provocando explosões e calor. No Moteur…Action assiste-se a 50 min de pura adrenalina com motard’s a dominarem as suas máquinas e condutores a percorrer o cenários em alta velocidade onde os ralys, os voos sobre rampas e camiões ou as quedas de edifícios, são canja para estes experientes ases do volante. O Studio Tram Tour , uma fascinante viagem a bordo de um inocente comboio, leva-nos a descobrir as decorações utilizadas nos estúdios de Holiwood e a viver intensamente cenários reais de explosões, ataques de ondas de água ou a sensação de um sismo a desintegrar os carris do comboio. Fabuloso! À volta de todo este fascinante mundo existe um marcante e bem montado Marshandising que contagia todos os presentes e desafia a imaginação dos miúdos e a autoridade dos adultos. Os preços são os melhores conselheiros pois acabam por ser eles que tomam conta das decisões e resfriam os ânimos mais incontrolados. Após 2 dias de visita, rumámos a Paris onde matámos saudades daquela que é a cidade das diversas luzes. Na tarde antes de partirmos para Paris decidimos ir de combio a Vale de L’Europe visitar o famoso e conhecido outlet recheado de marcas de estilo e qualidade inconfundíveis e que se alcança depois de percorrer o magnífico Shopping de Vale de L’Europe. Decidimos jantar no restaurante Hippopotamus onde as carnes e os grelhados faziam as honras da casa. Optámos e bem por um Côte de Boeuf de Charolais, carne mundialmente reconhecida pelas suas altas qualidades gustativas. É uma carne ligeira e refinada que revela na boca um sabor e uma suculência perfeitas. Introduzimos o André na visita à Torre Eiffel, mas arriscámos apenas até ao deuxième. Como tínhamos apenas algumas horas decidimos visitar zonas ainda não exploradas tendo apostado na zona de Les Halles que nos deixou maravilhados pela intensidade e afluxo de pessoas que escolhem aquele local para passear, aproveitar o sol no jardim, fazer compras na magnífica Rue de S.Dennis ou simplesmente fugir da confusão em recolher-se um pouco para meditar na bela Igreja de Santo Eustáquio. A opção de restauração nesta como em outras zonas de Paris já não nos deixa surpreendidos e optamos por aproveitar a magnífica tarde de Sábado para comer numa esplanada saboreando une soupe de poissons e umas moules à la creme. O jantar teve que ser à beira da Note Damme onde os restaurantes Gregos fazem as nossas delícias, pelo ambiente descontraído, pela decoração e muitas vezes com dança e música, onde se saboreiam uma deliciosas espetadas e marisco e de carne que nos marcam e deixam saudades de voltar outras e muitas vezes a Paris.

Wednesday, August 18, 2010

Monte do Vale, fuga e plenitude.

O contacto com o Monte do Vale veio através de uma amiga que ao descrevê-lo enfatizou em cada palavra aquilo que a propriedade lhe transmitiu: a paz, a plenitude, os sabores, a confiança e tantas outras características. A vontade de viver tudo isto ganhou importância e a experiência concretizou-se num fim-de-semana de Agosto. Para lá se chegar é só seguir a Auto-Estrada para Évora (A6) e sair, ou em Borba ou na saída de Elvas Oeste. Depois, segue-se em direcção a Terrugem atravessando esta típica aldeia alentejana. A estrada para o monte encontra-se um pouco mais à frente a cerca de 4 km, do lado esquerdo. Após cerca de 3km de terra batida e algum pó (estamos no campo) que não nos incomoda pois vamos absorvidos com toda aquela terra torrada pelo sol e pincelada de verde pelos chaparros e oliveiras, encontramos o monte. Parece que estas figuras vivas da natureza descrevem alinhamentos e configurações que brincam ao nosso redor à medida que nos deslocamos. À frente, o monte, o Sr. Joaquim Cordeiro (seu proprietário) e o cão. Pelo caminho ficaram as 83 cabeças de gado que habitam esta propriedade e que fazem parte integrante na decoração deste cenário bucólico e paradisíaco. Somos recebidos com cortesia e com a simplicidade que caracteriza os habitantes locais. Somos encaminhados aos nossos quartos e a nossa amiga fez as honras da casa guiando-nos pelos recantos deste monte tipicamente alentejano. Com 34 graus de temperatura era urgente saltar para aquela piscina de água fresca, qual oásis neste deserto de stress, magia, luz e cor. Após um banho refrescante numa piscina com sabor a mar é tempo de interiorizar que este é um local de puro refúgio onde o stress, o barulho e as preocupações estão proibidos de entrar. Aqui saboreia-se o tempo, o sol, o azul do céu, ouve-se o barulho do silêncio, ouve-se o mugir de alguma vaca em hora de menos conforto. Quando o apetite surge as opções são variadas, podendo o jantar ser servido ali mesmo, no monte, em pitéus saídos das mãos experientes do Sr. (chefe de cozinha) Joaquim. Ali janta-se à luz da lua e das estrelas com vista para a paisagem que nos conforta com a sua desorganizada geometria. Outras opções se podem colocar como visitar Terrugem e petiscar no restaurante sociedade (uma espécie de sociedade recreativa onde os habitantes se juntam para conviver, jogar às cartas, bilhar, snooker…). Recomendo bifinhos com cogumelos ou espinafres com gambas. Para os mais enérgicos e exigentes, para aqueles que procuram outras experiências e que não se importam de apreciar sensações gourmet e sabores de outros tempos a preços de agora, jantar ou almoçar no restaurante “A Bolota”, também e Terrugem, é outra experiência a não perder. O serviço é de cortesia, as vestes são tradicionais e os sabores, de outros tempos. Como entradas experimentámos bolsitas de verdura com vichissoise quente de maça e salada de perdiz em escabeche que estava soberba. Para além disso todos os patés, particularmente o de azeitona e de chouriço enchiam o paladar e impregnavam na memória mais uma experiência comensal. Depois decidimo-nos pelas sugestões da casa escolhendo arroz de pato à portuguesa com vinho tinto, assado do Norte Alentejano com arroz de coentros e passas e lombinhos de javali com molho de ameixa e puré de castanha. Num cantinho do estômago ainda estava reservado lugar para um sortido de deliciosas sobremesas que nesta região não se podem perdoar: sortido de doces conventuais e pudim de queijo fresco com mel e nozes foram as escolhas acertadas.
De regresso ao nosso refúgio é tempo para dois dedos de conversa animada e de repousar no silêncio e no calor da noite. De manhã ao levantar e mesmo antes do pequeno-almoço pode-se optar por ir temperar a pele na água da piscina ou simplesmente cumprimentar o dia que vem azul e bem quente como tem sido característica deste Verão, ou avançar um pouco mais na leitura. Entre tantas outras características deste lugar onde impera a calma absoluta, uma delas é perceber que qualquer cliente tem à sua disposição praticamente o monte inteiro para usufruir quer seja de um pequeno-almoço onde há lugar de destaque para os produtos locais, sumo de laranja natural e pão acabado de cozer, quer seja para nos sentarmos em qualquer dos cantos ou salas a ler, ver televisão ou simplesmente desfolhar uma revista, beber um copo de água, tomar um café, preguiçar, adormecer, sonhar, viver.
Trata-se de uma propriedade que sempre pertenceu à família do Sr. Joaquim Cordeiro e que há cerca de 6 anos ele transformou em turismo rural. Tem 106 hectares de terreno e o sobre o nome não se sabe bem as origens, talvez venha do facto de se situar num vale de azinheiras. Tem 7 quartos distribuídos por dentro da casa principal e outros directamente com acesso à piscina. Todos têm uma decoração simples cumprindo a rigor as tradições da terra e desta região. Os tectos, de pé alto considerável, são em madeira, alguma ainda original. Existem muitas razões para apreciar este santuário de tranquilidade, mas sem dúvida que o elemento mais apreciado neste local é a piscina de dimensões generosas. Por aqui se passam os dias num verdadeiro “dolce fare niente” entre mergulhos, leituras, conversas e brincadeiras. Um aspecto que não poderia deixar de registar e que me marcou enquanto pessoa e cliente daquele lugar foi o convívio que se estabelece com os demais hóspedes que já lá estão ou que vão chegando. Chegou a parecer um grande grupo de amigos que já se conheciam e que conversavam, jogavam e cuidavam dos miúdos uns dos outros. À volta do oásis que é a piscina existem cadeiras, mesas, camas e espreguiçadeiras para que todos possam encontrar o seu lugar e gastar o tempo de acordo com a vontade. Ainda é possível passear pela propriedade em jipe, fazer um piquenique à beira de um charco, ou, no monte dos primos do Sr. Joaquim, experimentar uma sessão de equitação. Motivos para visitar este local são quase inumeráveis. Os ângulos fotográficos encontram-se e escondem-se à medida da imaginação de cada um. O pôr-do-sol, esse é igual para todos, primeiro amarelo pálido, depois carregado de tons laranjas e por fim, já bem baixinho e misturado com os verdes das azinheiras despede-se de nós com a certeza de que teremos a lua por companhia e mais um magnífico dia de sol pela frente. Ele há lugares assim!

Tuesday, August 10, 2010

Regresso ao passado em 2010 (Alemanha (Schwarzwald) e Austria)

As férias descritas neste post tiveram a sua génese enquanto projecto e plano, antes das férias de 2009, no Outono de 2008. As intensas pesquisas pela net em busca de destinos e tarifas low coast e as hesitações próprias das decisões a longas distâncias, impediram a sua realização numa data anterior. Como a indecisão nestes casos não faz a ocasião, é preciso avançar sem grandes receios, subscrever os seguros de anulação das tarifas aéreas e delinear os destinos pretendidos. Com as reservas dos hotéis não se coloca qualquer problema, uma vez que o fiel site booking.com, permite anulações sem despesas até quase ao dia da chegada.
Para melhor enquadrar os destinos deste ano, importa partilhar aqui a minha experiência como habitante da Alemanha na longínqua década de 70. Quis o destino que fosse filho de emigrantes que escolheram este país como lugar em busca de melhores dias de vida. Aos 5 anos encontrava-me a viver no sul da Alemanha, na região da Floresta Negra. Em apenas um ano, na rua com as outras crianças, aprendi a língua que ainda hoje faz parte da minha biblioteca de cultura linguística, embora já com algumas falhas de vocabulários e gramaticais mas que me permite manter conversações normais em alemão com total liberdade e com grande orgulho. Aqui aprendi as regras da sociedade alemã que ainda hoje norteiam a minha conduta.

Günzburg-Legoland
O destino traçado para estas férias foi naturalmente o regresso à aldeia onde cresci e onde tive a melhor das infâncias. Ainda hoje, passados 34 anos me recordo de cheiros, gestos, expressões, brincadeiras e da alegria das brincadeiras com as outras crianças. Como seria voltar lá a Maisenbach? Iria sentir o coração acelerar? Iria emocionar-me? Confesso que não sabia responder a esta pergunta até ao momento do encontro com o passado. Esse aconteceu no dia 20 de Julho a meio de uma manhã com 27 graus de temperatura e com um céu azul igual aos dos dias da minha infância. A viagem iniciou-se em Munique para depois percorrermos alguns locais de interesse pela grande região da Schwarzwald. Percorremos pequenas distâncias para tornar as férias em dias tranquilos sem pressas e sem cansaços desnecessários. A primeira paragem foi em Günzburg, uma pequena e histórica localidade a pouco mais de uma centena de km de Munique. Lá esperáva-nos o parque temático Legoland que fez as delícias do André, mas também permitiu alguma distracção aos pais. Recordo-me de uma batalha de canhões de águas em barcos piratas onde entrávamos já em tronco nu, mas no regresso da viagem nada sobrava seco. Foi fantástico! Magníficas também são as cidades em miniatura, feitas com mais de 25 milhões de peças de lego e que representam cidades e países da Europa, num feito estupendo e considerado como um dos maiores do mundo. Lá poderemos observar o aeroporto de Munique com aviões em circulação, a grande arena do Bayern München, com jogadores, espectadores e até flashes a disparar, a cidade de Berlim, os canais de Amsterdão e os arranha-céus da Manhatten da Europa, Frankfurt. Sem dúvida um local de recomendação para miúdos e graúdos para um dia bem passado, Fica o apontamento sobre os preços das entradas, demasiado caros para as bolsas mediterrânicas (35 euros por adulto e 32 para crianças). Caso se prentenda voltar ao parque nos 2 dias seguintes, o custo fica substancialmente reduzido (para 10euros) mediante a conservação dos bilhetes originais. Para pernoitar esperávamos um hotel de gerência familiar, muito simpático e tradicional, mesmo na zona histórica da localidade. Com excepção do pouco cuidado com a luminosidade da manhã que nos entrava pelos olhos dentro impedindo um sono mais duradouro, o serviço era agradável e cortêz. Uma boa variedade de opções na carta permitia-nos escolher entre especialidades italianas (que viemos a perceber mais tarde ter apaixonado os alemães) e os pratos típicos da cozinha alemã: schweineschnitzell als Wiener art ou gemischten salad, acompanhadas com uma saborosa cerveja alemã, acabaram por ser as opções correctas naquele dia de chegada.

Bad Liebenzell-Maisenbach
O próximo destino seria a cerca de 150 km mais a sul, Bad Liebenzell. Claro que estas locais ficaram mais fáceis e mais próximos graças à grande companhia do nosso GPS que nos conduzia de forma certeira até à porta dos destinos traçados - O hotel aqui em Bad Liebezell era também muito agradável e localizado numa encosta que permitia vislumbrar o castelo na outra encosta e sentir o verdadeiro pulsar e a razão desta «região se designar de Floresta Negra. Tudo o que os olhos alcançam está coberto por pinheiros típicos desta região que cobrem encostas, montanhas e vales em fileiras cerradas, impedindo muitas vezes a entrada do sol. Agora era urgente fazer o check-in e rumar a Maisenbach, minha aldeia natal, como gosto de lhe chamar embora não tivesse lá nascido. Mas ela seguramente diz-me mais que o meu local de nascimento, mesmo tratando-se de uma cidade magnífica cheia de história e de arte. Lembro-me de não estar nervoso nem ansioso por chegar, apenas grato por ter podido voltar. Apesar do Garmin da Nüvi (GPS) o meu sentido de orientação gravado na memória fazia-me querer avançar por outros caminhos, perdidos claro! Finalmente comecei por identificar algumas casas, ou outro local até que estacionei no centro da aldeia e iniciei uma caminhada a pé. Lá estava a minha casa, a mesma árvore, a igreja, a casa dos vizinhos, os mesmo cheiros a feno e a erva. Parece que o tempo por ali tinha parado. A paisagem estava imutável, mas as casas não estavam mais velhas, continuavam limpas, arranjadas e com os jardins magnificamente cuidados. Não vi ninguém com quem conversar! Mas também o que lhes iria dizer? Que era a tal criança portuguesa que por ali brincou à 34 anos atrás? Talvez isso tivesse sido o suficiente, mas a verdade que é não havia ninguém por lá.... Andei, percorri, cheirei e fotografei. Tinha feito o meu encontro com o passado, assim, sem falar com ninguém, apenas recordando. Nestes pensamentos e recordações o tempo voou. Era necessário encontrar algum local para comer. Esta tarefa veio a revelar-se difícil pois nas aldeias nada encontrámos e Bad Liebenzell parecia transformada numa qualquer localidade italiana. Acabámos por optar por um restaurante italiano mas com opções de pratos alemães. Nada mau para o adiantado da hora numa 2ªfeira que parecia ser, tal como em Portugal, o dia de descanso semanal da restauração. Nessa tarde ainda conseguimos rumar a Calw, localizada a 7 Km de Bad Liebenzeel, onde percebemos tratar-se de uma localidade fulcral naquela região. Lá estavam o maior número de silos para parquear automóveis como não estamos habituados a ver. Grandes lojas e armazéns com todos os produtos necessários a uma vida farta e de qualidade. Conseguimos perceber que somos completamente levados em Portugal nos preços de muitos artigos como sejam material escolar ou produtos de higiene. Em Calw eram literalmente a metade do preço. As opções para comer começavam a escassear e a tornarem-se repetitivas, mas por esta altura ainda não tínhamos saboreado a típica salsicha alemã. Encontrámo-la aqui num tasco velho a funcionar num contentor e com umas mesas de rua num canto recôndito à beira do rio.

Titisee
Na manhã seguinte rumámos ainda mais a sul para a região de Titisee. Encontrar o hotel foi tarefa difícil apesar do nosso amigo perito em navegação por satélite, pois as estradas estavam em conservação e era preciso encontrar alternativas, estas também já desfeitas e com estaleiros de obras pelo meio. Algum tempo depois lá encontrámos o simpático hotel Sebachstübbe, de gerência familiar, o mais típico possível, ainda com as suas gentes trajadas a rigor, com vestuários Schwäbisch. A alguns passos de distância, mais precisamente após 10 minutos de marcha pedestre, aguardava-nos um magnífico lago com um das belas paisagens e arrebatadoras desta região, o lago Titisee. Emoldurado por uma mancha de pinheiros com é típico destas paragens, encontra-se rodeado de hotéis, casa e chalés numa harmonia e num silêncio que arrebatem os sentidos e fazem bem à alma. Na entrada da pequena localidade, como que a dar início à cabeça do lago, encontra-se um promenade que funciona como o centro vital daquele local. Desde lojas de souvenirs a restaurantes, sofisticadas lojas com produtos regionais, aqui pode-se encontrar de tudo e comprar e comer de tudo. Todos os locais são especiais, bem arranjados e organizados. Os jardins estão imaculadamente cuidados a apesar dos 30 graus que se faziam sentir, todas as flores, de cores variadas, estão floridas como se estivéssemos em plena Primavera. Os nossos olhos já tinham visto um local idêntico a este e que em tudo fazia lembrar Titisse, trata-se do Lago de Como às portas de Milão, no coração dos Alpes italianos.

Konstanz e Meersburg
No dia 22 de Julho, data do aniversário do nosso André, após a abertura das prendas, logo bem cedo pela manhã, esperava-nos um novo destino, ainda mais a sul, já a tocar as fronteiras da Suiça, Konstanz. Esta localidade é a embaixatriz de uma magnífica região grande parte dela banhada por um gigantesco lago designado de Bodensee. Trata-se de uma cidade antiga com uma arquitectura clássica rigorosamente preservada onde se erguem edifícios dos séc, XIII, XIV e XV. É uma cidade fortemente turística não só pela preservação do seu capital cultural como pela beleza que emana do lago. Pelas ruas passeiam-se pessoas de todas as nacionalidades e tendênciais sociais. Como em outros locais da Alemanha, aqui mantém-se todas as regras do civismo deste povo a evidenciarem-se pelo rigoroso trato interpessoal e pela organização das zonas públicas onde não se vê um único papel no chão. Também aqui as bicicletas são um meio de transporte privilegiado, acompanhando os seus utilizadores em todos os transportes públicos. Tudo aqui gira invariavelmente em torno do lago. Existem barcos com partidas para todos os destinos em redor desta bacia de água que tem a cordilheira Alpina como companheira. É obrigatório fazer um destes passeios e o mais difícil é mesmo escolher o destino. Desde a ilha Manau, conhecida como a ilha das flores até Bregenz a duas horas e meia de distância, a eleição dependerá do que se quer visitar e do tempo disponível. Acabámos por optar por um destino muito perto a cerca de 30 minutos de barco designado de Meersburg, fascinante. A aproximação e a chegada ao cais não permitem vislumbrar nem imaginar aquilo que está por detrás da fileira de casas que escondem um verdadeiro museu a céu aberto. A arquitectura e a disposição das ruas fazem deste lugar, um local de magia onde o clássico nos mostra o presente com traços do passado. O tempo parece aqui ter interrompido a sua passagem para nos mostrar que no século da modernidade, viver em espaços com séculos de existência não é somente um privilégio, mas mesmo uma bênção.
Por esta altura o tempo começou a fazer das suas e a chuva veio substituir o calor sufocante dos dias anteriores. Parece que uma frente de instabilidade meteorológica, decidiu atravessar a zona sudoeste do país e dificultar a vida a passeantes por estas paragens.

Salzburg
A nossa próxima paragem seria em Salzburg na Austria. Todas as cidades da Austria e em especial Salzburg constituíam para nós uma grande expectativa pois fazia parte do nosso imaginário há já muito tempo. Depois de nos instalarmos no hotel da cadeia NH, muito central e confortável, mesmo com a chuva como companhia, não terminámos o dia sem uma breve visita à zona histórica, não dormiríamos bem se não a fizéssemos. Magnífica e indescritível: imaculada, preservada, cheia de história e encanto. O rio Salzach divide a cidade e por entre as suas pontes estendem-se ruas cheias de edifícios de grande valor arquitectónico. Tudo na cidade gira em torno do grande compositor clássico, Wolfgang Amadeus Mozart. A casa onde viveu é agora um pequeno museu dedicado à sua obra. Os jardins da universidade são um local a visitar e com sorte ainda se assiste a um concerto em pleno jardim. No alto das colinas, que vale a pena subir, por escadas ou por funicular, encontram-se monumentos deslumbrantes e paisagens de cortar a respiração que nos enchem para sempre com recordações que não esqueceremos. Por esta cidade cheia de história passeiam-se milhares de turistas mas também os residentes que trajam com vestes tradicionais de corte clássico, com uma harmonia de cores e de cortes que nos obrigam a apreciar com atitude de aprovação. Por toda a cidade o comércio, que convive lado a lado com a história e a cultura, parece ser o coração vital desta terra abençoada pela Homem e pela natureza. As praças ricas e preservadas estão cheias de pessoas que apreciam esta bela cidade, fotografando e apreciando aquilo que o Homem tão bem soube preservar. A catedral é um local de visita obrigatório, fica no centro da cidade e o edificio barroco do séc. XVII, não mostra por fora a riqueza di seu interior. Aqui pasma-se com a beleza dos seus frescos e cúpulas. Há centenas de pessoas que entram e saem, acendem uma vela, sentam-se a meditar ou simplesmente descansam apreciando os traços da história e com sorte assiste-se a mais um concerto que estão quase sempre a acontecer. Cá fora, numa das colinas que se ergue 250 degraus acima da rua, tem-se uma panorâmica da cidade que nos preenche como se a cidade nos contagiasse para sempre. Aqui é tempo para descansar e visitar a igreja e as diversas esculturas religiosas que contam a saga de Jesus Cristo. Sem saber de onde vieram tivemos um encontro com duas criaturas magníficas que se diziam sem abrigo e vinham das montanhas para pedir moedas. O cheiro a tabaco é forte e os olhos diziam-nos mais coisas que aquilo que conseguiamos extraír deles. Aparentemente pobres, transbordavam de honestidade e princípios pois não aceitavam a moeda que o André lhes quis oferecer, por ser uma criança. Eu fiquei extasiado com aqueles dois. Ela de uns olhos azuis e com um sorriso que nunca mais se esquecem, ele com uma cara cómica cheia de rugas apesar da idade não lhe pesar ainda. Abraçaram-nos agradecendo as fotos e desejando muitas vezes muita sorte e saúde. Foi um encontro único que ajudou a preencher a nossa aventura de viajantes. Obrigado Salzburgo!

Viena e Bratislawa
O destino seguinte era Viena, capital da Áustria e a jóia da Europa. Depois de visitarmos Salzburg que nos deixou extasiados, saberíamos que iríamos encontrar uma cidade grande, cheia de monumentos e edifícios de grande beleza. E assim foi! As deslocações de umas cidades para as outras deixava-nos pouco tempo no dia de chegada pelo que apenas conseguíamos fazer um breve reconhecimento, já ao fim do dia e desta feita pela rua comercial da cidade, onde se fileiram restaurantes e lojas de luxo das grandes marcar internacionais e por onde se passeiam pessoas de todas as nacionalidades, cores de pele e com trajes de todos os cantos do mundo. Praticamente no final dessa grande avenida comercial em Stephansplatz, encontra-se a Stefhansdom, a catedral da cidade em estilo gótico, com a sua torre agulha a medir 137m de altura sendo o símbolo da catedral.
Uma vez em Viena, andar de charrette e ao mesmo tempo fazer um reconhecimento pela parte histórica é uma opção muito agradável. Visitam-se todas as zonas históricas importantes do centro da cidade: desde os locais onde viveu Mozart (teve na cidade mais de 16 moradas sendo expulso da maioria delas por não pagar as rendas) até ao complexo de Hofburg, constituído por magníficos jardins e palácios, tendo sido a residência do imperador e constituindo uma das partes mais elegantes da cidade. Atrás do antigo palácio encontra-se ainda a Spanische Reitschule, uma elegante escola de equitação onde há lugar a exibições dos graciosos cavalos brancos Lipizzaner. Outro espectáculo a não perder em Viena são os Vienna Walzer Concerts. Os bilhetes podem ser adquiridos nos vendedores que se encontram todos os dias em frente à Dom. O que assistimos realizou-se no Palácio Palffy e incluiu obras de Mozart e Strauss. A orquestra principal era constituída por 3 violinos, 1 violoncelo e um piano. Ouvimos Allegros e Allegrettos de Mozart e a Pantomime Le Petits Riens, docemente acompanhado por uma bailarina à qual mais tarde se juntou o seu par. A seguir ao intervalo ouvimos obra de Strauss, (Rosen aus dem Süden / Oder / Wiener Blut /Annen Polka, entre outras) algumas acompanhadas por uma bela e magnífica soprano que dilacerava a sala e os mais sensíveis corações com a sua excepcional voz.
Feita esta visita é tempo de explorar as ruas pequenas que se intrincam e mostram edifícios, monumentos, museus e palácios de grande beleza e difíceis de enumerar. Muita coisa ficou por ver, tanto mais que era preciso adaptar as visitas às rotinas e horários das crianças. A cidade é muito grande e os locais a visitar são imensos, dignos de outra visita mais demorada. Num dos dias optámos por visitar Bratislava, a capital da República da Eslováquia apenas a 70 Km de Viena. Era uma curiosidade depois de já conhecermos a imperial Praga. Fizemos uma caminhada rápida ao centro histórico, conservado e bonito, com as igrejas, os restaurantes e o comércio a ocuparem lugar de destaque. Almoçámos uma Misa staroslovenskej kuchyne (mista de carnes com legumes) e depois viajámos num daqueles pequenos comboios que percorrem os sítios mais interessantes da cidade. A zona alta da cidade junto ao castelo oferece uma paisagem soberana sobre a cidade e o rio. Notam-se vestígios dos tempos de clausura em que o país esteve fechado ao mundo e para o progresso. A ponte principal sobre o rio tem como curiosidade uma estrutura esférica sobre o seu pilar principal a fazer lembrar um óvni.




Graz
Graz, capital da Estíria é a segunda maior cidade da Austria e é rica em atracções arquitectónicas e culturais. Um dos locais que merece visita obrigatória é a Altstadt, legado da família Habsburgo, na Idade Média. Este centro histórico é um dos mais bem conservados da Europa Central e Património Mundial da Unesco. Esta cidade era uma fortaleza contra os ataques turcos, O rio Mur separa a zona histórica da cidade, da cidade moderna que se estende desde o sopé da montanha do castelo para ambas as margens o rio. Graz foi capital europeia da cultura em 2003 e todos os anos acolhe festivais de música clássica. Por esta altura o rio Mur ganhou um novo encanto, tendo-lhe sido oferecida uma ilha, uma estrutura metálica que alberga um anfiteatro, um restaurante de luxo, uma esplanada e um espaço de lazer para crianças. Trata-se de uma estrutura com um design arquitectónico moderno, em metal e vidro e que permite atravessar o rio ou simplesmente sentir a sua força quando descontraidamente tomamos um café. A destacar no centro histórico a Hauptplatz, famosa pela sua praça triangular. É um bom ponto de partida para explorar a cidade e é rodeada por ricas mansões de diferentes épocas. No lado norte da praça encontra-se um belo edifício neo-renascentista, construído em 1880 e agora ocupado com a Câmara Muncipal. A norte da cidade erge-se o Schlossberg (montanha do castelo), com 473 metros de altura. A chegada ao topo pode fazer-se por um funicular rápido e muito barato e os mais audazes podem aventurar-se pelas centenas de escadas que em zigue-zague se distribuem montanha acima. Lá do cimo obtêm-se uma bela vista sobre a cidade e pode-se contemplar a torre do relógio com 28 metros de altura que constitui um dos símbolos de Graz. Para descer pode optar-se pelo magnífico elevador em vidro que desce literalmente por dentro de um poço na montanha. Cá em baixo espera-nos uma surpresa muito agradável; uma viagem em carruagens dos antigos mineiros que nos transporta grutas adentro para assistir pelo trajecto a representações das mais belas histórias de encantar que atravessam gerações e continuam a encantar as crianças deste século: a branca de neve e os sete anões, o capuchinho vermelho, a rapuntzel, etc. Das visitas a estes locais fazem ainda parte a apreciação da gastronomia local que faz as delícias dos estômagos desconfortados ao fim de um dia de passeio. Uma sopa de abóbora decorada com as sementes da mesma, as Wienerschnitzell tão tradicionais de toda esta região e schweinefillet. A fechar a refeição pedimos um delicioso mix de sobremesas servido em bandeja prateada onde a fusão de cores e sabores deixou deliciados os comensais por mais uma experiência divina.

Grundlesee e Halltatt
O nosso próximo destino deixava-nos expectantes e muito curiosos, pois havia sido pesquisado um pouco à pressa e incluído no roteiro pela paixão que as imagnes e as descrições despertaram em nós. Não poderíamos estar mais certos! De Graz a Grundlesee são cerca de 170 Km, alguns dos quais por auto-estrada outros porém por estradas principais que deixavam ver paisagens fantásticas, mas que tornaram a viagem muito demorada. Não há no entanto outra forma de lá chegar. Nesta zona da Austria, para além da Vignette que permite circular nas auto-estradas, tivemos ainda que pagar uma portagem de 7.5 euros: foi-nos dito que se tratava da uma via de montanha e de túneis pelo que tinha portagem própria como em mais 4 lugares da Austria. Sempre seguindo à risca o nosso GPS, começámos a entrar pelos campos austríacos, passando por quintas e aldeias e não vislumbrávamos a nossa localidade onde supostamente encontraríamos o hotel Mondi. Chovia e as nuvens haviam descido à terra. A hora do almoço já havia passado à muito e não havia maneira de encontrarmos o destino. Mesmo literalmente no final da última curva, ainda por cima com uma indicação errada, finalmente encontrámos o hotel. Logo percebemos que todo o esforço da viagem, da estrada, do almoço tardio tinham valido muito a pena. Fomos recebidos com um caroloso Grüss Gott e encaminhados ao nosso apartamento. Tratava-se de um hotel feito de casas de madeira com arquitectura típica da Austria. Quando abrimos a janela e fomos à varanda molhada e burifados pela chuva, ficámos implacavelmente de boca aberta e sem palavras, ou melhor, sempre com as mesmas palavras: isto é lindo, é brutal, sem nunca nos cansarmos de olhar, esquecendo a chuva. Neste cenário edílico, os estômagos falaram mais alto, pelo que era imperioso ir procurar onde comer, já passando das 16 horas. Teria de ser obrigatoriamente à volta daquele lago. É claro que restaurantes não faltavam. Entrámos no Gasthof Stockl e deliciámo-nos com uma Nudelsuppe, Hünerbrust, Käse-Kartoffel e Schollenfilet. A encerrar o magnífico repasto com o Topfenstrudel e um Eis Palatschink. Delicioso!! Depois passeámos à volta do lago observando aquele quadro que a natureza esculpiu e tão bem pintou. Nas suas margens verdes encontram-se dispersas pequenas casas, quintas e alguns monumentos em total harmonia com os tons de verde da vegetação e o verde cinza que nuvens teimosamente imprimiam às águas cristalinas e frias do lago. Observámos os patos, os cisnes, os que faziam canoa e os corajosos que se atreviam a nadar naquela imensidão de beleza natural. Nesse dia cinzento ainda havíamos traçado como destino visitar, a cerca de 20Km de Grundlsee, Hallstatt, classificada com Património Mundial pela Unesco. E assim fizemos. Por estradas e encostas curvas e sombrias, apenas tínhamos no pensamento as imagens que havíamos conhecido na net. Queriamos que fosse igual. Assim que avistámos a pequena aldeia encrustada na montanha, lá bem ao longe e apenas pela silhueta da torre da igreja, sentimos que já lá havíamos estado: este é o poder da imagem e uma das belas possibilidades que a web nos dá. Hallstatt é incontável. É preciso lá ir, para sentir a simbiose das casas, com a montanha que parece escorregar por ali abaixo amontoando todas aquelas construções de madeira e pedra. As ruas são estreitas e pregadas de curiosidades. Por escadas e rampas chega-se a todos os locais deste magnífico local. Curiosidade é perceber que os passeios, rampas e escadas que cruzam toda a aldeia, têm continuidade até às margens calmas do lago, atravessam e continuam-se pelos cemitérios qual jardins que merecem ser visitados. Tudo é organizado, perfeito e paradisíaco. Neste cenário de éden, ainda descobrimos as grutas de gelo (Eishöle) em Dachstein. Este é um cenário que merece uma visita obrigatória. Um teleférico magnífico leva-nos ao 1º patamar da montanha a mais de 800 metros de altitude. A paisagem lá de cima é arrebatadora. Depois caminha-se cerca de 15 min a pé montanha a cima para integrar os grupos que visitam a gruta. Lá dentro num ambiente de -2 graus célsios visitam-se as grutas que as águas esculpiram assistindo-se a magníficos cenários onde o gelo marca a sua posição desenhando paisagens e figuras enriquecidas com luz e cor. A visita a este pedaço do paraíso tem de terminar pois os dias de férias obrigam-nos a regressar às origens. A viagem de regresso a Munique foi tranquila. Trouxemos o coração cheio de bem-estar e brilhante de gratidão e alegria de ir e voltar, mais ricos, mas cheios, mais completos. Cerca de 2400 Km depois, de mais uma viagem de sonho a bordo de aviões, barcos, ascensores, funiculares teleféricos e claro do nosso magnífico Volkswagen Tiguan, é tempo de descansar o corpo.

Quinta da Encosta Velha
Os últimos dias de descanso destas férias foram passados no Parque da Floresta em Budens, na Quinta da Encosta Velha. Um magnífico aldeamento algarvio num condomínio reservado e muito bem cuidado. Por aqui impera a tranquilidade, e o repouso absoluto. Avistam-se jardins e campos de golfe. Dorme-se em silêncio e aprecia-se o som deste mesmo silêncio. As moradias são de grande qualidade, com equipamentos de topo e decoração simples e funcional. As praias são escolhidas em função da distância ou dos cenários que se preferem. Adorámos a praia do Zavial: uma pequena enseada ladeada de pontões de rochas íngremes e mar calmo e transparente. Aqui ainda se pode nadar rodeados de pequenos peixes que nos abordam com a curiosidade de quem quer conhecer os seus visitantes. A areia é dourada e o sol convida a mais um mergulho nesta águas que se sentem e deixam saudades de voltar.