Sunday, June 22, 2008

PARAÍSO ENVENENADO (Tróia, bela e amadora – Albergaria do Sado)

Tróia, para quem conhece e certamente concordará, é, e sempre foi um destino de férias por excelência. Conheço Tróia à muitos anos e o encanto das praias e do mar de cor de azul deixam-me sempre fascinado. Agora com a nova oferta turística em construção certamente não faltarão motivos para visitar esta língua de areia que a natureza plantou para nos presentear com uma das mais belas paisagens de Portugal. Sou do tempo das torres Rosa-Mar e Magnólia mar, onde se podia pernoitar a custos relativamente acessíveis, mas sem deslumbramento ou luxo.
Há alguns anos atrás descobri a Albergaria Foz do Sado que se veio a revelar uma opção de excelência para pernoitar por aquelas paragens. A primeira experiência foi magnífica pois trata-se de uma residência em formato de vivenda com uma vista deslumbrante sobre o rio Sado, envolta em pinheiros e jardins. Os donos, um encanto de pessoas, com gosto por receber e por bem agradar. A decoração mostrava vários estilos (oriental, mexicano) complementados com peças de mobiliário, certamente encontrados pelas viagens pelo mundo.
Como há algum tempo que não visitava Tróia, recentemente voltei ao mesmo local e, para meu espanto, fui recebido por uma jovem mulher que quando anunciei o meu intento, abriu gavetas e remexeu papeis em busca, certamente de uma anotação da minha reserva. Com a mesma rapidez deixou de procurar e ligou para a mãe para perguntar sobre a dita reserva. Como resposta, passámos a ser atendidos pela mãe, que manteve sempre um ar sério e incapaz de sorrir ou de ser agradável enquanto remexia em gavetas e papeis, até que, finalmente, pensei eu, descobriu um pedaço de papel que me entregou para preencher com os meus dados ao mesmo tempo que fotocopiava o meu bilhete de identidade. Confesso que não esperava esta recepção pois já ninguém preenche nada ao balcão de um hotel. O próximo passo da senhora foi pegar em 4 comandos e numa chave e rumar escada acima para nos mostrar o quarto. Aí, interpelei-a dizendo que havia solicitado um quarto no rés-do-chão junto à piscina e que me havia sido dito que esse aspecto ia ser tido em conta. Ela simplesmente respondeu que não e que o pequeno almoço seria servido entre as 08.30 e as 10 horas. Ficámos perplexos com aquela nova forma de receber na Albergaria do Sado. Na piscina o nosso André fez logo um amiguinho que por sinal era filho da Srª que até ao último dia julgávamos ser a nova proprietária da unidade. Uma criança simpática, bem nutrida e bem disposta. Na hora de jantar tentámos ir ao Tobias no Carvalhal, famoso pelo seu arroz de marisco, mas por ser 2ªfeira este encontrava-se fechado. De volta ao local de repouso deparámo-nos com a sala cheia com outros hóspedes que ocupavam todos os lugares sendo impossível permanecer um pouco a conversar antes de dormir, por falta de capacidade para sentar. Por não haver mini-bar no quarto, o que considero lamentável, havia pedido à Srª para me guardar a água no frigorífico pedindo-a de volta antes de subir. Solicitei também mais papel higiénico, sempre julgando que ela o iria colocar. Mas não, perguntou se no quarto não estava um rolo ao que eu respondi que sim, mas seria necessário outro que me trouxe e entregou para as mãos. Ali estava eu no meio da sala de papel higiénico na mão. Irreal. O barulho na sala impediu que se conseguisse adormecer antes da meia-noite. O pequeno-almoço foi simples mas saboroso e bem servido. O dia estava encantador. Depois de uma agradável manhã na praia, voltamos para mais umas braçadas naquela piscina convidativa e para rever o nosso amigo Micael. Percebemos que alguns hóspedes já seriam habituais pois movimentavam-se com à-vontade até nas zonas mais reservadas da unidade. Percebemos também que um casal tinha um cão de formato gigante e que para além se passear por todos os locais da Albergaria (vi mais tarde que os animais são aceites) incluindo nos espaços de refeição, o cão até tinha direito a banho de piscina. Achei deplorável, pois havia acabado de dar um belo mergulho.
Não fosse a beleza paisagística daquele pequeno resort, que tem a sorte de estar implantado num paraíso natural, as imagens que guardamos dentro de nós, os cheiros e os ambientes, a experiência teria sido devastadora. Mas mesmo assim deixou-nos incomodados pela forma sempre pouco agradável com que falávamos com esta senhora que estava a dirigir a unidade e que no momento do check-out viemos a saber ser empregada.

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