Thursday, June 30, 2011

A Madeira é um jardim…

Corria o ano de 1982 quando visitei a ilha da Madeira pela primeira vez. Era adolescente praí com 17anos e aquela viagem teve para mim um significado muito especial. Para a merecer havia trabalhado afincadamente durante todo o verão no estabelecimento comercial dos meus pais. Chegado ao fim do verão e antes do início das aulas, aquela foi a forma simpática, merecida e exigida, que escolhi, para uns agradáveis dias de descanso. Lembro-me vagamente do prazer que me deu organizar tudo, começando por convencer os pais (o que não foi difícil dada a minha determinação) fazer a mala, a viagem de avião. Sentia que tinha a liberdade nas mãos. Finalmente era adulto e fruto do meu trabalho iria viajar para onde me apetecesse. Havia no entanto a condição de não viajar sozinho e contas feitas lá arrastei mais dois companheiros, o meu irmão Manuel e o meu amigo Eusébio. Mas eu tinha em mim que eles só tiveram aquela oportunidade porque eu havia criado as condições, tinha tido a ideia, tinha-me empenhado e íamos andar de avião. Na altura não havia internet e muito menos voos low coast, portanto nós éramos uns privilegiados. Se viajar do alentejo até Lisboa já era um feito, viajar de mala feita para outros destinos não era seguramente uma oportunidade para muitos jovens da aldeia no início dos anos 80. Hoje recordo com carinho esses momentos de aventura e o que representaram para todos nós em termos de percepção do mundo, de liberdade, de oportunidade e de abertura de horizontes. Alojámo-nos no hotel orquídea, um 3 estrelas simpático muito perto do centro do Funchal. As refeições eram feitas à medida do orçamento aproveitando ao máximo as parcas economias para viajar. Como bons turistas a visita a Porto Santo era obrigatória e lá comprámos bilhete de um dia para visitar a ilha dourada após quase 4 longas horas de viagem no barco de então, o pirata azul. Com a descoberta do Porto Santo e após muitos mergulhos na melhor praia das nossas vidas esperava-nos uma infernal viagem de regresso ao Funchal, pois as correntes do oceano atlântico eram implacáveis e o nosso pirata esforçava-se para vencer a ondulação. Recordo-me dos muitos enjoos a bordo e de me ter deitado nos bancos do bar para acalmar o estômago. Do Funchal ficaram as imagens das flores, do sumo de maracujá, do jantar no Casino, do folclore e do bolo de requeijão. Passados perto de 30 anos e após ter revisitado o Porto Santo acerca de 4 anos, voltei ao Funchal. Esta seria uma viagem especial por variadas razões. Para recordar e revisitar uma ilha transformada pelo tempo e pela mão do homem, mas preservada pela força da natureza e por se tratar da viagem inaugural de duas pessoas já martirizadas pelo tempo mas cujo percurso de vida nunca lhes permitiu sequer entrar a bordo de um avião. O alojamento escolhido não poderia ter sido melhor escolha. Tratou-se de um magnífico resort, o Palheiro Village, localizado na encosta para os lados de S. Gonçalo. O empreendimento coordenado pelo sr. Amr Ashour, um simpático e eficiente Egípcio, oferece acomodações luxuosas com apartamentos e villas sumptuosamente decoradas e localizadas sobre a encosta permitindo uma estonteante vista sobre a cidade do Funchal. A arquitetura é simples, harmoniosa e senhorial. Nas villas tudo foi pensado ao pormenor para o conforto absoluto dos clientes. Não foi possível encontrar qualquer falha em relação aos equipamentos fornecidos. A piscina do resort é ampla, cuidadosamente tratada, emoldurada por uma zona de apoio e um deco levantado com espreguiçadeiras onde a vista alcança 180º. Os espaços exteriores estão imaculadamente tratados confundindo-se a sua geométrica organização com as arestas e perfil das diversas villas cuja disposição permite observações pormenorizadas por entre elas, de pequenos recantos de mar azul da cor do céu ou de céu azul da cor do mar, cortados aqui e ali pelo verde da vegetação que cobre toda a encosta. As cores quentes utilizadas na pintura das casas quase permite antever uma disposição melodiosa como se de um teclado se tratasse. Este é de facto o local ideal para se estar e apreciar a Madeira. Chega a ser difícil optar entre sair para um passeio e a tentação de ficar a usufruir daquele precioso luxo. Na propriedade espalhada por vastos hectares pode-se ainda encontrar jardins com espécies exuberantes, um hotel, um spa e um campo de golf de 18 buracos. Nos passeios pela ilha recorremos à ajuda e orientação do guia do american express para não cairmos na tentação de falharmos algum dos top 10 assinalados e imperdíveis. Desta forma decidimo-nos pelo percurso mais longo para o primeiro dia para depois encurtarmos distâncias e aproveitar o conforto do resort. Assim, no primeiro dia, o destino seria Porto Moniz situado no extremo oeste da ilha. A primeira paragem impunha-se em Câmara de Lobos dona da mais fotogénica praia da ilha. O seu nome deve-se aos lobos-marinhos que se estendiam na praia de seixos, hoje utilizada como estaleiro ao ar livre. Depois das fotos e da contemplação das encostas em redor onde predomina a plantação de bananeiras, era tempo de continuar pela estrada regional, de traçado sinuoso, até à Ribeira Brava uma das mais antigas cidades da ilha, hoje produtora de açúcar. A orla marítima está em transformação e junto da praia de seixos nasceu um complexo balnear com piscinas e restaurantes onde miúdos e graúdos se deliciam nos dias quentes de sol. A igreja local é muito bonita e bem cuidada. Nela decorria uma cerimónia de primeira comunhão onde crianças, familiares e turistas partilhavam aquele espaço religioso, com a mesma dedicação com que as suas esculturas de 1440 ornamentavam as paredes daquele local sagrado. Atravessando a ilha no sentido este-oeste pela boca da encumeda que separa a ilha entre norte e sul, chegámos a S. Vicente. O caminho pela encumeada é belo e verde e a paisagem em redor é constituída por majestosos picos de rochedo coberto de verde. S. Vicente é uma localidade costeira no lado norte da encumeada. A paragem aqui é obrigatória pois a beleza da linha de costa a isso obrigado. Daqui alcança-se toda a costa norte quase até Porto Moniz. Aqui e ali avistam-se pequenas formações rochosas solitárias como se fossem filhas da ilha mãe. Virando à esquerda em S .Vicente toma-se a estrada para Porto Moniz situados a pouco mais de 15 km à frente. O percurso é belo, sempre à beira-mar apenas ofuscado pelos inúmeros túneis que agora substituem a antiga estrada regional.
Porto Moniz é a localidade mais a Noroeste da ilha. Aqui come-se divinalmente, aconselhando as tradicionais lapas grelhadas que transportam para a boca os sabores do mar, das algas e da maresia, e o peixe-espada de todos os modos; com banana, grelhado ou à moda de cada local.
As piscinas naturais nas rochas foram transformadas num complexo balnear onde apetece estar no conforto das instalações e nas protegidas águas do mar, onde nadar tem um redobrado sabor quando os salpicos das ondas nos borrifam do lado de cá das rochas. A marginal está toda renovada e aqui podemos encontrar um centro de ciência, numerosos restaurantes e um aquário. Junto do restaurante cachalote encontra-se um divertido e natural percurso por entre as rochas e pequenas lagos deixadas pela maré vazia onde ser podem apreciar algumas espécies de peixes. O local serve de enquadramento para os mais belos cenários fotográficos. A estrada para percorrer a restante orla marítima do oeste encontra-se cortada em Arco de S.Jorge, ainda fruto da última intempérie, pelo que o caminho de regresso teve que ser parte dele repetido, mas depois aproveitado para uma incursão ao interior montanhoso no intuito de alcançar o Curral das Freiras, local assim designado por ser local de esconderijo das religiosas quando a ilha era atacada e saqueada pelos piratas. Para chegar a este lugar da ilha deve ser corajoso e utilizar a estrada regional que contorna o relevo e permite vislumbrar paisagens de grande apoteose. Lá no centro da localidade na casa de artesanato que se oferece aos visitantes podem-se comprar recordações locais e provar o melhor bolo de castanha do mundo e experimente acompanhá-lo com um dos muitos licores disponíveis, humm. Para se alcançar a quota mais alta deve deixar-se a localidade, atravessar o túnel e seguir logo à direita para a Eira do Serrado e para a estalagem. Ali espera-nos uma varanda com uma paisagem de cortar a respiração. O segundo dia foi reservado para visitar locais mais próximos do centro e do leste da ilha. Percorremos a costa leste com a primeira paragem no em Santa Cruz, cidade que alberga o aeroporto mas que mantém uma impressionante calma. O próximo local de interesse foi a localidade de Machico, com a sua impressionante praia de águas calmas e areia dourada. Por detrás do pontão surgem os aviões que pouco atrás deixam a pista para se fazerem aos céus. Na continuação da costa aproveitámos para visitar a imperdível Ponta de São Lourenço. Trata-se de uma longa cadeias de pequenos penhascos e ravinas, onde termina a ilha da Madeira. Deste local de verdadeiro encanto avistam-se as ilhas desertas que fazem parte da mesma formação vulcânica e a costa leste e oeste da ilha da madeira. É uma zona ventosa mas de onde não apetece sair pois a paisagem é de uma beleza deslumbrante. Próximo deste local encontra-se a Prainha, a única e verdadeira praia de toda a ilha. É pequena e de areia escura, mas rodeada de uma bela paisagem. No caminho de regresso fomos de novo à costa oeste para visitar Santana com as suas típicas casas de madeira com telhados de colmo. O último dia ficou reservado para visitar um pouco da cidade do Funchal. A primeira dificuldade foi encontrar lugares de estacionamento para o carro. Existem vários parques mas pelo que conseguimos perceber são privados, aparentemente para residentes. Os parques públicos estão habitualmente associados aos Shoppings mas encontram-se afastados da zona mais central. Os nossos pontos de interesse para a última manhã eram a praça do município, a catedral, o mercado dos lavradores e a marginal. Conseguimos cumprir o programa estabelecido percorrendo ruas e avenidas que são autênticas obras de arte constituídas por basalto cinzento e calcário beje, dispostos em padrões ornamentais. Ali pelo bairro da sé encontrámos a famosa pastelaria que fabrica queijadas de requeijão que não se podem perder. O mercado enche-nos com os seus aromas e cores, mostrando a riqueza da ilha que fornece aos seus habitantes desde peixes e mariscos variados de onde se destacam o atum e as lapas, até aos frutos tropicais e às famosas flores da madeira. Numa banca de fruta foi-nos dado a provar maracujás com vários sabores que iam desde o ananás à banana, passando pelo limão ou tomate. Uma verdadeira aventura para o gosto. De regresso ao parque de estacionamento percorremos a marginal até à marina, fazendo o restante trajecto de carro até à região do lido onde se sente o ambiente turístico da madeira de forma mais intensa, pois é nesta zona do Funchal que se situam a grande maioria dos hotéis das grandes cadeias nacionais e internacionais. A Madeira é tudo isto, contrastes, sabores, encontro de culturas, aromas, natureza e tradição. É um lugar encantado pela natureza que o homem tem sabido preservar e onde apetece sempre estar e voltar.

Thursday, June 23, 2011

Com a M80 no Independence of the Seas (Royal Caribbean)

Um ano de intensa actividade, muitas horas gastas em frente ao computador em pesquisas para trabalhos e exames de Mestrado. Saturação, dificuldades de visão, mas uma enorme satisfação pessoal e um grandioso incremento na aprendizagem. Uma experiência gratificante na 4ª década de vida, uma prova de capacidade e de desempenho. Nesta fase em que está em preparação a tese final, persiste o cansaço, a vontade de voltar à vida normal e recuperar o tempo perdido. O tempo que nos dias mais difíceis se considerou perdido, os dias em que não contei a história nem cantei a canção de adormecer a meu lindo André, os fins de semana e os jantares que não fiz com a Maria, companheira de todos os tempos. Dirão que são opções ou prioridades, eu direi que são vontades sem decisão definida, são inquietações que me acompanham ao longo da vida e que me obrigam a não desistir de estudar e estar sempre e cada vez mais informado. É ansiedade pelo desconhecido, vontade de estar na linha da frente. Nesta complexidade de tarefas e de tempos obrigatoriamente organizados, aprende-se a ser gestores de um tempo que julgávamos não existir. Nesse sentido é preciso encontrar todos os métodos que possam contribuir para manter o equilíbrio emocional, aproveitando-os e transformando-os em momento de puro luxo, aquele tempo que é só nosso em que nada nem ninguém nos podem perturbar. Numa destas estratégias na procura de um pouco de distracção decidi consultar o site da rádio que habitualmente me faz companhia, me faz rir, contribuindo para afastar o sono ou algum pensamento menos feliz ou enfadonho que por vezes nos assola o espírito quando temos de enfrentar um dia com muitas horas de trabalho. Depois de alguns dias a ouvir na voz dos animadores mais divertidos da manhã, Miguel Simões e Bárbara Guevara um passatempo sobre um almoço exclusivo a bordo de um dos mais imponentes navios de Cruzeiro, o Independence of the Seas, naveguei pelo site e gastei os meus últimos minutos da noite a conhecer o site da rádio e a explorar os destaques. Inspirado ou talvez já meio adormecido, respondi ao desafio sobre o que seria viajar ou estar a bordo de um navio de cruzeiro. O que respondi a certo, a frase certa, já não sei reproduzir mas foi o que pensamento do momento permitiu construir. Imaginei-me a bordo olhando para o oceano numa noite de luar com o rasto do luar projectado na imensidão do mar. A bordo, luxo, sonho e conforto, enviei e fui dormir. No outro dia logo cedo um telefonema da Catarina da M80 a lembrar-me do concurso e das regras perguntando se gostaria de continuar o concurso. Como não tinha sequer lido o regulamento não sabia o que ela me propunha. Responder a questões sobre o navio em directo na rádio seria o próximo desafio. Aceitei! Em 20 minutos consultei o site da Royalcaribbean, estudando o possível sobre o navio: características, equipamentos e serviços. Entretanto toca o telefone e a primeira resposta sobre os restaurantes a bordo, estava na ponta da língua. O meu adversário também teve sucesso na área dos desportos que se poderiam fazer no navio. A próxima pergunta era sobre o planeta terra. Exigia uma resposta numérica e ganhava quem se aproximasse mais do valor exacto. E foi a percentagem que a hidrosfera ocupa no planeta (70.8%) que me permitiu estar a bordo do magnífico paquete de luxo na passada 4ªfeira dia 22 de Junho. Esta era uma experiência que não queria perder pois um cruzeiro é o tipo de férias que tem estado nos meus projectos, mas sempre adiados por não haver consenso familiar. Muito mar, muita água, muita oscilação têm sido os motivos e os receio que têm adiado a decisão. À hora marcada lá estávamos na Doca de Alcântara, no terminal de cruzeiros. Quando chegámos os autocarros panorâmicos perfilavam-se para acomodar todos os que, a bordo do navio, haviam reservado uma viagem turística para conhecer a mais bela das capitais europeias. No início estávamos um pouco perdidos pois confesso que esperava encontrar alguém da rádio para nos receber. Quando tivemos indicação para entrar dirigimo-nos à zona identificação, onde nos foi dado um questionário de saúde (Public Health Questionaire) com 2 perguntas sobre o estado de saúde dos últimos 7 dias no que se refere ao contacto com peste suína, gripe das aves ou presença de sintomas como febre diarreia ou vómitos nos últimos 2 dias, já respondido com as respostas não. Achei muito interessante alguém anónimo opinar sobre o nosso estado de saúde sem nunca ter sequer olhado para nós. É muito fácil alguém se apresentar com tal sintomatologia, nomeadamente febre, diarreia ou vómitos, sendo estes últimos muito prevalentes. Quando aguardávamos as formalidades de embarque, em tudo idênticas às medidas de segurança dos aeroportos, com raio x e detectores de metais, tivemos oportunidade de perceber a pobreza do local por onde embarcam os nossos turistas de cruzeiro. Trata-se de um armazém, bem cuidado, amplo e minimalista, depois ornamentado com 3 balcões pequenos enquadrados por uma pequena estante, onde estão alinhados alguns ícones que simbolizam os produtos nacionais. Apesar de ser um local de passagem para o embarque, aquele local tem potencialidades que mereciam ser dignificadas. Entretanto conhecemos a nossa guia, a Catarina da Melair, empresa portuguesa representante da Royalcaribbean em Portugal (210 329 416). Após passarmos no Rx crescia a emoção ao avistar o magnífico paquete que emoldurava o cais. À entrada, novas formalidades de embarque com a entrega de um cartão de circulação. Nesta altura já sabíamos que o navio media 339 metros era o maior navio de cruzeiro do mediterrâneo e tinha capacidade para 3600 passageiros e 1500 tripulantes. A viagem deste cruzeiro já era a de regresso, havia-se iniciado em Southampton Inglaterra, tinha percorrido o mar mediterrâneo e após esta passagem por Lisboa, rumava de novo ao Reino Unido. Uma vez todos a bordo, rumamos ao 14º deco num elevador ultra-rápido. Iniciámos a visita por um luxuoso bar denominado winking crow, uma das zonas mais animadas no navio, pois é multifuncional podendo servir de lounge mas também é um local ótimo para ouvir uma banda, tomar uma bebida ou dar um pezinho de dança pois pode ser convertido em discoteca. É a zona do navio onde se pode acompanhar de perto a atracagem. A animação é um dos plus que dá qualidade à companhia de cruzeiros. Próximo desta zona existe uma outra sala (crowne key society) mais reservada apenas para passageiros frequentes (é-se passageiro frequente (gold) após se ter efectuado a primeira viagem na companhia). A próxima paragem foi num local tranquilo e pouco frequentado, a capela do navio (Sky light Chapel). Trata-se de um local de reflexão sem qualquer conotação religiosa, onde qualquer passageiro de qualquer nacionalidade ou religião pode frequentar para uns momentos de meditação. Na sequência do percurso passamos pela sala dos jogos de mesa que podem ser utilizados pelos passageiros sem custos adicionais. Esta conectava-se com o exterior do navio, zona com mais ruído onde pudemos apreciar a parede de escalada, o mini golf e o simulador de bodyboard (Flowrider) um dos equipamentos mais apreciados. Daqui era possível contemplar Lisboa e perceber o quão alto estávamos. A zona que se seguia era reservada aos mais jovens, a Adventures Oceans. Aqui encontra-se desde uma discoteca e sala de jogos para menores de 17 anos, onde os pais não têm autorização para entrar até um bar tipicamente americano onde os mais jovens podem fazer as suas refeições. Estes serviços estão disponíveis mediante pagamentos extra. Mais à frente pudemos contactar com a H2O Zone, também ela mais dedicada aos mais pequenos, onde figuras coloridas espirram repuxos de água por todo o lado. Esta zona encontra-se contigua à zona do solário que está interdita aos mais jovens. Nesta zona também se encontram, um de cada lado do barco, 2 jacuzzis que ultrapassam a largura do navio dando a sensação de suspensão. A piscina de adultos que se encontra nesta zona tem a possibilidade de ser encerrada e funcionar como piscina interior. De volta ao interior do navio fomos conhecer a zona On Air onde se desenrolam os mais divertidos karaokes. Uns metros mais à frente entrámos na fria zona da pista de gelo onde em noites programadas ocorrem magníficos espectáculos sobre o gelo. É um dos poucos navios que dispõe deste tipo de equipamentos. Esta sala é toda transformada e as bancadas podem ser recolhidas transformando o espaço dando-lhe possibilidades multifuncionais. Seguiu-se a visita ao casino e à sala de espectáculos, depois à zona do SPA onde alguns de nós, incluindo eu, pudemos experimentar uma cama de massagem sobre a orientação da simpática tripulante e terapeuta. Por aqui encontram-se salas de tratamentos, de repouso, cabeleireiro e tratamento dentários. No piso abaixo deste pudemos visitar o magnífico ginásio, repleto de equipamentos que deixam muitos ginásios em terra cheios de inveja. No bar Piramide foi-nos servido um welcome cocktail enquanto convivíamos com os outros visitantes e pudemos ver a projecção das fotos da Prova de Golf que decorreu na Quinta do Peru em Sesimbra cuja entrega dos prémios iria acontecer no decorrer do almoço que se seguiria. Para nos deslocarmos para o salão onde seria servido o almoço tivemos oportunidade de passar pela zona mais elegante no cruzeiro, o Promenade. Trata-se de uma majestosa avenida repleta de lojas, cafés, bares e restaurantes, absolutamente magnífica. Ao fundo desta enorme avenida, desnivelado por umas escadas elegantes, entrámos num espectacular salão onde nos aguardava um almoço requintado. Como nunca tinha entrado num paquete a única imagem que guardava era a do salão do Titanic. Esta era idêntica, sumptuosa e requintada. Depois de devidamente orientados pelos Jornalistas da nossa querida rádio sobre que região do salão ocupar, sentámo-nos e logo fomos gentilmente abordados pelos funcionários no sentido de escolhermos os nossos pratos. Como aperitivo, aqui no lugar das entradas, podia optar-se por Smoked Fish Tapenade, mistura de Salmão fumado com cebola, ervas aromáticas e alcaparras, servido com pão tostado ou Insalata Mista, uma mistura de vários verdes, temperado com pimenta vermelha, molho zucchini e azeitonas pretas. Como pratos de entrada, aqui no lugar de pratos principais, a opção recaía sobre Truffed Wild Mushroom Linguini Alfredo, Panko-Cilantro Crusted Catch of the day, filete fresco de peixe servido com arroz basmati, bróculos e molho de espinafres e cognac. A outra opção recaía sobre um Grilled NY Strip Steak, um majestoso bife, servido com batatas, cogumelos aspargo e molho de pimenta preta. Foi-nos proposto para acompanhar a refeição um vinho branco Américano La Terre Merlot California. O serviço foi de excelência. Durante a sobremesa e o café a organização do Golf realizou um sorteio por todos os presentes e mais uma vez fui acarinhado com uma magnífica garrafa de 1,5l de champanhe Freixenet Mágnum Brut e bonbons da Nestle. Os prémios foram sendo entregues, seguindo-se os prémios do golf e no fim o sorteio de um cruzeiro de uma semana. Teminámos o almoço com um obrigado e um adeus aos nossos queridos jornalistas da M80, ooMiguel Simões, a Barbara Guevara, a Paula Fialho, o Francisco e também os voz off que coordenam os contactos com os ouvintes, nomeadamente a Tânia e a Catarina, que tivemos oportunidade de conhecer mais de perto. Voltámos então à zona de entrada, agora para sair e agradecer por mais esta magnífica experiência. Naquela porta ficaram sonhos, projectos e certezas de um dia talvez, voltar.

Sunday, June 19, 2011

Clínica de Golf (Aldeia dos Capuchos)

Rádio M 80, todos os êxitos dos anos 70, 80 e 90. É assim que se anuncia esta rádio cuja sintonização se diversifica nas várias regiões do país. Rádio de audição simples, há quem sinta saudades do seu tempo de adolescência quando ouve Pink Floyd, Duran Duran, Madonna ou Eagles. Com as rádios como em tudo, cada um escolhe a sua e ouve o que a vontade determina. Muitos escolhem ouvir a rádio onde estão os seus comunicadores preferidos, aqueles que de manhã fazem equipa com os que, vespertinamente se deslocam para mais um dia de trabalho. Ouvir rádio é bom, animado, tranquilizador. É companhia, projecção, sonho e viagem. É saudade, nostalgia, pode ser amor, concentração, distracção ou simplesmente alegria. Ouvir rádio é isto tudo e tudo o mais o que os adjectivos podem classificar: porreiro, espectacular, calmo, vibrante, cultural ou nostálgico. Por todas estas razões chego a ligar o rádio antes da ignição do carro. É impensável conduzir em silêncio! Numa das minhas manhãs na deslocação para o trabalho, a rádio que me faz sentir os tempos passados, propunha treinos de golf em família com o patrocínio da CN Sports. Interessante a ideia, uma manhã divertida e a aprendizagem dos primeiros passos de um dos desportos mais jogados no mundo. Inscrições feitas, confirmação por e-mail e lá foram três gerações da familia aprender a jogar golf. O local desta aventura foi no campo de golf da Aldeia dos Capuchos, localidade de localização altaneira sobre a arriba da Costa da Caparica. A vista do miradouro dos Capuchos (ao lado do Convento do Capuchos) é absolutamente extraordinária. Avista-se grande parte da cidade de Lisboa e os olhos conseguem alcançar a linha de costa até ao Cabo Espichel. Um autêntico bálsamo para a alma. Chegada a hora lá nos dirigimos ao Club House (junto das intalações do Hotel Meliã Capuchos). Uns momento de espera no luxuoso bar e é hora de seguir as pegadas do Prof. Manuel em direcção ao driving range, termo que designa a área do campo destina ao treino do swing (movimento de rotação que o corpo faz para efectuar a pancada de golfe e que produz o efeito de propulsão, que dá distância às pancadas). Todos entusiasmados ouvimos atentamente todas as explicações dadas e tentávamos familiarizar-nos com a terminologia própria da modalidade. Pormenores como a constituição e as funções de cada um dos tacos são importantes para qualquer golfista. Aprendemos que a base, face ou a cabeça, que é a parte onde se dá o impacto com a bola, tem diversas ângulações e que à medida que se reduz a ângulação mais baixa é lançada a bola e vice-versa e que as ângulações variam de 4 em 4 graus em sentido crescente com a numeração dos tacos. Outro aspecto importante é a dimensão da vara em relação à altura do jogador. A posição do tronco, que deverá manter-se com a coluna direita, joelhos afastados à largura dos ombros e ligeiramente flectidos parecem, esses sim, ser a fórmula para uma boa posição, tacada e lançamento. A forma de segurar o taco é especial e diferente do que estamos habituados. Estão descritas várias formas mas a recomendada é aquela em que se segura o taco com a mão esquerda com o polegar ao longo da vara e a segurar bem o taco apoiado pela mão direita com o dedo mindinho encaixado no indicador da mão esquerda. Posição estranha esta das mãos que logo anunciou a existência de tendões onde nos esquecemos que existem.
Percebemos que não existe uma fórmula mágica para se ser um jogador de golf com sucesso, a fórmula parece estar no treinar, treinar, treinar. Para os que se sentem afastados deste mundo e acham que nunca conseguirão, enganem-se e venham treinar e verão que quanto mais bolas lançarem melhor é o desempenho. Soubemos ainda que os bons jogadores mundiais treinam golf todos os dias.
Após alguns bons momentos de diversão cumprindo todas as regras e orientações do professor, lá fomos dar tacadas para treinar o corpo e a mente. A concentração parece ser também ela um dos ingredientes da fórmula para se ter sucesso. Os melhores golfistas do mundo não ganham todos os torneios, pois parece que o sucesso é multi-factorial e como estas coisas do corpo e da mente requerem aprendizagem e harmonia continuas. A perfeição é um estado longe de alcançar. Gastos que estavam dois cestos e meio de bolas com 40 bolas cada um, era tempo de experimentarmos numa nova zona do campo, outra faceta deste desporto. No putting green, foi-nos explicado que era necessário perceber a linha da bola e a linha de relevo do campo para estabelecer as respectivas compensações com o corpo e com o taco. Aqui, o objectivo é colocar as bolas nos buracos com o mínimo de tacadas possível. A posição do corpo é outra, a forma de pegar no taco é mais livre embora nos tenha sido recomendado aquela que aprendemos. A bola aqui é colocada à distância em que cai na vertical a partir da sua projecção da direcção do olho e o tronco trabalha inclinado para a frente com os braços dobrados.
Depois de bons momentos de convívios e espírito de equipa despedimo-nos de uma manhã muito bem passada, diferente, que deixou saudades para um mundo apetecível e de uma beleza natural arrepiante.

Sunday, June 12, 2011

Ciência, investigação e laser

Um contacto por e-mail, um link para um encontro. Seria apenas mais um? O título era diferente, apelativo, um encontro de investigadores com espaço para apresentação de projectos e teses de mestrado e doutoramento. Em plena elaboração da minha tese de mestrado, algumas palavras de incentivo de uma colega e acertos pontuais com o orientador e é elaborado o abstract para enviar. Passado o tempo regulamentar previsto pela organização eis a resposta, resumo aceite. Um frio na barriga mil e uma projecções para preparar a apresentação e a elaboração de um artigo completo pelo meio. Esta é a sequência normal para procedimentos deste tipo, normal para quem está habituado ao academismo. A ciência sempre me fascinou e as etapas da vida académica têm constituído um percurso estimulante no meu caminho profissional, mas preparar e apresentar trabalhos em encontros e congressos é uma nova etapa que apenas agora se iniciou com este ciclo de estudos de mestrado que decidi percorrer já na 4ª década de vida. O local escolhido para o encontro de investigadores dispensa qualquer apresentação, pois em Tróia cada canto tem a sua própria história inscrita com simples palavras pela mais sábia das ciências, a natureza. Ao chegar ao encontro que já ia no seu 2º ano de vida, encontrei um pequeno conjunto de pessoas entre organizadores, palestrantes e assistentes. E ali estava eu no meio de um grupo e pessoas que de todas as formas se interessavam por investigação. Foi uma sensação diferente, gratificante mas estranha. A abertura foi feita por convidados estrangeiros que nos recordaram que a investigação não tem barreiras, nem pontes, nem distâncias. O ambiente que se viveu foi único e deixou marcas e frutos. Ali estávamos, no meio uns dos outros em pequenos grupos de trabalho a falar sobre o que éramos, o que fazíamos, que experiências tínhamos e o que entendíamos por investigação em Qualidade. Uma experiência única. O dia correu com sessões de trabalho e apresentações com coffee breaks discretos mas elegantes pois a crise obriga a restrições. Depois de ouvirmos alguns colegas nas suas apresentações o ambiente tornou-se tão intimista que ficou a sensação que já nos conhecíamos desde sempre e que aquele tempo era de pura aprendizagem. Que encontro era aquele onde pessoas com diferentes origens se uniam com um interesse comum, falar sobre Qualidade quer fosse nas autarquias, na gestão, nas finanças ou na saúde. Um autêntico laboratório de ensaio. Seguiu-se o almoço que ficou a cargo das irrepreensíveis mãos dos chefes do Tróia-Resort. Aqueles aromas, sabores e apresentação requerem também eles seguramente alguma investigação. Um pormenor interessante foi a restrição de vinhos ao almoço, pois a contenção de custos assim o obrigou e foi interessante a compreensão e adesão de todos os presentes a esta nova forma de estar. O convívio esteve sempre presente, nos grupos de trabalho com uns, nos intervalos com outros e no almoço com outros ainda. Os temas de interesse comum sucederam-se, a troca de experiências, mais próximas junto dos que já se conheciam e inaugurais para os novos elementos. O novo acordo ortográfico circulou à volta da nossa mesa deixando transparecer as diversas e algumas vincadas opiniões de uns, as dificuldades e as aceitações de outros. Chegada a hora de apresentação do trabalho era preciso mostrar com rigor o que se pretendia com o projecto. Depois de ter revisto a matéria vezes sem conta ao longo do dia, tinha chegado a hora e, correu muito bem a julgar pelos comnetários muito pertinentes por parte dos responsáveis pela condução das sessões (Professoras Cláudia e Margarida Eiras) e palavras de preocupação do Sr. Prof. Paulo Sampaio da Universidade do Minho e um dos responsáveis da organização. Coisas únicas a que não estou /estamos habituados e que não são de todo uma realidade em outros encontros ou congressos. Chegado ao fim, o encontro deixou marcas de identidade e repto para o futuro. Talvez um congresso de âmbito apenas nacional ou talvez logo internacional. Uma verdade ficou, a de que é possível fazer coisas com poucos recursos e com muita vontade. Aqui cito de novo as palavras do Sr. Prof. P.Sampaio, que refere que os grupos de trabalho, as redes e as associações são aquilo que as pessoas querem que elas sejam, pois felizmente ainda é necessária a intervenção humana com a sua criatividade, emoção, os estados de humor e com prazer em fazer coisas. Uma palavra de apreço à equipa da comissão organizadora nas pessoas dos Srs. Professores A. Ramos Pires e Paulo Sampaio da Universidade do Minho pela iniciativa, pelo dinamismo, diria mesmo pela coragem e pelo exemplo.
Como o dia do encontro foi inteiramente dedicado à ciência e como Tróia merece ficar, fiquei. Tróia! Tenho dificuldade em falar sobre Tróia talvez por me sentir demasiado envolvido e próximo da sua história e do seu percurso ao longo dos tempos. Conheço Tróia desde sempre, desde que era desconhecida e selvagem, desorganizada mas sempre bela. A Tróia das famílias, dos dias inteirinhos na praia quando o sol ainda não fazia mal (ou não se sabia), dos almoços de praia e dos garrafões. Depois veio a industrialização ditada pela necessidade da modernização e do desenvolvimento da península com potencialidades sem fim. Praias de água cristalina, areia branca, pinhal, golfe, natureza e um pôr do sol emoldurado por detrás de uma serra esculpida pelos tempos. As implosões ditaram o início deste novo destino turístico. Hoje Tróia é sofisticada, cheia de glamour com várias opções de estadia e restauração, mas para uma gama mais restrita de frequentadores. As mesmas torres outrora designadas de Rosamar, Tulipamar e Magnóliamar, hoje rebatizadas com nomes do reino da hidroresfera (cuja percentagem que ocupa no planeta (70.8%), me concedeu na semana passada, num passatempo da rádio que habitualmente ouço, passaporte para um magnífico almoço a bordo de um dos mais sofisticados paquetes de férias da actualidade, o Independece of the Sea da cadeia Royalcaribean uma experiência a merecer destaque no próximo post, mais informações em http://www.royalcaribbean.com/) em Tróia-Mar, Tróia-Rio e Tróia-Lagoa, respectivamente. O projecto foi bem conseguido dando sempre lugar de destaque à natureza. Os arruamentos foram aproveitados e repensados, todos os acessos à praia foram projectados em cima de passagens de madeira suspensa permitindo à vegetação local um crescimento e proliferação tranquilas. Os aparthóteis foram reestruturados com níveis de conforto ao nível das estrelas que os classificam. Os serviços são bons e o staff presente e cordial. A moldura arquitectónica entretanto cresceu disponibilizando apartamentos com vista mar e serra, moradias em banda, geminadas e villas. Tudo está projectado com pormenor, com respeito pelo homem e pela natureza. Entretanto na torre que não tinha nome nasceu um magnífico hotel de 5 estrelas, o Tróia Design Hotel da Cadeia Blue&Green (Grupo Amorim), que juntamente com o Casino se tornaram no centro de todas as atenções deste local abraçado pelo rio Sado e protegido pela serra da Arrábida. Não é difícil encontrar por aqui restaurantes sofisticados, ambientes seleccionados para ocasiões especiais, geladarias com os melhores gelados do mundo e bólides como os apetecíveis Férraris, fazendo lembrar um qualquer outro local da Europa seja a costeira Cote d’Azur ou o sofisticado Lago de Como às portas de Milão. Tróia é assim e importa conhecê-la e redescobri-la.