Monday, October 12, 2009

Köln, Colónia, Cologne (Simpósio intercalar do Conselho Europeu de Ressuscitação)

O Simpósio intercalar do Conselho Europeu de Ressuscitação (ERC), constituiu o motivo para visitar a magnífica cidade alemã de Colónia. Os companheiros de viagem, já habituais nestas andanças do Conselho Europeu, para além da minha mulher, foram o colega Carlos Pinto e sua mulher Elsa Guimarães, a Catariana Cruz e a Elisabete (vidé foto neste post). Koln, Colónia ou Cologne, de acordo com a língua em que se pronuncia, é a maior cidade do estado de Renânia do Norte-Westfália, situa-se a cerca de 1 hora de comboio de Frankfurt e a menos de 30 min de distância de Bonna. Esta distância é encurtada no espaço e no tempo pelo comboio de alta velocidade ICE, que percorre a distância a uma velocidade que atinge os 300 km/hora. Quando partilhei esta viagem com alguns amigos que já conhecem a cidade, referiram-me que Köln tinha apenas a Catedral para visitar, no entanto não constituiu motivo suficiente para resfriar o meu entusiasmo. Afinal ia visitar a Alemanha, país que me acolheu quando era criança e desde então povoa o meu espírito e de algum modo influenciou e marcou de forma que considero notável, a minha vida. Portanto, para mim, qualquer pretexto serve para visitar a Alemanha, quer sejam cidades com mais ou menos aspectos para visitar. A lingua não constitui barreira ou problema, embora já tenha esvasiado da memória alguns termos de vocabolário e regras gramaticais, o essencial permanece no seu estado basal, Falar alemão é-me sempre agradável e hoje, percebo a importância de se dominares algumas linguas, pois permite-me circular no espaço europeu e no resto do mundo sem grandes problemas de comunicação. O Hotel escolhido, logo em Abril, (pois sou adepto do bom planeamento e das tarifas económicas da internet) não podia ser melhor. Tratou-se do Azimut Hotel Köln Center, instalado num antigo teatro,e pelo aspecto, recentemente inaugurado. Excelente quartos, novos e confortáveis, um rico pequeno-almoço e a 2 min da estação de comboios (S-Banh) e do metro (U-Bahn ou Tram). Os primeiros 2 dias foram inteiramente consumidos na Conferência que tinha como tema dominante a educação. O local escolhido foi a Departamento de Anatomia da Universidade de Colónia. Tratava-se de um espaço antigo e algo confinado, mas suficiente para que o evento decorresse com absoluta normalidade. Os debates foram muito interessantes. A exposição técnica não trouxe grandes novidades em relação à Conferência do ano passado em Ghent na Bélgica (vide post). Desta vez a grande novidade para mim foi a minha estreia absoluta com um poster num evento científico internacional. Tratou-se de um poster sobre o projecto “Os 5 gestos de Socorro” da autoria de uma grande amiga da Cruz Vermelha Portuguesa, Marinela Velloso com lugar de destaque (Vice-Presidente) na Associação Nacional dos Alistados das Formações Sanitárias (ANAFS). O único desapontamento ocorrido é que ia com a ideia fixa de que o iria discutir o poster para os key-people do ERC, como me haviam informado por e-mail, mas depois percebi que seria impossível discutirem todos os 96 poster que estavam afixados. Mas no fundo o que interessou foi termos sido aceites pela comissão científica do evento e termos levado à Alemanha e ao Conselho Europeu de Ressuscitação um projecto português de grande valor educativo e de grande impacto. Fomos vistos por muitas pessoas, desde o Japão à Islândia, Reino Unido e Alemanha. A nossa vizinha de poster ficou tao surpreendida com a ideia de se transmitirem ideia simples mas fundamentais através de um livrinho com o formato de uma mão, que sugeriu entre sorrisos, fazermos um manual para ensino da enfermeiras do seu hospital. Aí está uma ideia muito interessante. A noite de festa da conferência, como já é apanágio do ERC, passou-se numa típica cervejaria alemã, a Brauhaus Sion muito perto da Dom (catedral). Trata-se de um espaço onde cabem mais de 600 pessoas sentadas. O ambiente era de festa e a cerveja típica da cidade, a Kölsch, era servida à descrição e transportada em tabuleiros onde os copos eram encaixados. A comida era servida em mesas corridas (buffet self-service) onde cada um se servia a gosto. Foi uma noite agradável com um serviço rico em excelência e muita simpatia. Uma típica noite alemã onde me senti muito feliz por estar de novo no “meu” país de infância. Quis o destino que o Sr. Tor, presidente da Laerdal (gigante da indústria hospitalar) estivesse na mesa ao lado da nossa. Conversa puxa conversa e daí até conhecermos a Heide, representante comercial para a Europa, foi um pulinho. Gente extraordinariamente simples e muito competente e simpática. Na conferência prendámo-los com um livrinho dos “5 Gestos”. Oferecemos um à nossa vizinha de poster do UK e claro que não podia perder a oportunidade de entregar uma mão na mão do mais velho elemento do ERC, o Dr. Chambermain que abordei no intervalo e que me ouviu com muita atenção e agradeceu. O resto dos dias foram passados a conhecer a bela cidade banhada pelo rio Reno. De facto a Catedral constitui a imagem de marca da cidade, trata-se, a seguir à de Milão, da 2 maior catedral gótica da Europa. É imponente por fora e maravilhosa por dentro. Sentámo-nos nos seus bancos e ficámos ali a ouvir o seu silêncio apenas rasgado pelos ténuos sons provenientes dos múltiplos orgãos. Ali apetece apenas parar, descansar e reflectir. Alguns dos colegas tiveram a coragem de subir os mais de 500 degraus que conduzem às torres, mas eu aproveitei para visitar mais um pouco da cidade. Aquele edifico-monumento datado de 1248 (séc XIII) que se vê de qualquer ponto da cidade, icentiva à coragem e ao amor. Toca-nos de alguma forma, como se quizesse passar-nos uma mensagem. Tem algo de carismático e profundo, não fosse dos únicos edificios da cidade a permanecer inteiros e intactos durante a 2ª Guerra Mundial, nenhuma bomba lhe tocou. Aquele pedaço da humanidade da qual é património, fez-nos pensar em juras de amor e até comprar outras alianças, não fossem estes dias coincidir com o 16º aniversário do nosso casamento. Mas, visitar Colónia é também visitar o imenso bairro turco com as suas vicissitudes próprias, o comércio local que nos deixou surpreendidos com os preços, que esperaríamos serem muito inflacionados em relação a Portugal, mas tal não é verdade, nem nos produtos nem na alimentação que com tanta escolha e variedade, permitia fazer refeições abaixo dos 10 euros/pessoa. Os preços só se aproximam dos custos em Portugal, nas típicas cervejarias, mas que valem muito a pena visitar. Aqui podem-se apreciar pratos como o famoso schweinehaxe ou bratwurts, brindar com a cerveja que orgulha a cidade e ouvir músicas típicas deste belo país. Por toda a cidade existem quiosques e roulottes a vender as típicas salsichas alemãs, que variam em nome dimensão e sabor: vão desde a típica Bratwurst, a Krakauer, Curriwurst ou Mettwurst. O cheiro e sabor continuam gravados na minha memória desde os tempos de criança, como se sempre tivesse ali vivido e nunca me separado daqueles aroma. Temos um cérebro prodigioso que tão bem sabe guardar tudo aquilo que experimentamos e tão bem nos faz felizes. Saborear tais petiscos é literalmente regredir aos tempos da minha germânica infância. Outro pitéu que recomendo para os apreciadores dos sabores e aromas a queijo é o não menos fantástico Käsekuchen (a tarde de queijo mais saborosa do mundo). Mas visitar Colónia é também passear ao longo das margens do Reno e visitar os acontecimentos da cidade. A melhor imagem exterior da catedral consegue-se passando a ponte para a outra margem do Reno. Numa das pontes, na metálica (mais próxima da catedral), milhares de cadeados, uns mais originais com lacinhos ou placas descritivas em forma de coração, outros simplesmente cadeados, prometem juras de amor eterno, trancados e unidos contra o gradeamento metálico que separa o passeio pedonal das linhas de caminho de ferro. Nos dias da nossa estadia houve a maratona que envolveu e animou toda a cidade e uma enorme feira de velharias onde o típico espírito alemão reinava por entre as tendas e quiosques. Perdi-me por entre tendas e roulottes de Bratwurst e Bräzel discos, livros, velharias e carrinhos de colecção. Parava aqui e ali para apreciar, fotografar ou simplesmente cheirar. Não queria acreditar quando de repente tinha em mãos cd’s em 2ª mão de cantores que alimentaram o meu imaginário de criança. Ali estava eles como se o tempo tivesse voltado a trás. Não resisti e comprei cd’s do Jürgen Marcus e do Günter Gabriel. As atracções da cidade são muitas para quem aprecia arte pois há museus por todo o lado. Encontramos desde os de arte moderna ao museu do chocolate ou da mostarda. O museu do chocolate é visita obrigatória principalmente se as crianças estiverem presentes. Aqui assiste-se à explicação interactiva da produção do chocolate desde a recolha e produção do cacau pelo mundo até à fabricação “ao vivo” deste magnífico alimento, com direito a provas e tudo. Cá fora espera-nos uma loja deliciosa com tudo o que podemos desejar em matérias de chocolate. É proibido ir embora sem provar as delicias que o café de apoio ao museu serve com uma bela vista para o rio. Desde os batidos de chocolate ao famoso e delicioso Käsekuchen, não faltam motivos para um lanche rico de doçura. Outro passeio agradável é “sobrevoar” o rio Reno a bordo de um teleférico que nos leva de uma margem à outra mostrando, lá de cima, vistas magníficas da cidade e do rio. Lá de cima pode localizar-se o balneário termal da cidade onde os germânicos mesmo em dia de frio apreciam a nudez e banham-se nas quentes e termais águas das piscinas. O sistema de transportes é muito funcional e com o Köln-Welcome-Card, que se pode adquirir no posto de turismo mesmo à beira da catedral, pode-se percorrer toda a cidade em todos os transportes por 9 euros/dia ou 32 euros para 3 dias. Este passe tem várias vantagens como bebidas grátis em cafés e restaurantes e descontos nos museus e no teleférico. As casas de banho públicas são quase todas pagas, mas vale a pena utilizar os serviços pois gozam de uma sofisticação tecnológica com todos os equipamentos e automaticsmos e de uma higiene irrepreensíveis. De volta a Frankfurt, de novo no rápido e confortável transporte proporcionado pelo ICE, a organização dos serviços públicos, as gentes e todo o ambiente social alemão deixa saudades de voltar.

1 comment:

JP said...

O poster ficou muito porreiro.

abraço