Sunday, August 9, 2009

TOLEDO, MADRID, MARRAQUEXE, ARANJUEZ, SEVILLA, PUNTA UMBRIA, ALMOGRAVE

Marcar férias de Verão é uma tarefa cada vez mais complexa e morosa, não pela dificuldade em se saber os destinos e o tipo de programa ou conforto que se deseja, mas pela oferta que hoje está disponível no mercado. Perante tanta diversidade torna-se necessário um trabalho de pesquisa cada vez mais exaustivo e elaborado. A internet é hoje uma ferramenta poderosa e veio revolucionar o modo de pesquisar, marcar e escolher destinos e programas. As nossas escolhas têm em conta uma diversidade de parâmetros que passam pela relação qualidade preço dos hotéis, dos serviços que oferecem (quando se viaja com crianças aspectos como não cobrar camas extra, ter piscina ou proximidade de transportes, fazem diferença), da decoração etc. Em relação aos voos quem não aproveita hoje em dia as tarifas atractivas das companhias “low coast”? As tarifas são muitas vezes determinantes para escolher o destino, o dia e a hora em que se voa. Estes novos e modernos métodos de viajar têm tanto de atractivo como de incómodo. Por exemplo, não se consegue na maioria das vezes excelentes vistas nos quartos de hotel. Nos hotéis em formato de resort muitas vezes fica-se um pouco mais longe dos acessos às piscinas, restaurantes, recepção ou looby. Mas, julgo valer a pena a diferença de tarifa. No que diz respeito aos voos e dependendo das companhias aéreas, pequenos pormenores como ter que utilizar um aeroporto fora da nossa área de residência, aterrar num aeroporto secundário ou num terminal mais distante, ou ter Speedy Boarding mediante tarifa extra, ou ter que pagar o catering a bordo, são aspectos com os quais nos deparamos quando somos utilizadores destas tarifas. Nada que não se ultrapasse, pois as diferenças nas tarifas compensam largamente estes pequenos transtornos, dependendo claro, do espírito com que se encaram estes assuntos e da disponibilidade financeira do momento. Comparo muitas vezes este novo formato de fazer férias ao que nos anos 80 e 90 se designava de “mochileiros”, mas mais moderno e sofisticado, ou seja, viajar o mais possível, pensando nos gastos mas nunca descorando a aventura, o exotismo e o conforto. Assim conseguem-se fazer cerca de 2 semanas de férias com orçamentos a rondar os 2000-2500 euros, frequentando hotéis de 4 e 5 estrelas, voos, praia, cidade, parques temáticos e ainda algumas compras sempre agradáveis e desejáveis para dar conforto ao corpo e saciar a alma. Se me perguntarem se gosto de férias em resort´s de luxo com sistemas de TI (tudo incluído), em destinos longínquos e exóticos, quem não gosta? Mas as tarifas que hoje se praticam (acima de 3000 euros para 2 adultos e 1 criança) são muitas vezes responsáveis por se optar por programas alternativos.
A viagem do Verão deste ano não fugiu à regra descrita. Foi pensada, alterada, repensada, destinos e hotéis marcados, anulados e remarcados, ao sabor das tarifas que iam surgindo e das inúmeras indecisões que pelo caminho da organização nos iam assolando. Acho que nunca tivemos tanto tempo com reservas por efectuar, até quase à semana anterior, como aconteceu este ano. Depois de tudo definitivamente pensado, foi traçado o itinerário final, como indica o título deste post. O destino primeiro foi Toledo. Toledo é uma cidade única no mundo: medieval, característica, bela e misteriosa. É um museu a céu aberto. Dentro das muralhas vive-se a história daquele local, com edifícios muito bem conservados. A beleza da cidade e o comércio local são os ingredientes para turistas miúdos e graúdos percorrerem aquelas ruas vezes sem conta ao longo de todo o ano. O que mais chama a atenção, para além da arquitéctura é claro, no comércio, são as inúmeras lojas de espadas, de todos os tamanhos, medidas e feitios, armas, armaduras e elmos. Ficámos no hotel Silken El Bosque Cigarral. Trata-se de uma unidade de 5 estrelas logo à entrada da cidade, projectado numa encosta, permitindo uma paisagem única sobre a cidade. O hotel já tem alguns anos, mas está bem cuidado e tem um serviço simpático, parque gratuito e amenities muito completas e diversificadas. De Toledo a Madrid são cerca de 90 km. Escolhemos um hotel próximo do aeroporto pois o nosso voo era cedo, o que permitia usufruir do pouco tempo em Madrid, de forma mais cómoda.
O Husa Nuevo Boston é uma unidade de 4 estrelas com uma relação qualidade preço fantástica. Tem quartos e camas muito confortáveis, uma decoração em estilo Art Decór que impressiona e uma piscina que faz a delícia de todos quando o ar quente dos 38 ºC de Madrid convida a dar muitos e variados mergulhos. Tem um parque (onde deixámos a carrinha) com tarifas muito acessível para os habituais preços inflacionados dos estacionamentos da capital espanhola e um serviço de Shuttle gratuito para o aeroporto que facilita os tranfers. Jantamos no coração da cidade, na imponente e sempre bela Plaza Mayor. Neste local misturam-se arte, arquitectura, malabarismos, caricaturistas, gastronomia, tradição e cultura. Andar de carro em Madrid não é fácil, como não é em qualquer grande cidade que não se conhece. Quando se está equipado com GPS as coisas ficam facilitadas, mas esta carrinha não dispunha desse equipamento. Mas, para chegar à Plaza Mayor basta percorrer a Av de Toledo até ao arco e virar à direita para a Av Afonso XII que se percorre até ao fundo onde se encontra a rotunda da Estacion de Atocha. Encostando tudo à direita na rotunda sobe-se a Calle de Atocha e ao fundo encontra-se o parque subterrâneo da própria Plaza Mayor. O aeroporto de Barajas é gigante e sofisticado ou não fosse um dos grandes aeroportos da Europa. Voámos para Marraquexe na EasyJet pois as tarifas a partir de Madrid, valeram a pena e cobriam todas as distâncias a partir de Lisboa. Estamos a falar de 1100 euros partindo de cidade das 7 colinas contra 240 euros (2 adultos e 1 criança) para o percurso Madrid-Marraquexe. O voo foi excelente, sem atrasos ou intercorrências. Voar é sempre um momento doloroso para mim. Habitualmente inicio o processo de sofrimento logo dias antes, com pensamentos que em nada ajudam a suportar mesmo que sejam poucos minutos dentro de uma aeronave. Assolam-me pensamentos apocalípticos como se a vida terminasse dentro daquele tubo de aço. Será que é medo de morrer? Se cair será que suporto o sofrimento pré-morte? Se cair será que me preparei para terminar assim? Enfim, uma tempestade de ideias fantasmagóricas que algumas distracções (Pc, PSP, ou Hi-pod) conseguem adormecer por instantes.
A chegada a Marraquexe fez-nos lembrar os tempos em que pisámos solo “Caribenho” ou terras de Vera Cruz. Mais de 40 graus dificultavam o curto trajecto da pista até ao edifício do aeroporto. Após uma fila interminável para verificação de passaportes, finalmente encontramos o condutor do nosso shuttle que aguardava por nós com palavras simpáticas de boas vindas. O percurso até ao hotel, situado na zona nova da cidade, é curto mas cheio de surpresas. A miséria está estampada em cada esquina: casas degradadas da cor da terra compõem o cenário que prende o olhar que rapidamente se volta para as vias de rodagem onde tudo acontece. Num dos cruzamentos sem semáforo mas com STOP que ninguém respeita, passou por nós uma ambulância que chocou violentamente com um pobre carro, desfazendo vidros e chapas e deixando combalido que lá estava dentro. Ficámos perplexos perante tal cenário. Pelo caminho lá vamos treinando o nosso francês com o condutor Árabe simpático. Explicou-nos que a época de maior turismo é de Dezembro até Março, pois o calor intenso nesta altura do ano afasta muitos turistas. A chegada ao hotel Kenzi Menara Palace (inaugurado em Março deste ano) da cadeia Kenzi, faz antever uma estadia das mil-e-uma-noites. Somos recebidos com sorrisos e palavras simpáticas, toalhas frescas para limpar o suor que à chegada ao hotel já se fazia sentir e delicioso chá de menta. O lobby é arrebatador, poderoso e palaciano. A decoração é tudo o que esperamos encontrar num espaço daqueles em território Marroquino, com mosaicos, mármores e madeiras trabalhadas. O hotel é um verdadero hino à beleza, sofisticação e conforto. Um verdadeiro oásis de frescura e luxo. Quadros gigantes com fortes guerreiros e paisagens e gentes do deserto deocram as paredes, mobiliário, tectos, paredes e chão, com materiais locais, numa composição decorativa pensada ao pormenor. Depois de cumpridas as formalidade do check-in fomos conhecer os nossos aposentos dignos de realeza. Seguiu-se o almoço no restaurante internacional com comida deliciosa de requinte gourmet. Deliciámo-nos com Filet de Dourade grillé, ecrasé de pomme de terre aux fruits secs et chips de bacon ; Filet de Rouget cuit sur la peau, rizotto aux jeunes legumes legerement safranés, beurre émulsionne; Pavé de Rumsteck grillé à la planche, écholates confites au vin rouge, pomme pont neuf; Rizotto de fleur de courgette au safran, fine tranche de bacon grillé e creme brûlée au thé à la monthe, glacê fromage blanc, jus de fraise. Os jardins e a piscina são a perder de vista com palmeiras e vegetação intensa e diariamente tratada, que nos fazem sentir “a bordo” de um clima tropical num ambiente encantado. A primeira tarde na piscina foi surpreendente com uma tempestade proveniente dum céu carregado de nuvens cinzento chumbo mas com apenas algumas gotas de chuva para dar lugar a seguir e sem grandes avisos a um céu amarelo e a um vento que só é habitual nos tornados, dando origem, em segundos, a um pequeno tufão amarelo carregado de areia do deserto que avançou em direcção ao hotel a uma velocidade impressionante e assustadora. O clima foi de medo mas assistir e fotografar de perto aquela poderosa força da natureza foi espectacular. Os outros dias foram de absoluta normalidade e acalmia com temperaturas sempre acima dos 35 graus e passados entre a piscina durante o dia e a visita diária obrigatória ao verdadeiro espírito e ambiente marroquino que é a encantadora cidade de Marraquech. O primeiro contacto traduz-se num verdadeiro choque cultural e algum medo e a deslocação do hotel até à Praça Jem El Fna, não é para todos os corações. A condução é assustadora e caótica, sem regras num verdadeiro caos organizado. É assim que se conduz por lá e não há nada a fazer sem ser habituarmo-nos e explicar às crianças que andar sem cinto, a alta velocidade, não respeitar qualquer sinal ou regra de condução, fazer tangentes aos carros, motas, bicicletas, motoretas, carroças e peões só é normal naquele país. À segunda viagem já estamos todos mais tranquilos e aquilo passa a fazer parte também do que para nós é normal. Marrocos é considerado um país muito seguro, desvaneça-se a ideia de que por lá se trocam mulher ocidentais por camelos. Há polícias fardados e à civil por toda a cidade e a sensação de algum receio desvanece-se à medida que nos vamos integrando naquele modo de vida. A chegada à Praça, considerada património da Humanidade é algo que se tem que viver e sentir pois explicar só com palavras é estar sempre a omitir detalhes, sensações e pormenores de grande significado. Por lá co-habitam, malabaristas, encantadores de serpentes, aguadeiros, acrobatas, contadores de histórias e tudo o mais que possamos imaginar. São milhares de pessoas que deambulam de um lado para o outro nas suas vidas a tentar realizar negócios entre eles e com quem os visita. Há de tudo para vender, desde deliciosas sumos naturais a especiarias de toda a ordem, cor e sabor. Há bancas de comidas, engraixadores de sapatos, gente a pedir dinheiro, vendedores de vestes tradicionais, óculos, cintos, cd´s, postais e tudo o que é possível vender e comprar. A partir da praça chegam-se aos tradicionais mercados (souks) marroquinos aos quais recomendo uma visita obrigatória. Ao início parecem verdadeiros labirintos mas depressa se percebe que todos vão dar à praça. Por lá encontra-se de tudo num misto de magia, cor e aroma. Apenas os artigos pequenos (pulseiras, colares e outros souvenirs) têm preço afixado, tudo o resto, relógios, óculos, malas, sapatos, vestes tradicionais, candeeiros, são para regatear numa ladainha que achei magnífica e que é a razão de ser daquela forma de venda e de vida. Faz parte das regras por aquelas paragens e não hà compra sem se perguntar o preço, que é sempre muito inflacionado. Depois estalece-se uma espécie de dança de preços num impressionante diálogo de respeito e de ousadia até acharmos que o que queremos comprar está num bom peço para nós sem ofendermos que está a vender. As refeições podem-se fazer nos inúmeros restaurantes marroquinos que existem nas ruas adjacentes à Praça. A comida é bem confeccionada e os restaurantes oferecem serviços de qualidade. Também se pode comer na Praça pois restaurantes com bancas de comida é o que não falta por lá. Escolher entre brochetas (espetadas), cous-cous (um tipo de farinha de mandioca) ou Tagide (uma espécie de caldeirada de borrego com legumes deliciosos), ou uma salada marroquina, são opções acertadas para os europeus pouco habituados a outras aventuras gastronómicas. Para sobremesa, os gelados são uma opção agradável e deliciosa e os crepes são divinais. Na praça não se servem bebidas alcoólica pelo que quem quiser fazer acompanhar a refeição de uma boa cerveja marroquina (Casablanca, por ex.) tem que procurar um restaurante afastado deste local considera sagrado para os Muçulmanos. Marraquexe é um cidade de cor térrea com habitações consideradas pobres para os europeu, mas que têm o suficiente e o necessário para os residentes locais. É fantástico perceber que qualquer canto serve para montar um balcão e vender alguma coisa. As pessoas parecem-nos felizes, respeitam-se e cumprimentam-se com dignidade. A maioria das medinas são vedadas a não muçulmanos pelo que não as pudemos visitar. Fazer um tour de charrete consegue-se por um excelente preço de 10 a 15 euros e consegue-se uma panorâmica da cidade que nos mostra os contrastes que vão da beleza e do luxo com hotéis e residência luxuriantes até à pobreza dos verdadeiramente pobres que vivem de esmolas que são difíceis de não dar, pois para além do sistema de saúde local não apoiar os que não trabalham, os rostos daquelas gentes, deixam-nos sem palavras e simplesmente lhes damos uma moeda sem pensar em mais nada. No penúltimo dia fomos visitar o SPA by Terraké do hotel e reservámos massagens para as senhoras e o circuito da piscina interior para mim enquanto os miúdos se divertiam na piscina. O circuito de múltiplos jactos terminou com uma sessão de musicoterapia comigo e com o André com os joelhos apoiados no bordo exterior da piscina e com o tronco e cabeça a flutuar e cobertos dentro de água de onde saia musica tão relaxante que nos permitia sonhar com um mundo apenas assim calmo e distante. As mulheres vieram encantadas com as massagens e eu fui surpreendido pelo funcionário Rashid do SPA que me propôs um Hamman marroquino verdadeiro. Claro que não poderia desperdiçar a oportunidade. Entramos dentro duma sala muito quente (uma espécie de banho turco) e rapidamente fui “assaltado” pelo Rashid que me derramou litros de água quente para cima com um balde de madeira e a seguir deitou-me e esfregou com Savon Noir à base eucalipto com força e velocidade e depois massajou-me com toda a sua força, trabalhando-me todos os músculos e articulações cruzando e dobrando os membros, que eu acha que os meus músculos iriam ceder em breve. A sensação é espectacular pois o homem investe naquilo que faz e aplica força verdadeira com todo o corpo dele sobre o nosso. Sentou-se em cima de mim, esticou-me as pernas, os braços, o corpo todo. Fez-me massagens nas costas com os pés numa “tortura” que durou cerca de 10 min. No final voltou a regar-me com litros de água pela cabeça abaixo. Sai-se dali a pensar no poder terapêutico daquele pequeno momento e na técnica utilizada que é avassaladora. Mais uma experiência magnífica. E assim nos despedimos daquele lugar mágico que deixa muitas saudades para voltar, pois Marrocos tem muito para oferecer e visitar. Lugares com as montanhas do Atlas ou a zona costeira, são locais que têm que ser visitados pois cada lolcal tem o seu encanto próprio e merece ser explorado. De regresso ao aeroporto com a descrição de pequenos pormenores como a zona de fumadores que coloca os viciantes numa gaiola de ferro no exterior do aeroporto, com a ventilação natural do ar atmosférico e os cães da policia a receberem os visitantes logo à entrada, não vá algum distraído ter trocado alguma especiaria por algo mais ilícito. A companhia aérea de low coast easyjet fez um trabalho excelente com um voo a horas, tranquilo e organizado. À chegada a Madrid esperava-nos uma complicação inesperada, pois, como havíamos deixado o caro no parque do hotel Husa Nuevo Boston na Avenida de Aragón, muito próxima de Barajas, onde havíamos pernoitado na noite antes de partir para Marraquexe, os Srs. taxistas não queriam fazer o transporte por ser uma curta distância. Como éramos 5, começaram por fazer propostas desonestas de cobrar avultadas quantias não mencionadas no taxímetro, e 2 taxis, as quais eu repudiei com persistência. Foram arrogantes e mal-educados mandando-nos apanhar um autocarro que fomos procurar mas que não nos servia por ficar distante do local que pretendíamos. A coisa foi de tal forma que foi necessário recorrer à polícia do aeroporto que foi simpática e competente e que nos acompanhou em escolta até à zona de táxis do aeroporto obrigando literalmente os taxistas a fazer o trajecto. Eu fui num táxi com as crianças, com uma taxista mulher que não sabia o caminho ou não queria saber pois tinha um GPS na frente dos olhos mas fui eu que a conduziu à porta do hotel. As mulheres foram sozinhas noutro táxi, com um taxista arrogante e ordinário que as transportou a alta velocidade para as assustar. Recuperado o nosso carro dirigimo-nos a Aranjuez para visitar o Parque Temática da Warner Brother´s. Alojámo-nos no hotel Barceló Aranjuez, uma unidade de 4 estrelas, com um serviço muito agradável. Para o Parque Temático restaram-nos apenas 2 horas pois nesta época do ano encerra às 22 horas, o que é no mínimo estranho. É engraçado, os miúdos divertiram-se, acabámos por passar uns momentos agradáveis, mas nada daquilo já me diz grande coisa, pois não há novidade em relação ao que já conhecíamos. Basicamente é uma Isla Mágica com um pouco mais de dimensão e uma ou outra atracção diferente. Aranjuez que é Património Mundial pela Unesco, é uma cidade muito atractiva com boa gente, excelente gastronomia e um parque cultural extraordinário. O palácio e os jardins reportam ao tempo da Monarquia e ao período do Clacissismo Espanhol. Os ladrilhos do palácio são rosados revelando a cara menos conhecida da Monarquia Espanhola, amável, culta e festiva. O Palácio tem origem em 1581 quando Filipe II ordenou a sua construção ao Arquitecto Juan Bautista de Toledo. O trabalho foi continuado por Juan de Herreron, que desenhou um edifício quadrado em torno de um pátio, flanqueado por duas torres. A estrutura actual corresponde ao período barbónico.

Para encurtar a distância entre Aranjuez e Punta Umbria, o próximo destino seria Sevilha. É já um ponto de passagem habitual nas nossas férias de Verão. O Hotel Silken Al Adaluz no Paseo de la Palmera logo a seguir ao Estádio do Bettis de Sevilha foi o eleito para passar a noite, Trata-se de um hotel antigo com zonas renovadas e outras que deixam muito a desejar. Os quartos antigos são pouco confortáveis, nada espaçosos, com alcatifa no chão e todos os defeitos que se possam imaginar num alojamento que não acompanhou a modernidade. Mas para as nossas amigas esperava-as um alojamento de luxo onde tudo era apreciado ao pormenor. As zonas comuns são agradáveis e cuidadas, com uma excelente piscina e grandes jardins. A cadeia de hotéis Silken tem uma grande penetração em Espanha e é raro não encontrar um hotel Silken em qualquer cidade. Tem uma relação qualidade-preço atractivo, habitualmente tem equipamentos de lazer e neste caso em Sevilha era dos poucos hotéis onde o pequeno-almoço integrava a tarifa. As crianças adoram estes pormenores e os deliciosos bom-bons que sempre os esperam ao balcão das recepções. Sevilha, como já referi noutros post´s é a mais bela cidade da Andaluzia. Irradia charme, cultura e tradição. Sentimo-nos lá muito bem. Gostamos das pessoas, do ambiente, do frenesim das compras…

A chegada ao hotel em Punta Umbria foi chocante. Depois de terminadas as formalidade do check-in já perto das 5 horas, esperava-nos À entrada de um dos muitos restaurante do tão agradável Barceló Punta Umbria Beach Resort, uma enorme fila de pessoas esfomeadas e barulhentas que nos deixou apavorados. A estratégia a partir dessa infeliz experiência foi efectuar as refeições logo ao início da abertura dos restaurantes, o que coincidia com os nossos horários habituais. O resto dos dias em Punta Umbria repartiram-se entre comer, dormir, praia, cina, parque infantil, repetindo mais ou menos por esta ordem esta vida de “dolce fare niente”. O hotel tendo boas infra-estrururas estava demasiado ocupado criando situações desagradáveis com piscinas demasiado lotadas ou a não existência de esperguiçadeiras livres junto às piscinas, pois assistia-se a verdadeiras rumarias para marcação prévia desses espaços que passaram a ser policiados pelos seguranças. Enfim, tudo o que não se quer ter para recordar em tempo de férias.
Para terminar com tranquilidade estas longas e fantásticas semanas de férias rumámos a Almograve, aldeia encrustada na entrecortada costa rochosa no Sudoeste Alentejano. Cresci nesta aldeia, conheço cada duna e cada aroma daquele local. É um local rico em flora e fauna e em achados geológicos. As falésias são de xisto e ardósia encimadas por camadas de arenitos já da era Quaternária. É fácil encontrar por lá dobras e falhas e acontecimentos geológicos bem engraçados. Por lá moram os meus pais e demais familiares. A praia é fantástica com um cheiro característico a maresia e a mariscada que só conheço neste local. Por aqui come-se muito bem. Os produtos são do que a terra dá e do que o mar e as leis permitem pescar. Em Almograve, apesar da arquitectura ter sofrido profundas transformações, descaracterizando a aldeia, as gentes e os costumes vão mantendo e é frequente ver os vizinhos e conhecidos entrar pela casa dentro com sacos de tomates, batatas, melões ou melancias. Quase toda a gente tem um pedaço de terra e cultiva para consumo próprio, mas sobra sempre para distribuir pela vizinhança. Cumpridas que estão mais uma férias e Verão, começam-se a esçar ideias e vontades para pensar nas outras que hão-de vir.